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1 Parasitologia ESQUISTOSSOMOSE Priscila Maria Rodrigues Araújo – P3B Agente etiológico: Schistosoma mansoni As esquistossomíases, denominadas também esquistossomoses ou bilharzioses, são doenças produzidas por trematódeos do gênero Schistosoma. O parasito apresenta sexos separados e parasitos de vasos sanguíneos. No Brasil é geralmente conhecida como barriga d’água, chegando ao Brasil durante o tráfico de escravos e imigrantes orientais. A transmissão da esquistossomose se dá geralmente em águas contaminadas, através da penetração das cercárias do parasita na pele do hospedeiro definitivo, na corrente sanguínea as cercárias se transformam em esquistossomos e alcançam o fígado, evoluindo para as formas adultas. Morfologia Macho: corpo dividido em duas porções, uma anterior, onde encontra-se uma ventosa oral e um ventral, e uma posterior, contendo o canal ginecóforo. Fêmea: tem uma cor mais escura que o macho com tegumento liso, possuindo a ventosa oral e o acetábulo. Ovo: formato oval, contendo um miracídio formado quando está amadurecido, sendo usualmente encontrado nas fezes. O miracídio apresenta uma forma cilíndrica, possui na sua extremidade anterior uma papila apical denominada terebratorium, que favorecem a penetração no hospedeiro intermediário, o molusco. Dentro desse hospedeiro formam as cercárias, forma infectante. As cercárias possuem duas ventosas, oral e ventral e é através dessas que elas se fixam na pele do hospedeiro vertebrado, perdendo sua calda no processo de penetração, se transformando em esquistossomos, migrando pelo organismo do hospedeiro, desses, os que conseguem chegar ao sistema porta intra-hepático conseguem se transformar em vermes adultos. Ciclo biológico OVOS MIRACÍDIOS CERCÁRIAS ESQUISTOSSÔMULOS NO HOMEM SE TORNAM ADULTOS Depois de se tornarem maduros vão para as vênulas da parede intestinal, entrando no lúmen do intestino saindo nas fezes, os que não atravessam originam a forma intestinal da doença, alguns são arrastados pela corrente sanguínea e vão para o espaço-porta. Nesses espaços os ovos maduros liberam antígenos solúveis que estimulam uma resposta imunológica do hospedeiro, formando um granuloma esquistossômico, causando necrose e fibrose e, consequente obstrução dessas áreas, causando hipertensão portal. Assim acomete o fígado e o baço, originando a forma hepatoesplênica da doença. 2 Caso cheguem aos pulmões também formam granulomas e comprometem a circulação, causando a forma pulmonar da doença, podendo causar a hipertensão pulmonar, além disso pode fazer o indivíduo apresentar manifestações cardíacas. Manifestações clínicas A maioria das pessoas infectadas permanecem assintomáticas de acordo com a intensidade da infecção. Na fase inicial manifestações alérgicas são mais comuns como a dermatite cercariana causada pela penetração das cercárias no pele, formando micropápulas eritematosas semelhantes a picadas de insetos. Além disso, podem caracterizar o quadro inicial a febre, linfadenopatia, cefaleia, dor abdominal, além de Hepatoesplenomegalia, sendo comum também a Eosinofilia no achado laboratorial. Para fixar Os principais sintomas relacionados a esquistossomose são: Febre Eosinofilia Linfadenopatia Esplenomegalia Urticária Dor abdominal Além disso, existem alterações intestinais como formação de úlceras necróticas hemorrágicas na mucosa, alterações ganglionares com aumento das células imunocompetentes. Na fase crônica observa-se a formação de granulomas em torno dos ovos do parasita, esses podem passar para o lúmen intestinal ou ir para outros órgãos, originando miracídio. Esses miracídios induzem uma resposta inflamatória pelo recrutamento de macrófagos, eosinófilos, linfócitos, entre outros, induzindo o acúmulo de neutrófilos. A fase crônica pode se apresentar das seguintes formas: Hepatointestinal: presença de diarreias e epigastralgia; fígado palpável com nodulações que correspondem a áreas de fibrose resultadas da granulomatose. Hepática: fígado palpável e endurecido, na ultrassonografia verifica-se a presença de fibrose hepática. Hepatoesplenomegalia: O volume aumentado do fígado por conta da hipertensão portal, sendo característico de um quadro de esquistossomose 3 Além disso, existe a neuroesquisossomose, sua forma mais grave, caracterizada pela presença de ovos e de granulomas no SNC. Diagnóstico Diagnóstico clínico Envolve uma anamnese minuciosa, buscando informações importantes para o diagnóstico como viagem a locais endêmicos ou banhos de rios e lagos, associada aos achados do exame físico. Diagnóstico laboratorial 1. Métodos parasitológicos Pesquisa da presença de ovos nas fezes, além da biópsia retal e hepática. 2. Métodos imunológicos São mais utilizados na fase crônica da doença e incluem: intradermoreação, fixação de complemento, imunofluorescência indireta e ELISA. Além disso a ultrassonografia é de grande auxílio diagnóstico nos casos de fibrose e Hepatoesplenomegalia, assim como a ressonância magnética. Tratamento A dermatite cercariana deve ser tratada com anti-histamínicos locais e corticosteroides e para a febre indica-se repouso, hidratação, antitérmicos, analgésicos e antiespasmóticos em pacientes críticos. Os principais medicamentos específicos usados no tratamento da esquistossomose são: Praziquantel: atua na permeabilidade do cálcio nas células do helminto, provocando destruição tegumentar. Possui algumas reações adversas incluindo náuseas, dores abdominais, cefaleia, palpitação, urticária, vomito, diarreia, entre outros. Obs.: esse fármaco não deve ser prescrito para a forma Hepatointestinal nem para gestantes e pacientes com insuficiência hepática, renal e cardíaca. Oxaminiquina: mecanismo de ação desconhecido mas aparentemente se liga ao material genético do helminto. Também geram alguns efeitos adversos como tontura, cefaleia, manifestações neuropsíquicas, febre, hipertensão arterial, entre outros. Obs.: esse fármaco não deve ser prescrito para gestantes e pacientes com insuficiência hepática, renal e cardíaca, nem para crianças com menos de 2 anos e deve ser evitado também em casos de hipertensão porta e epilepsia.
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