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7 O Discurso Argumentativo I

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Prévia do material em texto

ENSINO 
MÉDIO
PRODUÇÃO 
DE TEXTO 7
Capa_Humanas cad7_ al_pr.indd 14 07/12/16 19:20
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O Discurso Argumentativo I
PRODUÇÃO
DE TEXTO
Emiliana Abade
 O DISCURSO ARGUMENTATIVO I
1 Dissertação I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
 Persuadir é mais que conhecer, é convencer . . . . . . . . . .4
 Uma volta rápida à narração e à descrição . . . . . . . . . . .4
 O texto temático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6
 Estrutura da dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
2 Dissertação II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
 Com visão ampliada, um fato pode ser modificado . . . .19
 Análise de um texto dissertativo . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
 Tipos de argumentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
2137819 (PR)
MÓDULO
O Discurso
Argumentativo I
Há uma quantidade inimaginável de textos escritos: 
científicos, jornalísticos, humorísticos, literários… Em 
meio a tantos tipos, existe um especificamente para per-
suadir o leitor e convencê-lo a respeito de determinado 
ponto de vista. Para tanto, esse tipo de texto baseia-se 
na argumentação.
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Objetivos:
c Compreender a 
frequência e a 
importância da 
persuasão em 
diversos contextos 
comunicativos diários.
c Comparar a estrutura 
narrativa, descritiva 
e argumentativa por 
meio da leitura de 
excertos de textos 
desses gêneros, a 
fim de reconhecer as 
particularidades do tipo 
textual argumentativo.
c Produzir textos de 
diversos gêneros 
dissertativos, 
adequados 
tematicamente e 
estruturalmente, 
contendo: introdução 
com tese clara, 
desenvolvimento 
com ponto de vista 
em defesa da tese, e 
conclusão.
4 O Discurso Argumentativo I
CAPÍTULO
1 Dissertação I
 PERSUADIR É MAIS QUE CONHECER, É CONVENCER 
Em um Universo imensurável, cada um de nós é único. Somos únicos na íris dos olhos, nas im-
pressões digitais. Em nossas preferências por cor, sabor, amigos, namorados(as), profi ssões, estilo 
de vida etc., somos opostos ou semelhantes.
E, para defender as coisas de que gostamos e as ideias nas quais acreditamos, precisamos en-
contrar argumentos convincentes no dia a dia, desde muito cedo: a criança, por exemplo, que 
deseja um brinquedo novo, precisa persuadir seu pai de que o que quer é diferente de tudo o que 
já possui; o adolescente que deseja um smartphone também precisa induzir em seus pais a crença 
de que o novo modelo possui funcionalidade e modernidade que o “velho” aparelho já perdeu.
A persuasão não é conquista somente de escritores, cientistas, palestrantes e mestres. É a nossa 
conquista diária, gerada em conversas, leituras, debates, pensamentos, amadurecimentos.
Sem ela, seremos mais sós, mais manipulados, mais desmotivados. Com ela, teremos voz nas 
defi nições.
 UMA VOLTA RÁPIDA À NARRAÇÃO E À DESCRIÇÃO
Leia os textos a seguir com bastante atenção.
A pequena vendedora de fósforos
Estava muito frio, a neve caía e já começava a escurecer. Uma menina descalça e sem 
agasalho andava pelas ruas. Ela já estava com os pés roxos. Tinha pacotinhos de fósforos para 
vender. Naquele dia não havia conseguido vender nada. Se voltasse para casa, sem dinheiro, 
seria castigada pelos pais.
As casas estavam iluminadas porque era noite de passagem de ano.
Com as mãos geladas, pensou em acender um fósforo. Conseguiu. Olhando a chama, ima-
ginou ver uma lareira com fogo, esquentando-a. Mas logo a chama apagou e a lareira sumiu.
Acendeu outro fósforo que fez a parede de uma casa fi car transparente. Então ela viu a 
mesa, a louça, o assado, as frutas. Mas o fósforo apagou e a parede fi cou grossa.
Depois, as velinhas da árvore de natal começaram a subir, a subir e vi-
raram estrelas. Uma era estrela cadente e riscou o céu. Lembrou-
-se da avó — a única pessoa que tinha gostado dela e que já 
havia morrido. Ela dizia: “Quando uma estrela cai, é sinal 
de que uma alma subiu para o céu”.
A menina riscou mais um fósforo e viu a avó tão 
boa e carinhosa. E foi acendendo outros fósforos 
para que a avó não sumisse. E a avó muito linda 
pegou a menina no colo e voou para onde não fa-
zia frio e não havia fome nem dor.
De manhã, encontraram a menina que tinha 
morrido de frio.
Ninguém podia adivinhar tudo o que ela tinha 
visto: a lareira, os assados, as estrelas, a avó…
Adaptado de Hans Christian Andersen.
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O Discurso Argumentativo I
Inverno
Caracterizado como a estação com as temperaturas mais baixas, o inverno se estende de 
21 de dezembro a 22 de março, no hemisfério norte; e de 21 de junho a 23 de setembro no 
hemisfério sul. O inverno tem início com o término do outono e antecede a primavera.
As noites são mais longas que os dias nas regiões onde é inverno, visto que a incidência de 
raios solares é menor nessa porção da Terra. 
No Brasil, o inverno é mais rigoroso nos estados da Região Sul (Paraná, Santa Catarina e 
Rio Grande do Sul). Esses locais podem registrar temperaturas negativas, além da ocorrência 
de neve em determinados pontos.
Adaptado de FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. “Inverno”; Brasil Escola. 
Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/geografi a/inverno.htm>
Turistas comemorando a precipitação de neve no centro da cidade - serra Gaúcha, São José dos Ausentes, RS.
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Os dois textos falam sobre o frio. Mas são diferentes, apresentam estruturas distintas.
Na história de Andersen — “A pequena vendedora de fósforos” — existe uma estrutura que é 
narrativa, desenvolvida em prosa, com causalidade, passagem cronológica do tempo, mudanças no 
estado e nas ações da personagem: por causa do frio excessivo, a menina começa a imaginar coisas 
impossíveis, mas reveladoras de seus desejos e necessidades: uma lareira (para se aquecer do frio), 
a parede que fi ca transparente, capaz de mostrar-lhe os assados no interior da casa (para saciar 
sua fome), e fi nalmente o encontro com a avó, que já estava morta (para novamente ser amada).
O narrador, em terceira pessoa, é onipotente, pois conhece o mundo interior da persona-
6 O Discurso Argumentativo I
gem e nos faz revelações sobre ele. Sem essas informações, nenhum leitor poderia adivinhar 
tudo o que a menina vira em sua imaginação: a lareira, os assados, as estrelas, a avó…
Em “Inverno”, temos uma descrição. Os fatos são reais e relatados com detalhes, os verbos são 
conjugados no presente.
Quanto aos elementos usados para compor a linguagem — névoa, fósforo, lareira, mesa, 
assados, frutas, temperaturas, noites, Terra, neve… —, os dois textos, “A pequena vendedora 
de fósforos” (narração) e “Inverno” (descrição), apresentam termos predominantemente do 
mundo concreto; portanto, são textos figurativos, que simbolizam o mundo material.
 O TEXTO TEMÁTICO
Leia agora este texto.
Além da imaginação
Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina
Entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio.
E não é o frio que você imagina
Entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina
Entre a receita e a aspirina.
[…]
Tem gente que existe e parece imaginação.
Ulisses Tavares
Esse texto, como os dois anteriores, também fala a respeito do frio.
Seu título, “Além da imaginação”, sugere um rompimento no campo semântico presente pela 
impossibilidade de o leitor visualizar elementos em situação de normalidade.
Para muitas pessoas, a intensidade da fome, do frio, ultrapassa situações normais de tempo 
entre duas refeições ou o desconforto e o desamparo físico entre o chuveiro e a toalha…
Essas sensações particularizadas se generalizam na totalidade do ser que, de tanto romper li-
mites vitais, perde a dignidade de ser humano.
E é desse modo que o emissor se dirige ao interlocutor, levando-o a refletir sobre conceitos 
gerados das desigualdades humanas, próprios dos textos temáticos, nos quais predominamele-
mentos de uma linguagem abstrata.
Neles, não existe uma relação de anterioridade e posteridade, porque as relações são lógicas, 
pertinentes, abstratas, do pensamento. Em “tem gente que existe e parece imaginação”, acon-
tece a fusão entre a realidade e a ficção, isto é, a existência física da pessoa torna-se invisível, 
indiferente para muitos.
Realizamos, até aqui, uma volta rápida à narração e à descrição. Poderemos, então, agora, ob-
servar juntos os elementos que constituem o texto dissertativo, isto é, o texto predominantemen-
te temático, sem deixar de nos lembrar de que, de toda e qualquer estrutura textual, podemos 
extrair reflexões, identificar temas.
Observe também que, nas dissertações, poderemos encontrar narratividade, argumentos 
com aspectos descritivos, originários de mudanças que quase sempre ocorrem entre as ideias. 
Isso nos leva a concluir que as estruturas textuais não são “puras”, e aquilo que as distingue está 
diretamente relacionado à predominância ou não de elementos que nos levam (e quase sempre 
por questões didáticas) a denominá-las.
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 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Leia um editorial publicado pela Folha de S.Paulo. 
Injustiças e carteiradas
Em boa hora a Corregedoria Nacional de Justiça decidiu que vai revisar o caso envolvendo 
um magistrado do Rio de Janeiro e uma agente de trânsito que foi condenada a indenizá-lo 
por ter dito que ele era juiz, mas não era Deus.
A fatídica declaração ocorreu em fevereiro de 2011, após o magistrado ter sido parado 
pela agente numa blitz sem a carteira de habilitação e num carro sem placas. A sentença que 
a condenou a pagar R$ 5.000 por danos morais saiu há duas semanas.
Não surpreende que o caso tenha ganhado repercussão nacional, já que encerra elemen-
tos que são “cheesecake” mental para a fome que representantes da espécie humana nutrimos 
por boas histórias.
O que mais chama a atenção é a inversão de papéis. No plano simbólico, o poderoso juiz, 
que estava inapelavelmente errado, não apenas deixou de ser punido como ainda faturou 
uma indenização da humilde servidora, que cumprira com diligência seu papel ao não con-
ceder tratamento especial à autoridade. Injustiças fl agrantes sempre funcionam para tornar 
uma história cativante.
