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Farmacognosia: Curares e Quinas

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FARMACOGNOSIA 
APLICADA 
Carlos Ananias Aparecido Resende 
Curares e quinas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir, quimicamente, plantas que contenham curares e quinas. 
 � Relacionar aspectos farmacológicos de plantas que contenham curares 
e quinas.
 � Descrever, de forma prática, a identificação desses compostos e sua 
correlação com as espécies brasileiras. 
Introdução
O curare é um extrato aquoso obtido do cipó. O termo vem da palavra 
“veneno”, que era preparado pelos índios da região amazônica e utilizado 
em flechas. O curare é considerado minimamente venenoso quando 
absorvido pelo trato gastrointestinal, mas, quando em contato direto 
com o sangue, é letal. A preparação do curare pelos indígenas obedecia 
um padrão de calor, partes utilizadas e concentração, que era verificada 
provando-se o curare. Os diversos alcaloides presentes no curare não 
são mais utilizados como paralisante muscular em cirurgias (SÁ, 2012; 
SOENTGEN; HILBERT, 2016). 
A quinina é um alcaloide utilizado para o tratamento de malária, 
neuralgia, espasmos musculares e fibrilação cardíaca. É utilizada na in-
dústria alimentícia como flavorizante. Diferentes métodos são aplicados 
na sua extração e controle de qualidade, para garantir a otimização e 
confiabilidade dos fármacos que estarão disponíveis no mercado (SILVA; 
ARAGÃO, 2009).
Neste capítulo, você irá estudar essas substâncias do ponto de vista 
químico e biológico. Também vai ver quais são seus métodos de extração, 
sua caracterização, seu doseamento e suas propriedades farmacológicas. 
1 Conhecendo química e biologicamente 
o curare e a quinina
Curare
Curare é um termo que descreve uma combinação de extratos. Essa substân-
cia apresenta o alcaloide tubocurarina, e é utilizada por indígenas como um 
poderoso veneno (SÁ, 2012). Os indígenas classificam o curare em três tipos, 
estabelecidos em função de seu armazenamento, forma de preparo e recipiente 
utilizado, que são os seguintes (SIMÕES et al., 2017): 
 � Curare de tubo de bambu: extrato de menispermáceas.
 � Curare de cabaça (casca dos frutos de espécies de Cucurbitaceae): 
extrato da espécie loganiáceas.
 � Curare de pote de barro: extrato de espécies de duas famílias.
A tubocurarina, cuja estrutura química você pode ver na Figura 1, é um 
dos princípios ativos encontrado no curare, presente na Chondrodendron 
tomentosum, uma trepadeira nativa da América do Sul. A tubocurarina é um 
composto heterocíclico, com a presença de núcleo isoquinolínico, tendo como 
precursor a fenilamina e a tirosina, um sal quaternário que apresenta cadeias 
do grupo metil, solúveis em água (BARREIRO; FRAGA, 2015; MELOROSE; 
PERROY; CAREAS, 2015). 
A origem biossintética dos alcaloides se inicia pela rota do ácido chi-
químico a partir dos carboidratos. O ácido chiquímico é responsável pela 
formação dos aminoácidos aromáticos L-fenilamina e L-tirosina, precursores 
dos alcaloides isoquinolínicos (MELOROSE; PERROY; CAREAS, 2015). 
Acompanhe na Figura 2 a biossíntese dos alcaloides isoquinolínicos.
Curares e quinas2
Figura 1. Estrutura química da tubocurarina.
Fonte: Adaptada de Simões et al. (2017).
Alcaloide 
quaternário
Figura 2. Biossíntese dos alcaloides isoquinolínicos. 
Fonte: Adaptada de Simões et al. (2017).
+Eritrose-4-fosfato Fosfoenolpiruvato Ácido chiquímico
CorismatoPrefenatoTirosina
Alcaloides
isoquinolínicos
Condensação de dois metabólitos
para a formação do ácido chiquímico
A formação do
corismato acontece
com a junção do
fosfoenolpiruvato
Na tubocurarina, os dois átomos de nitrogênio estão separados por 10 
átomos de hidrogênio, apresentando centros carregados positivamente. 
