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RESUMO DIREITO PROCESSUAL CIVIL I

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1 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
Meios de resolução de conflito de interesses 
 
Os bens disponíveis na sociedade para satisfazer nossas necessidades 
são escassos, ocorrendo conflitos de interesse para sua posse. Para garantir 
uma convivência harmônica, são necessárias normas que regulamente o 
comportamento humano. Onde há sociedade há Direito e vice-versa. 
O Direito Processual Civil tem como objetivo a resolução desses 
conflitos. A seguir serão apresentados os meios extrajudiciais: 
1. Autotutela: É o emprego da força ou inteligência de um oponente sobre o 
outro. Os próprios sujeitos satisfazem seus interesses, resolvem seus 
conflitos diretamente sem um terceiro. Exercício arbitrário quando está fora 
das hipóteses legais. 
É uma forma primitiva, não há regras objetivas nesse meio. O Direito veda a 
sua utilização, sendo criminalizada no artigo 345 do Código Penal. 
Art. 345 CP: Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, 
embora legítima, salvo quando a lei o permite. 
Sua utilização legal no Direito acontece, com limitações, na legítima defesa 
para preservar o bem jurídico vida e no desforço imediato para preservar a 
propriedade privada. 
2. Autocomposição: Não é resolvido mediante a força ou inteligência, é um 
acordo entre pessoas sem a necessidade de um terceiro para solução do 
conflito. 
a) Renúncia – Quando o titular do interesse abre mão/desiste, 
solucionando o conflito. 
b) Submissão – Quando um sujeito aceita se submeter ao interesse do 
outro, deixa de resistir. 
c) Transação – Renúncia e submissão parciais, ambas as partes cedem o 
seu interesse originário, concessão recíproca. Não importa se alguém 
cedeu mais. 
Quando os indivíduos não conseguem resolver por autocomposição, ou 
seja, quando os sujeitos envolvidos no conflito são ineficientes na atuação de 
resolver, existem outros meios extrajudiciais, sendo eles de heterocomposição. 
Neste, um terceiro participante participa para ajudar a solucionar o conflito de 
interesse. São eles: 
3. Conciliação e Mediação: São meios extrajudiciais de poder, pois não 
dependem do poder judiciário. Em ambos a resolução do conflito continua 
dependendo primordialmente da vontade dos sujeitos envolvidos. 
O terceiro participante não resolve o conflito, ele não tem poder decisório. 
Sua função é de informar, conscientizar, estimular e explicar sobre os 
inconvenientes, as consequências e o custo da manutenção do conflito para 
as partes, a fim de que estas resolvam sem precisar recorrer ao poder 
judiciário. 
Art. 165º CPC: Os tribunais criarão centros judiciários de solução 
consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e 
audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de 
programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. 
 
2 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não 
houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o 
litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou 
intimidação para que as partes conciliem. 
Nesse caso o que importa é só o conflito. Exemplo: Acidente de trânsito. 
O terceiro deve fazer propostas. 
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver 
vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender 
as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo 
restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções 
consensuais que gerem benefícios mútuos. 
Nesse caso os sujeitos não conseguem observar o conflito devido a fatores 
alheios, desejando, muitas vezes, vingança ou a irritação o outro. Não é só 
o bem o motivo da disputa. Exemplo: Divisão de bens no divorcio gerado 
por traição de uma das partes, pensão alimentícia. 
O terceiro não deve fazer propostas, deve ser mais discreto. Tomar um lado 
a favor ou contra pode ser ruim. 
Esses dois métodos não dependem do poder judicial, mas suas atividades 
podem conviver com o ato de jurisdição, não há impedimento que eles 
sejam utilizados no curso de um processo judicial. Eles são necessários 
para a regularidade de qualquer ato judicial, são a ultima tentativa que as 
partes encontram para entrarem em acordo e evitarem um processo que 
consumiria recursos e tempo do poder judiciário. 
Art. 334º CPC: Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não 
for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência 
de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) 
dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de 
antecedência. 
4. Arbitragem: Também extrajudicial e heterocompositiva. Nela o(s) 
terceiro(s) é escolhido pelas partes e ele resolve o conflito pela decisão 
formal, com um laudo ou sentença arbitral, que são feitos por meio de um 
contrato, escrito ou incerto. Embora as partes não cheguem a um fim, elas 
não desejam recorrer ao poder judiciário. Não é necessário que o conflito já 
tenha acontecido para ocorrer a arbitragem, muitas vezes ela é feita 
justamente para não haver futuros conflitos. 
A partir do momento que a arbitragem ocorre, não é possível que o conflito 
seja levado ao poder judiciário, ou seja, a arbitragem renuncia a jurisdição. 
O arbitro se torna juiz de fato e de direito, sem a necessidade de seguir 
homologação legal. Ele possui a liberdade de apreciar as disposições do 
conflito e decidir. 
O arbitro não possui poder coercitivo, então caso uma das partes não 
cumpra o contrato, a outa poderá recorrer ao poder judiciário e este não 
revisará e discutirá a decisão do arbitro, apenas fará a execução de 
sentença do laudo arbitral, “empresta” ao arbitro a força coercitiva. 
O contrato, sendo um negócio jurídico, é subordinado de alguns 
pressupostos em lei, devendo obedece-los para ter eficácia e validade. 
A arbitragem evita um processo que consumiria recursos e tempo do poder 
judiciário e ainda é uma boa escolha para conflitos particulares que 
 
