Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/346505340 A Ação Empreendedora na Produção Cinematográfica Potencializando o Setor do Audiovisual Conference Paper · October 2020 CITATIONS 0 READS 127 3 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS EMERGENTES DO COMPORTAMENTO DE PESQUISADORES DE UMA REDE DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA & INOVAÇÃO: A REDE DO INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM ANALÍTICAS AVANÇADAS. View project Maria Eduarda Maciel Brucker Federal University of Pernambuco 1 PUBLICATION 0 CITATIONS SEE PROFILE Chris Herbert Berenguer Pereira Federal University of Pernambuco 8 PUBLICATIONS 0 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Chris Herbert Berenguer Pereira on 30 November 2020. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/346505340_A_Acao_Empreendedora_na_Producao_Cinematografica_Potencializando_o_Setor_do_Audiovisual?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/346505340_A_Acao_Empreendedora_na_Producao_Cinematografica_Potencializando_o_Setor_do_Audiovisual?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/COMPETENCIAS-EMPREENDEDORAS-EMERGENTES-DO-COMPORTAMENTO-DE-PESQUISADORES-DE-UMA-REDE-DE-CIENCIA-TECNOLOGIA-INOVACAO-A-REDE-DO-INSTITUTO-NACIONAL-DE-CIENCIA-E-TECNOLOGIA-EM-ANALITICAS-AVANCADAS?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Maria-Brucker?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Maria-Brucker?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Federal_University_of_Pernambuco?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Maria-Brucker?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Chris-Pereira-2?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Chris-Pereira-2?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Federal_University_of_Pernambuco?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Chris-Pereira-2?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Chris-Pereira-2?enrichId=rgreq-05e38eb8bca1946ab92c55b54e435426-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NjUwNTM0MDtBUzo5NjM3MTg5ODg5NzIwNDFAMTYwNjc3OTkyMDQ4MA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão onlineXLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 2177-2576 versão online A Ação Empreendedora na Produção Cinematográfica Potencializando o Setor do Audiovisual Autoria Maria Eduarda Maciel Brucker - eduardabrucker@gmail.com Graduação/UFPE - Universidade Federal de Pernambuco CHRIS HERBERT BERENGUER PEREIRA - chrisberenguer300@gmail.com Prog de Pós-Grad em Admin/Dep de Ciênc Administrativas/Cent de Ciênc Soc Aplic - PROPAD/DCA/CCSA/UFPE - Universidade Federal de Pernambuco PRYSCILLA NASCIMENTO DE MORAES - PRYSCILLAMORAES9@GMAIL.COM Prog de Pós-Grad em Admin/Dep de Ciênc Administrativas/Cent de Ciênc Soc Aplic - PROPAD/DCA/CCSA/UFPE - Universidade Federal de Pernambuco Agradecimentos Agradecimentos ao Propad e ao Lócus de Investigação em Economia Criativa Resumo O estudo visa compreender o modo como ocorre a ação empreendedora da produção cinematográfica no campo do audiovisual, em que são identificados fatores ambientais que levam à inovação na produção e no consumo do filme como bem simbólico. O corpus do estudo contempla entrevistas com produtores cinematográficos e dados secundários com respeito a atividades fílmicas desenvolvidas no estado de Pernambuco. O empreendedor cultural se articula na rede de negócios mediando atores e recursos necessários à viabilização de seus projetos audiovisuais. Eles acumulam funções operativas, mesmo nem sempre dispondo da expertise necessária para desenvolver a dimensão administrativa da produção fílmica. A prática empreendedora cultural contempla a produção/distribuição/exibição de filmes e apresenta gargalos na cadeia produtiva do cinema. Os resultados revelam que gestores públicos empenhados no suporte institucional à produção dos filmes tentam mitigar a fragilidade empresarial desses agentes produtores culturais. XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online A Ação Empreendedora na Produção Cinematográfica Potencializando o Setor do Audiovisual Resumo O estudo visa compreender o modo como ocorre a ação empreendedora da produção cinematográfica no campo do audiovisual, em que são identificados fatores ambientais que levam à inovação na produção e no consumo do filme como bem simbólico. O corpus do estudo contempla entrevistas com produtores cinematográficos e dados secundários com respeito a atividades fílmicas desenvolvidas no estado de Pernambuco. O empreendedor cultural se articula na rede de negócios mediando atores e recursos necessários à viabilização de seus projetos audiovisuais. Eles acumulam funções operativas, mesmo nem sempre dispondo da expertise necessária para desenvolver a dimensão administrativa da produção fílmica. A prática empreendedora cultural contempla a produção/distribuição/exibição de filmes e apresenta gargalos na cadeia produtiva do cinema. Os resultados revelam que gestores públicos empenhados no suporte institucional à produção dos filmes tentam mitigar a fragilidade empresarial desses agentes produtores culturais. Palavras-chave: cinema; empreendedor cultural; indústrias criativas, produção fílmica, ação empreendedora 1. Introdução Diante da ascensão da economia informacional, as inovações tecnológicas e culturais configuram desafios estruturais e dinâmicos no âmbito da gestão organizacional contemporânea. A demanda por adaptação institucional dos empreendimentos que operam em setores dinâmicos da economia tem conduzido as organizações atuais a se reinventarem seus formatos empresariais. Esse fato contempla governos e culturas nacionaisde países ocidentais e orientais, uma vez que a externalização ativa de significados tem redesenhado seus sistemas governamentais (AVGEROU, WALSHAM, 2017). Aquelas empresas oriundas das indústrias criativas ilustram que seus desafios gerenciais e organizacionais são estabelecidos em conformidade com as condições de mercado vigente no contexto da globalização (FLORIDA, 2011; CURTIN e VANDERHOEFF, 2015). Na estrutura da economia recente, os reflexos da transição do paradigma moderno estão calcados em valores da ética protestante e na ênfase da lógica do capital advindo dos meios de produção, em direção ao universo da sociedade do conhecimento, caracterizado pela ênfase nos valores pós-materialistas e no capital intelectual (RUTTEN, 2019). Na esfera cultural, existem as comunidades de afinidades nas quais as necessidades individuais emergem e há o desprendimento da dimensão coletiva, o que ocasiona mudanças nos modos de produção e consumo de agentes econômicos (JOHANNESSEN; OLSEN,2010). A proliferação da distribuição de produtos possibilitada por mídias digitais permeia o cenário atual vivenciado pelos empreendedores culturais, antes dependente da aprovação de gatekeepers como forma única de viabilização comercial. Não obstante, o segmento cinematográfico vem sendo configurado pela distribuição de filmes nas salas de exibição, sendo este um critério recorrente para disputa de premiações em festivais (TOLDO, 2017). XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 2 Logo, o estudo busca compreender a ação empreendedora cultural cinematográfica do contexto periférico à produção de filmes no eixo Rio-São Paulo. No cenário pernambucano, existem produções exitosas de filmes numa extensão de reconhecimento que vai da crítica ao público