A distância interatômica (1,4 nm em tubocurarina) é muito dependente da 
estrutura e estereoquímica, uma vez que os átomos estão separados do centro 
(MELOROSE; PERROY; CAREAS, 2015). Veja o processo de formação da 
tubocurarina na Figura 3.
3Curares e quinas
Figura 3. Processo de formação da tubocurarina. 
Fonte: Adaptada de Melorose, Perroy e Careas (2015). 
HO
NMe
MeO
HO
H
HO
NMe
MeO
HO
H
O2
NADPH
O
MeN
OMe
O
H
O
NMe
MeO
H
O
O
NMe
MeO
H
MeN
H
O
OH
OMe
OH
SAM
O2
NADPH
O
NMe
MeO
H
Me2N
H
O
OH
OMe
OH
Oxidação eletrônica de grupos 
fenóis produz radicais estabilizados 
por ressonância
Acoplamento radical: é provável 
que seja um processo gradual
Tubocurarina
(S)-N-metil-coclaurina
(S)-N-metil-coclaurina
O acoplamento oxidativo fenólico é um fator crucial para a modificação da 
benziltetrahidroisoquinolina, que é o esqueleto básico para muitos outros 
tipos de alcaloides. A tubocurarina representa o acoplamento de duas moléculas 
de benziltetrahidroisoquinolina por pontes de éter, mas esse acoplamento é 
menos frequente do que o de carbono–carbono, uma ligação intramolecular 
entre anéis aromáticos (MELOROSE; PERROY; CAREAS, 2015).
Ao longo da história, algumas plantas foram utilizadas para a preparação 
do curare, e elas apresentam propriedades farmacológicas, como as listadas a 
seguir (SIMÕES et al., 2017; KING, 1945; RAGHAVENDRA, 2002; SPIROVA 
et al., 2019; VIRTUOSO et al., 2005): 
 � Noz-vômica (Strychnos nux-vomica L.): a parte da planta utilizada para 
o preparo são as sementes. Era utilizada no passado para o tratamento 
de transtornos gastrointestinais.
 � Uva-do-mato (Chondrodendron tomentosum): é um potente relaxante 
muscular, utilizado como adjuvante em cirurgias e no tratamento de 
crises convulsivas.
 � Corticeira (Erythrina velutina): uma espécie da flora brasileira que 
apresenta atividade sob o músculo esquelético, provocando paralisia 
muscular. A parte da planta utilizada é a casca.
Curares e quinas4
Quinina
A quinina é extraída das cascas da quina. Foi isolada pela primeira vez em 
11 de setembro de 1980 na França, pelos químicos Pierre Joseph Pelletier e 
Joseph Bienaimé Caventou. Registros históricos relatam que índios começaram 
a observar que animais doentes obtiveram melhoras após ingerir água de uma 
lagoa onde havia cascas de quina (ALMEIDA et al., 2009). 
A quinina é um alcaloide quinolínico e apresenta em sua estrutura quí-
mica, que você pode ver na Figura 4, um núcleo quinolínico, responsável por 
diferentes efeitos farmacológicos. Utilizada na indústria farmacêutica para 
o desenvolvimento de fármacos antimaláricos e no tratamento de distúrbios 
digestivos, a quinina vem sendo empregada na indústria de alimentos como 
aditivo de amargura (SIMÕES et al., 2017). 
Figura 4. Estrutura química da quinina.
Fonte: Adaptada de Simões et al. (2017).
Álcool
Éter
Amina
Alcaloide terciário
Amina
A água tônica é considera um refrigerante e apresenta, em sua constituição, 82mg/L 
de quinina. A quinina, inicialmente, era utilizada como um composto com benefícios 
antimaláricos, mas a indústria de alimentos a utilizou para conferir o gosto amargo, 
uma característica sensorial marcante. A água tônica também é utilizada em bebidas 
como mistura para coquetéis feitos com gin (MINIM et al., 2009).