3 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
demandam um conhecimento técnico sobre um assunto particular que um 
juiz provavelmente não saberia. 
Art. 1º Lei 9307/96: As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da 
arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
Para conflitos que envolvem direitos indisponíveis, aqueles dos quais as 
pessoas não podem abrir mão, é obrigatório o controle judicial (processo 
necessário). Por exemplo: Processo de adoção. 
Os conflitos resolvidos no âmbito jurisdicional pertencem às relações 
jurídicas. Relação é o vinculo entre duas ou mais pessoas, e no vinculo jurídico 
os direitos, deveres, ônus e faculdades são disciplinados pelo Direito (por leis). 
Exemplo: A relação do namoro se difere da relação jurídica do 
casamento. Neste, os indivíduos possuem direitos e deveres determinados por 
lei, como o dever de fidelidade, a possibilidade de usar o sobrenome do 
cônjuge, direito de família, amparo financeiro e etc. 
Esses conflitos surgem porque há uma dúvida entre as partes, uma 
incerteza quanto ao conteúdo, ou porque uma das partes não cumpre a 
obrigação, é inadimplente. No segundo conflito, chamado de lide ou litígio pelo 
Direito Civil, um dos sujeitos tem uma pretensão e o outro não se subordina, é 
objeto de resistência, não se subordina. 
A palavra “jurisdição” vem da expressão em latim juris dictio, 
que significa “dizer o direito”. Ela nada mais é do que a aplicação do direito em 
uma relação para a solução de problemas. Essa atividade estatal é 
caracterizada pela inércia, só atua se for provocada nos limites de sua 
provocação, que se dá por meio do exercício do direito de ação. 
O direto de ação é o direito de provocação da função jurídica para a 
análise de uma pretensão. Ele tem caráter bilateral, coexiste um direito de 
defesa e resistência a um de pretensão formulado pelo primeiro sujeito (ação xdefesa). 
A ação, jurisdição e exceção são desenvolvidas observando uma 
determinada sequencia de atos. Há uma sequencia especifica para o exercício 
de direito de ação, para a afirmação do direito que será realizada pelo Poder 
Judiciário e para o direito de defesa. Essa sequencia necessária é o processo. 
Este nada mais é do que uma disciplina de forma organizada praticada pelo 
autor, réu e Estado (juiz). 
Os institutos fundamentais do Direito Processual Civil são, portanto: 
Direito de ação, exceção, jurisdição e processo. 
Relações jurídicas de direito material e processual 
Para algumas relações os direitos e deveres dos sujeitos que delas 
participam estão disciplinados no Direito Civil (relação jurídica material), e 
outros no Direito Processual (relação jurídica processual). Para diferenciar 
essas duas relações se identificam os: 
1. Objeto: O que essas relações disciplinam. As relações jurídicas civis têm 
por objeto algum bem da vida, utilidade, necessidade, pretensão para 
satisfação dos interesses. Já as relações jurídicas de direito processual tem 
por objeto solucionar um conflito de interesses. 
 
