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Traduções para as palavras diferença/deficiência: um convite a descoberta Os receios e desconfianças estão impregnados em nosso imaginário e nascem no vácuo da ausência de informação sobre as diferenças e interação social com estas pessoas. Não há completa tradução: muitas facetas de um fenômeno As formas através das quais concebemos as diferenças/deficiências influenciam nosso modo de encarar a lidar com os alunos que, de alguma forma, diferem dos padrões convencionais de desenvolvimento, comportamento, aprendizagem esperados pela escola. Apesar dos professores terem certa clareza que existem diferenças no âmbito intergrupal, interindividual, os alunos ainda são avaliados e considerados numa perspectiva homogeneizadora. A diferença não é propriedade inerente de determinado indivíduo. "Consideramos a diferença como produto derivado da identidade." O termo estigma, cujo significado é marca, se refere á condição de descrédito social vivenciada pela pessoa que desvia de normas. Goffman, denominou estigma de: "um atributo que torna o estranho diferente dos outros que se encontram numa categoria em que pudesse (o estranho) ser incluido, sendo até, de uma espécie menos desejável... assim, deixamos de considerá-lo criatura comum e total reduzindo- o a uma pessoa estragada e diminuida." A pessoa com deficiência ao desviar de determinada norma (em aspectos psicossociais, comportamentais, cognitivos, fisico) é estigmatizada. O estigma diz respeito ao modo depreciativo de avaliar as diferenças ou características dessa pessoa. O estigma leva a pessoa a ser inferiorizada. A deficiência é tratada como única ou principal característica digna a ser analisada para explicar comportamentos de forma totalizante ou, então negada como forma de amenizar/negar a diferença. A deficiência primária é a deficiência propriamente dita- restrição/perda de atividade, sequela: o não ver, o não manipular, o não andar. Refere-se portanto aos fatores intrínsecos, ás limitações em si. A deficiência secundária está ligada a condição de deficiência caracterizando uma situação de desvantagem- o que naturalmente, só é possível num esquema comparativo: aquela pessoa em relação ao seu grupo. A deficiência secundária está no cerne das respostas pedagógicas construídas para atender as demandas da pessoa com deficiência. O que faz nascer a desvantagem do aluno com deficiência na escola não é o não ouvir, o não ver, mas o fato da escola não encontrar alternativas para adequar o processo de ensino-aprendizagem as peculiaridades destes alunos. A pessoa com deficiência deve ser tratada de conformidade com as suas necessidades particulares, respeitando-se a sua individualidade e a singularidade. Os rótulos são criados para designar a pessoa desviante da norma, assim o termo deficiente é um rótulo. O rótulo ganha conotação negativa com o uso corrente; a mudança de terminologias é importante, mas não resolve questão da marginalização. De volta ao começo: o nascedouro de algumas traduções Quando entramos em contato com uma pessoa com deficiência mental é comum não sabermos como agir e isto pode gerar certos receios. A tendência é pensarmos que estas pessoas terão comportamentos inesperados e incompreensíveis porque não construímos formas de lidar com as diversidades, vivemos sob o domínio dos rótulos e estereótipos. Esta situação potencial de conflito vem se transformando na medida em que as diferenças são consideradas como partes da tessitura social e não de forma marginal a esta tessitura. Período histórico Características das atitudes sociais Idade Antiga abandono social explícito; extermínio Idade Média Concepções paradoxais (dubiedade caridade x castigo); ínicio do atendimento meramente critativo (assistencialismo); prática da segregação em instituições. Idade Moderna Inicio do interesse científico pela temática da deficiência; preponderância da área médica; inicio do atendimento educacional; persistência da segregação em instituições. Idade Contemporânea Início das críticas aos modelos segregados de atendimento; re conhecimento dos direitos soci ais básicos das pessoas com ne cessidades; filosofia da integr ação; paradigma da inclusão; reconhecimento da diversidade Na idade Antiga, predominantemente, as crianças que nasciam com deficiência passavam por um processo de seleção natural, na medida em que as pessoas se adaptavam a estrutura organizacional da sociedade basicamente em função de sua capacidade física. As probabilidades de sobrevivência destas crianças eram mínimas: morriam precocemente ou eram sacrificadas. Em esparta, por exemplo, as crianças com problemas físicos eram jogadas em rochedos, enquanto tribos nômades se livravam de crianças com deficiência porquanto não apresentarem condições de adaptação satisfatória ás condições materiais existentes. Na Idade Média, o dilema caridade-castigo é estabelecido; as crianças com deficiência, como cristãos, possuem alma, portanto não podem ser sumariamente sacrificadas. Por outro lado, são passíveis de pecado e merecem castigo divino. Livram-se do abandono explícito e ganham cuidado em instituições. Uma dupla proteção: a sociedade protege-se das crianças que a embaraçam e protege também as crianças da sociedade e delas mesmas. No século XX, a sociedade começa a considerar a possibilidades destas pessoas poderem se inserir, inclusive, no mercado de trabalho. A educação passa a ser o principal elemento que poderia propiciar esta convivência. A institucionalização marcou a primeira metade do século passado; a segunda metade é marcada, por um lado, pelas contribuições a educação especial proveniente dos trabalhos na área de psicologia, notadamente as contribuições a educação especial proveniente dos trabalhos na área de psicologia, notadamente as contribuições das psicologia comportamental, cognitiva e sócio histórica e, por outro lado, pelo advento da Filosofia da Integração e, posteriormente do paradigma da inclusão.
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