Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 UFR Hemostasia/Coagulação e Trombofilias Hereditárias ▪ Hemostasia: complexo, redundante e eficiente mecanismo fisiológico de defesa contra a perda não controlada de sangue. O estado normal de fluidez do sangue circulante é mantido pelas propriedades não trombogênicas das paredes intactas das células dos vasos. O dano a esses vasos provoca uma pronta resposta hemostática que previne a hemorragia. 1. Hemostasia Primária: vasoconstrição, adesão, ativação plaquetária, agregação – formação do “trombo branco”. 2. Hemostasia Secundária: cascata de coagulação. -Via Intrínseca: ativação de contato. -Via Extrínseca: via do fator tissular -Via Comum Fisiologia PRINCIPAIS PROCESSOS QUE EVITAM PERDA DESCONTROLADA DE SANGUE ▪ Vasoconstrição: limita o aporte de sangue para o local da lesão. Ocorre a vasoconstrição local logo após a lesão, sendo causada por um mecanismo neurogênico reflexo; o endotélio secreta endotelina que ajuda na vasoconstrição. ▪ Agregação Plaquetária: ativação e agregação das plaquetas circulantes, formam o primeiro tampão no local da lesão. ▪ Coagulação Sanguínea: pela ativação sequencial de fatores presentes no plasma, forma o coágulo de fibrina responsável pela sustentação e forma do coágulo final. AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA ▪ O rompimento da monocamada de células endoteliais que recobre a parede vascular, seja fisiologicamente ou em consequência de uma lesão tissular, causa a exposição da matriz subendotelial, ocorrendo, inicialmente, a atração para o local das plaquetas circulantes. Como consequência desse contato, as plaquetas sofrem profunda mudança em sua forma discoide. ▪ Shape Change: caracterizada pela transformação desse formato nativo em uma forma mais esférica, com a emissão de inúmeros pseudópodes. Essa transformação induz à adesão progressiva de outras plaquetas que se espraiam sobre a matriz subendotelial pela interação com proteínas adesivas, como fator de Von Willebrand e colágeno. ▪ Em seguida ao processo de adesão, ocorrem a ativação e a agregação das plaquetas pela interação de agonistas, como colágeno, trombina e adrenalina, liberados na lesão tissular, com receptores de superfície. ▪ Ativação e a agregação inicial das plaquetas próximas ao local da lesão tissular induzem à efetiva reatividade plaquetária, que produz a secreção de organelas plaquetárias de estoque contendo outros agonistas, como ADP, tromboxana A2 (TXA2) e serotonina (5- HT), potentes agentes pró-agregantes. ▪ Processo de adesão, reatividade e agregação plaquetária acaba provocando o recrutamento e a agregação de plaquetas circulantes à primeira camada, levando à formação de um tampão celular, juntamente com a mudança de forma e adesão, um rearranjo nas fosfolipoproteínas de membrana forma uma apropriada superfície catalítica pró-coagulante, potencializando o processo hemostático como um todo. COAGULAÇÃO SANGUÍNEA ▪ Paralelamente à agregação plaquetária, a reação de coagulação é iniciada, culminando na formação de fibrina. ▪ Modelo Celular da Hemostasia: enfatiza a interação de fatores plasmáticos da coagulação com superfícies celulares específicas. 1. Primeira Fase, ou Iniciação: ocorre em células extravasculares (principalmente fibroblastos), carreadoras de fator tecidual. -Lesão tecidual estimula fatores extravasculares, especialmente o colágeno. 2. Fase de Amplificação: plaquetas e cofatores são ativados, propiciando a geração de trombina. 3. Propagação: ocorre na superfície das plaquetas ativadas, aderidas ao local da lesão, resultando na produção de grandes quantidades de trombina e na subsequente formação do coágulo de fibrina. ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 UFR 1. Iniciação ▪ Ocorre nas superfícies de células contendo TF (fibroblastos do estroma, células mononucleares, macrófagos e células endoteliais que não expõem TF ao sangue até que ocorra dano vascular ou inflamação), que estão normalmente localizadas no espaço extravascular; sendo responsável pela geração de pequenas quantidades de trombina. ▪ Trombina formada no local da lesão tem a função de ativar outros fatores e as plaquetas, estimulando sua agregação no local da lesão e preparando a superfície necessária para a montagem dos complexos; tenase e protrombinase, envolvidos nas fases de amplificação e propagação. ▪ Nas fases de amplificação e propagação, grandes quantidades de trombina serão produzidas por fatores ativados na superfície das plaquetas aderidas no local da lesão e o fibrinogênio será convertido no coágulo de fibrina. ▪ O processo de coagulação prossegue para a fase de amplificação apenas quando algum dano vascular permite que plaquetas e fator VIII/vWF entrem em contato com o tecido vascular. 2. Fase de Amplificação ▪ Preparatório para a subsequente ativação e produção de trombina em grandes quantidades na fase de propagação. ▪ Pequena quantidade de trombina gerada nas células carreadoras de TF possui várias funções, entre elas a ativação de plaquetas, expondo receptores e sítios de ligação para fatores de coagulação ativos e liberando formas de fator V parcialmente ativadas em suas superfícies. 3. Fase de Propagação ▪ Ocorre na superfície das plaquetas ativadas, aderidas e agregadas no local da lesão. ▪ O fator IXa, tanto o ativado na fase de iniciação quanto o ativado por fator XIa, se liga ao fator VIIIa nas plaquetas. 4. Reguladores da Coagulação ▪ O processo de coagulação é regulado pela serpina: antitrombina III e a via anticoagulante da proteína C/trombomodulina, que inativa os fatores Va e VIIIa. ▪ Via regulatória composta pelo sistema do plasminogênio também tem papel importante na degradação da rede de fibrina gerada pela ativação do processo hemostático. A via é ativada por dois ativadores fisiológicos do plasminogênio: ✓ Ativador de plasminogênio do tipo tissular (t-PA): primariamente envolvida na homeostase da fibrina. ✓ Ativador de plasminogênio tipo uroquinase (u-PA): envolvida em fenômenos como migração celular e remodelagem de tecidos. ▪ Plasminogênio ativado gera plasmina, que atua na degradação de fibrina e de fibrinogênio. ▪ Inibição do sistema de regulação do plasminogênio ocorre na etapa de ativação do plasminogênio, pela ação específica de inibidores de ativadores do plasminogênio (PAI) e diretamente na plasmina ativa, por meio da serpina α-2-antiplasmina. Fatores Trombogênicos Fatores Não Trombogênicos Exposição do endotélio Heparina Fator tecidual Trombomodulina Exposição do colágeno Ativador do plasminogênio tecidual Plaquetas Fator ativador de plaquetas Fatores de coagulação Antitrombina Protrombina Proteína C e S Fibrinogênio Plasminogênio Fator de Von Willebrand ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 UFR ▪ Trombina: enzima diretamente responsável pela conversão de fibrinogênio em fibrina, substância que forma o coágulo real. ▪ A explosão inicial de trombina é formada pela via extrínseca quando o fator VII ativado é exposto ao fator tecidual. A geração de trombina aumenta substancialmente pela amplificação do feedback em vários pontos da via intrínseca; a via intrínseca gera a quantidade de trombina necessária para os coágulos de fibrina. ▪ Sistema de coagulação é adequado especificamente para respostas rápidas, seus componentes atuam no sangue e ficam imediatamente disponíveis no sítio da lesão. O corpo tem mecanismos igualmente poderosos que permanecem nos respectivos locais para limitar o processo de coagulação. ✓ Proteína C ativada degrada o fator Va e VIIIa ✓ Antitrombina III é um potente inibidor da trombina na presença de heparina ✓ Plasmina degrada a fibrina ▪ A via usual que inicia no fator Xa e termina na produção de fibrina, é o ponto de convergência das vias intrínseca e extrínseca. VIA EXTRÍNSECA ▪ Principal responsável pela geraçãodo sinal inicial que se propaga em uma pequena explosão de trombina que se amplia por toda a via intrínseca. ▪ Ligação do fator tecidual ao fator de coagulação VIIa e