4 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
Exemplo: No contrato de compra e venda o objeto é a coisa 
comprada/vendida, contrato de locação o objeto é a coisa alugada. 
2. Sujeito: Sujeitos que participam das relações. 
Nas relações jurídicas civis os particulares que celebram sem a intervenção 
do Estado. Exemplo: Contrato de compra e venda quem têm direitos e 
deveres são o comprador e o devedor; no ato ilícito quem participa é quem 
causou e quem sofreu. 
Nas relações jurídicas de direito processual cujo objeto é solucionar o 
conflito, o Estado por meio do exercício da função soberana participa das 
relações, sobressaindo a sua vontade. Os sujeitos dessa relação são: autor, 
réu e Estado. Exemplo: Quando um dos sujeitos das relações civis 
descumpre sua obrigação, a relação de direito processual resolve esse 
conflito. 
3. Pressupostos: Requisitos estabelecidos. 
Nas relações jurídicas civis os pressupostos são estabelecidos pela lei civil. 
Os sujeitos devem ser capazes, os objetos devem ser lícitos e a forma deve 
ser disciplinada em lei (não vedada por ela). 
Nas relações jurídicas processuais os pressupostos são estabelecidos pela 
legislação processual, sendo eles positivos ou negativos. 
Os pressupostos positivos devem ser preenchidos para que a relação 
jurídica processual exista e tenha validade. 
Pressupostos de existência: 
1- A relação se inicia apenas com a provocação formal do autor ao poder 
judiciário com o exercício do ato processual chamado de petição inicial. 
2- A própria natureza jurisdicional de quem recebe a petição inicial, ou seja, 
a petição inicial deve ser entregue ao Estado jurisdicional. 
3- O autor por meio da petição inicial provoca a jurisdição, esta responde e 
confere ao outro sujeito (réu) ciência/informação da sentença e 
oportunidade de responder aos termos de petição inicial. Este ato 
processual concedido ao réu é nomeado citação. 
 
 
 
4- Capacidade postulatória refere-se ao conhecimento técnico sobre a 
prática de atos para representação do autor ou do réu. A atuação do 
autor e do réu deve ser realizada por meio de um profissional legalmente 
habilitado, que tenha conhecimento dos termos de uma relação 
processual. Exemplo: Advogados, membros do ministério público, 
defensoria pública, procuradores e etc. 
A Lei 9099/95 disciplina nos atos especiais cíveis aos juizados um 
procedimento específico para a solução de conflitos, orientada por uma 
série de princípios. Para a garantia destes, o legislador acabou 
dispensando a capacidade postulatória como requisito para as ações 
cujo valor da causa não exceda 20 salários mínimos. Ou seja, nessa 
Autor Jurisdição Réu 
 Petição inicial Citação 
 
5 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
exceção o autor e o réu podem praticar atos dentro do processo sem a 
necessidade da representação por um profissional. Isso não significa 
que acontece a dispensa de observância dos requisitos necessários, 
passa a ser de responsabilidade direta das partes. 
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes 
comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas 
de valor superior, a assistência é obrigatória. 
Pressupostos de validade: 
1- Requisitos legais da petição inicial. Art. 319 CPC. 
Art. 319. A petição inicial indicará: 
I - o juízo a que é dirigida; 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, 
a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou 
no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o 
domicílio e a residência do autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados; 
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de 
conciliação ou de mediação. 
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o 
autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua 
obtenção. 
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de 
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. 
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao 
disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações 
tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. 
Caso esses requisitos não sejam observados/preenchidos, o juiz fixa um 
prazo para a correção desses vícios, e se após desse prazo não forem 
corrigidos o processo é extinto. 
2- Citação válida do réu, ato processual formal, deve ser feita nas 
hipóteses legais segundo as modalidades de citação. Cada uma das 
modalidades será utilizada em alguma situação concreta, nas hipóteses 
em que ela seja autorizada. 
A citação pessoal é a mais usual, aquela feita diretamente, por correio, 
digital ou por oficial (servidor) de justiça. 
A citação por hora certa é uma modalidade utilizada quando o réu está 
se ocultando para não ser citado. O oficial de justiça percebe que o réu 
está se escondendo para não receber a ação e descreve no seu 
mandado de citação o motivo de achar que ele está se escondendo e 
marca data e hora para a citação do réu e informa o endereço. Caso o 
réu não esteja se ocultando e mesmo assim seja feita a citação por hora 
certa, essa citação não será válida. Art. 252 do CPC. 
Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver 
procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, 
deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da 
 