espectador, a exemplo de O som ao redor (2013), Acquarius (2016), Boi Neon (2016), Tatuagem (2013) e Bacurau (2019), reunindo nuances da regionalidade mesclados com características globais de representação simbólica. Isso nos leva a realizar a seguinte indagação: Como ocorre a ação empreendedora na produção cinematográfica domiciliada no estado de Pernambuco? A fim de trazer luz à questão proposta, recorremos à investigação de dois grupos de empreendedores cinematográficos. O primeiro deles é caracterizado por dirigentes de pequenas produtoras de filmes que se restringem aos festivais independentes, sobretudo na forma de curta-metragens experimentais. Eles lidam com a dificuldade de empreender no setor e recorrem à diversificação de suas atividades profissionais na busca por viabilização de sua sobrevivência no âmbito empresarial. O segundo se configura por aqueles cuja produção alcança o mainstream de salas nacionais e internacionais, ocasionando posteriores contratos para exibição em canais de TV e streaming. Diante do cenário permeado pela globalização da produção e do consumo e pela difusão de produções culturais pela world wide web, é imperativo reconhecer as lacunas existentes em estudos sobre empreendedorismo cultural e compreender a influência de características individuais e grupais do tipo de empreendedor que atua no campo da cultura — no caso, o escopo se centra na vivência profissional daqueles dirigentes de produtoras que atuam na esfera do cinema (GEHMAN; SOUBLIÈRE, 2017; RATTEN; FERREIRA, 2017 (ORIHUELL-GALLARDO et. al., 2018). As experiências cotidianas, atitudes e comportamentos do dirigente de produtoras do setor cinematográfico no que tange à prática empreendedora, repercutindo na organização do filme como artefato da ação humana ( DAVEL e CORA, 2016; GOMES JÚNIOR, 2018). Em suma, a junção de componentes intelectuais e artísticos atingem êxito econômico e social, livre de instâncias de legitimidade externas, o que viabiliza sua comercialização frente a consumidores culturais, em que os produtores cinematográficos alcançam a legitimação de suas obras (CAETANO, 2018; GIMENEZ, 2018). 2. A ação empreendedora na área cinematográfica O empreendedorismo acontece após a identificação de oportunidades e posteriormente a criação e expansão de ideias inovadoras. O empreendedorismo também ocorre por meio da atualização de ideias que já existem, de maneira a atribuir-lhes singularidade (KARLSEN e LØVLIE, 2017). A ação empreendedora se revela na identificação de oportunidades de empreendimento no que concerne à possibilidade de serem auferidos lucros a partir da criação de um novo negócio ou melhoria de um já existente. Tal modalidade de ação emerge no âmbito da produção cultural, materializada na figura do empreendedor como ator não atomístico, construtivista e coletivista ( NAUDIN, 2017). Logo, o empreendedor cultural expressa sua identidade como figura imersa em redes sociais dialógicas e reflexivas, em que suas vivências o legitimam como protagonista de práticas transformadoras na esfera da cultura e da criatividade O empreendedor cultural se responsabiliza pela articulação dos agentes envolvidos na produção cinematográfica e na captação de recursos necessários para execução dos projetos fílmicos. Os esforços desse ator são intensificados para viabilizar a coordenação de projetos desenvolvedores de produtos artísticos e culturais (FERREIRA; RATTEN, 2017). XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 3 Há divergências entre o que é percebido como trabalho comercial e práticas culturais ou artísticas do empreendedor cultural, em que seus conteúdos são associados a valores não econômicos. Por isso, esses atores, muitas vezes, não se identificam com a identidade de empreendedores, uma vez que essa ideia de gestão tem estado associada àqueles que trabalham em áreas tradicionais da economia (NAUDIN,2017). Apesar do problema com respeito à limitada percepção do valor empresarial seu trabalho, esse empreendedor exerce papel fundamental na indústria criativa (DAVEL E PAIVA JÚNIOR, 2019). Isso vai além das capacidades técnicas, uma vez que ação e a mentalidade empreendedora são elementos basilares no perfil dos produtores de bens simbólicos, entretanto, eles se deparam com dificuldades inerentes à comercialização da propriedades intelectual no setor de mídia. Um fator que distingue o empreendedor cultural dos outros atores do campo do audiovisual é que ele não atua individualmente, pois se conecta a agentes estratégicos e recursos chave para expandir sua atividade empresarial ao longo da cadeia produtiva da indústria criativa. Ele é um articulador e um forjador de redes sociais, com capacidade de unir e conectar diferentes atores dispersos no mercado e na sociedade, agregando valor à atividade produtiva (LIMEIRA,2008). Por isso, o empreendedor cultural encontra dificuldade na coordenação dos seus esforços pela necessidade de engajamento de diversos atores (FERREIRA; RATTEN, 2017). A presença de atores com expertise sobre as leis de fomento representa um diferencial para que haja a possibilidade de se captar e distribuir os recursos de modo efetivo. Logo, por meio da expertise, o empreendedor acumula experiências que o torna capaz de reconhecer as oportunidades e viabilizar projetos culturais (SOUZA e PAIVA JÚNIOR, 2011; GOMES, PAIVA JÚNIOR e XAVIER FILHO, 2019). Com base no modelo proposto por Paiva Júnior (2004), o construto da ação empreendedora é compreendido por imaginação conceitual, expertise e interação social. A imaginação conceitual contempla o estilo criativo que se faz presente na consciência do empreendedor, sendo elucidado pela capacidade de diferenciação demonstrada por esse ao engendrar seus artefatos culturais (GOMES; PAIVA JÚNIOR; XAVIER FILHO, 2019). Dessa categoria estrutural emergem sete subcategorias, quais sejam: autonomia, convivência com risco, desprendimento, disposição pessoal, intuição, visão integral e subjetividade, rearranjadas posteriormente em identidade, autonomia, convivênciacom risco, disposição pessoal e resiliência (PAIVA JÚNIOR, 2004). Ao empreender no setor cinematográfico, o ator acessa sua imaginação conceitual como estilo criativo buscando assegurar aspectos como autonomia, identidade e convivência com o risco (ver Figura 1). XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 4 Figura 1: Categorias estruturais da ação empreendedora Fonte: Adaptado de Paiva Júnior (2011). Já a expertise é definida como a capacidade de identificar oportunidades por meio do acervo de conhecimento acumulado com experiências prévias do empreendedor (GUNDOLF, 2018; LIU, 2018). Dessa forma, tal dimensão emerge do desenvolvimento de competências, da alteridade, mediação e inovação. Logo, o conhecimento especializado do empreendedor e o acúmulo de experiências vivenciadas potencializam a identificação de oportunidades de negócios (PAIVA JÚNIOR, 2004). Por fim, a interação social é compreendida como a articulação do empreendedor em decorrência da sua capacidade relacional que vai se potencializando na vivência empresarial ao interagir com os demais atores da cadeia produtiva de setores dinâmicos, como a atividade do cinema. Dessa forma, ação política e social, oportunidade, parceria, ação de adaptação contingencial, cooperação técnica e internacionalização são definidas como categorias da interação social (PAIVA JÚNIOR, 2004). 