O segundo ponto relevante é o corporativismo da sentença. Num contexto republicano, o 
magistrado nem deveria ter-se identifi cado como juiz durante a blitz, já que isso não poderia 
alterar sua situação legal. Ao contrário até, o fato de um representante da Justiça estar come-
tendo tantas irregularidades deveria ser motivo de embaraço. Mas a condição profi ssional do 
magistrado serviu não apenas para ele dar voz de prisão à agente (outra injustiça) como 
ainda fundamentou a sentença de indenização.
Para o desembargador que decidiu o caso, era “natural” que o magistrado informas-
se que era “juiz de Direito” e que, “mesmo ciente da função pública desempenhada por 
ele”, a agente de trânsito “agiu com abuso de poder, ofendendo-o”. Aqui, o desembar-
gador institucionalizou a carteirada. Ainda bem que magistrados não são deuses, ou 
seria ainda pior.
Folha de S.Paulo, 12 nov. 2014.
O texto lido apresenta, em sua introdução, o ponto de vista de quem o escreve jun-
to ao tema que será desenvolvido: a necessidade de revisar a injustiça que sofreu uma 
agente de trânsito ao dizer a um magistrado que ele não era Deus. Dá-se a esse pro-
cedimento o nome de tese.
Para defendê-la, o enunciador (representando o editor do jornal) emprega ar-
gumentos que apresentam a situação e que comprovam a inversão de papéis em 
nossa sociedade: juiz infrator pune agente de trânsito honesta. Além disso, fi ca 
clara sua indignação com o corporativismo da sentença (o juiz, que deixou de ser 
punido, deu voz de prisão à agente). Tem-se aqui o desenvolvimento do texto.
Ao constatar que a carteirada foi institucionalizada em nosso país, isto é, 
que as autoridades abusam do cargo que ocupam para conseguir um objetivo 
na marra, o enunciador retoma as palavras ditas pela agente de trânsito (“ainda 
bem que magistrados não são deuses, ou seria ainda pior”) para reafi rmar a neces-
sidade de revisão dessa injustiça. Trata-se da conclusão.
Quanto ao gênero, o texto é um editorial, está redigido na primeira pessoa do plu-
ral (“a fome que representantes da espécie humana nutrimos por boas histórias”), e, 
nele, o enunciador defende, com determinação, a necessidade de revisão de injustiças 
envolvendo abuso de poder dos magistrados.
Nos editoriais, que têm a estrutura da dissertação, os fatos são apresentados, anali-
sados, e tudo isso leva o leitor a fazer refl exões: tornam-se, assim, textos predominan-
temente temáticos, e não apenas fi gurativos.
Se o ponto de vista do editor fosse diferente, isto é, se ele se mostrasse favorável 
 DEFINIÇÃO
 Editorial: é o texto que expressa 
a opinião de um veículo de comu-
nicação a respeito de um assunto 
da atualidade, quase sempre 
polêmico.
8 O Discurso Argumentativo I
à manutenção da pena que sofreu a agente de trânsito: citaria 
que agentes de trânsito não possuem boa reputação no Brasil, 
pois costumam receber propinas; que um juiz é autoridade má-
xima e representante da justiça; que, quando a agente de 
trânsito disse ao juiz que ele não era Deus, ofendeu-o 
e, por isso, deve indenizá-lo, entre outros.
A conclusão revelaria, entre outras variáveis, que a 
sentença do magistrado não deve ser questionada ou 
revisada pela autoridade que ele representa.
Percebe-se, assim, que, para se estruturar uma 
dissertação, não basta apenas delimitar um tema 
que traga alguma polêmica junto ao leitor. É pre-
ciso selecionar argumentos que deem sustentação 
à tese que se irá defender.
Como temas, podem ser citados: a influência da televisão; o uso da inter-
net; o trabalho e o lazer; a impunidade; a importância da espiritualidade; o uso da 
energia atômica; o poder do conhecimento; a importância da educação na formação 
do ser humano; a tolerância para com os diferentes etc.
Definido o tema, é necessário delimitar o ponto de vista do produtor do texto e 
apresentá-lo logo no início. Desse modo, a tese estará criada. Exemplos: A educação 
tradicional não atende aos apelos dos mais jovens: é preciso ouvi-los, primeiramente, 
em seus anseios mais íntimos; ou: A televisão é prejudicial quando a sua programação 
não discrimina o público a quem se dirige; ou, ainda: Num mundo acelerado, as pes-
soas buscam encontrar um lugar para a espiritualidade. Mas… qual será o caminho?
Feito isso, é preciso encontrar argumentos válidos e convincentes para sustentar o 
ponto de vista que foi apresentado, com o objetivo de influenciar o leitor. Esta é a função do 
desenvolvimento.
A conclusão precisa ser coerente com a tese e com os argumentos presentes 
no desenvolvimento, ou ainda apresentar nova(s) perspectiva(s) para o assunto 
enfocado.
A dissertação geralmente é redigida na terceira pessoa do singular ou, vez 
por outra, na primeira pessoa do plural. As dissertações redigidas na primeira 
pessoa do singular são menos comuns.
Tema e título
O tema é a delimitação do assunto proposto para reflexão.
O título sintetiza o conteúdo discutido, ou faz referência a ele, e por isso é acon-
selhável a criação de um título somente após a elaboração do texto.
Vejamos as distinções entre título e tema, presentes em dois textos analisados neste 
capítulo.
Em “Além da imaginação”, o título reflete o rompimento de limites contidos na rea-
lidade, gerando o inimaginável, o irreal. Quanto ao tema identificado nos versos, este 
revela a visão de um mundo no qual existem diferentes necessidades decorrentes 
de desigualdades econômicas e sociais.
No tema do último texto lido, “Injustiças e carteiradas”, a palavra “revisar” 
representa o ponto de vista do produtor do texto. O tema está vinculado às 
decisões injustas na aplicação das leis no país.
Visão de mundo
Para refletirsobre um assunto polêmico, é preciso possuir conhecimento apro-
fundado desse assunto, e isso só é conseguido por meio da leitura de jornais diá-
rios, revistas, noticiários ou de textos específicos ao tema, veiculados pela internet.
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Textos ficcionais também revelam a visão de mundo de quem os escreve. Por esse mo-
tivo, quem lê com frequência ou assiste a bons filmes vai construindo sua visão de mundo, 
indispensável para refletir sobre posições polêmicas e registrá-las em textos dissertativos.
ATIVIDADES
 1 Leia os três textos e identifi que sua modalidade (narração, des-
crição ou dissertação), justifi cando sua resposta.
Texto I
Verônica tirou a chave da bolsa e hesitou um instante. Pela 
primeira vez entraria naquele pequeno apartamento saben-
do que ele não estava ali. Deixara-o no Jardim da Sauda-
de, hora e meia antes, num bairro muito longe da Glória. 
Quando perguntavam onde morava, ela dizia com um or-
gulho triste:
— Na Glória.
CONY, Carlos Heitor e LEE, Anna. O beijo da morte. 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2003.
Texto II
O uso da Ritalina — remédio indicado para o tratamento 
do transtorno do défi cit de atenção com hiperatividade 
(TDAH) — tem aumentado no Brasil, principalmente entre 
crianças e adolescentes. Estudos apontam que, nos últimos 
dez anos, seu consumo cresceu quase 800%. E, já que ado-
ramos rankings, o Brasil quase lidera a lista de países cam-
peões no uso desse medicamento, perdendo apenas para 
os EUA.
Quais são as razões para tal crescimento? Por um lado, médi-
cos afi rmam que o fenômeno se deve ao maior conhecimen-
to do TDAH e de seu diagnóstico e tratamento. Por outro, di-
zem que tem havido excesso de diagnósticos e de indicações 
da droga medicamentosa.
Rosely Sayão. In: Folha de S.Paulo, 11 nov. 2014.
Texto III
Uma cena do bairro: uma mulher de uns 35 anos passeia 
com sua fi lha, de uns cinco anos, com um cachorrinho vira-
-lata. Zona oeste de São Paulo, árvores para todo lado. Dia 
de semana, por volta das dez horas da manhã.
Elas não parecem ter qualquer pressa. Bem alimentadas. A 
mãe, ainda sem o estresse da vaidade cotidiana naquele ins-
tante, tem o cabelo bem tratado.
Luiz Felipe Pondé. In: Folha de S.Paulo, 29 set. 2014.
Texto I – narração. Sequência de ações ambientadas no tempo e no espaço, 
transformação dessas ações e presença de um narrador apresentando as per-
sonagens e os acontecimentos. 
Texto II – dissertação. A partir da apresentação de um fato concreto, cria-se a 
possibilidade de analisar e refl etir sobre os seus efeitos.
Leia o texto para responder às questões de 2 a 4.
A banalização da vida
Este é talvez um dos fatos mais assustadores e tristes do nos-
so momento: falta de segurança generalizada, o medo, pois 
aqui se mata e se morre como quem come um pãozinho.
Bala perdida, trafi cante, bandido graúdo ou pequeno, e o 
menor de idade, que é o mais complicado: pelas nossas leis 
absurdas, sendo menor ele não é de verdade punido. É le-
vado para um estabelecimento hipoteticamente educativo 
e socializador, de onde deveria sair regenerado, com profi s-
são, com vergonha na cara, sair gente. Não sai. Não, salvo 
raríssimas exceções, e todo mundo sabe disso.
Todo mundo sabe que é urgente e essencial reduzir para 
menos de 18 anos a idade em que se pode prender, julgar, 
condenar um assassino feroz, reincidente, cruel e confesso. 
Mas aí vem quem defenda, quem tenha pena, ah! os direitos 
humanos, ah! são crianças.
São assassinos apavorantes: torturam e matam com frieza 
de animais, tantas vezes, e vão para a reeducação ou a res-
socialização certamente achando graça: logo, logo estarão 
de volta. Basta ver os casos em que, checando-se a fi cha do 
“menino”, ele é reincidente contumaz.
Outro ponto dessa nossa insegurança é a rala presença de 
policiais em muitas cidades brasileiras. Posso rodar quartei-
rões intermináveis de carro, e não vejo um só policial. Culpa 
deles? Certamente não.
Os policiais ganham mal, arriscam a vida, são mortos fre-
quentemente, são mais heróis do que vilões, embora muitos 
os queiram enxergar assim. Onde não temos policiamento, 
mais insegurança.