5Curares e quinas
A biossíntese da quinina, ilustrada na Figura 5, é semelhante à de outros 
alcaloides indólicos, de acordo com Simões et al. (2017, documento on-line): 
O triptofano (1), um aminoácido de núcleo indólico, forma, por descarboxila-
ção, a triptamina (2), a qual, mediante condensação de Pictet-Spengler com o 
monoterpeno secologanina (3), forma a estrictosidina (4). A incorporação do 
intermediário corinanteal (5) sugere que o grupo metóxi-carbonilíco se perde 
em estágios anteriores, formando duas isoformas. A partir do corinanteal (5), 
os caminhos divergem completamente, e a formação do esqueleto quinolíni-
co requer um rearranjo não apenas da porção monoterpênica, mas também 
do núcleo indólico, formando intermediários como 6, 7 e 8, para formar os 
alcaloides quinina (9), cinchonidina quinidina e cinchonina.
Figura 5. Rota biossintética da quinina.
Fonte: Simões et al. (2017, documento online).
Curares e quinas6
Os alcaloides quinolínicossão encontrados na espécie do gênero da 
Cinchona L., que são árvores nativas da América do Sul e de outros países. 
As cascas dessa espécie devem ser utilizadas na faixa de 8 a 12 anos. Apresenta 
solubilidade em água, sendo um fármaco extremamente básico (BARREIRO; 
FRAGA, 2015; SIMÕES et al., 2017; OLIVEIRA; SZCZERBOWSKI, 2009; 
SILVA; ARAGÃO, 2009).
Estudos relacionados à estrutura química da quinina levaram ao desenvolvi-
mento de análogos sintéticos a partir do grupo farmacofórico o anel quinolínico 
(cloroquina, primaquina e mefloquina) (BARREIRO; FRAGA, 2015).
A transmissão da malária ocorre pelo parasita do gênero Plasmodium, 
ou seja, é uma doença parasitária transmitida pela picada do mosquito fêmea 
do gênero Anopheles (RATHORE et al., 2005). A malária apresenta como 
sintomas febre, calafrios, cefaleia, vômitos, anorexia, diarreia e anemia. Caso 
não seja tratada adequadamente, pode causar complicações maiores ao paciente, 
como edema pulmonar, complicações renais, icterícia e obstrução dos vasos 
sanguíneos cerebrais, situação que poderá levar o paciente a óbito (FRANÇA; 
DOS SANTOS; FIGUEROA-VILLAR, 2008). 
O fármaco de primeira escolha para o tratamento da malária é a quinina, 
presente na constituição química de algumas espécies de plantas, como as lis-
tadas a seguir (SIMÕES et al., 2017; POLLITO; TOMAZELLO FILHO, 2006). 
 � Cinchona calisaya (quina amarela): utilizada como um antimalárico 
e antiparasitário, também auxilia no processo digestivo. As partes 
utilizadas da planta são as cascas. Nesta droga encontram-se presentes 
60% de quinina.
 � Cinchona amazônica: espécie do gênero Cinchona, chamada popular-
mente de árvore da quinina. Sua casca é utilizada para o tratamento 
da malária.
2 Aspectos farmacológicos de curares e quinas
Curare
O curare apresenta propriedades paralisantes; essa ação ocorre sobre os 
receptores nicotínicos da acetilcolina nos músculos. O curare trabalha de forma 
competitiva com a acetilcolina, sendo um antagonista. Provocando bloqueio 
neuromuscular e, em seguida, flacidez muscular, a ação da tubocurarina 
acontece por um período longo (SIMÕES et al., 2017). 