3. Cenário da ação empreendedora na produção fílmica do audiovisual no Brasil O Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA) divulgou dados sobre o público, renda e número de lançamentos por tipo de distribuidora 2009 a 2018. Os números reforçam o que havia sido dito por Gimenez (2018), o público de filmes estrangeiros distribuídos por majors é mais expressiva do que os que assistem filmes nacionais. No ano de 2018 a renda total foi de R$ 2.458.271.979,00 e desse valor as distribuidoras internacionais faturaram 1.970.240.169,00, mas apenas 5.012.249,00 foi arrecadado com títulos brasileiros. No período de 1995 a 2017, foram lançados 1558 filmes, Gimenez (2018) faz uma divisão de seis faixas de público – até 1000, de 1.001 até 4.000, de 4.001 até 20.000, de 20.001 até 200.000, de 200.001 até 1.000.000, acima de 1.000.000. Nesse período de 22 anos, apenas oitenta e dois filmes passaram a marca de um milhão de espectadores, o que corresponde a 5,3% dos filmes lançados nesse espaço de tempo. De todas as faixas analisadas, aquela com até 1000 telespectadores é a que possui a maior fatia, o que representa 21,9% do total; por sua vez, as quatro primeiras faixas são as que revelam maior concentração de filmes. Logo, os dados refletem o fato do desempenho dos títulos brasileiros, a pensar que existe certa dificuldade de tais filmes no sentido de conseguirem alcançar resultados expressivos (SILVA.J,2011) No que concerne ao cenário brasileiro, a principal fonte de investimento dos filmes é adquirida por intermédio das leis de incentivo fiscal (GONÇALVES; SILVA; LOPES, 2015). Logo, esses recursos são essenciais para a sobrevivência do cinema nacional. A Lei Rouanet (leis 8.313/91) e Lei do Audiovisual (8.685/93) são exemplos dos esforços dirigidos para a conservação do cinema nacional. De acordo com a ANCINE, essas leis permitem a isenção e abatimento de determinados tributos destinados a pessoas físicas e jurídicas que participem como coprodutoras dos empreendimentos fílmicos, a considerar que patrocinam ou investem em projetos audiovisuais previamente aprovados. O cinema periférico emerge como elemento de expressão artística e cultural orientado por valores não mercantis. Esse tipo de cinema retrata a realidade vivenciada diante de mazelas sociais enfrentadas em países subdesenvolvidos, tais como pobreza e violência urbana (PRYSTHON, 2009). Outra característica do cinema periférico reside na presença de XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 5 componentes regionais, em que são concebidos aspectos idiossincráticos de cada país, região ou cidade, nos quais os filmes são produzidos e retratados nas obras fílmicas (LYRA, 2009). Em contrapartida aos filmes com maior apelo comercial, aqueles produzidos no cenário pernambucano encontram problemas funcionais para serem exibidos, a considerar que dirigentes das empresas distribuidoras não reconhecem potencial de consumo nessas produções cinematográficas locais. Nesse sentido, a produção fílmica pernambucana também desperta preocupações que vão além da dimensão estética, em se que compromete a reflexão do que se passa no cotidiano da cultura local (GUERRA; PAIVA JÚNIOR, 2011). A questão da identidade regional que permanece nos filmes pode ser examinada como uma estratégia de fixação e naturalização de características particularizadas, em meio à profusão de recortes de características alheias, devidamente filtradas pelos meios audiovisuais, o que resulta em curiosa mistura de imagens de heróis, hábitos, músicas e um sem-número de referências que foram atualizadas para as representações expressivas locais pelas mãos de realizadores. Existe o desejo por parte de seus realizadores de que haja sua inserção nos circuitos comerciais de exibição, o que acontece não apenas nos mercados locais, mas também nos espaços nacionais e internacionais de exibição, embora tais filmes se distanciem do modelo hollywoodiano. Por outro lado, existe o interesse de que tais obras sejam contempladas e absorvidas por aficionados de filmes oriundos de países não periféricos (PRYSTHON,2009). Ainda nos anos 1990, a chegada dos multiplex traz uma nova visão a respeito do consumo dos filmes, não apenas disponibilizando salas de exibição, como também ilhas de consumo. A venda de doces e lanches no mesmo lugar além da localização estratégica em shopping centers resultou no fechamento de diversas salas de exibição de filmes na rua. O que antes era apenas uma sala se multiplica, diminuindo o espaço de cinemas que não acompanharam essa tendência. As salas de exibição então passam a ter uma concentração expressiva de empresas estrangeiras (CESÁRIO,2007). Novos hábitos culturais que a autora se refere dizem respeito a diminuição da vida pública, um comportamento que faz com que o indivíduo se recolha na sua casa preferindo a sua privacidade (CESÁRIO,2007). Streaming, televisão aberta e fechada, DVDs são alguns exemplos de meios que podem ser utilizados para que se evite a necessidade de sair de sua residência para assistir filmes. O que desencadeia uma reação adversa no que tange às salas de cinema com o aumento da preocupação com a qualidade da imagem, som e conforto da sala, o que não pode ser reproduzido na mesma intensidade de fora do cinema. Essa é uma tentativa fazer com que as pessoas possuam uma “experiência imersiva de cinema”, para tentar atrair o público (SALVADOR; SIMON; BENGHOZI,2019). 4. A aproximação da Ação Empreendedora e a abordagem effectual No campo do empreendedorismo, a abordagem do effectuation ganha destaque a partir do estudo de Sarasvathy (2001), a qual sugere a ocorrência da criação de negócios a partir da exploração de contingências como resultado de processos estocásticos; em contraste com abordagens convencionais que enfatizam o processo do empreendedorismo na forma de noções estruturadas pré-estabelecidas de planejamentos, definidos pela autora como lógica causal. Na lógica effectual, o agente identifica oportunidades contingentes e explora os meios disponíveis para engendrar suas aspirações individuais, configurando-se por tomadas de decisões econômicas não estabelecidas a priori. Nessa lógica, o empreendedor atua de forma XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 6 não estruturada inicialmente e adequa seus esforços por meio da experimentação e do conhecimentotácito, estabelecendo acordos comerciais frente a seus stakeholders , numa concepção na qual cenários de incerteza deixam de ser percebidos como desvantagens e assumem significado de potencial inovação no ambiente de negócio (PFEFFER e KHAN, 2018; XU; KOIVUMÄKI, 2017). As lógicas causal e effectual se mostram presentes no âmbito do empreendedorismo; no entanto, a lógica causal é atribuída, segundo Sarasvathy (2001; 2008) a negócios estabelecidos, sobretudo, os que operam em setores competitivos tradicionais que se beneficiam da exploração comercial dos diferenciais adquiridos. Já a lógica effectual é comum aos negócios em estágios iniciais de exploração da criação de valor comercial, uma vez que sua consolidação no setor objetivado é incerta. No sentido effectual proposto por Sarasvathy (2001), a ação empreendedora cinematográfica encontra uma aproximação conceitual, tendo em vista que o setor cultural é permeado por incertezas, pela exploração de contingências e pela tomada de decisões não estruturadas de forma prévia (MENGER 2014; PELTONIEMI, 2015). O empreendedorismo cultural se distingue do empreendedorismo tradicional, uma vez que