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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O DESENHO INFANTIL COMO FONTE DE AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA MARCELLE FULOP ORIENTADOR: Prof.SOLANGE MONTEIRO Rio de Janeiro 2017 DO CU ME NT O PR OT EG ID O PE LA LE ID E DI RE ITO A UT OR AL 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional. Por: Marcelle Fulop O DESENHO INFANTIL COMO FONTE DE AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Rio de Janeiro 2017 3 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais e a minha amiga Vanessa que de uma forma o outra vieram me incentivando ao longo do curso. 4 DEDICATÓRIA Dedico essa monografia a todos os profissionais da educação que queiram ter um outro olhar e entender verdadeiramente os nossos alunos. 5 RESUMO O presente trabalho consiste em como avaliar o desenho da criança na visão psicopedagógica. Dessa forma o trabalho monográfico foi organizado em três capítulos. No primeiro capítulo falaremos sobre a história da Psicopedagogia no Brasil para entendermos como surgiu a psicopedagogia, o seu papel hoje no Brasil e a sua regulamentação. Já no segundo capítulo foi o Desenho Infantil mostrando o modo como à criança se comunica com o mundo abordando as etapas do desenho e o símbolo, pois dessa forma teremos o desenho num todo e a importância dele para a escrita, pois o desenho nessa fase da Educação Infantil é a primeira forma de escrita dela com o mundo. E fecharemos com o terceiro capítulo nos dando subsídio para entendermos o que a criança passa e vivência. No desenho a criança expressa seus sentimentos de tristeza, frustações, alegrias e até um constrangimento dentro da escola ou em casa, ou seja, dentro do seu convívio social. Nesse pensamento de análise do desenho para entendermos a criança abordamos o formato do desenho, as cores que se utiliza e que desenho se faz no momento e de que forma ele se estabelece no papel. Foi organizado dessa forma a fim de ajudar o professor nessa difícil missão e prazerosa de analisarmos o desenho, as nossas crianças e a família que ela pertence. 6 METODOLOGIA Através de livros e artigos foi se construindo a pesquisa bibliográfica para que através desses materiais fosse mostrado como poderíamos sanar o problema do seguinte trabalho monográfico que é como avaliar o desenho da criança na visão psicopedagógica. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I Psicopedagogia no Brasil 10 CAPÍTULO II O desenho no desenvolvimento da criança através da escrita 20 CAPÍTULO III Avaliação do desenho na perspectiva da psicopedagogia 28 CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 39 WEBGRAFIA 41 ÍNDICE 42 8 INTRODUÇÃO O desenho representa a primeira escrita da criança na Educação Infantil e valorizar essa escrita é muito importante para que nós professores possamos entender e avaliar com clareza nossas crianças. O desenho fala de tudo que envolve a criança e dessa forma podemos através desse objeto de estudo diagnosticar o que se passa com aquela criança naquele momento ou perceber o que vem acontecendo. A psicopedagogia vem de encontro ao desenho e devemos utilizá-lo como fonte de avaliação, pois no desenho estão envolvidos pensamentos e sentimentos. E quando se desenha a criança expõe seu mundo interior, seus conflitos, descoberta, alegrias... Como avaliar o desenho da criança na visão psicopedagógica¿ Foi a partir desse questionamento que deu origem o presente trabalho monográfico. O desenho será avaliado através do que a criança expõe no papel, do modo como desenha cada personagem, objeto, traçado..., pois o desenho pode significar uma comunicação com o mundo exterior. Dessa forma iremos relatar o desenho no desenvolvimento da criança, através da escrita, descrever o papel o papel da psicopedagogia dentro do desenho na Educação Infantil e avaliar o desenho numa perspectiva psicopedagógica. O interesse por esse estudo, o desenho infantil como fonte de avaliação psicopedagógica, surge pela forma como as crianças se comunicam através dessa primeira forma de escrita. E o desenho é uma das forma de se avaliar psicopedagogicamente uma criança na Educação Infantil, pois ele é a representação gráfica para o acompanhamento e a compreensão da criança. 9 O trabalho monográfico será baseado em pesquisa bibliográfica, webgrafias e artigos. Utilizaremos os seguintes autores: Nadia Bossa, Nancy Rabello, Piaget, e Jorge Visca. Em cima desses autores o trabalho será dividido em 3 capítulos. No primeiro abordaremos a Psicopedagogia no Brasil e o seu campo de atuação. Já no segundo será abordado o desenho no desenvolvimento da criança através da escrita e no terceiro a avaliação do desenho na perspectiva da psicopedagogia. Por fim é um recorte do desenho sobre as elucidações das práticas psicopedagógicas. 10 CAPÍTULO I PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL Para Lino de Macedo (1992,) Psicopedagogia é um caminho para compreender melhor os processos de aprendizagem. (p.25) Já no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1992, p.25) a Psicopedagogia é “a aplicação da psicologia experimental à Pedagogia.” A Psicopedagogia tem vários conceitos, para cada autor, mas um em comum é que a Psicopedagogia acaba criando seu próprio objeto de estudos quando enfatiza seu caráter interdisciplinar. De acordo com Kiguel apud Bossa (1991,) o objeto de estudos se apresenta no processo de aprendizagem humana que é influenciada no seu desenvolvimento pela família, sociedade e a escola. (p.29) Para Neves (1991,) seria o ato de aprender e ensinar e tudo que está envolvido nesse aprender e ensinar como aspectos cognitivos, afetivos e sociais, sendo vistos por um mesmo parâmetro. (p.29) Então de acordo com esses autores brasileiros percebemos que a causa e a razão da Psicopedagogia é a aprendizagem, ou