Na verdade, a violência é tão alta e tão geral no país que 
mesmo porteiros treinados de bons edif ícios ou condomí-
nios pouco adiantam: facilmente são rendidos, ou mortos, e 
estamos à mercê da bandidagem.
Texto III – descrição. No texto, verifi camos a caracterização de uma situação 
(cena): mãe e fi lha passeando, desenvolvida por meio de verbos de estado e 
frases nominais.
10 O Discurso Argumentativo I
Banalizamos a vida também nessas manifestações de toda 
sorte, em que paus, barras de ferro, bombas caseiras, até 
armas de fogo, não apenas assustam, não só ameaçam, mas 
aqui e ali matam alguém. Incendeiam-se ônibus não ape-
nas em protesto, mas por pura maldade, com gente dentro, 
mesmo crianças: que civilização estamos nos tornando?
Morrer assassinado, mesmo sem estar no circuito perigoso 
dos bandidos, dos marginais, começa a se tornar, não ainda 
banal, mas já frequente: nas ruas, às 10 da manhã, matam-
-se pais de família ou jovens estudantes ou operários. Não 
falo em becos onde a violência impera e a mortandade é 
comum, mas em ruas abertas de bairros de classe média.
Não se passa semana sem que se noticie criança morta por 
bala perdida. Agora uma mulher foi morta com um tiro na 
cabeça quando ia comprar pão para as oito crianças que 
estava criando: levada no porta-malas do carro da polícia, 
caiu na rua, fi cou presa pela roupa e assim foi arrastada no 
asfalto por um longo trecho.
Vemos esse horror na televisão, e vamos tomar calmamente 
o café da manhã. Nada, quase nada mais nos espanta: es-
tamos fi cando calejados, não nas mãos por trabalho duro, 
mas na alma pelo horror que nos assola tanto que a cada vez 
nos horrorizamos menos.
Que humanidade estamos nos tornando, nós os abandona-
dos, os expostos, os indefesos, sem proteção nem de uma 
Justiça confusa, anacrônica, irreal, e, quando a lei é boa, tão 
mal cumprida?
Quero escrever uma coluna otimista. Quero escrever poe-
mas delicados, romances intensos, crônicas de amor pela 
cidade, pelas pessoas, pela natureza, quero tudo isso. Mas 
se tenho voz, e vez, não posso falar de fl ores enquanto o as-
falto mostra manchas de sangue, famílias são destroçadas, 
ruas acossadas, casas ameaçadas, seres humanos feito coe-
lhos amedrontados sem ter para onde correr, nem a quem 
recorrer, e não se vê nem uma luz no fi m desse túnel.
Pouca esperança real temos. Nós nos desinteressamos para 
sobreviver emocionalmente diante da horrenda banaliza-
ção da vida representada não só pela quantidade e violência 
dos crimes cometidos e impunes como pela punição incri-
velmente pequena para quem mata com seu automóvel por 
correr demais ou dirigir bêbado, por exemplo.
O descaso, ou a incompetência, com que tudo isso é admi-
nistrado nos faz temer outra ameaça ainda: a banalização 
da vida é o outro lado da banalização da morte.
Lya Luft. In: Veja, 29 mar. 2014.
 2 Quanto ao modo de composição, o texto apresenta-se sob a 
forma de:
a) narração de um episódio cotidiano.
b) descrição de personagem.
c) dissertação sobre tema polêmico.
d) narração de um fato atual.
e) descrição de espaço.
O texto tem como objetivo 
analisar, refl etir sobre um 
fato: a falta de segurança 
generalizada e o medo que 
ela causa. Alternativa c 
 3 No terceiro e no quarto parágrafo, a autora trata de um tema 
bastante polêmico que é a redução da maioridade penal, dei-
xando clara a sua opinião que é:
a) contrária, pois muitos adolescentes, que são privados de 
sua liberdade, não fi cam em instituições preparadas para 
sua reeducação, reproduzindo o ambiente de uma prisão 
comum.
b) favorável, porém concorda que não há dados que compro-
vem que o rebaixamento da idade penal reduz os índices 
de criminalidade juvenil.
c) contrária, pois a violência não será solucionada com a culpa-
bilização e punição,mas pela ação da sociedade e governos 
nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que 
as reproduzem.
d) favorável, pois, embora sejam menores, são assassinos apa-
vorantes: torturam e matam com frieza de animais, e vão 
para a reeducação certamente achando graça, com a certeza 
de que estarão de volta.
e) contrária, pois a imposição de medidas socioeducativas 
e não das penas criminais relaciona-se justamente com a 
fi nalidade pedagógica que o sistema deve alcançar.
 4 Releia o texto de Lya Luft para responder ao que se pede.
a) Transcreva o trecho em que a autora afi rma que a violência 
não nos espanta mais.
b) Transcreva o trecho em que a autora trata da relação entre 
os textos que ela produz e a violência.
No décimo primeiro parágrafo a autora mostra que a violência não nos espanta 
mais: “Vemos esse horror na televisão, e vamos tomar calmamente o café da 
manhã. Nada, quase nada mais nos espanta: estamos fi cando calejados, não 
nas mãos por trabalho duro, mas na alma pelo horror que nos assola tanto 
que a cada vez nos horrorizamos menos”.
No antepenúltimo parágrafo a autora trata da relação entre os textos que ela 
produz e a violência, afi rmando que gostaria de escrever conteúdos diferentes 
desse tema: “Quero escrever uma coluna otimista. Quero escrever poemas 
delicados, romances intensos, crônicas de amor pela cidade, pelas pessoas, 
pela natureza, quero tudo isso. Mas se tenho voz, e vez, não posso falar de 
fl ores enquanto o asfalto mostra manchas de sangue, famílias são destroçadas, 
ruas acossadas, casas ameaçadas, seres humanos feito coelhos amedrontados 
sem ter para onde correr, nem a quem recorrer, e não se vê nem uma luz no 
fi m desse túnel”.
No texto, a autora posiciona-se de forma favorável à redução da maioridade penal, 
tendo como argumento o fato de serem assassinos apavorantes e seus atos rein-
cidentes mesmo depois de passarem pela reeducação ou ressocialização proposta 
pelo sistema. Alternativa d
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fl exão da trajetória indica que fi cará mais dif ícil, se não in-
viável, realizá-la.
Cabe ao governo apresentar medidas para alcançar tal obje-
tivo, e não produzir argumentos e números fantasiosos. De 
nada adianta chorar o carbono derramado.
“Progresso da poluição”. Folha de S.Paulo, 21 nov. 2014.
No trecho “Soa risível, assim, a alegação da ministra Izabella 
Teixeira (Meio Ambiente) de que a piora das emissões era es-
perada porque o país está em desenvolvimento”, a expressão 
destacada pode ser substituída, sem prejuízo na apresentação 
do argumento, por:
a) é relevante.
b) é digna de riso.
c) é importante.
d) é coerente.
e) é intransferível.
Verifique no Portal SESI os materiais comple-
mentares com atividades relacionadas aos 
conteúdos deste Capítulo.
Roteiro de Estudos
Pensamento Crítico
MATERIAL COMPLEMENTAR
PARA PRATICARCOMPLEMENTARES
As questões de 6 a 8 focalizam uma passagem de um artigo de 
Cláudia Vassallo.
Aliadas ou concorrentes
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Alguns números: nos Estados Unidos, 60% dos formados 
em universidades são mulheres. Metade das europeias que 
estão no mercado de trabalho passou por universidades. 
No Japão, as mulheres têm níveis semelhantes de educação, 
mas deixam o mercado assim que se casam e têm fi lhos. A 
tradição joga contra a economia. O governo credita parte 
da estagnação dos últimos anos à ausência de participação 
feminina no mercado de trabalho. As brasileiras avançam 
c) Segundo a autora, o que poderia ser motivo de preocupação 
maior do que a falta de segurança generalizada?
 5 +Enem [H27] Leia trechos de um editorial. 
Como se não bastasse a safra de más notícias nos campos 
da economia e da política, o governo Dilma Rousseff (PT) 
colhe também na seara do ambiente frutos amargos semea-
dos nos últimos anos.
Sob sua direção, o país passou a poluir mais do que deveria. 
Em 2013, aumentaram 7,8% as emissões brasileiras de gases 
que agravam o efeito estufa. Como o PIB cresceu só 2,5%, 
no ano passado o Brasil passou a poluir mais a cada unidade 
de riqueza produzida.
É mais um retrocesso da gestão da petista. Desde 2005 
havia tendência de queda das emissões de carbono (termo 
genérico para vários gases do efeito estufa, dióxido de 
carbono — ou CO2 — à frente).
[…] 
Seu Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de 
Efeito Estufa constatou incremento dessa forma 
de poluição em todos os setores da economia.
Coube destaque para a mudança do uso do solo, categoria 
em que se encaixa o desmatamento na Amazônia e no cer-
rado, com um disparo de 16,4%. Também sobressai o mau 
desempenho do setor de energia, com 7,3%.
[…]
Soa risível, assim, a alegação da ministra Izabella Teixeira 
(Meio Ambiente) de que a piora das emissões era esperada 
porque o país está em desenvolvimento. Faltou pouco para 
concluir que poluição é progresso, raciocínio tosco que 
norteou nossa diplomacia em negociações internacionais 
de outrora.
O Brasil tem uma meta para cumprir: cortar de 36% a 39% 
as emissões nacionais até 2020. Faltam só seis anos, e a in-
Em sua conclusão, ao constatar o descaso ou a incompetência com que a violên-
cia é administrada em nosso país, a autora afi rma que pior que a banalização 
da vida seria a banalização da morte, isto é, quando não se tem mais respeito 
pela morte porque ela não tem importância.
“Risível” segundo o dicionário Aurélio signifi ca “que faz rir, burlesco; digno de 
escárnio; ridículo”. A expressão no contexto pode ser substituída por “é digna 
de riso”, ou seja, a alegação da ministra de que o aumento da poluição se deu 
porque o país está em desenvolvimento merece riso. Alternativa b 
12 O Discurso Argumentativo I
mais rápido na educação. Atualmente, 12% das mulheres 
têm diploma universitário — ante 10% dos homens. Metade 
das garotas de 15 entrevistadas numa pesquisa da OCDE 
disse pretender fazer carreira em engenharia e ciências — 
áreas especialmente promissoras.