6 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, 
voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. 
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com 
controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita 
a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de 
correspondência. 
A citação por edital é realizada quando não se sabe o endereço do réu e 
foram esgotadas as tentativas de sua localização para a citação pessoal. 
É publicado em editais de jornal citando o réu, informando os dados do 
processo. Art. 319 CPC § 1º. 
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o 
autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua 
obtenção. 
3- Capacidade de ser parte. Art. 70 do CPC. Exige que tanto o autor 
quanto o réu possam figurar no polo ativo e passivo da relação 
processual, se eles possuem capacidade de ser parte. 
Ela é uma consequência de uma capacidade de direitos, ou seja, 
qualquer ente que é titularde direitos e obrigações devem ter a 
possibilidade de reivindica-los ou responder por eles em uma relação 
processual. Possui relação com a capacidade de ser titular de direitos e 
obrigações, a qual qualquer pessoa natural, pessoa jurídica, aqueles 
que não têm personalidade jurídica, capacidade civil podem ter. 
Exemplo: Menor (incapaz) ajuíza ação de alimento contra o seu genitor. 
Exemplo: O espólio (conjunto de bens, direitos e obrigações deixado 
pelo morto, sem personalidade jurídica) pode se figurar no polo ativo 
(receber créditos do morto) e passivo (responder débitos do morto). 
Exemplo: Massa falida (conjunto de bens, direitos e obrigações da 
pessoa jurídica que faliu) pode se figurar no polo ativo e passivo. 
Exemplo: Mesa da câmara dos vereadores e dos deputados (órgão de 
gestão da Casa Legislativa que não possui personalidade jurídica) pode 
se figurar no processo como parte defendendo os interesses da Casa. 
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem 
capacidade para estar em juízo. 
Nascituros pode ser parte. Animais não pode ser parte, pois estes não 
são objetos de direito e não podem responder por danos que causam. 
4- Capacidade processual ou de estar em juízo. Art. 71 do CPC. Relaciona-
se com a capacidade civil, permite que pessoalmente o autor e o réu 
pratiquem os atos do processo sem necessidade de assistência ou 
representação por alguém capaz. Capacidade de titularidade dos 
maiores capazes. 
Exemplo: Menor que ajuíza ação de alimentos tem capacidade de ser 
parte, sendo ele o autor por ser dele o direito de receber alimentos. Ele 
não pode participar pessoalmente e deve ser representado ou assistido 
por alguém, pois não possui capacidade processual. 
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por 
tutor ou por curador, na forma da lei. 
 
 
 
 
Capacidade de ser parte e capacidade processual se diferencia da 
capacidade postulatória. Esta diz respeito à habilitação técnica. 
 
7 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
 
5- Inexistência de incompetência absoluta. A jurisdição é uma função 
soberana do Estado dividida em inúmeros órgãos do poder judiciário. 
Atribui-se uma parcela desse poder a cada um deles, chamada de 
competência, delimita-se o tipo de conflito que cada órgão vai resolver. 
O órgão jurisdicional ao qual foi direcionada a petição inicial não pode 
ser absolutamente incompetente, pois se for significa que aquele órgão 
não tem autorização legal para a resolução daquele tipo de conflito. Art. 
64 CPC. 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como 
questão preliminar de contestação. 
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e 
grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. 
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente 
a alegação de incompetência. 
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão 
remetidos ao juízo competente. 
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os 
efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja 
proferida, se for o caso, pelo juízo competente. 
6- Inexistência de suspeição ou impedimento do juiz. Para que o órgão 
jurisdicional possa validamente resolver o conflito de interesses ele deve 
ser parcial. O legislador estabeleceu um rol de situações em que o juiz 
não pode atuar ou que devem ser analisadas para não ter 
imparcialidade. Art. 144 impedimento e 145 do CPC suspeição. 
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas 
funções no processo: 
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, 
funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento 
como testemunha; 
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido 
decisão; 
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado 
ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou 
qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até 
o terceiro grau, inclusive; 
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou 
companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral, até o terceiro grau, inclusive; 
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de 
pessoa jurídica parte no processo; 
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de 
qualquer das partes; 
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha 
relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; 
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu 
cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta 
ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por 
advogado de outro escritório; 
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. 
 