prioriza a inovação no âmbito dos componentes simbólicos, cujo valor econômico surge na decorrência de sua viabilização comercial (TOGHRAEE,2017), enquanto o empreendedorismo tradicional se concentra na economia voltada para o setor produtivo, no qual a supressão de demandas de consumo existentes orienta os esforços criativos dos empreendedores. Considerando o setor cinematográfico abordado neste estudo, a lógica effectual auxilia na compreensão de estratégias e processos de viabilização comercial não planejados praticados por empreendedores culturais. Seus esforços na busca por permanência no setor cinematográfica bem como a atuação na sua esfera internacional por intermédio de plataformas digitais ou por salas de exibição. É nesse sentido que Gomes, Paiva Júnior e Xavier Filho (2019) propõem uma a aproximação conceitual entre a ação empreendedora e a abordagem do effectuation. Com essa integração conceitual, o processo do empreendedorismo no setor cultural cinematográfico pode ser compreendido como o resultado de explorações contingentes em ambientes de incerteza, caracterizados por um cenário no qual a produção fílmica se manifesta mediante relações informais e esforços coletivos (GUERRA e PAIVA JÚNIOR, 2011) 5. Metodologia A pesquisa caracteriza-se como qualitativa de natureza básica (CRESWELL, 2010; 2014). Quanto aos procedimentos de coleta de dados, foram coletados dados primários a partir da condução de entrevistas semi-estruturadas com integrantes de três produtoras de pequeno porte situadas na região do Recife (Quadro 1), além de dados secundários com depoimentos de empreendedores culturais cujas produções alcançaram a internacionalização na distribuição e prêmios. Esses dois procedimentos têm por objetivo a construção de um corpus elucidativo de situações comuns aos empreendedores do mesmo segmento, embora operando em circunstâncias distintas. A coleta de dados das entrevistas realizadas com os produtores 1 e 2 ocorreu na forma de levantamento de dados primários, já a coleta oriunda das entrevistas dos produtores 3 e 4 se deu na forma de desk research em portais de cinema especializados, totalizando oito portais de notícias na Web com melhor ranqueamento na busca temática e uma filtragem de conteúdo (Quadro 1). XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 7 PRODUTOR CÓDIGO Produtor 1 E1 Produtor 2 E2 Produtor 3 E3 Produtor 4 E4 Quadro 1: Empresas entrevistadas Fonte: os autores. O produtor 1 mantém uma instituição não governamental, que desenvolve o cursos de Cinema Digital para a formação profissional no campo audiovisual, por meio da realização de cursos em parcerias com governos, contemplando jovens de áreas e classes sociais menos assistidas, prática que estimula a inclusão profissional nas diversas áreas do campo audiovisual: cinegrafista, fotógrafo, editor de imagem, iluminador, técnico de áudio, produtor musical, cenógrafo, figurinista, maquiador, ator, roteirista, produtor e diretor. A instituição produz filmes experimentais de curta-metragem, elaborados pelos alunos e submetidos a festivais independentes. O produtor 2 empreende por meio de uma produtora audiovisual com foco na ficção autoral e na liberdade criativa. Dentre os projetos desenvolvidos, constam os filmes de longa- metragem, tais como: Todas as Cores da Noite e Onde começa um rio; os filmes de curta- metragem, a exemplo de: Loja de Répteis e Canção para minha irmã; videoclipes das bandas Mundo Livre, Plástico Lunar, entre outras; a animação O Homem Planta; e o Fincar – Festival Internacional de Cinema de Realizadoras. O produtor 3 é diretor, produtor, roteirista e crítico, com produções de longa-metragem premiadas internacionalmente, tendo sua obra mais recente sendo premiada com o Prêmio do Júri do Festival de Cannes em 2019. Da lista de entrevistados neste estudo é empreendedor com maior número de premiações com filmes de longa-metragem para o cinema. Além disso, o produtor concilia essa atividade fílmica com sua carreira de curador de cinema de um Instituto de museu e artes. O produtor 4 produziu vários filmes de curta e média metragens, rodados em Londres e Pernambuco. Dentre os quais, existe a supervisão de pós-produção em Nova York do premiado curta pernambucano “Simião Martiniano - o camelô do cinema”, “O mundo é uma cabeça” e os curtas metragens “Resgate Cultural - o filme” (16mm), “Tejucupapo - um filme sobre mulheres guerreiras” (S16mm/35mm), direção de fotografia e produção do curta musical “É mais fácil um boi voar” (35mm). Os critérios de validade e confiabilidade estão pautados pelas orientações de Paiva Júnior, Leão e Mello (2011). Os autores se debruçam sobre as tipologias de critérios de validade: (i) validade aparente: o método de pesquisa reproduz informações desejadas ou previamente constatadas; (ii) validade instrumental: combinação entre dados de um determinado método auxiliado por um segundo método alternativo; (iii) validade teórica: referida à legitimidade decorrente das associações metodológicas às teorias abordadas no estudo. As recomendações propostas por Paiva Júnior, Leão e Mello (op.cit) inspiram princípios norteadores da cientificidade e aprofundamento das questões sociais tratadas no estudo, em que se busca compreender as modulações da ação empreendedora fílmica no âmbito recifense, indo XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 8 além das generalizações descritivas ao buscar profundidade analítica e possíveis implicações para a ciência social (MINAYO, 2017). Tomamos a triangulação desempenhada neste estudo pela reunião de múltiplas fontes de evidência, reunindo as entrevistas semi-estruturadas e a pesquisa documental em arquivos de fontes públicas, de portais da Web e da blogosfera. O teor reflexivo adotado no presente estudo é traduzido pelo exame das contradições inerentes à ação social investigada, buscando evitar possíveis vieses interpretativos por parte do pesquisador. Durante a condução do estudo atentamos para a construção do corpus de pesquisa a fim de buscar resultados representativos do fenômeno social investigado, a fim de se obter a saturação das categorias de análise emergentes da literatura a priori. Além disso, a descrição rica e detalhada do lócus da pesquisa nos permite adentramento conceitual no contexto do grupo de empreendedores culturais elucidados no estudo. Por fim, recorremos à surpresa como contribuição à teoria e ao senso comum ao expor novas implicações sociais a partir do contexto analisado. Tais implicações são cristalizadas a partir das múltiplas fontes de evidência, dos relatos experienciais das impressões dosatores inseridos no recorte investigados no estudo. 