Cálcio, convertendo o fator X para Xa para inicial a via comum, pode ser facilmente inibida pelo TFPI (inibidor do fator tecidual). ▪ Função medida pelo tempo de protrombina (TP), cuja expressão mais conveniente é como o INR VIA INTRÍNSECA ▪ Fatores VIII e V são convertidos em fatores VIIIa e Va pelas pequenas quantidades de trombina. A interação entre VIIIa e IXa, na superfície de fosfolipídeos e na presença de cálcio, forma o fator Xa. ▪ Função medida pelo tempo de tromboplastina parcial (TTP), entretanto essa avaliação é relativamente insensível para deficiências no fator IX, ao passo que é mais sensível para a depleção dos fatores VIII e XI. VIA COMUM ▪ Fator Xa, fator Va, plaquetas e cálcio formam o complexo protrombinase. Protrombina é ativada em trombina, que converte fibrinogênio em fibrina. Protrombina também ativa o fator VIII que reage com os polímeros de fibrina para estabilizar o plug plaquetário. ▪ Fatores de coagulação são sintetizados principalmente no fígado, exceto os fatores VIII e III (fator tecidual), sob a forma de proenzimas. A atividade dos fatores II, VII, IX e X depende da vitamina K. ▪ Fator tecidual se localiza em todos os tecidos conjuntivos e o fator VIII é sintetizado e armazenado principalmente no interior das células endoteliais, em vesículas que se denominam corpos de Weibel-Palade. ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 UFR REGULAÇÃO DA HEMOSTASIA ▪ Hemostasia é mantida em equilíbrio por fatores coagulantes (como fator tecidual, fosfatil serina) e fatores anticoagulantes. Quando não é mais necessário o coágulo ele é quebrado “clivado”, tendo-se então a resolução do processo de coagulação. 1. Prostaciclina (PGI2): eicosanóide (derivada do ácido araquidônico) que provoca sinalização celular nas plaquetas que culmina em inibir a agregação plaquetária e a ativação de plaquetas. 2. Antitrombina III (ATIII): inativa a trombina e outros fatores de coagulação em locais aonde o endotélio não está lesado, impedindo a cascata de coagulação em locais inadequados. Para que essa ATIII atue ela precise antes se ligar com uma molécula endógena parecida com a heparina exógena. 3. Proteína C: função de diminuir velocidade da cascata de coagulação. Atua inativando os fatores de coagulação Va e VIIIa. Ela fica inativa e se torna ativa em feedback positivo com a trombina (com intuito de limitar a cascata de coagulação). Assim, quando se produz muita trombina essa trombina ativa a proteína C e a proteína C depende da proteína S e da vitamina K para que possa fazer seu efeito de inativar os fatores de coagulação citados acima. 4. Inibidor da via do fator tecidual (TFPI): inibir a via extrínseca de coagulação, impedindo a ativação dos fatores IXa e Xa mediada pelo fator tecidual. 5. Ativador do plasminogênio tecidual (t-PA): enzima que tem a função de ativar o plasminogênio (proteína inativa produzida no fígado) em plasmina. Essa plasmina tem função de clivar a fibrina, quebrando a rede de fibrina que vai se formando com a cascata de coagulação, impedindo a formação do coágulo estável (Plasmina tem função fibrinolítica). Essa plasmina é importante para quando a parede vascular já está regenerada e não necessita mais do coágulo formado. Caso esse coágulo não seja clivado, pode ocorrer trombose. Avaliação de Sangramentos 1º passo) Obtenção de históricos completos: *Problema do paciente é permanente ou adquirido? *Presença ou ausência de ferimentos, epistaxe, menorragia, sangramento pós-cirúrgico, sangramento depois da extração de dentes e contusões causadas por contato no esporte? *Reunir todas as informações sobre sangramentos potenciais ou problemas de coagulação em todos os parentes de primeiro grau. 2º passo) Rastreamento de Sangramentos: ▪ Contagem de plaquetas ▪ TP/INR e TTPA ▪ Fibrinogênio ▪ Painel de von Willebrand (níveis antigênicos de von Willebrand, níveis do fator VIII e níveis do cofator ristocetina), se qualquer um desses fatores for anormal deve-se realizar análise de multímero do Fator