[…]
Agora, a condição de minoria vai caindo por terra e os pa-
drões de comportamento começam a mudar. Cada vez me-
nos mulheres estão dispostas a abdicar de sua natureza em 
nome da carreira. Não se trata de mudar a essência do traba-
lho e das obrigações que homens e mulheres têm de encarar. 
Não se trata de trabalhar menos ou ter menos ambição. É só 
uma questão de forma. É muito provável que legisladores e 
empresas tenham de ser mais fl exíveis para abrigar mulheres 
de talento que não desistiram do papel de mãe. Porque, de 
fato, essa é a grande e única questão de gênero que importa.
Mais fortalecidas e mais preparadas, as mulheres terão um 
lugar ao sol nas empresas do jeito que são ou desistirão de-
las, porque serão capazes de ganhar dinheiro de outra for-
ma. Há 8,3 milhões de empresas lideradas por mulheres nos 
Estados Unidos — é o tipo de empreendedorismo que mais 
cresce no país. De acordo com um estudo da EY, o Brasil 
tem 10,4 milhões de empreendedoras, o maior índice entre 
as 20 maiores economias. Um número crescente delas tem 
migrado das grandes empresas para o próprio negócio. Os 
fatos mostram: as empresas em todo o mundo terão, mais 
cedo ou mais tarde, de decidir se querem ter metade da po-
pulação como aliada ou como concorrente.
Exame, out. 2013.
OCDE: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
EY: Organização global com o objetivo de auxiliar seus clientes a fortalecer seus 
negócios ao redor do mundo.
 6 (Vunesp) Em sua argumentação, a autora revela que a impor-
tância da presença das mulheres em atividades empresariais se 
deve, entre outros, a um motivo de ordem estatística:
a) elas revelam maior sensibilidade e uma intuição aguçada 
para os negócios.
b) elas representam um contingente considerável de metade 
da população do mundo.
c) elas são capazes, em comparação com os homens, de acu-
mular inúmeras tarefas.
d) elas se formam em média com rendimento maior que os 
homens nas universidades.
e) elas aumentam signifi cativamentea produção das empresas 
em que atuam.
 7 (Vunesp) Desde o título do artigo, que é retomado no último 
parágrafo, os argumentos da autora são motivados por um fato 
não referido de modo ostensivo, ou seja:
a) a boa empresária difi cilmente conseguirá se tornar uma boa 
mãe.
b) as mulheres mostram melhor desempenho nas atividades 
domésticas.
c) as atividades empresariais ainda são dominadas por homens.
d) as empresas fazem grande esforço pela participação de mu-
lheres.
e) o mercado ainda trata as mulheres mais como consumidoras 
do que empreendedoras.
 8 (Vunesp) No último parágrafo, focalizando o mercado de traba-
lho mundial, a autora sugere que as grandes empresas atuais:
a) correm o risco de privilegiar o mercado feminino, se come-
çarem a ser lideradas por mulheres.
b) não admitem, em todo o mundo, a liderança de mulheres.
c) precisam muito da liderança de mulheres, pois estas são 
atualmente mais capacitadas que os homens.
d) não precisam se preocupar com as mulheres, pois o empreen-
dedorismo destas é um fenômeno passageiro.
e) poderão ter de enfrentar no futuro a concorrência de em-
presas lideradas por mulheres.
ANOTAÇÕES
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TAREFA PROPOSTA
 1 Faça a associação correta.
a) Descrição
b) Narração
c) Dissertação
 I. Chamar alguém de macaco, polaco, amarelão ou qual-
quer outro termo pejorativo com a intenção de ofen-
der a vítima baseado em sua raça, cor ou etnia não é 
racismo, mas injúria agravada pelo conteúdo racial. A 
diferença, do ponto de vista jurídico, é enorme.
Em termos gerais, racismo ocorre quando alguém ten-
ta impedir a vítima de exercer seus direitos devido à 
sua raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, 
ou tenta fazer com que outras pessoas ajam dessa for-
ma. É um crime gravíssimo. Um dos poucos a serem 
mencionados especifi camente pela Constituição, que 
determina que ele é não só inafi ançável como também 
imprescritível. Ou seja, se você praticar racismo hoje, 
daqui a 80 anos ainda poderá ser processado. Compare 
isso com crimes como homicídio ou latrocínio, que 
prescrevem em 20 anos ou menos, e você terá ideia da 
gravidade do racismo.
Já a injúria agravada pelo conteúdo racial é ofender a 
honra ou dignidade de alguém usando sua raça, cor, 
etnia, religião ou procedência nacional como meio de 
ofensa.
Disponível em: http://direito.folha.uol.com.br 
 II. O lugar não era feio. Uma pequena cachoeira, de uns 
quinze metros de altura, despenhava-se em três partes, 
pelo fl anco da montanha abaixo.
A água estremecia na queda, como que se enrodilha-
va e vinha pulverizar-se numa grande bacia de pedra, 
mugindo e roncando. Havia muita verdura e, como que 
toda a cascata, vivia sob uma abóbada de árvores. O sol 
coava-se difi cilmente e vinha faiscar sobre a água ou 
sobre as pedras em pequenas manchas, redondas ou 
oblongas. Os periquitos de um verde mais claro, pou-
sados nos galhos, eram como as incrustações daquele 
salão fantástico.
Lima Barreto. Triste fi m de Policarpo Quaresma.
 III. Terminara a cerimônia da entrega dos diplomas. As úl-
timas palavras do diretor da faculdade foram seguidas 
do estrépito dos aplausos que encheram o velho teatro. 
Quando a cortina desceu, Eugênio saiu do palco sufocado. 
Sentia muito calor e uma leve dor de cabeça. Um homem 
moreno, magro e alto abraçou-o com alguma intimidade.
Deve ser engano — pensou Eugênio, pois não se lem-
brava daquela cara. Agradeceu desajeitadamente e 
procurou a porta. Esbarrou num senhor vermelho e 
lustroso, que se desfez em desculpas e sorrisos. En-
veredou pelo corredor, suando, pois o smoking e a ca-
misa de peito engomado lhe causavam um mal-estar 
de sufocação. Abrindo caminho obstinada e quase 
cegamente por entre as pessoas que obstruíam o cor-
redor, segurando o pergaminho com ambas as mãos, 
Eugênio teve consciência duma agradável sensa-
ção de orgulho, de força, de confi ança em si mesmo.
Estava formado!
Erico Verissimo. Olhai os lírios do campo. 
Leia o texto para responder às questões 2 e 3.
A infl uência africana na estrutura gramatical e no vocabu-
lário é relevante na formação do português brasileiro para 
além da incorporação de palavras como “caçula”, “mole-
que”, “cachaça”, “acarajé” e “axé”.
Pesquisadores como Dante Lucchesi, da UFBA, acreditam 
que muitos preconceitos linguísticos contra o português 
brasileiro sejam dirigidos a contribuições africanas ao 
idioma.
“A maior infl uência do processo de assimilação imposto 
pelos portugueses aos escravos negros está presente até 
hoje no português informal, na língua do dia a dia, quan-
do dizemos, por exemplo, ‘Nós pega os peixe’. A variação 
na concordância nominal e verbal constitui um divisor de 
águas no cenário sociolinguístico brasileiro. Revela o peso 
que o contato entre línguas teve no Brasil” — explica Luc-
chesi.
Ter preconceito linguístico com esse tipo de ocorrência no 
idioma, segundo o pesquisador, seria a razão do menos-
prezo do estudo da relevância africana no português.
Com isso, “o estigma social recai sobre as variantes linguís-
ticas mais notáveis da fala popular”, afi rma o professor em 
seu estudo. “Não precisa ter concordância para ter racio-
cínio lógico. Essa é marca indelével das línguas africanas”.
Adaptado de LAMAS, Julio. “África resiste”. 
Língua portuguesa, jul. 2013.
 2 Identifi que a tese que o autor do texto defende.
a) A infl uência africana na formação da língua portuguesa vai 
além da incorporação de palavras típicas dessa cultura.
b) O preconceito linguístico é um fenômeno que compreende 
a importância da infl uência africana na língua portuguesa.
c) Muitos fenômenos linguísticos do português se devem a 
contribuições da cultura brasileira ao idioma.
d) A forma de assimilação da língua imposta pelos portugue-
ses aos escravos negros foi responsável pela existência da 
variante informal.
e) As variantes linguísticas mais notáveis da língua portuguesa 
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.
14 O Discurso Argumentativo I
são de infl uência indígena, pouco se sabe sobre a infl uência 
africana.
 3 (UEA-AM) Pela leitura do texto, preconceito linguístico é:
a) a contribuição de idiomas africanos para a ampliação do 
vocabulário da língua materna.
b) a assimilação imediata pelos africanos da língua falada nos 
países para os quais emigraram.
c) o estudo sociolinguístico dos eventos em que os indivíduos 
exercitam a língua falada.
d) a valorização do padrão culto da língua e o desprestígio das 
variantes linguísticas populares.
e) a sobrevivência das características da linguagem formal, 
graças à superioridade do padrão culto.
Texto para as questões 4 e 5.
Curto, logo existo
Com a evolução e o aumento de usuários e da importância 
das redes sociais, o nome e a fotografi a de cada pessoa pas-
saram a funcionar como o substituto do sujeito. O “eu” real 
se esvaziou para dar lugar ao “perfi l”.
O fi lósofo francês René Descartes estabeleceu um novo 
modelo de pensamento no século XVII, ao formular em la-
tim a seguinte proposição: “Penso, logo existo” (Cogito, ergo 
sum). Era uma forma de demonstrar que aquele que existe 
raciocina e, por conseguinte, põe em xeque o mundo que 
o cerca. A dúvida científi ca substituía a certeza religiosa. 
Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, 
caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos seres 
humanos. “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a 
nova atitude lógica popularizada pelo Facebook. A dúvida 
científi ca cedeu espaço à presunção tecnológica.
Melhor ainda é a formulação da jornalista americana 
Nancy Jo Sales, no livro Bling Ring — a gangue de Holly-
wood. Para a autora, a dúvida sobre a existência do ego deu 
lugar, na cultura do ultraconsumismo e das celebridades, 
a um outro tipo de pergunta: “Se postei algo no Facebook 
e ninguém ‘curtiu’, eu existo?” A resposta é: provavelmen-
te não. Eu existo se meus tuítes não são comentados nem 
retuitados? Claro que não. E se são curtidos ou retuitados,tampouco! Ninguém existe nas redes sociais senão como 
representações, que estão ali no lugar dos indivíduos. Não 
há uma transparência ou uma continuidade natural entre o 
que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais. 