4. Análise dos dados A análise dos dados está composta de dimensões do estudo de ação empreendedora Paiva Júnior (2004) com inspiração nos estudos da lógica effectual de Sarasvathy (2001; 2009). Portanto, o tratamento analítico está demarcado por subcategorias da imaginação conceitual, expertise e interação social. .4.1 A imaginação conceitual Há características distintivas do empreendedor cultural cinematográfico que contribuem para o reconhecimento de sua ação no âmbito dos empreendimentos culturais. Uma dessas características pode ser atribuída às suas referências imagéticas e na subjetividade inerente ao ofício criativo, tais características são influenciadas por seu contexto sociocultural e regional e se traduzem na forma de expressão da linguagem fílmica, conforme pode-se observar no diálogo de um dos empreendedores: E1: Não gostava muito do que eu chamava de ‘vocabulário limitado do cinema brasileiro’ quando saí da faculdade, nos anos 1990. O cinema brasileiro nos anos 1980 em Pernambuco, por exemplo, tinha uma produção muito regional, ou regionalista. Eram filmes sobre seca, sertão, cangaço, folclore. Alguns eram ruins, outros não. Mas eu queria fazer algo mais próximo da minha realidade, da cidade grande. [O curta] Enjaulado foi a experiência de maior impacto e chegou a ser criticado como ‘parece filme de São Paulo’, porque filme pernambucano tem que ter folclore, cangaço, seca, fome. Comecei a entender que era difícil quebrar isso, mas segui. Aos poucos, o cinema brasileiro está com menos vergonha e menos pudor de enlouquecer um pouquinho. O vocabulário está ficando maior e mais rico. Bacurau colabora com isso. Na fala de E1, percebe-se uma inquietude pessoal diante do conteúdo cinematográfico típico de sua região no momento de sua iniciação profissional, levando-o a buscar alternativas de inovação estética traduzida na forma de elementos da linguagem como baliza entre a regionalização e a globalização de conteúdos narrativos. Tal universalidade da linguagem cinematográfica é compreendida no diálogo a seguir: XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 9 E1: Essa cena, especificamente, da sessão de gala em Cannes ao Glauber em Salvador, passando pela Suíça, Austrália, Recife, São Paulo e Rio, tem a mesma reação. Recife e Fortaleza ganharam prêmio de gritos e intensidade, mas todos reagem com aplausos e gritos. É meio ensurdecedor, inclusive. Mas não me preocupo. Os filmes iranianos, franceses, dinamarqueses, todos eles exibidos em situações externas, serão recebidos de maneira peculiar, porque precisam de equipamento cultural para serem entendidos. Quando o prefeito (personagem do filme) diz: “Venham pra cá, deixe de pantim”, é claro que o sueco não vai receber a peculiaridade do uso de palavras desse homem que é do interior de Pernambuco, mas tudo bem. O sueco vai entender como “deixa pra lá, venham aqui conversar”, e está tudo certo. O empreendedor cultural cinematográfico entende que as experimentações estéticas e as narrativas se mesclam de elementos regionais e globais que contribuem para uma obra de destaque, sobretudo em festivais artísticos do setor audiovisual. Ao atribuir à internacionalização da obra ao êxito de suas experimentações, o empreendedor endossa o papel da inovação no âmbito da produção da cultura. E2: Eu fiz um processo de experimentação de linguagem bem intenso, e achava que isso irritaria um pouco a crítica. Então, foi muito bom receber leituras críticas que trouxeram um cuidado, uma elaboração sobre aspectos conceituais, sociais e de linguagem. Nas sessões em que participei para debater com o público, surgiram trocas muito intensas. O filme rodou bastante pelo país e curiosamente pelos Estados Unidos. Numa viagem que fiz ao festival Slamdance, um evento muito massa que acontece em paralelo ao Sundance, pude conhecer muitos realizadores independentes que estão também num processo de investigação e experimentação. A identidade dos filmes produzidos em Pernambuco é tratada como a construção cultural que vai sendo tecida pela história local. As vivências do empreendedor cultural cinematográfico trazem características únicas para os seus projetos fílmicos, porém as experiências acumuladas pelos espectadores também devem ser consideradas. Eles não interpretam as obras de forma passiva, formulando suas próprias opiniões sobre as questões que emergem nos filmes. Outra característica recente é certa ruptura com a estética outrora rural, trazendo a representação do urbano e consequentemente retratando e questionando as problemáticas oriundas dessa realidade (GOMES JÚNIOR,2018). 4.2 A dimensão da expertise Diante dos empreendedores culturais cinematográficos investigados, a dimensão da expertise se dá no âmbito da produção artística e cultural no que concerne aos aspectos técnicos. Tal predileção no desenvolvimento de competências técnicas em detrimento das gerenciais caracteriza um entrave a ser superado na trajetória dos empreendedores, isso se coaduna com o contraste arquetípico entre os aspectos voltados à arte e aqueles voltados aos aspectos gerenciais, E a partir do relato do E3 é possível observar a dificuldade do artista em lidar com a parte administrativa do processo, principalmente no Estado de Pernambuco, reiterando a importância do empreendedor cultural na cadeia produtiva do cinema. Justamente pela atuação no campo da administração, com o diferencial de ter o conhecimento cultural (LIMEIRA, 2008): E3: Aqui na minha produtora, por exemplo, eu fiz durante algum tempo, no início, eu tive que fazer a produção executiva dos meus filmes, ou seja, além de escrever o roteiro, XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 10 dirigir, pensar criativamente o filme, tive que gerenciar os recursos, saca? Isso foi um pesadelo e é um pesadelo para qualquer artista ou qualquer ser criativo que está tocando um projeto porque você pensar as demandas criativas da realização e ao mesmo tempo a administração é para dar um curto-circuito. E3: As pessoas que trabalham com produção executiva não têm uma formação em gestão, em administração e em gerenciamento de recursos pelo menos aqui em Pernambuco, Talvez no Rio ou São Paulo que já tem um histórico de produção que fez com que várias pessoas tenham uma experiência maior e foram criando sua formação, entendeu? Aqui isso não ainda existe. Dois aspectos elucidativos do empreendedorismo cultural fílmico podem ser entendidos a partir do recorte da fala de E3. O primeiro diz respeito ao foco nos projetos culturais e o segundo corresponde à articulação voltada para a obtenção do capital necessário para financiá- los. Logo, existe uma movimentação em torno da captação de recursos e articulação de parcerias que possibilitem o êxito dos projetos fílmicos. Os empreendedores culturais buscam investimentos privados, até parcerias com produtoras consideradas rivais. No caso do diferencial do cinema Pernambucano, seu perfil se centra na troca de conhecimentos e intercâmbio de recursos. Nogueira (2014) explana a constituição de grupos que operam de maneira colaborativa, que em Pernambuco é conhecido pela expressão brodagem . Nogueira (2014) discute a ocorrência dessas relações ao contemplar o vínculo entre membros de uma comunidade de afetos, resultando na eclosão de filmes por intermédio de esforços coletivos envolvendo valores e sentimentos compartilhados. A principal fonte de investimento dos filmes nacionais ocorre através das leis de incentivo fiscal (GONÇALVES; SILVA; LOPES,2016), o governo passa a ser outro ator significativo para prover a produção fílmica. Logo, sem os recursos disponibilizados pelos agentes públicos, a sobrevivência do cinema nacional estaria comprometida.Os autores comentam a respeito da relevância institucional da ANCINE (Agência Nacional do Cinema) como órgão que fiscaliza, regulamenta e fornece o fomento das atividades cinematográficas e videofonográficas. Essas características do cinema brasileiro são ilustradas no seguinte trecho: E4: Seria edital de financiamento, que é regulamentada pela ANCINE. Nós estamos com dois projetos autorizados para captação, mas ainda não captamos. Podemos dizer que até agora é financiamento público, federal, estadual. Aqui, 50% do movimento da minha produtora