7Curares e quinas
A neostigmina e a piridostigmina são antagonistas da tubocurarina, ou 
seja, revertem o efeito de bloqueio neuromuscular promovido pela tubocura-
rina. Utilizada também como antídoto no caso de envenenamento por curare, 
a neostigmina promove o aumento da concentração de acetilcolina no sistema 
neuromuscular (ARAÚJO; SANTOS; GONSALVES, 2016; MELOROSE; 
PERROY; CAREAS, 2015).
Em 1947, a tubocurarina possibilitou o desenvolvimento de fármacos da 
classe dos bloqueadores ganglionares e relaxantes musculares utilizados em 
cirurgias intestinais (BARREIRO; FRAGA, 2015). Alguns efeitos colaterais 
causados pela tubocurarina são hipertensão, taquiarritmia, apneia, bronco-
espasmo, insuficiência respiratória, rubor e salivação. 
Quinina
O mecanismo de ação da quinina ainda não é totalmente elucidado. Ela pode ser 
usada como um antiarrítmico, sendo indicada na manutenção do ritmo sinusal 
e da fibrilação atrial, na prevenção recorrente da taquicardia e no tratamento 
de diferentes linhagens celulares (MELOROSE; PERROY; CAREAS, 2015). 
Alguns estudos relatam que a quinina age sobre os fosfolipídios da mem-
brana do vacúolo digestivo. Essa degradação compromete a hemoglobina, 
levando o parasita à morte (FITCH, 2004). 
O metabolismo do quinina ocorre no citocromo P450, uma enzima hepá-
tica, na qual ocorre a oxidação do fármaco. A excreção da forma inalterada 
do fármaco ocorre pela urina — 20% da dose administrada é excretada. 
A 3-hidroxiquinina é o principal metabólito produzido pelo fármaco; em 
pacientes com deficiência renal pode causar toxicidade (SIMÕES et al., 2017).
Existe uma limitação ao uso do quinina, por ter uma janela terapêutica 
curta; pode ainda haver o desenvolvimento de cardiotoxicidade e o cinchonismo 
(toxicidade neurológica, cardiovascular e gastrointestinal). A quinina é um 
dos fármacos que podem ser utilizados no primeiro trimestre da gestação 
(TAKEM; D’ALESSANDRO, 2013; WHITE, 2007).
Indivíduos que apresentam um nível plasmático elevado do fármaco podem 
ter um aumento da toxicidade — isso ocorre devido à ligação com proteínas 
plasmáticas. Em pacientes com malária grave, o período de meia-vida da 
quinina se torna mais longo (SIMÕES et al., 2017). 
Curares e quinas8
Os antimaláricos foram desenvolvidos como profilaxia e 
tratamento da malária. O hospedeiro da malária apresenta 
um ciclo biológico complexo, e deve ser empregado 
um esquema terapêutico adequado à terapia que será 
aplicada ao paciente. Existem hoje poucos fármacos 
para tratamento e, por uso incorreto da população, vêm 
aumentando os casos de resistência medicamentosa a 
esses fármacos. Se quiser saber mais a respeito, leia o artigo 
disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/kiHbP
3 Caracterização, doseamento e extração 
Curare
Existem diversas reações que podem ser empregadas para a identificação 
de alcaloides, mas algumas drogas necessitam de testes específicos para sua 
identificação. A metodologia de extração, de modo geral, consiste em tratar 
o material vegetal na forma de pó com solução aquosa de ácido diluído e, 
em seguida, neutralizar adicionando um solvente orgânico. Esses alcaloides 
são precipitados com adição da solução de carbonato de sódio ou amônia 
(SIMÕES et al., 2017). 
A caracterização e o doseamento da tubocurarina podem ser feitos com 
os seguintes métodos (SIMÕES et al., 2017):
 � Cromatografia em camada delgada (CCD): método utilizado para 
isolamento e identificação da tubocurarina, alcaloide presente no curare. 
É empregado o regente iodo platinado na cor marrom para a detecção 
do alcaloide. 