de von Willebrand e estudos de agregação de plaquetas, para rastrear defeitos qualitativos nas plaquetas * Tempo de sangramento, envolvendo cortes na pele e a medição do tempo para formação de coágulos não têm nenhum papel confiável na avaliação da cascata de coagulação e na função das plaquetas ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 UFR ▪ Rastreamento de sangramentos totalmente normais exclui a esmagadora maioria dos problemas diagnosticáveis de sangramento Avaliação Laboratorial ▪ Tempo de protrombina (INR): Avalia função da via extrínseca ▪ Tempo de tromboplastina parcial (TTP): Mede a integridade da via intrínseca. - relativamente insensível para deficiências no fator IX, ao passo que é mais sensível para a depleção dos fatores VIII e XI. ▪ INR + TTP: identificar problemas na cascata de coagulação. ✓ INR elevado com TTP normal sempre indica alguma deficiência no fator VII, considerando que a mesma pessoa não pode ser deficiente no fator tecidual ✓ INR normal e TTP elevado significa que há algum problema em um ou mais fatores na via intrínseca (VIII, IX, XI, XII) ✓ INR e TTP elevados indicam a existência de algum problema na via comum ou depressão global nos fatores de coagulação ✓ TTPs baixos são o resultado do enchimento excessivo do tubo durante a flebotomia ou de elevação no fator VIII, que pode ser observado em quadros inflamatórios ▪ Tempo de Trombina (TT): mede o tempo necessário para gerar um coágulo de fibrina depois da adição de trombina ao plasma. -Permanecem elevados apenas na presença de um inibidor da trombina (tipicamente a heparina), na insuficiência de fibrinogênio ou (muito mais raramente) se houver defeitos fibrinogênicos. ▪ TTPs elevados ocasionados pela contaminação por heparina é definido com um nível normal de fibrinogênio e um TT elevado ▪ Depleção global de todos os fatores de coagulação é uma ocorrência típica para CID, ao passo que os níveis de fator VIII são preservados nos casos de insuficiência hepática Anticoagulação 1. Parenteral: Heparina 2. Oral: Cumarínicos 3. Fármacos Recentes: ação direta HEPARINA ▪ Substância sintetizada no nosso organismo pelos mastócitos ▪ Heparina não fracionada (HNF) ▪ Deve ter seu controle realizado através do TTPA ▪ Heparina de baixo peso molecular (Enoxaparina) ▪ Fondaparinux (sintética) ▪ Vias de ADM: SC (profilaxia) e IV. ▪ Não utilizar IM ▪ Antídoto: Protamina ▪ Efeitos Adversos: sangramentos, trombocitopenia induzida por heparinas e osteoporose (sobretudo HNF em doses superiores a 20000UI/dia por mais de 30 dias) ▪ Paciente Renal Crônico: HNF é a primeira escolha. CUMARÍNICOS ▪ Derivados da 4-hidroxicumarina ▪ Warfarina ▪ Dicumarol ▪ Acecumarol ✓ Inibe a vitamina K redutase ✓ Meia-Vida: 20 – 60 horas ✓ Hipersensibilidade: relacionada a CYP2C9 e VKORC1 ✓ Fazer controle através do INR (TP) ✓ Antídoto: Vitamina K ✓ Efeitos Adversos: hemorragia e necrose cutânea ✓ Interações: evitar refeições, não ingerir ou ingerir mesma quantidade de folhas verdes, medicamentos que também sofrem metabolização pela enzima CYP2C9 (barbitúricos e carbamazepina reduzem a ação, enquanto amiodarona, clopidogrel e fluoxetina aumentam) DROGAS DE AÇÃO DIRETA ▪ Dabigatrana: inibição direta do fator IIa ▪ Ravaroxabana, Apixabana, Edoxabana, Betrixabanaa: inibição do fator Xa ▪ Indicações: prevenção de AVC em FA não valvar, tratamento e prevenção secundária de TVP e TEP ▪ Tem excreção renal, logo são contraindicadas para pacientes com doença renal crônica ▪ Monitorização de INR não é necessária ▪ Poucas interações medicamentosas: carbamazepina, claritromicina, rifampicina, ritonavir, itraconazol,entre outros. ▪ Interações Alimentares: rivarozabana (usar ao jantar) e betrixabana (usar junto com as refeições) Doença de von Willebrand ▪ Distúrbio hereditário autossômico dominante (mutação no gene que codifica o FvW, no cromossomo 12) da homeostase que ocorre com bastante frequência na população branca, cuja prevalência chega a atingir 1-2% na população em geral ▪ Funções do fator de von Willebrand: 1. Forma ponte inicial entre o colágeno e plaqueta no sítio da lesão 2. Protege o fator VIII contra a degradação na circulação ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 UFR Classificação 1. Doença de von Willebrand Tipo I: ▪ Forma mais comum ▪ Indica a presença de uma quantidade anormalmente baixa da proteína de von Willebrand que, em outras circunstâncias, seria funcionalmente normal. 