8 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o 
defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já 
integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. 
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar 
impedimento do juiz. 
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de 
mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em 
seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele 
prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. 
Art. 145. Há suspeição do juiz: 
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus 
advogados; 
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa 
antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das 
partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para 
atender às despesas do litígio; 
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu 
cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o 
terceiro grau, inclusive; 
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das 
partes. 
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem 
necessidade de declarar suas razões. 
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando: 
I - houver sido provocada por quem a alega; 
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta 
aceitação do arguido. 
Os pressupostos negativos são os que não devem ocorrer, não devem estar 
presentes, e caso esteja, o processo deve ser extinto (não pode seguir 
invalidamente). 
1- Coisa julgada. Art. 502. Uma ação já foi definitivamente julgada, 
repetição ao juízo de uma ação idêntica a outra anteriormente proposta 
e definitivamente julgada. Consumiria recursos do Poder Judiciário 
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna 
imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. 
2- Litispendência. Art. 337, parágrafos 3º e 4º. Lite pendente de solução. 
Repetição em juízo de uma ação idêntica a outra anteriormente 
proposta que ainda está em curso, ou seja, que não foi julgada. 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: § 3º Há 
litispendência quando se repete ação que está em curso. § 4º Há coisa 
julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão 
transitada em julgado. 
3- Perempção. Art. 486, parágrafo 3º. Perda do direito de ação. O autor 
não pode mais provocar o Poder Judiciário para a solução de um 
mesmo conflito, e essa perda é uma sanção que o ordenamento jurídico 
processual confere a esse autor em virtude do fato de que por três 
 
9 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
vezes o autor propôs a mesma ação e deu causa a extinção do 
processo por culpa dele. 
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta 
a que a parte proponha de novo a ação. 
Observações dos pressupostos: 
 Pressupostos processuais são matérias de ordem jurídica, aquelas cuja 
relevância interessa aopróprio órgão jurisdicional, pois dizem respeito à 
própria existência com validade do processo. Por essa razão, o seu 
conhecimento pode ser feito por qualquer órgão jurisdicional que o 
processo esteja independentemente de alegação das partes. Ainda que 
as partes não identifiquem nenhum vício, o órgão deverá verificar e 
tomar providencia para a sua correção ou extinguir o processo. 
 As matérias de ordem pública, além da apreciação e ofício, não se 
sujeitam a um fenômeno jurídico chamado de preclusão, definida esta 
como a perda da faculdade de se praticar um ato processual. As 
matérias de ordem pública podem ser alegadas em qualquer tempo e 
grau de jurisdição. 
Exemplo: Se o menor ajuíza uma ação de alimentos e não existe no 
processo um representante, ainda que haja uma sentença de primeiro 
grau, o tribunal de justiça verifica e reconhece a nulidade desde o início. 
Modalidades de preclusão: 
1. Preclusão temporal: Tem o objetivo de disciplinar a perda do prazo de 
praticar um ato do processo ou a pratica de um ato após o prazo. É a 
perda da oportunidade. 
2. Preclusão consumativa: A perda da oportunidade de se praticar o ato 
do processo se dá porque o ato já foi consumado, o titular que tinha a 
faculdade já exerceu dentro do prazo. Não é possível a repetição, 
complementação ou retificação desse ato, ainda que dentro do prazo 
assinalado para sua prática. Exemplo: A parte tem o prazo de 15 dias 
para a interposição do recurso de apelação e o faz no 5º dia útil, não 
poderá nos 10 dias subsequentes complementar, ratificar ou retificar o 
recurso que já foi interposto. 
3. Preclusão lógica: A perda da faculdade de se praticar um ato no 
processo deve-se ao fato de que o titular da faculdade praticou antes de 
seu exercício um ato logicamente incompatível com a faculdade a ser 
exercida. Antes de praticar o ato X a parte que tinha a faculdade de 
pratica-lo praticou um ato Y que é incompatível com a faculdade do ato 
X. Exemplo: Um dos pressupostos recursais é o inconformismo com a 
decisão recorrida em seu desfavor. Se proferida a decisão judicial a 
parte no dia seguinte voluntariamente a cumpre, ela não pode interpor 
um recurso impugnando a decisão, haja vista que ela a cumpriu sem ter 
a obrigação legal. 
4. Preclusão pro-judicato: O órgão judicial não tem a faculdade de agir 
no processo, mas sim um dever legal, não podendo se eximir deles por 
conta do decurso do prazo. Se o juiz pratica um ato no processo, em 
 
