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REMEDIO CONSTITUCIONAL


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REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS. 
HABEAS CORPUS
Fonte doutrinária:
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva.
Origens históricas
Para parte da doutrina, teve origem no Direito Romano: interdictum de libero homi-
ne exhibendo.
 
Para outros, entretanto, na Magna Carta, outorgada pelo rei João Sem Terra, em
1215;
As leis inglesas serviram de base à Constituição dos Estados Unidos da América
do Norte (1778) que previu expressamente o habeas corpus em seu texto.
Em 1789 o habeas corpus foi incluído na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão.
Atualmente o instituto está difundido em quase todas as legislações do mundo.
Origens do habeas corpus no Brasil 
O habeas corpus entrou, pela primeira vez, na nossa legislação, de forma ex-
pressa, com a promulgaçao do Código de Processo Criminal (1832), cujo art. 340
dispunha: “Todo cidadão que entender que ele ou outrem sofre uma prisão ou con-
strangimento ilegal em sua liberdade tem direito de pedir uma ordem de habeas
corpus em seu favor”. 
Para Pontes de Miranda, o habeas corpus já constava implicitamente no direito
pátrio, desde a Constituição Imperial de 1824.
A primeira forma conhecida em nosso ordenamento jurídico foi o habeas corpus
liberatório, isto é, aquele que fazia cessar um constrangimento à liberdade ambu-
latória. Posteriormente estendeu-se o remédio heróico àquelas hipóteses em que o
cidadão simplesmente encontrava-se ameaçado na sua Liberdade de ir e vir, con-
sagrando-se a figura do habeas corpus preventivo.
Com a Constituição Republicana, em 1891, o habeas corpus é citado expressa-
mente em texto constitucional.
Atualmente, o habeas corpus está previsto no art. 5, inciso LXVIII, da CF/88: con-
ceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de so-
frer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder.
Conceito
Segundo Fernando Capez, é um remédio judicial que tem por finalidade evitar o
fazer cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção decorrente de ile-
galidade ou abuso de poder.
Significado da expressão habeas corpus
“Que tomes o corpo e o apresentes”.
Natureza jurídica
É uma ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de
custas e que visa evitar ou cessar violência na liberdade de locomoção, por ilegali -
dade ou abuso de poder.
Base legal
CF/88 - Art. 5º, LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou 
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, 
por ilegalidade ou abuso de poder.
Código de Processo Penal- Art. 647 e 648 – Dar-se-á habeas corpus sempre que
alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua
liberdade de ir ou vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Espécies
Liberatório ou repressivo: destina-se a afastar o constrangimento ilegal já efetivado
à liberdade de locomoção.
Preventivo: destina-se a afastar uma ameaça à liberdade de locomoção. Nesta hi-
pótese, expede-se salvo-conduto.
Legitimidade ativa
Qualquer pessoa, independentemente de habilitação legal ou representação de ad-
vogado.
Pode ser impetrado por pessoa jurídica, em favor de pessoa física.
Pode ser impetrado por Promotor de Justiça (art. 32, I, da LOMP).
O Delegado de Polícia pode impetrá-lo, não como autoridade, mas como cidadão
(RTJ, 116/917 e RT, 545/438 – Tourinho Filho).
Não pode ser impetrado por Juiz de Direito, em face da inércia da jurisdição.
O estrangeiro pode impetrar habeas corpus em causa própria, porém exige-se que
a petição esteja redigida em português, sob pena de não conhecimento do writ.
Legitimidade passiva
Parte legítima passiva no habeas corpus é todo aquele que de qualquer modo cau-
sa ou ameaça o paciente de constrangimento ilegal. Ex. delegado de polícia, pro-
motor de justiça, juiz de direito, tribunal etc., desde que haja ilegalidade ou abuso
de poder. 
No que diz respeito a ato de particular, a matéria não é pacifica, mas há entendi-
mento que só caberá em casos de ilegalidade, uma vez que a lei não exige que o
constrangimento provenha de autoridade pública.
Inadmissibilidade
Durante o estado de sítio (CF, art. 138, caput, e 139, I e II).
É inadmissível a impetração de habeas corpus se não há atentado contra a liberda-
de de locomoção.
 