Isso parece óbvio, mas não o é para muita gente. Agora as 
pessoas reais guardam uma alta concentração de nada nos 
cérebros, pois preferem jogar tudo o que pensam e sentem 
via suas representações nas redes sociais.
É óbvio que os signos na internet podem enganar, mentir e 
insidiosamente simular um alter ego digital. Os vigaristas e 
falsários pululam alegremente com suas máscaras nas re-
des sociais. Quando alguém me “curte” ou “não curte”, está 
agindo com sinceridade na mensagem ou quer agradar e 
parecer inteligente? Ou está ironizando? Nesse sentido, se 
o eu do Facebook quiser se sentir mais vivo com o número 
de pessoas que o curtiram, estará caindo em uma armadi-
lha, pois ele não é o que é, nem quem curte é o que parece 
ser. Mesmo quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser por-
que nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do 
Facebook.
Até a morte está vulnerável a ataques e profanações nesse 
meio movediço e enganoso em que, como diz Manuel Cas-
tells, a rede é a mensagem. Quando um indivíduo morre 
no mundo concreto, ele continua mais vivo do que nun-
ca nas redes sociais online, pois seu perfi l e seu histórico 
continuam atuando como se substituíssem o ser humano 
que os gerou um dia. A sobrevida virtual se torna maior e 
mais signifi cativa que a vida real. É por isso que os robôs do 
Facebook geram mensagens aleatórias para que usuários 
vivos ou mortos “cutuquem” alguém que já está morto, ou 
“curtam” perfi s que já subiram aos céus.
Isso não me causa calafrios. Ao contrário, pertence à na-
tureza humana acreditar na vida após a morte — e a tec-
nologia proporciona isso de uma forma concreta. Desse 
modo, ninguém mais morre totalmente. A vida se torna um 
prolongamento da morte, e vice-versa — o que não deixa 
de ser uma realidade. Também ninguém mais vive de fato 
por causa da tecnologia. Quando clicamos para dar sinal de 
vida, estamos vegetando na indeterminação. Ainda vivos, 
contemplamos a nossa própria atividade post-mortem.
No que diz respeito a redes sociais, portanto, morrer ou 
não morrer, ser ou não ser, curtir ou não curtir, vodka ou 
água de coco, para elas tanto faz, não é uma questão. É, 
sim, uma tautologia, ou seja, signifi ca dizer a mesma coi-
sa, ainda que sob formas aparentemente contraditórias. Os 
mecanismos de busca não se importam com quem morre 
ou vive, salvo para assinalar datas de nascimento e morte.
O ato de “curtir” tem um poder ontológico: ele alterou irre-
mediavelmente a nossa forma de encarar o mundo, os ou-
tros e a nós mesmos, pois o “curtir” é a manifestação mais 
aguda da insistência do ego na cadeia da lógica binária do 
Facebook. Se eu “curto”, desejo afi rmar minha existência, 
mas eu menos existo do que penso que possa existir. Se al-
guém me “curte”, posso adquirir certeza de que estou no 
mundo e me encher de felicidade com o elogio, mas não há 
como verifi car a veracidade dele e, assim, se eu pensar de-
mais nisso, mergulho na frustração e na sensação de vazio 
existencial. E se o mundo existe só porque todos se “cur-
tem” mutuamente, então ele virou um círculo vicioso de 
aprovações que o levarão inevitavelmente ao caos. Quem 
curte não curte algo, mas curte o próprio ato de curtir. Esse 
mundo paralelo peculiar se destruiria se houvesse contra-
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O Discurso Argumentativo I
uma estética sexual e familiar. […]
Quando a era moderna pareceu, enfi m, trazer a emancipa-
ção da mulher, a conquista revelou-se contraditória. Estar 
na moda, ser magra, bem-sucedida e boa mãe tornou-se 
uma exigência. Com a ajuda do photoshop, top models, 
estrelas de televisão e cantoras exibem nos meios de co-
municação o êxito que conquistaram em todos os aspec-
tos do sucesso — o que, na prática, nem sempre é verdade. 
Elas, em geral, são tão “irreais” quanto a Vênus grega. A 
verdade é que a mídia veicula uma série de estereótipos 
sobre como agir que se tornam um peso para a mulher. 
Não devemos nos esquecer de que quem assume o coman-
do é o mercado interessado em vender roupas, revistas e
produtos destinados ao público feminino — e não propria-
mente a mulher. Assim, mesmo no século 20, quando pare-
ciam ganhar “autonomia”, elas passaram a ser atormentadas 
por padrões estabelecidos por outra base imaginária: a do 
consumo. 
O que muda no século 21 para as mulheres que utilizam as 
redes sociais? Quanto à importância da imagem, nada. […] 
Por outro lado, vivemos, sim, uma revolução: pela primeira 
vez a mulher passa a se autorrepresentar, a produzir repre-
sentações de si publicamente. Essa produção não está mais 
sob o domínio exclusivo dos homens, nem restrita a um 
grupo de mulheres como as artistas (atrizes, fotógrafas, ci-
neastas, pintoras, escultoras etc.) ou as modelos. As mulhe-
res comuns tornam-se protagonistas de sua vida. Chegam a 
dispensar a ajuda de outra pessoa para tirar a própria foto: 
estendem o braço e miram em sua própria direção. […] 
A mulher “hipermoderna” reivindica algo novo: o seu pro-
tagonismo público e sua “autenticidade”. O que se soma, 
agora, à revolução tecnológica da sociedade capitalista. 
Com acesso facilitado a câmeras digitais, a telefones móveis 
que dispõem desse equipamento e à rede, além da existên-
cia de uma plataforma que dá suporte ao armazenamento 
e oferece possibilidades ao usuário para compartilhar essas 
imagens pela internet, a mulher passa a se autofotografar 
nas mais diversas ocasiões, de situações corriqueiras a via-
gens. Nas palavras do fi lósofo Gilles Lipovetsky: “O retrato 
do indivíduo hipermoderno não é construído sob uma vi-
são excepcional. Ele afi rma um estilo de vida cada vez mais 
comum, ‘com a compulsão de comunicação e conexão’, mas 
também como marketing de si, cada um lutando para ga-
nhar novos ‘amigos’ para destacar seu ‘perfi l’ por meio de 
seus gostos, fotos e viagens. Uma espécie de autoestética, 
um espelho de Narciso na nova tela global”.
Disponível em: www2.uol.com.br
 6 (Insper-SP) De acordo com o texto, o Facebook:
a) contribui com a formação de uma imagem negativa da 
mulher, devido à futilidade dos conteúdos postados.
dições, confrontos e refutações. As redes sociais deram ori-
gem a universos de consenso absoluto. De minha parte, não 
curto, logo desisto.
Luís Antônio Giron. Disponível em: epoca.globo.com 
 4 (I. F. Sul-rio-grandense) Analise as afi rmativas a seguir sobre o 
texto e julgue-as (V ou F).
 I. O título do texto estabelece uma relação de intertextuali-
dade com a famosa frase de Descartes, “Penso, logo existo”, 
a partir da qual o autor pretende chamar a atenção para 
uma mudança nada consciente de como as pessoas passa-
ram a usar a internet ao longo do tempo.
 II. O período “O ‘eu’ real se esvaziou para dar lugar ao ‘perfi l’” 
apresenta a tese, isto é, o ponto central a ser debatido e 
defendido pelo autor ao longo do texto.
 III. O autor utiliza, em seu texto, linguagem subjetiva, dado o 
emprego de termos e expressões que indicam o envolvi-
mento afetivo diante da temática abordada.
 IV. Em termos argumentativos, o uso dos substantivos “vigaris-
tas”, “falsários” e “máscaras” marca a posição do autor em 
criticar o comportamento dissimulado de todos os usuários 
da internet, chamando a atenção, desse modo, para os pe-
rigos do mundo virtual.
 5 (I. F. Sul-rio-grandense) Segundo o texto, nas redes sociais: 
a) confi rma-se a existência do “eu” pela criação de perfi s.
b) encontra-se o correlato do que as pessoas são, verdadeira-
mente, na vida real.
c) busca-se revelar aquilo que, por vergonha, não se mostraria 
fora do ambiente virtual.
d) vive-se sob efeitos de ilusão, pois não há como atestar a 
legitimidade das informações.
Texto para as questões 6 e 7.
As mulheres gastam mais do que o dobro do tempo dos 
homens no Facebook: três horas por dia,enquanto eles gas-
tam uma hora, em média. […] Elas são a maioria não só no 
Facebook (onde representam 57% dos usuários); também 
têm mais contas do que os homens em 84% dos 19 princi-
pais sites de relacionamentos. 
[…] cabe, antes, compreender por que a autorrepresenta-
ção é mais importante para as mulheres que para os ho-
mens. Historicamente as representações femininas foram 
fabricadas por motivações sociais diversas: míticas, religio-
sas, políticas, patriarcais, estéticas, sexuais e econômicas. 
E, há mais de vinte séculos, essa fabricação esteve sob o po-
der masculino. As mulheres não produziam suas próprias 
imagens, eram retratadas. 
[…] O pano de fundo dessas produções artísticas era uma 
tentativa masculina de “gerenciar” o imaginário feminino, 
transmitindo sugestões sobre a conduta social desejada até 
16 O Discurso Argumentativo I
b) constitui-se como ferramenta indispensável para os movi-
mentos que combatem a exploração da imagem feminina.
c) refl ete a banalidade da sociedade por meio da publicação 
constante de fotos do cotidiano.
d) é o melhor suporte para a arte da contemporaneidade, 
devido ao seu caráter democrático e tecnológico.
e) registra uma mudança histórica em relação à imagem social 
atribuída às mulheres.
 7 (Insper-SP) No texto lido, destaque a introdução, o desenvolvi-
mento e a conclusão, justifi cando o que representa cada uma 
dessas partes.
 8 +Enem [H23] Leia o texto e responda ao que se pede.