10 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
regra ele não pode modifica-lo. Ressalva-se a hipótese do recurso 
embargos de declaração, tendo por objetivo informar o órgão 
jurisdicional de alguma omissão, contradição, obscuridade ou erro 
material em uma manifestação judicial. Este busca, portanto, aperfeiçoar 
uma manifestação com algum defeito. 
Normas processuais 
Classificação das normas processuais: 
1. Normas processuais congentes: Buscam atender dentro do processo 
um interesse público. Por essa razão não se admite que as partes 
disponham, negociem ou deixem de observar o conteúdo de uma norma 
processual congente. Elas não podem ser modificadas por vontade das 
partes, já que o legislador as estruturou buscando atingir o melhor para 
otimização do serviço publico, e não o que seria mais conveniente às 
partes. Exemplo: Quando o legislador fixa uma norma de competência 
em razão da matéria, as partes não podem deixar de seguir essa norma. 
2. Normas processuais dispositivas: Buscam atender ao interesse 
particular das partes. O legislador buscou facilitar o exercício de alguma 
faculdade da parte. Não obstante, se a parte concretamente percebe 
que aquela disposição legal não lhe convém, ela pode simplesmente 
dispor do conteúdo da norma para facilitar seu exercício. Para isso ela 
convenciona com a outra parte outra norma. 
Em regra, as partes podem celebrar os chamados negócios jurídicos 
processuais, sendo estes convenções celebradas entre as partes que 
dispõem sobre suas prerrogativas processuais, negociando faculdades 
ou direitos processuais. 
3. Normas processuais: Estão no CPC. Regulamentam algum 
comportamento dentro do processo. Indicam para o juiz como ele deve 
proceder ao processo, a sequencia dos atos, forma, elementos, 
requisitos, prazos e etc. Se o juiz deixa de observar uma norma 
processual ele cometeu um erro de procedimento. Caso isso aconteça, 
anula-se o ato processual e refaz-se. 
4. Normas materiais: Estão no CC. Regulamenta o acesso a bens da vida 
ou pretensões que satisfazem nossos interesses materiais. Oferece ao 
juiz o critério de julgamento, que norma aplica-se a aquela solução do 
conflito. Ao final do processo o juiz precisa aplicar corretamente a norma 
civil, e se não observa-la corretamente cometerá um erro de julgamento. 
Caso isso aconteça, aplica-se outro critério de julgamento modificando a 
decisão final (procedente ou não procedente). Para diferencia-las é 
necessário observar o objeto da norma, o que ela regulamenta.
5. Normas codificadas: Normas processuais que estão incluídas no CPC. 
Foi conferida a elas uma sistematização em um código normativo 
específico. 
6. Normas extravagantes: Previstas em outras leis especiais, em outros 
diplomas normativos. Embora esses códigos a princípio disciplinem 
 
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direitos materiais, é possível encontrar nestes, normas que disciplinem 
prerrogativas processuais (não isso elas não são materiais). Exemplo: 
CDC, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 9099/95. 
7. Normas processuais: São aqueles que têm como conteúdo a disciplina 
de alguma prerrogativa processual, dispõe sobre direitos, deveres e 
ônus do autor, do réu e do juiz no curso de uma relação processual. 
Sempre que uma norma disponha sobre o direito de ação, de defesa, 
sobre a jurisdição e sobre o processo é considerada processual. Seu 
conteúdo é um instituto fundamental do direito processual. São de 
competência da União, ela legisla sobre o processo, normas processuais 
uniformes para todo o território nacional. 
8. Normas de organização judiciária: Aquelas que não possuem como 
conteúdo disciplinar prerrogativas processuais das partes ou de 
institutos processuais. Elas apenas organizam/disciplinam a prestação 
da atividade dentro do Estado. As partes e os advogados não dependem 
da observância dessas normas para pratica de normas, já que estas 
apenas organizam a prestação da jurisdição dentro dos Estados. 
Exemplo: Disciplinam quantas comarcas serão estabelecidas dentro do 
Estado, quantos órgãos judiciais haverá em cada comarca, se haverá 
distribuição de trabalho nas comarcas de acordo com as áreas 
específicas do direito (vara da família, valência e etc.). 
9. Normas regimentais: Cada tribunal possui o seu regimento, mas sem 
normas processuais. A princípio esses regimentos apenas disciplinam a 
atividade administrativa dentro do tribunal, apresentando quem são seus 
respectivos presidentes e vices que respondem pelas atribuições 
administrativas do tribunal, como são divididas suas turmas/câmaras, 
ordem de processos, substitutos dos magistrados, ministros ou 
desembargadores que se afastam e etc. Nada do que dispõe os 
regimentos dos tribunais a princípio repercute ou reflete sobre aquilo que 
podemos fazer dentro do processo. As prerrogativas disciplinam 
internamente a prestação da jurisdição do tribunal, e a rigor os seus 
destinatários são os próprios membros do tribunal que precisam 
conhecer o seu regimento. 
Uma norma regimental pode passar do seu limite disciplinado e interferir 
nas normas processuais, o que é um problema, já que apenas a União 
legisla em um processo. Portanto, não poderia um tribunal por meio de 
uma norma administrativa estabelecer algo que possa interferir em uma 
prerrogativa de um processo. Normas que interferem na prerrogativa 
processual da parte devem ser declaradas inconstitucionais, com 
exceção as elaboradas pelo STF. 
Fontes das normas processuais: A princípiosão encontradas no CPC, 
normas processuais codificadas. A constituição disciplina genericamente por 
meio de princípios todo o direito, ocorrendo da mesma forma com o Direito 
processual. No rol de direitos e garantias fundamentais do artigo 5º da CF há 
diversos princípios do direito fundamento, como o do devido processo legal, da 
ampla defesa, da isonomia, publicidade dos atos processuais e etc. A CF é, 
portanto, uma fonte direta de normas processuais. 
 