2. Doença de von Willebrand Tipo II: indica a presença de um defeito na função proteica, mesmo em quantidades normais. 3. Doença de von Willebrand Tipo III: se caracteriza pela ausência do fator de von Willebrand e por sangramento grave, comparável à deficiência grave do fator VIII nos casos de hemofilia A. Manifestações Clínicas ▪ Indivíduos assintomáticos, não raro, são diagnosticados após trauma ou cirurgia. ▪ Indivíduos sintomáticos apresentam frequentemente sangramentos cutâneo-mucosos, tais como equimoses, epistaxe, menorragia, hemorragia gengival e digestiva. ▪ Uso de AAS e AINEs pode precipitar eventos hemorrágicos. Diagnóstico ▪ Cofator ristocetina ▪ Dosagem do FvW *TTPA normal não exclui o diagnóstico da doença ▪ Tratamento ▪ Desmopressina ▪ Infusão de concentrado de fator VIII *Meta de tto: Correção do FvW para além de 50% de atividade coagulante na vigência de hemorragia. Trombofilia ▪ Coagulação inapropriada é uma causa substancial de morbimortalidade ▪ Se dividem em eventos arteriais ou venosos ▪ COÁGULOS ARTERIAIS -Se manifestam como IAM, AVC, isquemia nos membros ou infarto em órgãos ▪ COÁGULOS VENOSOS -De um modo geral, têm origem nas extremidades, embora possam ocorrer também nas veias abdominais. 1. TVP: termo usado para descrever coágulos em veias profundas maiores do corpo. Os sintomas são inespecíficos e incluem dor, vermelhidão ou inchaço na extremidade afetada. Uma proporção elevada de TVPs é assintomática, e o diagnóstico pode ser obtido apenas com imagens. 2. Tromboembolismo: processo em que os coágulos que têm origem em um local poderão se decompor e percorrer na direção do fluxo sanguíneo até se alojarem em algum outro local, bloqueando o êmbolo na circulação distal. 3. Embolia Pulmonar: coágulo, ou fragmento de coágulo, geralmente de origem nas veias proximais da perna, decompõe-se e percorre o lado direito do coração e se aloja nos pulmões. Sintomas e descobertas clássicas da EP incluem dor torácica pleurítica, hipóxia e taquicardia, porém nenhuma dessas condições está presente ou é transitória. Até um terço das EPs não apresenta nenhum sintoma simultâneo. Manifestações Clínicas ▪ TVP de MMII ▪ EP ▪ Mais raramente a trombose ocorre em outros sítios veias retinianas, veias intra-abdominais, MMSS, SNC, tromboflebite superficial) ▪ Os problemas de relevância clínica associados à trombose incluem a morbidade ligada ao evento agudo, a recorrência de eventos tromboembólicos, a síndrome pós-trombótica e a mortalidade decorrente de embolia pulmonar ▪ TVP proximal nas pernas é a condição mais grave, pois o diâmetro dessas veias é suficientemente grande, de modo que um coágulo embolizado proveniente desse local pode ser potencialmente letal. ▪ TVPs nas extremidades superiores geralmente são ocasionadas por cateteres intravasculares ou pela síndrome de Paget-Schroetter, em que o retorno sanguíneo dos braços apresenta danos anatômicos. ▪ Trombose de esforço: associada a atividade física repetitiva com braços, afetando frequentemente jovens atletas. Pode evoluir para um estágio crônico com modificações fibróticas da veia e disfunção motora do membro afetado; embolia pulmonar ou paradoxal também são possibilidades já relatadas ▪ Embolismos paradoxais: podem ocorrer nas situações em que um coágulo no sistema venoso atravessar para o sistema arterial, geralmente através de um forame oval patente, produzindo AVC, infarto ou isquemia nos membros ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 UFR ▪ Causas locais de trombose arterial: envolvem ruptura de placas ateromatosas, trauma