seja, os problemas que há nesse processo. E nessa mesma linha de pensamento Jorge Visca (1987, p.32) afirma que o objeto de estudos da Psicopedagogia é “o processo de aprendizagem - e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios.” Esse objeto de estudos adquire características diferentes dependendo do tipo de trabalho: o clínico ou o preventivo. O trabalho clínico se origina da interação que o sujeito faz com a sua história pessoal buscando entender o porquê do não aprender do sujeito. E o trabalho preventivo parte do objeto de estudo, a instituição, avaliando as 11 causas que interferem no processo de aprendizagem que seria o processo didático-metodológicos e a dinâmica institucional. De acordo com esse parâmetro sobre o trabalho preventivo, podemos nos atentar para a alfabetização, onde o psicopedagogo entrará nesse nível diminuindo a frequência dos problemas de aprendizagem ou até mesmo encontrando meios de eliminá-los. No trabalho clínico o sujeito estudando outros sujeitos, por isso o psicopedagogo precisa se reconhecer dentro de sua subjetividade para poder entender o outro, como sujeito, por completo tanto na sua vida pessoal como na sua vida escolar tentando entender como produz conhecimento e aprende. A Psicopedagogia não consegue absorver e embasar seu objeto de estudos somente na Pedagogia e na Psicologia. De acordo com Jorge Visca (1987,) ela precisa das contribuições das escolas psicanalítica, piagetiana e da psicologia de Enrique Pichon-Revière. (p.39) Dessa forma o psicopedagogo podeembasar a sua prática para analisar um aluno com dificuldade de aprendizado através das diversas contribuições que estão envolvidas à Psicopedagogia e na condição pessoal do psicopedagogo, a qual vem sua formação e da suas experiências de análise. Essas contribuições são: Psicologia Genética, Psicologia Social, na Psicolinguística... O Psicopedagogo ensina como aprender e para que isso ocorra precisa apreender o aprender e a aprendizagem, isso caracteriza a Psicopedagogia como uma área onde o psicológico atua junto com o educacional. Assim Janine Mery (1985,) afirma que o psicopedagogo sempre terá essa dupla polaridade no seu papel. Realizará tarefas de pedagogo sem perder a visão terapêutica seja qual tenha sido sua formação. Isso determinará seu papel perante a criança e a família e também perante a equipe escolar. (p.50) 12 E através desse olhar psicopedagógico, o psicopedagogo não desrespeitará a escola, pois é aonde o aluno se situa em relação aos seus semelhantes. Mesmo não desrespeitando a escola o psicopedagogo vem colaborar para a melhoria das condições de trabalho e na conquista de seus objetivos ajudando o aluno a enfrentar a escola de hoje, buscando desenvolver o aluno como um todo tanto na sua personalidade, seus interesses pessoais e respeitando o aluno para que se tenham atividades de acordo com cada caso analisado. No Brasil o problema de aprendizagem vem de fatores orgânicos diz Lefévre, (1968, 1974, 1981); Grünspun,(1990). Antigamente a aprendizagem e seus problemas eram tratados por médicos na Europa século XIX e ainda hoje no Brasil se recorre a esse profissional, pois é a primeira atitude que educadores e a família que tem crianças com problemas de aprendizagem assume. Colares ressalta: É nas tramas do fazer e do viver o pedagógico quotidianamente nas escolas, que se podem perceber razões do fracasso escolar das crianças advindas de meios socioculturais mais pobres. (COLARES,1992, P.78) A autora completa que se produz o fracasso escolar através da política e do social. No início a Psicopedagogia era clínica, mas atualmente há um olhar no aspecto preventivo e na escola. E com esse olhar para o problema de aprendizagem que surge na década de 70 cursos de especialização em Psicopedagogia no Brasil para complementar a formação do psicólogo e pedagogo que buscam soluções para tal problema. Em 1970, iniciaram os cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia Clinica Médico - Pedagógica em Porto Alegre e assim foram aparecendo outros cursos. 13 Segundo Sônia Moojen Kiguel (1983,) a Psicopedagogia tem se voltado historicamente para a Educação mais do que à Medicina e à Psicologia. (p.84) Nesse histórico da Psicopedagogia no Brasil temos que citar a professora Genny Golube de Moraes que estava sempre priorizando o trabalho preventivo para que menos crianças chegassem às clínicas com problemas escolares. Genny era coordenadora dos cursos da PUC\ S.P. e o seu trabalho era voltado para a compreensão e no tratamento dos problemas de aprendizagem. A Psicopedagogia surge no intuito de contribuir para a compreensão dos processos de aprendizagem e como se identifica os fatores que comprometem essa aprendizagem com uma visão na intervenção. De acordo com Scoz: A Psicopedagogia no Brasil é a área que estuda a lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades e, em uma ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando – os e sintetizando-os (SCOZ apud Bossa,1990, p.80) Se fala em regulamentar a profissão do Psicopedagogo a partir de 1988 e a ABPp procurou a professora Guiomar Namo de Mello que era deputada estadual e essa ajuda colaborou para a elaboração de um documento que mostrasse ao certo o campo de atuação e o perfil do Psicopedagogo. A ABPp reconhece a crescente demanda do profissional de Psicopedagogia, pois em 1994 há 14 anos com palestras, cursos e seminário houve a existência e a construção do perfil do psicopedagogo. Os integrantes da ABPp define como norteador dessa formação, a de psicopedagogo, os cursos de pós graduação. De acordo com essa atuação no campo do conhecimento surge a identidade profissional e assim o psicopedagogo se diferencia do fonoaudiólogo, assistentes sociais, filósofo... 