12 Bianca Marinelli – Direito Processual Civil I – 3º termo 
As leis processuais extravagantes são normas processuais encontradas 
em leis processuais, como o CDC, ECA, Lei 9099/95 e etc.. Elas disciplinam os 
direitos materiais específicos, mas também normas processuais. 
 Normas processuais podem também decorrer de tratados 
internacionais. O Brasil é signatário de inúmeros compromissos internacionais 
celebrados por meio de tratados que dispunham em seu rol normas 
processuais. Exemplo: Pacto de San Jose da Costa Rica, artigo 8º que 
disciplina uma série de garantias processuais. 
Praxe forense, prática adotada no fórum, pode gerar uma norma 
processual. Entretanto, as partes não têm direito de exigir a prática de um ato 
nos termos do costume do fórum, ainda que todos os juízes realizem dessa 
maneira. Exemplo: O juiz, para não perder tempo proclamando uma sentença, 
dá para as partes o prazo de cinco dias para apresentarem suas alegações 
finais e em seguida da à sentença, convertendo os debates que deveriam ser 
orais em alegações escritas. Isso é mais conveniente para ambas às partes. O 
código disciplina que a audiência é una (instrução, debates e julgamento), não 
devendo o advogado deixar de debater com a intenção de apresentar as 
legações finais apenas por memorial. Quando o juiz modifica algum 
procedimento do código, só é declarada a nulidade daquele ato se esse causou 
algum prejuízo às partes. 
Doutrina não é fonte de norma processual, tendo em vista que para 
serem feitas levam em consideração as leis. Elas apenas estimulam a criação 
de normas processuais, atendendo as necessidades específicas, e interpretam. 
Atualmente, decisões judiciais ostentam o status de interpretações 
autenticas que podem ser aplicadas nos processos. Tipos específicos de 
decisões judiciais, como súmulas, súmulas vinculantes, precedentes e etc. 
apresentam importância para os operadores do direito, e estes atribuem a eles 
status semelhante da lei, pois passa a exigir a observância da jurisprudência 
com o mesmo vigor que se exige a observância da lei processual. Essa 
tendência busca uniformizar interpretações legais para que todos os 
jurisdicionados tenham aplicado a mesma interpretação. 
Eficácia da norma processual: 
a) No espaço: A norma processual resulta do exercício de uma função 
soberana, a legislativa. Assim sendo, é uma prerrogativa absoluta do 
estado soberano criar normas, leis processuais, e, portanto, o âmbito 
especial em que essas leis são aplicadas é o mesmo em que o 
Estado exerce a sua soberania, qual seja o território nacional. As leis 
processuais brasileiras são aplicadas no território nacional, incluindo 
o aéreo e marítimo de 12 milhas náuticas. Vigora o principio da 
territorialidade, segundo o qual se aplica a lei processual brasileira 
em território nacional. 
b) No tempo: Conforme a regra geral disposta da constituição sobre a 
eficácia das normas aplica-se o princípio da irretroatividade. A 
constituição veda como regra a retroatividade das leis, ressalvando a 
lei penal mais benéfica. As leis não retroagem inclusive as 
processuais. Todos os processos que já tenham sidos encerrados 
sob a vigência de uma determinada norma processual não serão 
alcançados por uma nova norma processual posterior. Exemplo: 
 