direto ou fluxo sanguíneo turbulento ▪ Causas sistêmicas de trombose arterial: advém da ativação inapropriada de plaquetas, sendo que as mais significativas são: ✓ TIH, anticorpos antifosfolípides ✓ Distúrbios mieloproliferativos ✓ CID ✓ Hemoglobinúria paroxística noturna ou hiper- homocisteinemia Tratamento ▪ Terapia antiplaquetária: aspirina ou clopidogrel, normalmente em combinação com outros anti- coagulantes. Deficiências de Anticoagulantes Naturais ▪ Durante a ativação do sistema de coagulação, proteases séricas com atividade pró-coagulante são geradas sequencialmente, o que culmina na formação de um coágulo estável de fibrina ▪ Atividade dessas proteases é inibida por um grupo de proteínas denominadas anticoagulantes naturais ou inibidores fisiológicos da coagulação: 1. Antitrombina 2. Proteína C 3. Proteína S ▪ Embora as deficiências de AT, PC e PS sejam fatores de risco independentes para a ocorrência de TEV, em conjunto essas três anormalidades são detectadas em 5-15% dos casos de TEV. Dessa forma, pode-se afirmar que são causas bem estabelecidas, mas relativamente raras, de doença trombótica venosa. Antitrombina ▪ Membro da super-família de proteínas designadas serpinas. ▪ É o principal inibidor da trombina, mas também exibe efeitos inibitórios sobre outros fatores da coagulação tais como os fatores IXa, Xa, XIa e XIIa. ▪ Acelera a dissociação do complexo fator VIIa-Fator Tecidual, e impede sua religação. ▪ Homens e mulheres são igualmente afetados. ▪ É conceito estabelecido que a deficiência heterozigótica de AT é associada a risco aumentado de TEV, enquanto que o estado homozigótico para a deficiência é extremamente raro e assume-se que seja incompatível com a vida. DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO ▪ Determinação plasmática da atividade e das concentrações do antígeno, usando métodos funcionais e imunológicos, respectivamente. Proteína C e Proteína S ▪ Deficiências de PC e PS resultam em defeitos no sistema anticoagulante do sangue. ▪ PC é ativada após a ligação da trombina a seu receptor no endotélio (trombomodulina); a PC ativada cliva e inativa os fatores Va e VIIIa da coagulação, inibindo, portanto, a formação do coágulo de fibrina. ▪ PS atua como cofator não enzimático da PC ativada, aumentando a eficiência dessas reações. ▪ Tendo em vista suas funções, é previsível que deficiências de PC e PS sejam ligadas a estados de hipercoagulabilidade e risco aumentado para ocorrência de TEV. DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO ▪ Determinação plasmática da atividade e das concentrações do antígeno, usando métodos funcionais e imunológicos respectivamente. ✓ Deficiência de PC Tipo I: baixas concentrações plasmáticas da atividade funcional e do antígeno da PC. ✓ Deficiência de PC Tipo II: baixos níveis de atividade funcional da proteína com níveis antigênicos normais. * PS circula na forma livre (fração designada PS livre, correspondendo a aproximadamente 40% da proteína circulante) e complexada à proteína C4b-BP (60% da PS circulante). A designação de PS total é utilizada quando as duas formas são consideradas em conjunto. • Deficiência de PS Tipo I: deficiência quantitativa com redução da PS total e livre. • Deficiência de PS Tipo II: deficiência qualitativa, caraterizada por atividade diminuída e níveis antigênicos normais de PS total e livre. • Deficiência de PS Tipo III: níveis normais de PS total e baixos níveisde PS livre. Resistência à Proteína C ativada e Fator V Leiden (FV:Q506) ▪ Principal anormalidade genética envolvida na etiologia das trombofilias ▪ Fator V mutante é resistente à neutralização mediada pela PC ativada, o que leva a um estado de hipercoagulabilidade e aumento significativo da susceptibilidade para ocorrência de TEV ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 UFR ▪ Magnitude do aumento de risco trombótico associado ao FVL é provavelmente menor que a observada em casos de deficiência de AT, PC e PS. ▪ FVL é altamente prevalente em populações