14 E não se pode confundir o trabalho do psicopedagogo com o psicanalista e a sua prática e também não se pode confundir com uma prática que afirme o sujeito como uma única face. Piaget: que o estudo do sujeito ”epistémico” se refere à coordenação geral das ações (reunir, ordenar, etc) construtivas da lógica, e não ao sujeito “individual”, que se refere as ações próprias e diferenciadas de cada individuo considerado à parte.(PIAGET,1970, p.116) A atuação do profissional de psicopedagogia é caracterizada pelo processo de aprendizagem, os fatores que interferem nesse processo e os objetivos tanto psicanalíticos como ao epistemológico. E essa aprendizagem nos leva a vermos o homem como sujeito ativo dessa aprendizagem através da interação com o físico e o social. O trabalho psicopedagógico vem compreendendo o sujeito frente a uma aprendizagem individual ou em grupo. E cada situação analisada tem uma forma de atuação por causa da problemática que é individualizada. A psicopedagogia na instituição tem a prática voltada para a clínica, pois o psicopedagogo procura formas para se produzir a aprendizagem, identificando os obstáculos e os elementos que ajudam a produzir essa aprendizagem de forma preventiva. E quando se previne um problema pode acabar prevenindo outros, por isso que o trabalho clínico se torna preventivo e vice e versa a Psicopedagogia preventiva também é considerada clínica ao se observar e analisar profundamente a situação concreta de cada caso. Tanto na clínica como na instituição devemos considerar a família, a escola, a comunidade, ou seja, a vida do sujeito. 15 E Kramer neste sentido afirma: Os estudos antropológicos exigem que levemos em conta o contexto de vida mais imediato das crianças e as próprias características específicas dos professores e da escola como instituição.(KRAMER apud Bossa, 1983, p.136) Essas características do professor, da família, e da escola pode ser a causadora do problema de aprendizagem. E assim o psicopedagogo sabe a hora de intervenção e qual a melhor forma de atuação. 1.1. A Psicopedagogia Institucional O Psicopedagogo Institucional atua na construção do conhecimento do sujeito socializando esses conhecimentos promovendo o desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de condutas. A escola tem uma grande participação na inclusão do sujeito no seu mundo sociocultural através da aprendizagem e seu processo. Essa aprendizagem ocorre através da interação do sujeito com o professor, com o conteúdo e com o grupo social escolar. Deve-se levar em conta que a criança quando chega na escola ela já tem seu desenvolvimento adquirido a partir do convívio e da relação de troca com a família, com a sociedade e com pode ser facilitador ou inibidor do desenvolvimento afetivo – intelectual. O psicopedagogo atuará nessa afetividade que pode estar impedindo a aprendizagem. Dessa forma Bleger (1989,) diz que professor não pode ter medo de perder o seu espaço de detentor do conhecimento. E Weiss apud Bossa (1991,) diz que precisamos fazer os alunos refletirem, criticarem e, permitir que coloquem para fora as raivas. Assim o professor se torna o primeiro alvo do primeiro exercício da liberdade do aluno. (p.147) 16 1.2. A Psicopedagogia Clínica O psicopedagogo na clínica vem tentar entender como esse sujeito aprende e pode aprender ao invés de entender só o porquê o sujeito não aprende. Isso pode se dar em hospitais ou em consultório através da realidade desse sujeito para então haver a intervenção ouo encaminhamento. O diagnóstico tanto clínico como institucional é importante para o terapeuta. Alícia Fernandez fala: Que o diagnóstico para o terapeuta, deve ter a mesma função que a rede para um equilibrista: “o equilibrista desta metáfora é o terapeuta, que necessita do diagnóstico para diminuir seu temor ao caminhar.” (FERNANDEZ, 1990, p.150) A postura na clínica psicopedagógica varia de profissional para profissional e do seu embasamento teórico, pois cada caso é um caso, mas mesmo com esse olhar diferenciado que cada psicopedagogo terá frente ao caso, não podemos deixar de lado o Código de Ética do Psicopedagogo que irá assegurar os princípios da ABPp. O trabalho clínico tem duas fases: a fase do diagnóstico e a fase da intervenção, mas o que prevalece é a investigação onde o profissional procura sentido e entender o sujeito que foi encaminhado a ele e dessa forma utilizar a maneira mais correta para levar a diante o caso e o momento em que levou à criança a ter problemas de aprendizagem. De acordo com cada profissional pode-se embasar o diagnóstico clínico, além das entrevistas e anamnese através de provas psicomotoras, provas de linguagem, de nível mental, pedagógicas etc. A postura clínica parte de um olhar e uma escuta. Isso vem da observação através de um relato dos membros da escola e da família, através do decorrer de uma entrevista com o próprio sujeito, da produção do sujeito acompanhando até o final do processo. 17 1.3. O tratamento Psicopedagógico Quando tratamos o sujeito através da Psicanálise com problemas de aprendizagem damos ênfase ao caráter do sujeito aceitando que o mesmo interfere nos processos mentais e na aprendizagem. Certa intervenção que se faz em um determinado sujeito pode não surti efeito terapêutico, mas pode ter efeito a outro mesmo tendo ido ao tratamento pelo mesmo problema. Esse problema pode ser em relação à leitura – escrita onde a criança não aprende por motivos intelectuais podendo estar associado a privação cultura, a um ambiente sem estímulos. E também pode não aprender por causa de conflitos edipiano onde a criança não consegue sujeitar – se as regras e normas. Dessa forma é a partir do sintoma que o psicopedagogo vai pensar em como tratar o caso sendo cada caso utilizado uma intervenção diferente, usando duas etapas o diagnóstico e o tratamento. Quando a criança passa pelo atendimento psicopedagógico já passou por um grande período com os professores particulares. Uns conseguem ter eficácia e a problemática da aprendizagem é sanada, mas tem uns que não se encaixam nesse perfil. Por isso não devemos negar as crianças que por algum motivo não conseguem seguir o fluxo normal da aprendizagem. Winnicott (1975,) afirma que para sanar os problemas da aprendizagem podemos utilizar jogos. Os jogos rompem defesas, ajuda a criança a reviver seus conflitos sendo o espaço da criação. (p.174) Na neurose fóbica nas crianças obsessivas e na histeria pode ser trabalhado o jogo em relação à aprendizagem e na visão psicopedagógica o terapeuta é o elemento do jogo e ele deve jogar o jogo da criança, sem esquecer o seu papel com a aprendizagem. 