Faz semanas que temos falado do Dia das Crianças, come-
morado em 12 de outubro. Escolas realizam eventos para 
seus alunos, a mídia faz reportagens sobre o assunto, famí-
lias agendam idas a lojas para comprar brinquedos para os 
fi lhos, que fi cam ansiosos com o que vão ganhar.
Todo esse barulho em torno da data está relacionado a uma 
valorização da infância e das crianças em nossa sociedade? 
Não. Valorizamos o consumo que nessa época explode por-
que ninguém quer ver o fi lho com carinha triste por não ter 
ganhado o que esperava.
O único que ganha com essa data é o mercado que trabalha 
com produtos destinados às crianças.
[…] 
Rosely Sayão. Gerações. In: Folha de S.Paulo, 7 out. 2014.
Sobre a temática apresentada, a autora defende o ponto de 
vista de que:
a) as crianças são valorizadas no Dia das Crianças.
b) o consumo é valorizado no Dia das Crianças.
c) os pais não sabem educar os fi lhos.
d) as crianças são valorizadas quando ganham presentes.
e) a escola e a mídia contribuem para a valorização da criança.
PARA PRATICARCONSTRUINDO O TEXTO
 1 (Fatec-SP) 
Texto I
Uma pesquisa da União Europeia, realizada com países que 
lideram as maiores economias do mundo, colocou o Brasil 
como um dos países com maior tendência para o empreen-
dedorismo.
A pesquisa, de julho de 2012, apontou que 63% dos brasi-
leiros preferem trabalhar em um negócio próprio. O índice 
dos que preferem trabalhar como empregados fi cou em 
33%. O resultado deixou o Brasil em segundo lugar entre as 
nações pesquisadas.
Renato Fonseca, gerente do Sebrae-SP, afi rma que nosso 
país passou por uma mudança na motivação dos empreen-
dedores, indo da necessidade de sobrevivência para a iden-
tifi cação de uma oportunidade. “O que norteia a abertura 
de empresa no Brasil hoje é a oportunidade. O empreende-
dorismo por necessidade é frágil”, afi rma.
Adaptado de Daniel Tremel. 
In: Folha de S.Paulo, 14 jan. 2013.
Texto II
Quantas vezes alguém teve vontade de largar seu emprego? 
Nestes momentos, a primeira coisa que vem à mente dessa 
pessoa é: “vou deixar o emprego nessa empresa e vou partir 
para o meu negócio próprio, daí não precisarei mais dar sa-
tisfação para ninguém e serei dono do meu próprio nariz”.
Porém, uma decisão por impulso leva o indivíduo a descon-
siderar vários aspectos importantes, que podem fazer com 
que se tome uma decisão errada.
Muitos erram já em um primeiro momento, quando deci-
dem investir em algo para o qual não estão preparados e 
que pode exigir muito mais de sua capacidade. Na sequên-
cia, onde ele irá se instalar, qual estrutura terá, com quem 
irá se associar, onde captar recursos fi nanceiros adicionais 
etc. E com o negócio já em andamento, surgem outras di-
fi culdades…
Aí bate a saudade dos tempos em que essa pessoa trabalha-
va para uma empresa. Lá o seu salário era depositado todo 
fi nal de mês, tinha plano de saúde, férias, bonifi cações e 
nem precisava trabalhar tanto. “Eu era feliz e não sabia…”
Portanto, se alguém estiver pensando em se tornar um em-
preendedor, deve avaliar com cuidado todos os detalhes e 
exigências do novo empreendimento. Só valerá a pena se 
essa pessoa se sentir muito preparada para enfrentar todas 
as situações que poderão surgir no seu caminho.
Adaptado de Nelson Fukuyama. Disponível em: 
www.catho.com.br
Após a leitura dos textos, elabore uma dissertação, de acor-
do com as normas gramaticais da língua portuguesa, sobre o 
tema: “Vida profi ssional: ter um negócio próprio ou trabalhar 
como empregado de uma empresa?”
 2 A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base 
nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redi-
ja texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua 
portuguesa, sobre o tema: “A crise da água pode ser evitada?” É 
necessário apresentar proposta de intervenção, que respeite os 
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coe-
rente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de 
vista. 
Texto I
Tudo é água
Com os reservatórios em seus patamares historicamente 
mais baixos, o Brasil começa a conviver com a assustado-
ra sombra da escassez do líquido insubstituível, sem o qual 
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não há vida e a economia para
O Brasil tem a maior reserva de água doce do planeta. 
Concentram-se aqui 12% de todos os recursos hídricos glo-
bais. O que explica, então, a crise de abastecimento pela 
qual passa o Estado de São Paulo, o mais populoso e rico do 
país? A seca histórica que atinge o Sudeste há dois anos, a 
maior dos últimos 84 anos, efeito contínuo de uma massa 
de ar quente que estacionou na região, justifi ca parte do 
problema. Mas não é prudente atribuir o baixo nível de 
água apenas às mudanças climáticas pelas quais passa a 
Terra, e que fazem proliferar climas extremos. O Brasil é 
exemplo de descaso na administração de seus recursos hí-
dricos. Em todo o país, desperdiçam-se 40% da água capta-
da, que vaza por encanamentos precários, de manutenção 
quase inexistente. Em São Paulo, a perda é de 31,2%. É falha 
que poderia ser corrigida com melhorias anunciadas desde 
2004, quando o estado passou por crise similar. Muito pou-
co foi feito. Sem o desperdício, haveria água de sobra. […] 
Com isso, o planeta vê dezenas de trilhões de litros indo 
pelo ralo. É assustador observar como tratamos o elemen-
to essencial à vida, limitado e insubstituível. Se gastarmos 
todo o petróleo que existe, teremos outras fontes energéti-
cas, como a solar e a eólica. Vivemos dezenas de milhares 
de anos sem combustíveis fósseis. Sobrevivemos, e sobre-
viveríamos sem eles. Mas, se dermos cabo dos estoques de 
água, não haverá alternativa. Água é tudo.
Na capital paulista, pesquisa Datafolha divulgada na sema-
na passada revelou que 60% dos moradores fi caram sem 
água nos últimos trinta dias. No interior, o cenário se agra-
va. Alguns municípios, a exemplo de Cristais Paulista, mul-
tam quem desperdiça água. Em Itu, há protestos de rua, e 
caminhões-pipa precisam de escolta para não ser atacados. 
Ao prejudicar a economia e o abastecimento, a seca dá iní-
cio a perigosos confl itos.
Desde 1990, a disputa por água foi motivo de 2.200 confl i-
tos diplomáticos, econômicos ou militares pelo planeta. A 
tensão deve se intensifi car. A ONU calcula que faltará água 
limpa para 47% da população global até 2030. […] 
A resposta para a crise hídrica parece simples: temos de con-
sumir menos e diminuir drasticamente o desperdício. Mas 
são atitudes dif íceis de ser implantadas, já que dependemde 
uma mudança radical de costumes. A demanda de água per 
capita nos Estados Unidos ultrapassa os 500 litros, dez vezes o 
recomendado pela ONU. Enquanto isso, áreas pobres quase 
não têm acesso ao recurso. Moçambique é dono de um dos 
piores cenários, onde há apenas 4 litros de água limpa por 
morador.
Para controlar o gasto, todo cidadão precisa rever seus 
hábitos cotidianos, como deixar a torneira aberta en-
quanto escova os dentes ou tomar longos banhos. Mas 
soa injusto cobrar exclusivamente uma nova postura in-
dividual. São essenciais também políticas públicas que 
repreendam o desperdício. A Califórnia é exemplo mun-
dial nesse aspecto. São Paulo vê secar seu principal re-
servatório, o da Cantareira, cujo nível está em 3%. Seu 
primeiro estoque de volume morto, cota que repousa no 
fundo das represas, abaixo do túnel que costuma dre-
nar a água, e, por isso, mais suja que o usual, deve desa-
parecer no próximo mês. A segunda parcela segurará 
o abastecimento por poucos meses. Enquanto isso, o gover-
no promete entregar obras que aumentarão a captação de 
água, e já se cogitou importar recursos hídricos de outros 
estados. São apenas paliativos, que em nada ajudarão a lon-
go prazo se o desperdício não for controlado. Para o Brasil 
e para o mundo, a crise da água serve como alerta. Se não 
cuidarmos dos escassos recursos que temos, desenharemos 
um futuro cada vez mais árido.
Gabriel Neri. In: Veja, 24 out. 2014.
Texto II
Sabesp aprova novas faixas de bônus 
para quem economiza água
O Conselho de Administração da Sabesp aprovou, nesta 
terça-feira (21 de outubro de 2014), duas novas faixas no 
bônus para quem economizar água. Desde fevereiro, quem 
reduz seu consumo em 20% ou mais recebe um desconto 
de 30% na fatura. Pela proposta aprovada, o imóvel que 
tiver redução de 10% a 15% no consumo terá economia 
adicional de 10%; já quem baixar o gasto de água entre 15% 
e 20% terá uma redução na conta de 20%. O cálculo é feito 
em relação à média de consumo dos 12 meses que vão de 
fevereiro de 2013 a janeiro de 2014.
A proposta foi aprovada pela Arsesp (Agência Regulado-
ra de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) e as 
novas faixas do Programa de Bônus terão como referência 
consumos a partir de 1º de novembro de 2014.
O balanço mais recente aponta que 49% dos clientes da Sa-
besp obtiveram o bônus porque reduziram em pelo menos 
20% seu consumo. Outros 26% baixaram o consumo, mas 
sem obter a bonifi cação. E 25% gastaram mais água do que 
a média.
Disponível em: http://site.sabesp.com.br
 DEFINIÇÃO
 Sabesp: empresa responsável pelo fornecimento de água, coleta e 
tratamento de esgotos de 364 municípios do Estado de São Paulo.
18 O Discurso Argumentativo I
Texto III
F olha de S.Paulo, 2 nov. 2014.
VÁ EM FRENTE
Assista
Crash — no limite, de Paul Haggis (EUA, 2005). O fi lme é um drama que mostra um casal de estadu-
nidense; um persa, dono de comércio; dois policiais e amantes latinos; um negro, diretor de TV, e sua 
mulher e um casal coreano de meia-idade. Essas e outras pessoas vivem em Los Angeles e, juntas, serão 
vítimas de grave acidente. Assim começa uma complexa análise do confl ito racial na América. Oscar de 
melhor fi lme em 2006.
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4.