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Processos que foram concluídos antes da entrada em vigor do novo 
código não retroagem. Todos eles são considerados atos jurídicos 
perfeitos, ou seja, foram constituídos e tiveram seu desenvolvimento 
observando a legislação que estava vigente no momento de sua 
prática. 
A lei processual civil também não tem ultratividade, ou seja, não 
possui efeitos para além de sua vigência. O antigo CPC produziu 
efeitos até a entrada em vigência do novo, não disciplinando nenhum 
ato posterior ao dia 17 de março. Ainda que a lei processual 
revogada seja mais benéfica que a lei atual, ela não será aplicada 
aos atos processuais posteriores ao encerramento. 
O problema de sucessão de normas processuais com o processo em 
andamento (sendo que os que já se encerraram foram utilizados a lei 
que revogou e os que não se iniciaram serão utilizados a nova lei) é 
resolvido com três teorias que possibilitam a identificação da norma 
aplicável. 
Sistemas para identificação das normas: 
1. Sistema da unidade processual: O processo sob uma perspectiva finalista 
objetiva atender uma finalidade que é a da solução dos conflitos em 
andamento. O processo é então uma unidade que deve ser disciplinado por 
uma única norma processual. A norma processual que era vigente no inicio 
do processo deverá disciplina-los até o seu termino, ainda que no seu curso 
surja uma nova norma processual. Todos os processos que se iniciaram até 
o dia 17 de março de 2015 serão disciplinados até o seu termino pelo CPC 
de 1973. Esse sistema traz diversas complicações, como a ofensa do 
princípio da isonomia e a insegurança jurídica aos operadores do direito em 
razão da necessidade de que se aplique dois sistemas processuais 
diferentes. 
2. Sistema das fases processuais: A fase processual, e não o processo 
inteiro que deve ser disciplinado por uma única norma processual. Entrando 
em vigor uma nova norma processual ela será aplicada a esse processo, 
mas somente a fase processual seguinte. O processo seria dividido nas 
seguintes fases: postulatória, saneadora, instrutória, decisória e de 
cumprimento da sentença. 
Os processos que se iniciaram no dia 17 de março serão disciplinados pelo 
CPC de 73 até acabar a fase que o processo se encontra. 
Esse sistema aplica a regra da unidade, mas apenas dentro de cada fase, 
diminuindo o período de ultratividade da lei revogada. Ainda assim, haveria 
largos períodos de tempo que o processo seria disciplinado por uma lei que 
foi revogada. Exemplo: Fase decisória se inicia com a sentença e perdura 
até o transito e julgado do processo, logo, todos os recursos que estavam 
na fase decisória no dia 17 deveriam ser disciplinados até o seu final pela 
lei revogada, podendo demorar uma década. 
Essa proposta limita o período de ultratividade da lei que foi revogada até a 
conclusão da fase que o processo se encontra e minimiza os problemas 
que decorrem da regra da unidade. Ainda limitado esse período, haveria a 
aplicação da lei revogada por um período considerável de tempo e 
 
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processos tramitando simultaneamente observando leis diferentes (violação 
do princípio da isonomia). 
3. Sistema do isolamento dos atos processuais (sistema do tempus regit 
actum): Os atos processuais vinculados uns aos outros em razão do 
mesmo objetivo de solução da lide possuem autonomia de modo que cada 
ato praticado em um processo deve observar as disposições regulamentais 
aplicáveis vigentes no momento da sua prática, de modo que não existe 
retroatividade ou ultratividade benéfica. Assim sendo, os atos praticados em 
um processo até o dia 17 de março são atos juridicamente perfeitos se 
forem praticados conforme o CPC de 1973. Os atos praticados nesses 
mesmos processos a partir de 18 de março são juridicamente perfeitos se 
forem praticados conforme o CPC de 2015. Todos os processos vigentes 
até o dia 17 de março que não foram concluídos até esse dia passarão a 
ser aplicados com o CPC 2015. O código revogado não foi mais usado para 
processos não finalizados antes de sua revogação. 
Existe uma exceção construída de forma jurisprudencial que define que em 
matéria de recursos tem-seentendido que o recorrente (parte que deseja 
impugnar a decisão) tem o direito processual adquirido de recorrer 
conforme a norma vigente no momento da publicação da decisão 
impugnada se ela facilitava ou ampliava o exercício do duplo grau de 
jurisdição, ainda que o ato do recurso seja praticado na vigência da nova lei. 
A lei revogada teria ultratividade para disciplinar o recurso se ela facilitava o 
exercício de recorrer. Exemplo: Foi publicada uma sentença no dia 17 de 
março, ultimo dia de vigência do CPC de 1973, tendo prazo de interposição 
do recurso (no caso de recurso de apelação de 15 dias).

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