são editais, não só do governo federal, aliás do governo estadual, mas também do governo federal. Eu botaria uns 50% de edital, 40% de fonte própria e 10% de recursos de empresas parceiras. Os profissionais da área dependem dos recursos públicos para garantir a viabilização dos seus projetos; então, o fator principal para sua execução corresponde à participação desses atores nos editais de financiamento. Parece comum que os produtores utilizem recursos próprios para conseguirem finalizar suas propostas de filmes, o E4 afirma que 10% dos recursos são próprios e 90% são obtidos por meio dos editais. Parece ser possível que essa forma de articulação institucional de aquisição de recursos não é uma situação tão atípica: E3: [...] A gente avançou um pouquinho a cerca entendeu? Porque o projeto começou e a gente teve que colocar dinheiro nosso, então aí eu vou dizer que é o projeto que predominou nesse caso. A gente teve que colocar recurso próprio. Porque se fosse uma coisa bem seguindo à risca do nosso livro caixa a gente teria interrompido, o que seria talvez um prejuízo maior. XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 11 A dependência de fomentos oriundos de iniciativas públicas constitui uma das dificuldades do empreendedor cultural fílmico que atua na cidade do Recife, cujas demandas regulatórias funcionam como sendo práticas comuns aos “gatekeepers” dos bens simbólicos, em que eles priorizam aspectos regimentais, transferindo para esses empreendedores funções gerenciais e burocráticas do empreendimento cultural e demandando o desenvolvimento de competências que vão além do ofício técnico-cultural. Isso pode ser atribuído ao fato de a indústria cultural cinematográfica carecer de mecanismos de investimento advindos da iniciativa privada para auxiliar diretamente o ramo de atividade cinematográfico, tal como ocorre em países com indústrias culturais consolidadas a exemplo dos EUA, Canadá, Reino Unido, Japão, China e Índia (CURTIN e VAENDORFFER, 2015). Uma das características apontadas como cruciais para a distinção entre o empreendedorismo tradicional e o cultural diz respeito à necessidade da contribuição do público e do privado para a viabilização dos empreendimentos (FERREIRA; RATTEN,2017). A falta de equilíbrio da origem dos investimentos é prejudicial para os empreendedores culturais, tendo em vista o fato de que eles ficam limitados aos editais públicos para o financiamento de seus projetos audiovisuais. Uma vez que o patrocínio nem sempre é adquirido, surge a necessidade da mobilização de atores envolvidos no processo, formando uma rede de suporte para que consigam tirar suas ideias do papel e executá-las. 4.3 A dimensão da interação social As parcerias realizadas entre produtores passam a ser uma saída viável, porém essa brodagem não acontece apenas por questões financeiras, mas também pelos laços afetivos e técnicos entre os envolvidos (NOGUEIRA,2014). A ideia do empreendedor relacional, reflexivo e não atomístico definida por Souza e Paiva Júnior (2011) é identificada no perfil do produtor cultural cinematográfico investigado neste estudo. Para esse indivíduo, a cocriação do significado se efetiva mediante uma prática comunitária de membros engajados. Tais concepções podem ser identificadas no recorte de fala do entrevistado 4: E4: Hoje, vejo que a arte e a produção cultural não devem restringir nossa produção criativa ao campo simbólico. Essa é uma instância. Mas tem também o corpo a corpo, o embate inventivo, como em todos os segmentos sociais. Estrategicamente, claro, é importante usar a visibilidade de artistas e pessoas com uma projeção pública, mas isso não pode vir sem uma prática comunitária. Sem exercitar essa proximidade, esse fazer com, criam-se discursos vazios. Estamos aprendendo, ou reaprendendo, com essa situação de adversidades que vivemos. E o fazer cultural, que é bem mais amplo que o fazer artístico, é sem dúvida um instrumento de emancipação porque aguça o nosso olhar para o mundo, mexe com o sensível, tem a potência de descolonizar nossas práticas e também reinventá-las. O cenário regional, em que os empreendedores culturais se encontram, viabiliza a possibilidade de uma conexão entre a prática social e o comportamento comercial. Portanto, o reconhecimento do valor das artes para o desenvolvimento econômico pode ser apontado como uma das particularidades desses atores sociais. Assim, os empreendimentos criativos desenvolvidos ajudam a fortalecer o capital social e proporcionam a manutenção de práticas culturais daquela localidade (FERREIRA;RATTEN,2017). XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 12 5. A prática empreendedora cultural na produção/distribuição/exibição de filmes A cadeia produtiva do cinema revela o perfil histórico sempre compor a produção, distribuição e exibição dos filmes. A produção pode ser interpretada como a concepção artística do projeto do filme, a distribuição se revela como a comercialização e o marketing do filme e a exibição se mostra como parte do processo em que se realiza a projeção dos filmes nas diversas janelas de exposição cinematográfica. Contudo, um dos problemas da cadeia nacional do cinema reside no fato de os recursos públicos estarem centrados na produção dos filmes (GONÇALVES; SILVA; LOPES,2016). A consequência desse foco em um ponto da cadeia provoca sua desorganização, situação perceptível no relato de E2, em que são preteridos como resultado da ação de grupos cinematográficos estrangeiros que dominam a distribuição dos filmes, principalmente os norte-americanos. E2: É porque a gente está com poucos distribuidores no Brasil e todos são meio que multinacionais, então eles vão privilegiar filmes que têm o formato americano, que não é o nosso. Aí essas comédias como o próprio "De pernas pro ar”, essas comédias mais bobinhas. E é uma coisa meio defasada, existem muitos cineastas no Brasil, pessoas assim, mais inteligentes que querem fazer um filme para o público, mas não querem fazer nesse modelo americano. Existe a presença das empresas denominadas majors no mercado nacional que operam na distribuição de filmes brasileiros, em média dois filmes por ano, mas elas revelam uma atuação mais ativa na distribuição dos filmes dos seus países de origem (GIMENEZ,2018). O autor também analisa a competição na distribuição do cinema brasileiro entre os anos de 1995 a 2017, em que 277 distribuidoras são responsáveis pelo lançamento de aproximadamente 1536 filmes. Após uma divisão da quantidade de público nos filmes, foi constatado que quanto maior o número de espectadores, um menor número de distribuidoras está envolvido no processo, apenas 5,3% dos filmes lançados no período passam a marca de um milhão de público e 22 distribuidoras são responsáveis por esses lançamentos, enquanto os filmes que não atingiram 1000 espectadores de público possuem 175 distribuidoras envolvidas. Outra questão levantada pelo estudo aponta que as distribuidoras não duram no mercado, apenas 14 delas estão há dez ou mais anos no mercado (GIMENIZ,2019). O seguinte recorte da descrição de E2 demonstra a adaptação necessária para se conseguir exibir os projetos: E2: [...] Eles não aceitam os nossos trabalhos e agente fica meio sem pai e nem mãe. Por isso que agora nossa empresa é distribuidora, a gente agora pode entrar no edital de distribuição sem depender de ninguém e a gente vai criando os mecanismos para ir, enfim. Gonçalves; Silva e Lopes (2016) criticam essa situação ao asseverarem que o foco na produção do filme acarreta certo grau de desorganização e, consequentemente, os grupos estrangeiros acabam dominando esses pontos da cadeia produtiva do cinema. As exibidoras e distribuidoras possuem um relacionamento estreito pelo fato de o exibidor decidir entre este ou aquele filme que será exibido, uma vez que exibidores e distribuidores formam uma composição comercial capaz de decidir de forma unilaterial a respeito da atividade cinematográfica relevante para determinado país (CESÁRIO,2007). XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 13 6. Considerações finais A partir do referencial abordado e do entendimento dos dados reunidos no corpus da pesquisa, o estudo aborda aspectos da ação empreendedora cultural na esfera fílmica de dirigentes pernambucanos tratados analiticamente a partir do constructo proposto por Paiva Júnior (2004) e sua aproximação conceitual com o effectuation (SARASVATHY, 2001). A partir desse entendimento o estudo discute a ação empreendedora dos produtores de filmes no âmbito da imaginação conceitual, da expertise e da interação social. No primeiro, identificamos que o empreendedor busca o balizamento de elementos regionais e globais na universalização da linguagem cinematográfica como fator de competitividade internacional. No segundo, a expertise se configura pela necessidade de desenvolvimento de competências gerenciais, e no conhecimento necessário para aprovação em chamadas de editais públicos, o que dificulta a produção, ao demandar competências que extrapolam o conhecimento artístico. Um terceiro aspecto concerne ao âmbito da interação social, identificada como extraprofissional, afetiva e comunitária, sendo esta uma característica da regionalidade. O estudo revela implicações dos limites caracterizados pela insuficiência de salas de cinema cuja distribuição é restringida pelo preenchimento das produções hollywoodianas ou comédias brasileiras influenciadas pela teledramaturgia; o que diminui o espaço para produções nacionais que não se caracterizam com o gênero. Tais entraves se sobrepõem ao fato de filmes produzidos em Pernambuco se encontrarem em dificuldade para captação de recursos de origem privada; dependendo das fontes de financiamento público para viabilizarem a execução dos seus projetos, sendo comum a utilização de recursos próprios dos produtores no que tange a seus empreendimentos fílmicos. Para que uma indústria cultural se consolide, é necessário demarcar a ocorrência de sequencialidade nas obras e a presença significativa do capital privado. Partindo do cenário de produção cinematográfica pernambucana, os empreendedores se deparam com a exploração de contingências, empreendendo de forma não estruturada previamente, ausente de modelos técnicos de gerenciamento de riscos e do planejamento de fontes de receitas. Um problema encontrado entre os donos das produtoras concerne ao acúmulo de funções por parte desses profissionais. Existe, assim, a combinação de diferentes atribuições que acabam por dificultar a produção fílmica, além de não possuírem capacitação para assumir atividades administrativas referentes à execução dos seus projetos. Não obstante a preocupação com a estética e mensagem do filme, o produtor ainda ficava incumbido da captação de recursos, contratação de pessoal, negociação com as distribuidoras. Por isso, o empreendedor cultural atua na área da produção simbólica do filme e tem que lidar com particularidades de tarefas administrativas, ao articular os atores envolvidos nos projetos compartilhados e facilitar seu processo produtivo cultural. A presença das distribuidoras estrangeiras no Brasil também representa empecilho para os produtores da região, uma vez que existe um favorecimento da oferta de filmes que possuem o formato norte-americano e com maior apelo comercial. As empresas distribuidoras não veem o potencial de consumo nas produções pernambucanas justamente pelo distanciamento do padrão norte-americano. Não só a distribuição, mas também a exibição dos filmes representa um gargalo no processo de expansão da audiência dos filmes produzidos no Brasil; justamente pela presença de empresas do exterior. Esse bloqueio do fluxo é decorrente do foco na produção; o financiamento e as leis de incentivo estão presentes nesse ponto o que desorganiza a cadeia produtiva do cinema. XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 14 Como recomendação para estudos futuros, sugerimos a investigação de aspectos da ação empreendedora no âmbito cultural em outros segmentos criativos, a exemplo dos setores de games, design, moda, software, artesanato e literatura. Estudos futuros também poderiam abordar a ação empreendedora cinematográfica diante de outros polos produtivos de regiões periféricas ao eixo sudeste a fim de contribuir para o entendimento do arcabouço teórico tratado neste estudo, explorando suas similaridades e divergências do cenário pernambucano. Referências ALMEIDA, Cristóvão D.; MORELLI-MENDES, Cleber. Política Pública Cultural: embrafilme como desenvolvimento da cinematografia brasileira. Revista GEMInIS, v. 5, n. 2, p. 170-184, 2014. ANCINE. Fomento - O que é. Disponível em: <https://www.ancine.gov.br/pt-br/fomento/o-que-e>. Acesso em: 20 jul. 2019 AVGEROU, Chrisanthi; WALSHAM, Geoff (Ed.). Information technology in context: Studies from the perspective of developing countries: Studies from the perspective of developing countries. Routledge, 2017. BENDASSOLLI, Pedro F. et al. Indústrias criativas: definição, limites e possibilidades. Revista de Administração de Empresas, v. 49, n. 1, p. 10-18, 2009. BOURDIEU, Pierre. Economia das Trocas Simbólicas . São Paulo: 2ª. reimpr. 2009. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico . Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. CAETANO, Daniel Pecego Vieira. Cartografias das margens: estudos sobre a produção experimental dos cinemas argentino e brasileiro. Alea . 2018, vol. 20, n. 2. CESÁRIO, Lia Bahia. Reflexões sobre as atuais políticas públicas para o cinema no Brasil em meio à transnacionalização da cultura. Sessões do Imaginário , v. 12, n. 18, p. 31-39, 2007. COSTA, Aline de Caldas. Reflexões sobre cultura e bens simbólicos: Abordagens sobre produção cultural e poder social. ENCONTRO DE ESTUDOS MULTIDISCIPLINARES EM CULTURA, v. 3, 2007. CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa métodos qualitativo, quantitativo e misto. In: Projeto de pesquisa métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2010. CURTIN, Michael; VANDERHOEF, John. A vanishing piece of the Pi: The globalization of visual effects labor. Television & New Media , v. 16, n. 3, p. 219-239, 2015 DALLA COSTA, Armando; DE SOUZA-SANTOS, Elson Rodrigo. Economia criativa: novas oportunidades baseadas no capital intelectual. Revista Economia & Tecnologia, v. 7, n. 2, 2011. DAVEL, Eduardo; CORA, Maria Amélia Jundurian. Empreendedorismo cultural: cultura como discurso, criação e consumo simbólico. Políticas culturais em revista, v. 9, n. 1, p. 363-397, 2016. DAVEL, Eduardo Paes Barreto; PAIVA JÚNIOR, Fernando Gomes. Festa, Cultura e Empreendedorismo Cultural: Uma Introdução. TPA-Teoria e Prática em Administração, v. 9, n. 2, 2019. XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 15 DE MOURA GOMES, Jardiel; PAIVA JÚNIOR, Fernando Gomes; XAVIER FILHO, Jose Lindenberg Julião. A Ação Empreendedora de Produtores de Jogos Independentes Inspirada no Effectuation. Revista de Empreendedorismo e Gestãode Pequenas Empresas, v. 8, n. 2, p. 272-291, 2019. FIRJAN (Rio de Janeiro); SENAI. Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil. [S. l.: s. n. ], 2019. 24 p. Disponível em: https://www.firjan.com.br/EconomiaCriativa/downloads/MapeamentoIndustriaCriativa.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020. FLORIDA, Richard. A Ascensão da classe criativa: e seu papel na transformação do trabalho, do lazer, da comunidade e do cotidiano. Porto Alegre: LPM, 2011. GEHMAN, Joel; SOUBLIÈRE, Jean-François. Cultural entrepreneurship: from making culture to cultural making. Innovation , v. 19, n. 1, p. 61-73, 2017. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social . 6. ed. Ediitora Atlas SA, 2008. GIMENEZ, Fernando Antonio Prado; DA ROCHA, Daniela Torres. A presença do filme nacional nas salas de cinema do Brasil: um estudo sobre a codistribuição. Galáxia. Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica. ISSN 1982-2553, n. 37, 2018. GOMES JÚNIOR, Gervársio Hermínio. OUTRAS ESPACIALIDADES NO CINEMA PRODUZIDO EM PERNAMBUCO. Revista de Geografia (Recife), v. 35 , n. 1, 2018. GONÇALVES, Carlos Alberto; SILVA, Everton Rodrigues; LOPES, Daniel Paulino Teixeira. CONSTRUINDO ALIANÇAS ESTRATÉGICAS PARA A PRODUÇÃO NA SÉTIMA ARTE: UM ESTUDO MULTICASOS EM PRODUTORAS CINEMATOGRÁFICAS BRASILEIRAS. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, v. 8, n. 4, p. 561-579, 2015. GUERRA, José Roberto Ferreira; PAIVA JÚNIOR, Fernando Gomes. Empreendedorismo cultural na produção cinematográfica: a ação empreendedora de realizadores de filmes pernambucanos. RAI Revista de Administração e Inovação , v. 8, n. 3, p. 78-99, 2011. GUNDOLF, Katherine; JAOUEN, Annabelle; GAST, Johanna. Motives for strategic alliances in cultural and creative industries. Creativity and Innovation Management, v. 27, n. 2, p. 148-160, 2018. HANSON, Dennis. "Indústrias criativas." Sistemas & Gestão 7.2 (2012): 222-238. HÉRAUD, Jean-Alain. A new approach of innovation: from the knowledge economy to the theory of creativity applied to territorial development. Journal of the Knowledge Economy, p. 1-17, 2016. JOHANNESSEN, Jon-Arild; OLSEN, Bjørn. The future of value creation and innovations: Aspects of a theory of value reation and innovation in a global knowledge economy; International Journal of Information Management, pág 502–511, 2010. JULIEN, Pierre-André. Empreendedorismo Regional e a Economia do Conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2010. KARLSEN, Joakim; LØVLIE, Anders Sundnes. ‘You can dance your prototype if you like’: independent filmmakers adapting the hackathon. Digital Creativity, v. 28, n. 3, p. 224-239, 2017. XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 16 KERR, Jon; COVIELLO, Nicole. Weaving network theory into effectuation: A multi-level reconceptualization of effectual dynamics. Journal of Business Venturing, v. 35, n. 2, p. 105937, 2020. Elsevier. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2019.05.001>. LIMEIRA, Tania Maria Vidigal. "Empreendedor cultural: perfil e formação profissional." IV Encontro de Estudos Multidisciplinares de Cultura (2008). LIU, Chih-Hsing Sam. Examining social capital, organizational learning and knowledge transfer in cultural and creative industries of practice. Tourism Management, v. 64, p. 258-270, 2018. Elsevier Ltd. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.tourman.2017.09.001>. . LYRA, Bernadette. O cinema periférico de bordas. Comunicação, mídia e consumo, São Paulo, v. 6, n. 5, 2009. MACHADO, Marta Corrêa; FISCHER, André Luiz. Gestão de pessoas na indústria criativa: o caso dos estúdios de animação brasileiros. Cadernos EBAPE. BR, v. 15, n. 1, p. 132-151, 2017. MENGER, Pierre-Michel. The economics of creativity . Harvard University Press, 2014. NOGUEIRA, Amanda Mansur Custódio. A brodagem no cinema em Pernambuco. 2014. OCA- OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DO CINEMA E DO AUDIOVISUAL. Público, Renda e Número de Lançamentos por Tipo de Distribuidora 2009 a 2018 (2019). ORIHUELA-GALLARDO, Francisca; FERNÁNDEZ-ALLES, Mariluz; RUIZ-NAVARRO, José. The influence of the cultural entrepreneur on the performance of cultural and creative firms. Academia Revista Latinoamericana de Administración , 2018. PAIVA JÚNIOR, Fernando. G.; CUNHA, Thiago Neves, GUERRA, José Roberto Ferreira. O empreendedor cultural do filme como bem simbólico: os produtores cinematográficos de Pernambuco. In: Economia Criativa: conhecimento e empreendedorismo para uma sociedade sustentável.1 ed.Curitiba: UFPR, v.1, p. 1-119,2013 PELTONIEMI, Mirva. Cultural industries: Product–market characteristics, management challenges and industry dynamics. International journal of management reviews, v. 17, n. 1, p. 41-68, 2015. PFEFFER, Lauren; KHAN, Mohammad Saud. Causation and Effectuation: An Exploratory Study of New Zealand Entrepreneurs. Journal of technology management & innovation, v. 13, n. 1, p. 27-37, 2018. PINTO, Rosalice. Ação empreendedora: que (re) configurações possíveis?. Scripta , v. 15, n. 28, p. 103-117, 2011. PRYSTHON, Angela. Do Terceiro Cinema ao cinema periférico Estéticas contemporâneas e cultura mundial. Periferia , v. 1, n. 1, 2009. RAVASI, Davide; RINDOVA, Violina. Symbolic value creation. Handbook of new approaches to organization, p. 270-284, 2008. ROCHA, Daniela Torres da et al. Mapeando as relações de coprodução e codistribuição no cinema brasileiro: uma análise pela ótica da teoria de redes. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 41, n. 1, p. 41-61, 2018. SALVADOR, Elisa; SIMON, Jean-Paul; BENGHOZI, Pierre-Jean. Facing disruption: the cinema value chain in the digital age. 2019. XLIV ENCONTRO DA ANPAD - EnANPAD 2020 Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020 - 2177-2576 versão online 17 SANGION, Juliana et al. Vale a pena ver de novo?= a Globo Filmes e as novas configurações do audiovisual brasileiro na pós-retomada. 2011. SARASVATHY, Saras D. Causation and effectuation: Toward a theoretical shift from economic inevitability to entrepreneurial contingency. Academy of management Review, v. 26, n. 2, p. 243-263, 2001. SARASVATHY, Saras D. Effectuation: Elements of entrepreneurial expertise. Edward Elgar Publishing, 2009. SILVA, JOÃO GUILHERME BARONE REIS E. Assimetrias, dilemas e axiomas do cinema brasileiro nos anos 2000. Revista Famecos: mídia, cultura e tecnologia, v. 18, n. 3, p. 916- 932, 2011. SOUZA, Jefferson Lindberght; PAIVA JÚNIOR, Fernando Gomes. Empreendedorismo no setor público: a dinâmica da Fundação Joaquim Nabuco. Recife: Editora Massangana, 2011. TOGHRAEE, Mohamad Taghi et al. Introduction to cultural entrepreneurship: Cultural entrepreneurship in developing countries. International Review of Management and Marketing, v. 7, n. 4, p. 67-73, 2017. TOLDO, Giordano Schmitz; LOPES, Fernando Dias. Cinema como arte ou entretenimento: uma visão de seus realizadores e a estrutura organizacional de suas produtoras. REAd. Revista Eletrônica de Administração (Porto Alegre), v. 23, n. 2, p. 167-190, 2017. XU, Yueqiang; KOIVUMÄKI, Timo. Digital business model effectuation: An agile approach. Computers in Human Behavior, v. 95, p. 307-314, 2019. Elsevier. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.chb.2018.10.021>. View publication statsView publication stats https://www.researchgate.net/publication/346505340
Compartilhar