18 1.4. O curso de especialização em Psicopedagogia e suas dificuldades perante ao sujeito e a sua aprendizagem Essa aprendizagem humana tem postura investigativa, integradora por tratar da vida do homem. É nos cursos de especialização que os psicopedagogos vêm buscando fundamentação teórica para a sua prática, pois não tem direito a utilizar testes psicológicos. A Capes é o órgão do MEC que assegura as práticas da pós- graduação em Psicopedagogia. E quando a Psicopedagogia mostra seus direitos de existir, ela já passa existir. E Coll (1989,) enfatiza a dificuldade de se ter um objeto de estudo para a Psicopedagogia que acaba indo para outras disciplinas utilizando seus conhecimentos, e difícil também de articular todos esses conhecimentos sem perder o objeto central da Psicopedagogia. (p.193) O sujeito – objeto da Psicopedagogia é o ser humano dentro da aprendizagem e tudo que ocorre em torno dessa aprendizagem através da prevenção, diagnóstico e o tratamento das dificuldades que a criança tem no âmbito escolar em relação à aprendizagem. Dentro dessas dificuldades de aprendizagem temos: problemas de aprendizagem escolar, distúrbios de aprendizagem escolar, problemas específicos de aprendizagem, déficit de atenção, transtorno na leitura e escrita, dislexia etc. E através dessas dificuldades, temos que avaliar a escola, o seu papel, e também avaliar a vida do sujeito que pode atrapalhar a aprendizagem escolar, assim resgatamos o sujeito em sua autonomia trazendo-o de volta a realidade escolar. 19 Bleger (1984, p.216) chama de aprendizagem “esse processo pelo qual a conduta modifica-se de maneira estável à raiz das experiências do sujeito.” Na vontade de querer entender o aprender, nas últimas décadas, foram integrando os fundamentos da Psicologia Genética com os aspectos da afetividade humana. A aprendizagem escolar só acontece no período de maturação do sistema nervoso havendo um ajuntamento de toda personalidade nessas novas estruturas nervosas superiores. Consequentemente o olhar para cada caso na hora da avaliação das interpretações é a utilidade, por isso não há uma interpretação que seja correta, vai depender do caso. 20 CAPÍTULO II O DESENHO INFANTIL O desenho tem uma linguagem bem antiga. O homem pré-histórico já se desenhava. Desenhavam nas cavernas e desse modo podia-se entender seu modo de viver e como de geração em geração era passado o conhecimento. Tanto para as crianças como para os povos primitivos o desenho é um modo de expressar seus sentimentos, alegrias, tristezas, fantasias... Moreira apud Rabello (2009) afirma que os desenhos vão se modificando à medida que a criança vai crescendo e esse desenho não é igual nas crianças, Cada uma desenha de acordo com sua influência biológica, social, econômica e cultural e também de acordo com a suas características individuais. As primeiras produções gráficas são do final do século XX e estão embasadas nas concepções psicológicas e estéticas. E as crianças eram consideradas adultos em miniaturas. Depois de um certo tempo a concepção das produções infantis teve um outro olhar, pois se descobre a originalidade da infância através da ação e da evolução dessas produções. O arteterapeuta será o mediador no processo de interpretação dos desenhos nas crianças fazendo com que os pais e educadores entendam o que significa cada parte no desenho para assim conhecer melhor a criança. Assim a arteterapia nos ajuda a captar o que tem no interior de cada desenho analisando-os de forma correta e que nem tudo tem seu simbolismo e isso nos ajuda como arteterapeutas a mostrar para professores e coordenadores como age e pensa as crianças 21 Quando formos analisar o desenho nada deve ser deixado de lado, somente a estética, pois o que nos interessa é a mensagem e o simbolismo. A criança quando desenha transporta para o papel imagens mentais, ou seja, sua imaginação. Até mesmo as garatujas já se veem pessoas e objetos, Aqui começa algumas representações. Cada desenho é único, por isso devemos conceituá-lo dessa forma, pois quem desenha tem seu próprio traçado e uma forma única de se comunicar usando símbolos, imagens e signos e assim podemos perceber que na maioria das vezes tem uma história a passar, a nos contar, criando seus cenários na própria história e transportando para o desenho alegrias, desejos, tristezas... Nas garatujas as crianças se comunicam com os outros e os adultos, assim usa todo seu conhecimento do meio em que vive e se diverte desenhando e se diverte sozinha, por ser nessa fase egocêntrica. Quando acriança desenha o adulto vê o traçado e as garatujas como se fosse a mesma coisa, mas não é. Para quem desenha esse desenho é único. Assim não devemos incentivar a cópia de nossos desenhos. Temos que incentivar a criatividade e a liberdade de expressão. Fayga Ostrower (2004, p.28) afirma que “a criatividade é inerente á condição humana.” O arteterapeuta precisa ter um olhar sensível para a análise do desenho percebendo os traços, os sonhos, o mundo real e social que vive aquela criança e que cada desenho tem seu simbolismo. Isso ajuda muito na interpretação. Segundo Di Leo: os símbolos são meios de comunicação mais eficazes e universais, mas é importante ressaltar que os símbolos não contêm o mesmo significado para diferentes pessoas assim como não são os mesmos em diferentes momentos e contexto da nossa vida.