caucasianas, com frequência de portadores variando de 1-15% Polimorfismo G20210A no Gene de Protrombina ▪ Níveis plasmáticos de protrombina em portadores de mutação foram mais elevados do que em não portadores. ▪ Os níveis de complexos trombina-antitrombina assim como os de fragmento 1+2 da protrombina foram também mais elevados em portadores de mutação, fornecendo evidência para uma associação entre a mutação e formação aumentada de trombina. Esses dados apontam para uma associação do FII com formação excessiva de trombina, fato que pode contribuir para a compreensão do seu papel nas doenças trombóticas. ▪ Diagnóstico: determinação do genótipo utilizando técnicas de análise gênica. Hiper-Homocisteinemia ▪ Elevação anormal das concentrações plasmáticas do aminoácido homocisteína ▪ Fator de risco estabelecido para ocorrência de trombose venosa, sendo associado a um aumento de risco trombótico da ordem de duas a quatro vezes ▪ Fatores genéticos e adquiridos interagem para determinar as concentrações de homocisteína no plasma e por essa razão classifica-se hiperhomocisteinemia com um fator de risco “misto” para TEV ✓ Grave: > 100 mmol/L ✓ Moderada: 25-100 mmol/L ✓ Leve: 16-24 mmol/L ▪ Causas Adquiridas de Hiper-Homocisteinemia: deficiências nutricionais de vitamina B12, vitamina B6 e folato; idade avançada; insuficiência renal crônica e uso de medicações anti-fólicas ▪ Defeitos nos genes das enzimas metilenotetraidrofolato redutase (MTHFR) e cistationina b-sintase (CBS) envolvidas no metabolismo intracelular da homocisteína, podem resultar em deficiência enzimática e hiper- homocisteinemia ▪ Hiper-homocisteinemia é usualmente diagnosticada mediante determinação dos níveis de homocisteína no plasma (em jejum e/ou após teste de administração de metionina) utilizando as técnicas de espectrofotometria de massa ou de HPLC com detecção eletroquímica ou fluorescente. Aumento dos Níveis Plasmáticos de Fatores de Coagulação ▪ Concentrações plasmáticas do fator VIII da coagulação refletem a influência combinada de fatores hereditários e adquiridos. ▪ Genes codificadores dos grupos sanguíneos ABO e do Fator de von Willebrand influenciam os níveis de fator VIII. Adicionalmente, agregação familiar de níveis elevados de fator VIII (não ligada ao grupo sanguíneo ou ao FvW) foi também descrita, apontando para a existência de componentes genéticos desconhecidos determinando as concentrações plasmáticas do fator VIII da coagulação. ▪ Dentre os fatores adquiridos que influenciam os níveis de fator VIII, destaca-se a inflamação, pois o fator VIII comporta-se como uma proteína de fase aguda. ▪ Níveis elevados de fator VIII representam um fator de risco estabelecido para TEV. ▪ Hiper-fibrinogenemia é associada a risco aumentado de TEV ▪ Níveis plasmáticos elevados de fator XI são associados a um aumento de risco de trombose venosa da ordem de 2,2 vezes Fatores de Risco Genéticos Raros ▪ Causas raras de trombofilia incluem as desfibrinogenemias e as deficiências de plasminogênio e de cofator II da heparina. ▪ Pesquisadas por meio de dosagens plasmáticas Diagnóstico Laboratorial das Trombofilias ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 UFR Fatores de Risco no TEV ▪ Anticorpos antifosfolipides ▪ Malignidades ▪ Hemoglobinúria Paroxística Noturna ▪ Hemólise ▪ Gravidez ▪ Uso de Medicações Condutas ▪ Reperfusão (IAM com supra de ST) Deverá ser feita imediatamente por meios mecânicos ou farmacológicos ▪ Anticoagulação imediata (TVP e TEV) *Todas as TVPs, precisam de, pelo menos, 3 meses de anticoagulação *Tempo final de anticoagulação deve ser individualizado para cada paciente (Risco de recorrência, risco de sangramento, inconveniência da anticoagulação de longo prazo) *Outros fatores de risco modificáveis incluem gravidez, contraceptivos orais, outros compostos estrogênicos (como o megesterol), obesidade, malignidade, tabagismo, imobilidade prolongada ou viagens em longas distâncias, em especial nas viagens por via aérea.
Compartilhar