 � Cromatografia liquida de alta eficiência (CLAE), cromatografia a 
gás (CG) e volumetria: o doseamento da tubocurarina pode acontecer 
por um desses três métodos. Pode ser empregando na fase móvel do 
gradiente do CLAE. 
9Curares e quinas
Quinina
A extração do quinina ocorre por meio do líquido — líquido é o momento 
em que dois componentes de uma mistura são separados quando entram em 
contato com o solvente orgânico no qual ocorrerá o processo de dissolução 
(SIMÕES et al., 2017). 
Outros autores citam a extração por meio de ultrassom. Essa técnica con-
verte as ondas do ultrassom de energia elétrica para energia mecânica, e a 
propagação dessas ondas no meio líquido provoca uma variação de pressão. 
A formação de bolhas ocorrem pela alta frequência, quando ocorre a im-
pulsão para a formação das bolhas. Durante esse processo ocorre um efeito 
vibratório na célula, levando a sua ruptura e liberando seu conteúdo (SILVA; 
ARAGÃO, 2009).
A caracterização e o doseamento pode ser feitos pelas seguintes técnicas:
 � Cromatografia em camada delgada (CCD): método utilizado para 
o isolamento de alcaloides indólicos. Este método é utilizado para a 
identificação de compostos conhecidos (BESSEGATO; CARDOSO; 
ZANONI, 2016).
 � Cromatografia liquida de alta eficiência (CLAE): método empregado 
para a quantificação de alcaloides indólicos, que apresentam forte ab-
sorção pelo núcleo indólico, que se concentra na região violeta; assim 
o método se apresenta sensível. Este método trabalha com a CLAE 
acoplada à detecção de alta florescência (FLD) (CANALES et al., 2020). 
Existem alguns testes colorimétricos empregados na identificação quinina, 
listados a seguir: 
 � Teste de eritroquinina: apresenta coloração avermelhada.
 � Teste de Herapatita: apresenta aspecto metálico.
 � Ácidos oxigenados: apresenta fluorescência azul na presença de ácido 
sulfúrico. 
 � Teste de taleioquina: verde esmeralda. 
Acompanhe no Quadro 1 os testes colorimétricos reativos para a confir-
mação de alcaloides.
Curares e quinas10
Reativo para alcaloides Composição Cor do precipitado
Dragendorff Iodobismutato 
de potássio
Alaranjado
Mayer Iodomercurato 
de potássio
Branco
Bertrand Ácido sílico-tungstato Branco
Bouchardat/Wagner Iodo-iodetode potássio Marrom
Sonnenschein Ácido fosfomolíbdico
Ácido tânico
Branco
Bege
Heger Ácido pícrico Amarelo
Quadro 1. Testes reativos colorimétricos para confirmação de alcaloides
No link a seguir você encontra um site com mais infor-
mações sobre os testes utilizados para identificação e 
extração de alcaloides.
https://qrgo.page.link/ZvxQx
O conhecimento acerca da utilização dos produtos naturais e a troca de 
experiências entre os diferentes povos levaram ao desenvolvimento de estudos 
voltados para compostos químicos naturais responsáveis por diversas atividades 
biológicas (MONTANARI; BOLZANI, 2001). No desenvolvimento de novos 
fármacos para o tratamento de doenças diversas, a natureza tem um papel 
fundamental (VIEGAS JÚNIOR; BOLZANI; BARREIRO, 2006). 
11Curares e quinas
ALMEIDA, M. R. et al. Pereirina: O primeiro alcaloide isolado no Brasil? Revista Brasileira de 
Farmacognosia, v. 19, nº. 4, out./nov. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
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ARAÚJO, C. R. M.; SANTOS, V. L. dos A.; GONSALVES, A. A. Acetilcolinesterase - AChE: uma 
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http://static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v8n6a04.pdf. Acesso em: 21 fev. 2020.
BARREIRO, E. J.; FRAGA, C. A. M. Química medicinal: bases moleculares da ação dos 
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Curares e quinas12
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