ANOTAÇÕES
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Objetivos:
c Persuadir o 
interlocutor por meio 
da apresentação de 
argumentos fortes, 
sejam eles dados 
estatísticos, vozes de 
autoridade, consenso, 
provas concretas ou 
raciocínio lógico, que 
embasem o ponto de 
vista em defesa da 
tese proposta.
c Produzir textos com 
adequação formal e 
linguística de acordo 
com o contexto 
enunciativo e o gênero, 
de forma a garantir 
coesão textual.
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O Discurso Argumentativo I
CAPÍTULO
2 Dissertação II
 COM VISÃO AMPLIADA, UM FATO PODE
SER MODIFICADO 
Você é contra o aborto ou a favor dele? E da união entre os homossexuais?
Você concorda com o sistema de cotas em vestibulares? Ou discorda da diferença qualitativa 
que existe entre as escolas públicas e particulares?
Estas defi nições: preservação ou não da vida (aborto) e igualdade ou não de condições educa-
cionais (cotas em vestibulares e desigualdade entre sistemas público e privado de ensino) analisam 
a realidade com termos abstratos, num relacionamento lógico. Exemplo: se os casais heterossexuais 
têm direitos sociais (causa), os homossexuais poderão ter os mesmos direitos (consequência). Ou não?
Com clareza de ideias, o comunicador precisa persuadir seus interlocutores com argumentos 
fortes: dados estatísticos, citações de especialistas no assunto, raciocínio lógico, conduzindo seu 
leitor e/ou espectador a acreditar nos argumentos dele, como verdadeiros.
 ANÁLISE DE UM TEXTO DISSERTATIVO
Leia o fragmento de um texto de dois economistas: Otávio Camargo e Rogério Araújo.
A PNAD e o avanço na inclusão social
A propósito da recente divulgação dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Do-
micílios (PNAD) de 2013, é necessário analisar os processos de desconcentração da renda e 
de inclusão social ocorridos no país nos últimos anos no Brasil.
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20 O Discurso Argumentativo I
É preciso dizer que o processo de desconcentração de renda vivido desde 2003 foi 
resultado de decisões políticas implementadas de maneira explícita e assertiva com a finali-
dade da incluir socialmente as classes historicamente menos favorecidas.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) destaca que, 
entre os países emergentes mais dinâmicos, o Brasil apresentou uma das mais fortes reduções 
de desigualdade nesse período.
Essa análise da OCDE é confirmada pelo dinamismo do mercado de trabalho da 
economia brasileira associado à política de valorização do salário mínimo em termos 
reais, o que contribuiu para elevar a base da estrutura salarial no país e do consumo.
A política de valorização do salário mínimo foi elogiada também pelo Programa das Na-
ções Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) como fator fundamental para a redução da 
desigualdade. De fato, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 
o salário mínimo real passou de R$ 422,85 em agosto de 2003, para R$ 724,00 em agosto de 
2014, um aumento de 71%.
De maneira convergente, recentemente, a FAO destacou o sucesso dos programas gover-
namentais brasileiros, como Fome Zero, que contribuíram para uma sensível redução da po-
breza e da fome. O percentual de pessoas pobres caiu de 24,3% em 2001 para 8,4% em 2012. 
No mesmo sentido, o percentual de pessoas na extrema pobreza passou de 14,0% em 2001 
para apenas 3,5% em 2012.
Finalmente, destaca-se o aumento da renda dos 20% mais pobres da população, que cres-
ceu 3 vezes mais que a renda dos 20% mais ricos entre 2001 e 2012, o que é convergente com 
os resultados apresentados pela PNAD.
[…]
Outro indicador relevante é o percentual de pessoas com 11 anos ou mais de estudo, que teve 
um salto de 29% em 2002 para 49% em 2013. Com 15 anos ou mais de estudo, houve também 
um avanço, de 7% em 2002 para 13% em 2013. Esses aumentos significativos são fruto, por 
exemplo, das políticas de universalização do ensino superior, cujos efeitos são duradou-
ros e sistêmicos.
É preciso, no entanto, admitir que, desde 2010, tem havido uma arrefecimento no ritmo 
da redução da desconcentração, explicado em parte pela crise internacional e em parte pelo 
esgotamento do ciclo de expansão da primeira década dos anos 2000. Além disso, é preciso 
considerar um fator estrutural que é tratado pela literatura sobre a pobreza.
Este fator diz respeito à lógica dos “rendimentos decrescentes” em situações de redução 
na desigualdade. Quando o nível de desconcentração chega próximo a 0,50, novas reduções 
incrementais requerem um crescimento ainda maior da renda, o que significa aprofundar as 
políticas que visam à redução da desigualdade.
As perspectivas de expansão econômicasão positivas na medida em que os investimentos 
em infraestrutura estão em maturação e a ampliação de fontes de recursos para alavancar a 
inovação acelerou-se nos últimos anos, o que, certamente, terá reflexos positivos nos próxi-
mos anos, resultando em aumento da produtividade, da competitividade e da taxa de cresci-
mento da economia brasileira.
A inclusão social dos últimos anos, consolidada pela geração de empregos de me-
lhor qualidade, pelo aumento da renda e pela crescente formalização no mercado de 
trabalho, será reforçada com a ampliação dos recursos para educação, proveniente dos 
royalties do pré-sal. Isso permitirá um novo avanço no processo de desconcentração de 
renda, assim como de melhoria na qualidade de vida da população.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/11/1546536-otavio-camargo-e-rogerio-arauj-a-
-pnad-e-o-avanco-na-inclusao-social.shtml 
Logo nos dois primeiros parágrafos do texto lido, notamos o ponto de vista dos autores: é digno 
de análise o processo de desconcentração de renda implementado pelo governo com a finalidade 
da incluir socialmente as classes menos favorecidas.
Nos parágrafos seguintes, surgem argumentos de dados estatísticos que fundamentam aspectos 
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da tese apresentada: “o salário mínimo real passou de R$ 422,85 em agosto de 2003, para R$ 724,00 
em agosto de 2014, um aumento de 71%”; “o aumento da renda dos 20% mais pobres da popu-
lação, que cresceu 3 vezes mais que a renda dos 20% mais ricos entre 2001 e 2012”; “o percentual 
de pessoas com 11 anos ou mais de estudo… teve um salto de 29% em 2002 para 49% em 2013. 
Com 15 anos ou mais de estudo, houve também um avanço, de 7% em 2002 para 13% em 2013”.
Dando sequência ao texto, o enunciador apresenta argumento que compara duas épocas, o pe-
ríodo inicial da implementação do projeto e os resultados dos últimos anos: “É preciso, no entanto, 
admitir que, desde 2010, tem havido uma arrefecimento no ritmo da redução da desconcentração, 
explicado em parte pela crise internacional e em parte pelo esgotamento do ciclo de expansão da 
primeira década dos anos 2000”.
Conclui, reforçando a justifi cativa identifi cada na tese: a inclusão social dos últimos anos já 
consolidada pela implementação de alguns projetos será reforçada com a ampliação dos recursos 
para a educação, o que permitirá um novo avanço no processo de desconcentração de renda, as-
sim como de melhoria na qualidade de vida da população.
O título, “O PNAD e o avanço na inclusão social”, sintetiza a visão de mundo do enunciador.
Já o tema desperta polêmica, pois o processo de desconcentração de renda para o avanço da 
inclusão social implica crescimento maior de renda dos mais pobres e rendimento menor para os 
ricos. Sendo assim, a primeira característica do texto é ser temático, uma vez que analisa a reali-
dade com termos abstratos: inclusão, desconcentração, decisões, reduções, desigualdade e outros.
A segunda característica está vinculada à transformação causal:
a) o que tem contribuído para desconcentração de renda e avanço na inclusão social;
b) coexistência de três causas para uma mesma consequência: aumento do salário mínimo, 
sucesso dos programas governamentais para a redução da pobreza e políticas que valorizam 
a educação.
O texto analisa, explica e avalia os dados da realidade.
O tempo verbal empregado é o presente atemporal, isto é, quando se diz: “Esses aumentos 
signifi cativos são fruto, por exemplo, das políticas de universalização do ensino superior, cujos efei-
tos são duradouros e sistêmicos”, o tempo não está sendo particularizado (neste momento), mas 
generalizado (continuamente, em processo).
Pode-se dizer, então, que, se o texto é temático, se constrói sua progressão nas relações lógicas 
e se usa o presente com valor atemporal, então ele é um texto dissertativo.
Quem produz um texto dissertativo tem um ponto de vista sobre determinado assunto e usa 
argumentos convincentes para que o leitor acredite neles como verdadeiros.
O processo da comunicação vai muito além de enviar, receber e compreender uma mensagem; 
é preciso que o emissor e o receptor creiam nela e que estes acatem o que nela se propõe. E isso 
não é somente um fazer saber, mas um fazer crer, um persuadir.
A persuasão é, assim, o ato de levar o outro a aceitar o que lhe está sendo proposto.
 TIPOS DE ARGUMENTOS
Argumento de autoridade
A citação de autores renomados para se sustentar uma tese sobre determinado assunto pro-
voca dois efeitos:
 a imagem de que o redator conhece bem aquilo que afi rma porque já leu sobre o que especia-
listas pensaram e refl etiu sobre o assunto;
 torna os autores citados fi adores da veracidade de seu ponto de vista.
Entretanto, o uso de citações desconectadas do contexto provoca efeito contrário, isto é, não 
convence e demonstra que o produtor do texto não domina o assunto.
22 O Discurso Argumentativo I
Argumento por consenso
Como, na matemática, existem conceitos que não mais precisam ser o tempo todo demons-
trados, por exemplo: o teorema de Pitágoras — “o quadrado do comprimento da hipotenusa é 
igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos” —, assim também é possível usar, na 
argumentação, proposições evidentes e aceitas por consenso, sem necessidade de demonstrações. 
“A educação é a base do desenvolvimento” é uma dessas proposições.
É preciso, porém, cuidado para não citar enunciados que contenham afirmações preconceituosas 
ou extremamente pessoais como: “a aids é um castigo de Deus”.
Argumento baseado em provas concretas
Quando um fato é empregado como argumento para defender um ponto de vista, é preciso estar 
bem seguro de que os dados apresentados são pertinentes, suficientes, adequados, fidedignos.