(DI LEO.1987. p.30) 22 Na escola o desenho no olhar da arteterapia pode ser preventivo permitindo a compreensão das necessidades das crianças para que o arteterapeuta entenda e faça essas necessidades serem vividas de outra forma. Os desenhos são registro do estado emocional da criança e Ferreira (2010) afirma que essa etapa se denomina garatujas ou rabiscação e se desenvolve a partir de um ano e meio a dois. (p.33) Dois momentos distintos aparecem quando se começa a fazer garatujas e rabisco. O primeiro são os gestos que acontecem através do movimento que a criança faz sem intencionalidade. O segundo, o olhar consegue controlar o movimento da mão. Aqui já se tem a intencionalidade e cada traçado difere um do outro trazendo consigo uma mistura de desejo, conhecimento e através do traçado nos mostra se a criança consegue ou não utilizar o lápis ou o giz de cera. As crianças já conseguem perceber que se parar de desenhar tirando a mão da folha os rabiscos também param e utilizam os desenhos para representar o que desejam e apropriam desses registros. E para que aconteça as garatujas e os rabiscos é necessário considerarmos a maturação neurológica e isso só se desenvolverá quando se tiver condições favoráveis para realizar alguns movimentos e no desenho, apta a segurar no lápis corretamente. É no início da rabiscação que começará aparecer formas triangulares e circulares. A partir dos três anos de idade surgem os movimentos circulares. Assim as crianças começam a perceber que seus rabiscos já tem forma de bichinhos, de objetos... e já nomeia suas produções e essas produções já podem ter ações, como pular movimento simbólico. Nessa fase os papéis para desenhar devem ser grandes e aos poucos ir diminuindo até chegar na folha sulfite. 23 Seus desenhos são feitos no centro da folha ou em algumas extremidades e só com o tempo vão utilizando outros lugares da folha através dos desenhos figurativos. Derdyk afirma: O desenho enquanto ação realizada pela criança transita entre o passado, o presente e o futuro, há uma interação entre estes momentos, pois a criança desenha no momento presente e poderá fazê-lo buscando colocar na folha algo que está em sua memória ou usar de sua imaginação (DERDYK, 2004, p.45) Na fase dos dois anos à três anos já se tem a percepção do seu próprio corpo e faz vínculos de maneira sensorial com o mundo. Junto com os rabiscos temos agora formas circulares que na Arteterapia simboliza o centro, a interação... tendo significados diferentes em cada sociedade. Mèredieu (1974) afirma que as crianças fazem traços contínuos depois traços descontínuos utilizando o desenho para se expressar com o mundo e as pessoas e mais adiante “bonecos girinos” e aos poucos vai dando outro formato ao desenho a partir do novo olhar que se tem do seu esquema corporal. (p.51) Por volta dos três aos quatros anos que as crianças conseguem produzir bem seus bonecos girinos. Já com cinco e seis anos desenham os bonecos com cabeça e corpo. 2.1. Os desenhos e suas etapas A cultura provavelmente influencia o desenho. Toda criança viverá praticamente as mesmas etapas. Segundo Marthe Berson apud Rabello as etapas do desenho acontecem mais ou menos com dois anos de idade. 24 Estágio vegetativo motor: Aqui o traçado é mais autêntico e pessoal acontecendo por volta de um ano e seis meses onde o traçado apresenta descargas motoras parecida com as que se tem no rabisco. Estágio representativo: Surge por volta dos dois a três anos e os traçados não são descargas motoras são descontínuas e mais lentas as produções onde a criança reproduz um objeto e faz comentários do desenho. Estágio comunicativo: Acontece por volta dos três a quatro. Imitam a produção dos adultos sendo entendida por uma forma de escrever e pode ser verticais, onduladas ou bicos angulares. Já Luquet apud Rabello apresenta outras etapas do desenho infantil que são: Realismo fortuito: Por volta dos dois anos de idade. Surge depois das garatujas e rabisco. Reconhece seus desenhos e nomeia-os. Realismo fracassado: Seus desenhos são baseados em objetos, em representa-los. Alguns desenhos são satisfatórios outros não. Realismo intelectual: Acontece por volta dos quatros anos de idade se estendendo até os dez anos. Desenha os objetos pelo que sabe e não pelo que vê. Realismo visual: Aparece por volta doze anos. É no final do desenho infantil iniciando as produções dos adultos sendo mais critica ao desenhar, deixando de lado a espontaneidade. A classe cultural ou social não impende das crianças viverem cada etapa. O que vai dizer o porquê ainda está naquela fase ou ainda não passou será a estimulação. Já as crianças com necessidades educativas também podem permanecer mais tempo ou não passar por aquela fase. 25 E para Piaget apud Rabello as fases das garatujas se classificam em: Garatujas: Fase sensório-motora que vai de zero a dois anos e abrange até aos sete anos fase pré-operatória. Tem prazer nessa fase e o desenho da figura humana não existe. A garatuja divide-se em desordena a e ordenada. Desordenada: A criança nessa fase imita o desenho do outro e acaba não representando sua ideia. Não tem controle motor e nem limite da folha avançando para fora da folha o seu desenho. São linhas longitudinais e ao longo do processo vão ficando circulares até começar a aparecer figuras humanas com cabeça e olhos. Ordenada: Coordenação viso-motora com movimentos longitudinais e circulares. O traçado já é explorado por se interessar pelas formas iniciando o jogo simbólico onde a criança representa sozinha suas produções nomeando- as e conta história do que foi desenhado. Usa as cores sem relacionar com a realidade. Piaget apud Rabello (1948) ainda define o desenho como: Estágio pré-esquemático: Vai dos quatros anos até aos sete anos, fase pré-operatória, onde a criança faz relação com o desenho, pensamento e a realidade. As cores só serão reais se tiver interesse emocional. Esquematismo: Vai dos sete anos aos dez anos, fase da operação concreta. Nessa fase a criança desenha cada objeto de uma forma diferente e já relaciona a cor com o objeto. Aqui já aparece a figura humana bem conceitual, mas ainda desenha com exageros, omissão... Realismo: Final das operações concretas. Consciência sobre o sexo diferenciando-os nos seus trajes e já abandona as linhas de base para começar a fazer formas geométricas. 