Personagens
a) impetrante: quem requer o habeas corpus; 
b) paciente: quem sofre coação; 
c) detentor: quem tem o paciente sob custódia;
d) coator: quem exerce violência ou coação.
O HC no Código de Processo Penal
CAPÍTULO X
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na
iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos
casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III- quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV -quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei
a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.
Art.649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar
imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual
for a autoridade coatora.
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao
processo, desde que este não esteja em conflito com os fundamentos daquela.
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do pro-
cesso, este será renovado.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será
condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, ti -
ver determinado a coação.
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das
peças necessárias para ser promovida a responsabilidade da autoridade.
Art. 654.O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em
seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
§ 1o A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coa-
ção e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ame-
aça de coação, as razões em que funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber
ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências.
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem
de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal.
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou
a autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a expedição de or-
dem de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e
apresentação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos
mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas se-
rão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, salvo quando se tra-
tar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou
ao Tribunal de Apelação impor as multas.
Art. 656.Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário,
e estiver preso o paciente, mandará que este Ihe seja imediatamente apresentado
em dia e hora que designar.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de pri-
são contra o detentor, que será processado na forma da lei, e o juiz providenciará
para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo.
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apre-
sentação, salvo:
I- grave enfermidade do paciente;
Il -não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção;
III - se o comparecimento nãotiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribu-
nal.
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se
este não puder ser apresentado por motivo de doença.
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso.
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação
ilegal, julgará prejudicado o pedido.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá,
fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, sal-
vo se por outro motivo dever ser mantido na prisão.
§ 2o Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade
da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangi-
mento.
§ 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a
prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele,
remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados
aos do inquérito policial ou aos do processo judicial.
§ 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de vio-
lência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.
§ 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver orde-
nado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do
processo.
Habeas Corpus para Covid-19
No dia 01/04/2020, a Defensoria Pública da União protocolou, no STJ um pedido
de habeas corpus coletivo (HC 570440 – DF) conforme resumo da decisão
monocrática proferida em 06/04/2020:
Trata-se de habeas corpus coletivo, preventivo e repressivo com pedido liminar
impetrado em favor de todas as pessoas presas, e que vierem a ser presas, que
estejam nos grupos de risco da pandemia da Covid-19. São apontadas como
autoridades coatoras todos os Tribunais de Justiça e
Tribunais Regionais Federais pátrios, e todos os Juízos criminais e de
execução penal, estaduais e federais, de primeira instância. É trazida à colação,
contudo, decisão monocrática proferida pelo Tribunal Regional Federal da 3ª
Região, que, no Habeas Corpus coletivo n. 006312/81.2020.4.03.0000, impetrado
na origem, indeferiu o pedido liminar.
Contudo, o pedido coletivo foi negado, assim como outros individuais. Apesar
disso, a tese que se tem utilizado nos pedidos é a de situação nova oferecedora de
riscos, reforçada pelo Decreto-Lei nº 6/2020, que decreta estado de calamidade
pública no Brasil, diante do Covid-19.
Trechos da decisão: “Habeas corpus coletivo, preventivo e repressivo com pedido liminar impetrado em
favor de todas as pessoas presas, e que vierem a ser presas, que estejam nos grupos de risco da
pandemia da Covid-19. São apontadas como autoridades coatoras todos os Tribunais de Justiça e
Tribunais Regionais Federais pátrios, e todos os Juízos criminais e de execução penal, estaduais e
federais, de primeira instância”. “Com efeito, o Plenário do Supremo Tribunal Federal negou referendo à
conclamação feita pelo Ministro Marco Aurélio no bojo da ADPF n. 347. E, no julgamento, foi alertado
pelo Ministro Luiz Edson Fachin que ‘o Judiciário não tem atribuição de induzir uma forma atípica de
indulto’, fundamento esse que possui o condão de afastar a tese defensiva, ao menos neste juízo de
cognição sumária, de que ‘a determinação genérica de soltura de presos nem sequer é nova em nosso
sistema, sendo anualmente adotada pelo Presidente da República nos indultos, restando apenas aos
juízes de execução identificar se presentes os requisitos objetivos delineados no decreto’ (e-STJ fl. 6)”.
“A questão em exame, portanto, necessita de averiguação mais profunda pelo Tribunal regional, que
deverá apreciar a argumentação da impetração e as provas juntadas ao habeas corpus no momento
adequado”. “Indefiro liminarmente o habeas corpus” (STJ; Habeas Corpus nº 570.440-DF; rel. Antônio
Saldanha Palheiro; Decisão Monocrática j. 03/04/2020). 
fonte: https://www.tjsp.jus.br/Download/Portal/Coronavirus/material/JulgadosCOVID-19.pdf?
637354710131705136
https://blog.sajadv.com.br/coronavirus-doenca-do-trabalho/
Modelo de habeas corpus
Fonte: http://www.lex.com.br/peticao_1126865_HABEAS_CORPUS.aspx
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE _______
Processo nº xxxxxxx
Inquérito nº xxxxxxx
(Nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrita na OAB nº xxxxx com Escritório
Profissional na (Rua), (número), (bairro), (CEP), (Cidade), (Estado), vem, respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição da
República Federativa do Brasil c/c arts. 647 e 648, II, do Código de Processo Penal,
impetrar a presente ordem de
HABEAS CORPUS
em favor de (Nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), residente e domiciliado na
(Rua), (número), (bairro), (CEP), (Cidade), (Estado), filho de (Nome) e (Nome), portador do
RG nº (xxxxxxxx) expedido pelo (xxx), CPF/MF nº (xxxxxxxx) , CTPS nº (xxxxxxxx), série
(xxxxx), como incurso no crime previsto no art. 121, § 2º, II e IV, do Código Penal,
encontrando-se acautelado nas dependências da xxª Delegacia Policial de (xxxx),
apontando como Autoridade Coatora o Exelentíssimo Senhor Doutor Juiz da (xx) Vara
Criminal do Juízo Regional de (xxxxxx) - Comarca da Capital do (Estado), pelos fatos a
seguir expostos:
O paciente encontra-se preso desde o dia (data ), por força da prisão temporária, por 30
dias, decretada pela Excelentíssima Juíza da (xxª) Vara Criminal do Juízo Regional de
(xxxxx), sendo, posteriormente, renovada a prisão preventiva em (data) pelo Excelentíssimo
Juiz da (xxª) Vara Criminal do Juízo Regional de (Estado).
Ocorre que, da data da prisão do paciente, até a presente, transcorreram mais de 106 dias,
tendo a autoridade coatora, por essa razão, excedido o prazo da instrução criminal, há muito
deveria ter sido findado.
<< Pesquisar jurisprudência >>
Ante ao acima exposto, espera a impetrante, que se faça cessar imediatamente o
constrangimento ilegal, pelo qual está passando o paciente, concedendo-lhe a ordem de
"HABEAS CORPUS" com a restituição da sua liberdade, através da expedição urgente do
competente alvará de soltura.
Tudo por ser de merecida e salutar justiça.
Nestes termos
Pede deferimento
(Local, data, ano)
Advogado
OAB
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