No texto “A PNAD e o avanço na inclusão social”, existem dados estatísticos sobre o aumento 
do salário mínimo. Como o enunciador apresenta dados do Instituto de Pesquisa Econômica Apli-
cada (Ipea), estes são confiáveis.
O importante é não generalizar, sem segurança. Por exemplo, se uma autoescola fornece ha-
bilitação para motoristas, sem exames exigidos pela legislação, isso não quer dizer que todas as 
autoescolas agem dessa maneira. A generalização é indevida porque trata o acessório, o ocasional, 
como se fosse essencial.
Argumento com base no raciocínio lógico
Leia o fragmento de um texto sobre a falta de água e o desperdício.
Por entender a água como um recurso potencialmente infinito, ainda que na vida real 
estejamos bem distantes disso, muitos indivíduos passam a usá-la de forma indiscriminada, 
sem se preocupar com a sua escassez.
Um exemplo muito comum está nos condomínios nos quais a conta é partilhada entre 
todos os moradores: pode existir pouca preocupação individual para poupar água, uma vez 
que o custo é rateado entre todos e ninguém é responsabilizado individualmente caso haja 
um desperdício.
Folha de S.Paulo, 21 nov. 2014.
Os dois parágrafos apresentam argumentos baseados no raciocínio lógico. Observe o quadro: 
Parágrafo Causa Consequência
Primeiro parágrafo
As pessoas entendem que a água é um 
recurso potencialmente infinito.
As pessoas passam a usá-la de forma 
indiscriminada, sem se preocupar com a 
sua escassez.
Segundo parágrafo
Há condomínios nos quais a conta de água 
é partilhada entre todos os moradores.
Ninguém é responsabilizado 
individualmente caso haja desperdício.
A proposta de solução para esse problema também pode ser baseada no raciocínio lógico. 
Primeiramente, as pessoas precisam tomar consciência de que a água não é um bem infinito. 
Para resolver o segundo problema, os condomínios podem pensar em instalar medidores por 
apartamento para que cada morador se responsabilize pelo próprio desperdício.
Observe outro exemplo:
Indecisão do Méier
Teus dois cinemas, um ao pé do outro, por que não se afastam
para não criar, todas as noites, o problema da opção
e evitar a humilde perplexidade dos moradores?
Ambos com a melhor artistae a bilheteira mais bela,
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que tortura lançam no Méier!
ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. 
São Paulo. Companhia das Letras, 2012.
O confl ito presente no texto está na existência de dois cinemas no mesmo bairro, o Méier, no 
Rio de Janeiro.
O eu poético quer ir ao cinema (causa), mas é tomado pela indecisão (consequência). Qual ci-
nema deve escolher? Uma vez que os dois têm a melhor artista e a bilheteira mais bela?
Ter de escolher uma opção (causa) lhe causa tortura (consequência). Se os cinemas se afastas-
sem (causa), não haveria tortura (consequência).
Tanto na realidade como na possibilidade existe pertinência lógica.
Um argumento não é necessariamente uma prova de verdade. Ele é um recurso linguístico para 
induzir o interlocutor a acreditar no ponto de vista do emissor.
Uma mulher, por exemplo, mata a amiga por ciúme. Seu advogado inicia sua defesa, exaltando 
as qualidades da ré como esposa, mãe, profi ssional, cidadã. Do ponto de vista lógico, os argumentos 
do advogado podem ser caracterizados como variáveis não verdadeiras, entretanto eles podem ser 
importantes para convencer os jurados a relacionar aquilo que não possui relação verdadeira. 1
Argumento da competência linguística
Conforme a situação, há exigência de um tipo de linguagem. E para que isso ocorra, existem 
vários discursos linguísticos: religiosos, pedagógicos, científi cos, políticos etc. E esse é um aspecto 
importante da linguagem: a sua adequação, pois um vocabulário que está ajustado à situação dá 
credibilidade às informações veiculadas.
Leia agora este texto, adaptado de um editorial da Folha de S.Paulo, e observe os argumentos 
nele empregados.
Jogos de guerra
“As guerras odiadas pelas mães.” O verso de Horácio descreve de maneira sutil e sensível 
os horrores das guerras. Paradoxalmente, porém, guerras são momentos em que se materia-
lizam notáveis avanços científi cos que mais tarde acabam benefi ciando toda a humanidade.
As propriedades antibióticas do Penicillium notatum (penicilina), por exemplo, haviam 
sido descobertas em 1928 por sir Alexander Fleming, mas foi só em 1940, na Segunda Guerra, 
que pesquisadores desenvolveram uma droga injetável e com valor terapêutico.
Analogamente, foi graças aos esforços para construir a bomba atômica que o homem 
passou a conhecer melhor e usar a energia nuclear, tanto para a geração de energia elétrica 
como para a medicina.
No trecho lido, notamos que, na tese, existe argumento de autoridade — citação de verso de Ho-
rácio — e, em oposição, as consequências positivas da guerra, segundo o ponto de vista do redator.
Com a citação de fatos, surgem argumentos baseados em provas concretas, como as desco-
bertas do antibiótico e da bomba atômica, que abriram possibilidades à medicina, durante a Se-
gunda Guerra.
O argumento com base no raciocínio lógico do último parágrafo do texto revela causalidade 
entre a guerra e as descobertas de processos vitais.
Observe ainda este poema, em que alguns argumentos estão presentes.
Poema brasileiro
No Piauí de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade.
No Piauí
de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade.
No Piauí
 OBSERVAÇÃO
 1 Quando o produtor de um texto 
enumera causas desconectadas 
das consequências, ele gera in-
coerência no desenvolvimento 
das ideias, e todo o texto fica 
comprometido.
24 O Discurso Argumentativo I
de cada 100 crianças
que nascem
78 morrem
antes
de completar
8 anos de idade
Antes de completar 8 anos de idade
Antes de completar 8 anos de idade
Antes de completar 8 anos de idade
Antes de completar 8 anos de idade
Ferreira Gullar
Existe modificação apenas na estrutura do poema, mas os dados estatísticos não se 
alteram, revelando que 78% (bem mais que a metade) das crianças nascidas no Piauí 
morrem precocemente. Ainda existe o subentendido — e qual será o número de abortos?
No lugar de os números serem escritos por extenso, eles aparecem registrados em algarismos, 
como se fossem elementos estatísticos.
A mesma repetição acontece incessantemente para enfatizar a gravidade do assunto.
“Poema brasileiro” é, então, um texto dissertativo, em versos, porque expõe, interpreta e ava-
lia dados da realidade, em termos abstratos — nascimentos e mortes prematuras de crianças no 
Piauí. Para isso, apresenta argumentos baseados em provas concretas, estatísticas, que compro-
vam sua tese — a extrema gravidade de uma situação, que ceifa a vida de crianças que apenas 
começaram a viver.
Não existe esperança de modifi cação, por isso a conclusão é a mesma da tese e do desenvol-
vimento.
O tempo verbal é o presente (nascem, morrem), caracterizando-se como presente atempo-
ral, em processo, reforçando-se a ideia de que a situação não é passageira, mas contínua. 1
BR
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IL
 IM
AG
EN
S/
AR
AQ
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ÉM
 A
LC
ÂN
TA
RA
 OBSERVAÇÃO
 1 Além dos tipos de argumentos que 
vimos até aqui, outros recursos 
linguísticos também são usados 
com a fi nalidade de persuadir. São 
eles:
exemplifi cações;
alusões históricas; 
conceituações; 
comparações entre fatos, situações, 
épocas ou lugares distintos etc. 
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ATIVIDADES
Leia o texto para responder às questões 1 e 2.
Dieta mediterrânea é melhor “antídoto”
contra obesidade
Uma dieta mediterrânea é mais efi ciente para combater a 
obesidade do que a simples contagem de calorias, afi rmam 
cientistas. Eles acrescentam que esse tipo de dieta reduz o 
risco de ataques cardíacos e derrames.
Além disso, na opinião desses especialistas, uma alimen-
tação baseada em frutas, legumes, verduras e cereais seria 
mais efi ciente para a perda de peso do que dietas com baixa 
ingestão de gordura.
A recomendação foi feita por meio de uma declaração 
conjunta publicada na revista científi ca PMJ (Postgradua-
te Medical Journal, na sigla em inglês) e assinada por no-
mes de peso como o presidente da Academy of Medical 
Royal Colleges do Reino Unido, Terence Stephenson, e 
Mahiben Mara, alto funcionário do NHS (National Health 
Service, o SUS britânico).
[…] 
Segundo eles, pesquisas indicam que a dieta mediterrâ-
nea, incluindo frutas, legumes e verduras, cereais e azeite 
de oliva, reduz rapidamente o risco de ataques cardíacos e 
derrames e permitem uma perda de peso mais gradativa a 
longo prazo.
[…] 
Inspirada pela cozinha tradicional de países como Grécia, 
Espanha e Itália, a dieta mediterrânea sempre esteve asso-
ciada à boa saúde e a corações sadios. Essa dieta consiste ti-
picamente em comer várias porções de legumes e verduras, 
frutas frescas, cereais integrais, azeite de oliva e sementes 
oleaginosas, além de frango, peixe, carne vermelha, manteiga 
e gordura animal.
“O impacto desse tipo de alimentação na saúde do pa-
ciente se dá de forma muito rápida. Sabemos que a tra-
dicional dieta mediterrânea que é rica em gordura — por 
meio de testes controlados em grupos aleatórios — reduz 
o risco de ataque cardíaco e derrames pouco tempo de-
pois de colocada em prática”.
No artigo, os médicos também dizem que a dieta mediter-
rânea é três vezes mais efi ciente para a redução da mortali-
dade em pacientes que já tenham sofrido ataques cardíacos 
do que medicamentos para baixar o colesterol.
[…]
Adaptado de http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/
bbc/2014/11/18/dieta-mediterranea-e-melhor-antidoto-contra-obesidade-
-dizem-cientistas.htm
 1 Por que podemos afi rmar que esse texto é dissertativo?
 2 Releia o terceiro e o quarto parágrafos do texto e explique de 
que forma o autor constrói seus argumentos.
Texto para as questões 3 e 4.
A cultura não existe em seres humanos genéricos, em situa-
ções abstratas, mas em homens e mulheres concretos, per-
tencentes a este ou àquele povo, a esta ou àquela classe, em 
determinado território, num regime político A ou B, dentro 
desta ou daquela realidade econômica.
Somente se poderá conceituar

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