26 Pseudo-naturalismo: Abrange dos 10 em diante, fase das operações abstratas onde a criança não faz mais suas produções espontaneamente começa a buscar a sua personalidade. São exageradas nas figuras humanas as características sexuais. Já para Vygostsky apud Rabello o desenho passa pelas seguintes etapas: Etapas simbólicas: É conhecida como “cabeça-pés” que representa sintaticamente a figura humana. Nessa fase as crianças desenham objetos “de memória” sem se preocupar com a realidade representando simbolicamente os objetos sendo muito distante da realidade.Etapas simbólico-formalista: Já se percebe a elaboração mais definida dos traçados e formas em sus produções. Junta nessa fase o simbolismo com o formalista. Ainda estão bem enraizado no simbolismo só que aos poucos começa a aparecer os desenhos mais próximos da realidade. Etapa formalista veraz: Aqui o simbolismo acaba dando espaço à realidade que se observa do objeto. Só que ainda não utiliza técnica-projetivas. Etapas formalista plástica: Nessa etapa já se faz uso das técnicas- projetivas e das convenções realista. O grafismo passa a ser criativo. 2.2. Símbolos O desenho é uma representação simbólica e apresenta significados a partir do contexto de quem os desenhou e dessa forma precisamos saber um pouco da história da pessoa que desenhou par “interpretarmos” de forma mais correta. Não se avalia uma criança e “interpreta” o desenho através de um único desenho, pois assim não se tem dados confiáveis sobre o desenho e quem desenhou. Jung defende que: 27 Os símbolos nos mostra aspectos e direções diferentes daqueles que conseguimos perceber somente com a mente. Os símbolos, segundo Jung, estão relacionados com o inconsciente ou com os aspectos parcialmente conscientes. Estes conteúdos inconscientes nos chegam por meio da linguagem dos desenhos, dos sonhos e das pinturas. (JUNG apud Rabello, 2002, p.64) É importante deixarmos a criança livre para desenhar, pois assim entendemos a criança, sem invasão. 28 CAPÍTILO III AVALIAÇÃO DO DESENHO NA PERSCPETIVA DA PSICOPEDAGOGIA 3.1. Espaços e traçados Na garatuja se usa os espaços de forma ampla e aleatória e é utilizada quase toda a folha e ás vezes seu traçado sai da folha. De acordo com o modo de fazer o desenho, centralizado ou de um lado ou de outro da folha significa diferentes posturas de vida. No início o desenho é linear depois já utiliza recursos da emoção ou carinho que tem por aquele personagem. Crotti e Magni (2011, p.69) fazem considerações sobre a localização das figuras na folha, afirmam que” esta forma de interpretar os desenhos podem ser entendida como “simbolismo espacial” onde cada área do papel tem um simbolismo.” De acordo com o local do desenho esse terá um simbolismo uma forma de ver o mundo, e de se portar nele, seu jeito de ser. Área superior: Referente ao pensamento ou intelecto e também ao ideal. Do lado esquerdo desenham algo que remete a recordação, no meio a imaginação e no lado direito representa sonhos. Área média: Simboliza a realidade e a maturidade. Se estiver do lado esquerdo e no meio simbolizam laços de origem, só no meio egocentrismo e no direito o futuro. 29 Área inferior: Modo de ver a vida pelo lado da materialidade ou inconsciente. Estando do lado esquerdo pode ser medo, no meio insegurança e no direito desejo. Piaget estabelece três fases por onde passam as crianças em relação ao espaço gráfico. Incapacidade sintética: Apresentam formas com diferenciação. Não há uma elaboração do desenho e pode ou não apresentar relação entre a figura desenhada. Realismo Intelectual: Idade de quatro a dez anos. Começa a usar perspectiva precisando ter noção dela e de que como as mudanças ocorrem na representação. Realismo Visual: Idade entre oito e nove anos. Se preocupa com a relação projetiva, relação real sobre as linhas do desenho. Isso origina a verdadeira perspectiva nos desenhos. Quando se desenha todo o traçado e a suas formas são importante e esse traçado nos revela alguns detalhes. Traçados regulares e nítidos nos aponta uma criança tranquila e segura. Já os traçados irregulares ou frágeis demonstram crianças inseguras e tímidas. Dessa forma os traçados nos remetem alguns simbolismos em suas linhas. Linhas curvas: Sentimento de alegria e prazer por serem descontraídas e soltas. Já as quebradas rigidez. Círculo: Representa a totalidade, ausência de divisão. Linhas sem paradas e única. Quadrado: São rígidas e pouco maleáveis. Não surgem de linhas contínuas, por isso o traçado é mais denso. 30 Triângulo: Vértices para cima espiritualidade e divindade. Vértices para baixo maior ligação com a Terra. 3.2. A figura humana Esse tipo de figura, a humana, começa a parecer logo que a fase da garatuja termina. Aparecem as figuras girinos até ter traços da figura humana. As crianças desenham traços como se fossem palitos, pois não tem noção de volume. Mais tarde passam a ter a noção fazendo duas linhas paralelas parecendo retângulos. A partir dos seis anos desenham suas realidades inserindo pessoas que convivem com ela. E os desenhos podem estar de perfil ou de posição frontal aos sete anos mais ou menos. Aos dez anos aproximadamente, seus desenhos chegam mais perto da realidade e as crianças começam a fazer críticas deixando de lado a espontaneidade. Na maioria das vezes, o que a criança desenha é a percepção que ela tem de si em relação ao mundo. Cada elemento desenhado tem seu simbolismo exemplo: Cabeça: Crianças menores fazem a cabeça bem grande e no decorrer do crescimento e amadurecimento a cabeça vai diminuindo e tendo uma proporção com o resto do corpo. Olhos: Crianças pequenas desenham olhos grandes e estes simbolizam a percepção intelectual. Já nas crianças grandes significa que necessitam ficar atentas a tudo ou pode significar crianças que observam tudo com muita curiosidade. As meninas na adolescência realçam os olhos iguais quando usam maquiagem. Os meninos já não o fazem com grandes detalhes. 31 Boca: Quando não desenham pode significar que não falam ou se sentem carentes. Boca com traçado pra cima rementem a alegria e boca para baixo a tristeza. Só mais a frente desenhará a boca com lábios inferiores e superiores. Dentes: Quase não aparecem e quando aparecem pode demonstrar agressividade. Nariz: Início da puberdade. Meninos desenham com mais capricho. Já a sua ausência significa insegurança. Orelhas: As crianças surdas podem omitir ou não. Se a orelha é grande pode mostrar um desejo de ouvir. É comum na pré-escola ser omitida as orelhas. Braços: Braços longos vontade de abraçar quem amamos. Se o braço tiver garras pode representar agressividade. Braços curtos pode simbolizar dificuldade de se relacionar com o outro. Mãos: Mãos grandes pode ser vontade de se aproximar de alguém ou medo de apanhar. Pernas: Nos bonecos girinos elas ainda não aparecem. Pernas curtas podem demonstrar que as crianças tem o pé no chão. Pernas muito longas parecem pernas de pau fazendo relação com a vontade de crescer rápido. Pés: Pés grandes demonstram firmeza e segurança. Pode apresentar fragilidade ou insegurança quando desenham os pés de maneira diferente ou pequenos ou podem nem existir. 3.3. Outros desenhos que trazem simbolismo Certos autores afirmam que por volta dos três anos as crianças já desenham casas e estes desenhos vão sofrendo transformação até chegar no desenho que vemos como casa como na figura humana. 32 Para Chevalier e Gheerbrant (1982, p.99) “a casa é o centro do universo e também considerada símbolo feminino que acolhe, refúgio, proteção da mãe.” Quando tem telhado pode significar consciência. Se relacionado com a figura humana, o telhado é a parte mais alta podendo ser este a cabeça da figura humana. Se a casa for apartamento significa, o inconsciente. Casas grandes: A criança está aberta para o mundo e é acolhedora. Casas pequenas: A criança não é muito acolhedora, tendo poucos amigos restringindo-os. Portas: A passagem do desconhecido para o conhecido, das trevas para a luz. Casas onde as portas estão fechadas demonstram dificuldades de adquirir novas experiências Portas abertas busca de novos conhecimentos. Janelas: Abertas ou fechadas significa que estamos abertos ou fechado para o mundo. Janelas redondas receptividade de acordocom o nosso olhar para o mundo. Já janelas quadradas receptividade terrestre. Chaminés: Chevalier e Gheerbrant (1982, p.102) afirmam que “as chaminés simbolizam as nossas vias de comunicação com os seres do alto. Ela é a ligação de dois mundos da terra e do céu.” Caminhos: Caminhos Tortuosos significa a busca para enfrentar as dificuldades da vida. Caminhos lineares sabe aonde se quer chegar, sem rodeios e tranquila. 3.4. As árvores Pode significar árvore da vida, de bem e do mal. Pode simbolizar a mãe quando se tem frutos e folhas. 33 Árvores bem estruturadas mostram com a criança vê o mundo. Raizes: simbolizam emoções e sentimentos, nosso eu interior. Árvores sem raízes indícios de crianças com necessidades de receber afeto. Troncos: Troncos grossos significa que a criança está segura na sua família ou na escola. Troncos finos fragilidade, insegurança. Folhagens: imaginação e criatividade. Árvores frondosas criança criativa pouca folhas e galhos criança pouco ativa, reservada. Árvores grandes: crianças extrovertidas já as pequenas são desenhos tímidos que não chama a atenção. 3.5. Família Segundo alguns autores os desenhos da família são depósitos das fantasias. As crianças tanto podem desenhar famílias reais ou imaginárias. Quando imaginárias podem estar sofrendo problemas de relação e cabe investigar se isso for constante. Temos que observar os desenhos da família como observamos o desenho da figura humana, Se pinta o desenho, que cores utiliza para cada membro. Isso nos ajudará a fazer as interpretações corretas por trazer alguns simbolismos. 3.6. Técnicas projetivas – Jorge Visca Essa técnica investiga os vínculos que as crianças têm com ambiente escolar, familiar e consigo mesmo. Devemos interpretar as técnicas projetivas de acordo com o sujeito. Não é preciso utilizar todas as técnicas. Usaremos as forem mais importante dentro do que foi observado. 34 O espaço na folha onde a criança define o seu desenho pode representar positivamente ou negativamente esse vinculo com a aprendizagem. Mostraremos agora a posição do desenho na folha e seu significado: Posição Significado real Superior Exigente Inferior Impulsivo Direita Progressivo Esquerda Regressivo Superior direita Exigente progressivo Superior esquerda Exige regressivo Inferior direita Impulsivo progressivo Inferior esquerda Impulsivo regressivo Central Equilibrado 3.6.1. Vínculos escolares Os vínculos escolares são três: par educativo, eu e meus colegas e a planta da casa. De acordo com a idade e a necessidade de realização será pedido três desenhos de acordo com os vínculos dependendo do grau de dificuldade que essa criança se encontra. Visca (2013) afirma que no vínculo escolar de par educativo o desenho que a criança faz é dela e da pessoa ensina. Tudo que se passa na produção do desenho deve ser levado em conta e analisado, até mesmo o título e o que a criança fala sobre o mesmo. 35 Também temos o vínculo escolar que é o aluno e seus colegas. É muito importante esse vínculo, pois a aprendizagem se dá também pela forma como a criança se vê no grupo. Quando o desenho na sua totalidade é grande apresenta uma aprendizagem boa e quando o tamanho é pequeno a aprendizagem é ruim. Visca (2013) relaciona o tamanho do aluno em relação aos seus colegas no desenho analisando da seguinte forma: grande pode ser liderança ou aceitação do ponto de vista dos outros, pequeno pode ser submissão e tamanho igual demonstra que está pé de igualdade com seus colegas. O último vínculo escolar é o desenho da planta da sala de aula. Se a criança desenhar a sala de aula pequena pode representar uma inibição, tamanho desmedido falta de limites adequados. Os elementos incluídos no desenho demonstram que é um vínculo positivo e os excluídos que não se estabeleceu vínculos. Quando o aluno está na frente conexão adequada e participação efetiva. Nos fundos e nas laterais na maioria das vezes retração com tendência a participação não efetiva. E no meio indica vínculo mediano. Jorge Visca (2013) 3.6.2. Vínculos Familiares Sua aprendizagem pode ser comprometida pelo que a criança vivência em casa e se a família tem uma boa estrutura a aprendizagem não será comprometida e favorecerá mais aprendizagem. E a sua identidade e o modo de ver o mundo será construída pela vivência, ou seja, o convívio familiar, através dos valores. 36 E para entender o mundo onde as crianças vivem os psicopedagogos pede que a criança desenhe a planta da sua casa. Algumas crianças representam as suas casas no seu interior se mostrando parte da família, um membro. Quando desenham a casa por fora, isso demonstra que só admira a casa como se não fizesse parte da família. E quando se desenha só a parte interna é formal a sua aprendizagem. E quando fazem espaços fora da casa sua aprendizagem é voltada para a natureza. Visca (2013) A criança nas suas produções coloca personagens e Visca (2013) dá significados prováveis a esses personagens que são: Posição dos personagens Prováveis significados Frente ao processo O grupo familiar não significa uma referência muito adequada. Em meio ao processo O entrevistado sente que o grupo familiar serve-lhe de referência para desenvolver e integrar modelos de aprendizagem. Fora do processo Carece de significativos de identificação, regularmente os mesmos são procurados fora, em outros núcleos. 3.6.3. Vínculos Consigo Mesmo De acordo com Visca (2013) teste para avaliar o aprendizado do sujeito consigo mesmo é o desenho em episódios e nele se observa indicadores vinculados ao tempo, espaço e causalidade. 37 E o dia do aniversário também pode ser representado através de desenhos e também indica vínculos de aprendizagem que a criança tem consigo mesma. O tamanho e a posição dos personagens mostram que de frente se tem importância e vínculos positivo ou negativos (de costas etc). Essa referência é de quem faz aniversario com os convidados. Os indicadores devem ser levados em conta de acordo com a situação econômica da criança e sobre as condições sociais e culturais que está envolvida. Algumas crianças não comemoram seu aniversário ou fazem de forma particular. Através desse instrumento, a análise do desenho, Visca mostra que podemos encontrar as possíveis causas dos problemas de aprendizagem e esse é um instrumento que ajuda o psicopedagogo nessa jornada de identificar as dificuldades que se encontra o aluno dentro da escola. 38 CONCLUSÃO O desenho Infantil é a porta de entrada para que se entenda dentro da escola a criança da Educação Infantil. Através do desenho a criança expressa seus medos, frustações, alegria, ou seja, ela coloca no desenho todos os seus sentimentos sendo também a primeira forma de escrita de se comunicar com o mundo. E para que a análise seja bem feita o Psicopedagogo deve se aproximar da família e fazer uma investigação de como organiza-se essa família, como ela lida com certos problemas, o modo de viver para entendermos de onde veem certos problemas que a criança apresenta na escola. E também analisarmos o desenho da criança da forma como ele é desenhado no papel, as cores que se utiliza, o tipo de desenho, formas etc. Não devemos deixar nada de lado no desenho e para que seja feito o diagnóstico de algo deve-se analisar se aquele comportamento no desenho se procede por várias vezes. Para isso a análise deve ser minunciosa e criteriosa juntando o que é decorrente na sala de aula com o que se passa em casa. Dessa forma o Psicopedagogo deve sempre participar da vida daquele aluno que possa ter algo de forma sutil e carinhosa para que consiga resgatar no aluno algo que o desenho não expressa ou tentar entender um pouco mais aquele tipodesenho. 39 BIBLIOGRAFIA BLEGER, J, Psicologia da conduta. 2. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984. BLEGER, J. Temas de psicologia: entrevista e grupos. São Paulo: Martins Fontes, 1989. BOSSA, N, A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 4ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011. CHEVALIER Jean, CHERBRANT Alain. 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A Psicopedagogia Institucional 15 1.2. A Psicopedagogia Clínica 16 1.3. O Tratamento Psicopedagógico 17 1.4. O curso de especialização em Psicopedagogia e sua dificuldades perante ao sujeito e a aprendizagem 18 CAPÍTULO II 20 2.1. O desenho e suas etapas 23 2.2. Símbolos 26 CAPÍTULO III 28 3.1. Espaços e Traçados 28 3.2. A Figura Humana 30 3.3. Outros desenhos que trazem simbolismo 31 3.4. Árvore 32 3.5. Família 33 3.6. Técnicas Projetivas – Jorge Visca 33 CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 39 WEBGRAFIA 41