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Introdução É uma anemia por falhas na produção de ferro. Nos EUA, um estudo com cerca de 25.000 mulheres constatou falta de reservas de ferro em cerca de 10% das mulheres entre a adolescência e a menopausa. Cerca de 2% a 5% estava com anemia ferropriva. A anemia ferropriva é uma das doenças mais frequentes no mundo, acometendo entre 500 a 600 milhões de pessoas. Também está relacionada a fatores socioeconômicos. Causas da anemia ferropriva Em crianças: o Prematuridade o Iatrogênese no berçário o Dieta láctea sem complementação apropriada o Dieta carente de causa socioeconômica + crescimento o Verminose Em adultos: o Hipermenorreia o Sangramento crônico no TGI o Sangramento de outras origens o Gestações repetidas sem complementação o Verminose o Doações de sangue o Dieta vegetariana restrita (rara) o Dieta carente, de causa socioeconômica (rara). Defeitos de absorção: - Ferropenia gastropática - Cirurgia gástrica Considerando que 1ml de sangue contém 0,5mg de ferro, perdas de 3 a 4ml por dia (1,5 a 2mg de ferro) são suficientes para causar um balanço negativo de ferro. Nas mulheres em idade reprodutiva, a principal causa de anemia ferropriva é a perda menstrual excessiva. As perdas menstruais dependem da intensidade do fluxo, sendo em média 30ml, podendo variar amplamente de mulher para mulher, mas sendo geralmente constantes. Diagnóstico Sinais e sintomas clínicos Hemograma Exames bioquímicos: Ferro sérico: ferro circulante no sangue. É a fração do ferro corporal que circula ligado à transferrina, e encontra-se reduzido na anemia ferropriva. Esse marcador varia de acordo com o ritmo circadiano e alimentação. Por isso, a coleta de sangue para dosagem de ferro sérico deve ter horário e jejum padronizados. Está reduzido em casos de inflamação, não devendo ser utilizado isoladamente para avaliação de anemia ferropriva. Ferritina sérica é o marcador mais útil para medir o estado do ferro. Em casos de inflamação, a ferritina está aumentada mesmo com baixa reserva de ferro. Existem casos em que a ferritina está baixa, mas o paciente não tem anemia. Isso ocorre porque o ferro ingerido na dieta é suficiente para o metabolismo, porém, não há estoque de ferro. o Em homens: 23,9 a 336,2 ng/mL o Em mulheres: 11 a 306,8 ng/mL Transferrina: proteína transportadora exclusiva de ferro. Tem capacidade de ligar simultaneamente duas moléculas de ferro. Sua produção é regulada pelo ferro corporal, aumentando quando os estoques estão exauridos. o Está aumentada em casos de: - Gestação - Uso de contraceptivos orais o Está diminuída em casos de: - Inflamação - Infecção - Malignidade - Doença hepática - Síndrome nefrótica - Desnutrição Saturação de transferrina: feito a partir da “junção” da transferrina com o ferro sérico, através de um cálculo. Esse cálculo é feito através da razão FERRO SÉRICO/TRANSFERRINA x 0,71, variando de 20 a 45% Investigar a origem da anemia: o Deficiência na dieta? o Perdas menstrual/gastrintestinal? o Verminose? Investigação diagnóstica: Estoques de ferro diminuídos? Se sim, tratamento de reposição. Se não, investigar outras causas. Mulheres que menstruam: o Menorragia? o Gravidez? Investigação do TGI (para mulheres e homens que não menstruam): o Acima de 50 anos: colonoscopia. Caso o resultado seja normal, indicar uma endoscopia digestiva alta com biópsia gástrica ou duodenal. o Abaixo de 50 anos: endoscopia digestiva alta. Caso o resultado seja normal, solicitar uma colonoscopia. Caso todos os exames estejam normais, será necessária a investigação de outra causa de anemia, que não seja por deficiência de ferro. Hemograma na Anemia Ferropriva Frequentemente, há neutropenia, entre 1200 e 2000 m. Quando há eosinofilia, sugere verminose como causa da anemia. Metabolismo do Ferro Mais de dois terços do conteúdo de ferro do organismo encontra-se incorporado à molécula de hemoglobina. Portanto, a hemoglobina é a principal forma funcional de ferro no organismo e também seu principal depósito. A quantidade de ferro nos depósitos é muito variável, mas equivale de 800 a 1000mg em um homem adulto, e cerca de 300mg na mulher adulta. Formas de armazenamento de ferro: Ferritina: no fígado Hemossiderina: nos macrófagos que destroem as hemácias. Restringe-se aos macrófagos da medula óssea, do fígado e do baço. Pode estar aumentada de forma significativa em casos de sobrecarga de ferro. Absorção do Ferro Ferro heme: ferro de origem animal, presente em carnes. Ferro não heme: ferro de origem vegetal O ferro ingerido na dieta geralmente é o ferro ferroso (Fe 3+). Para ser absorvido, é necessário que o ferro ferroso seja transformado em ferro férrico. Transporte do Ferro A proteína que transporta o ferro é a transferrina. Ela leva o ferro para os músculos, para formar a mioglobina. Na medula óssea, a transferrina transporta o ferro para auxiliar na produção de eritrócitos, sintetizando hemoglobina. No baço, ocorre a destruição de hemácias senescentes. Após a destruição dessas hemácias, a transferrina transporta novamente o ferro oriundo dessas hemácias para os locais de necessidade. Não há mecanismo de excreção de ferro! O que ocorre no organismo são perdas de ferro, através de: Descamação dos tecidos Via fecal Menstruação Principal fonte de ferro para a transferrina: hepatócitos. Caso não, investigar o TGI Tratamento da anemia ferropriva Sulfato ferroso: (400-600mg por dia para adultos) Com ferro oral, a elevação da Hgb é da ordem de 1 a 2% por dia, a partir do sexto dia de tratamento. Com o ferro intravenoso, é inicialmente mais rápida. É necessário fazer um hemograma de controle aos 60 dias, mas o tratamento oral deve ser mantido por três meses, no mínimo, para suprir as reservas de ferro do organismo após a normalização da hemoglobina. Estratégias ofensivas da OMS: Aumentar a disponibilidade de ferro na alimentação o Exemplo: a maioria dos países utiliza a suplementação de ferro na farinha branca, para que a população carente, que não tem uma dieta variada, poder ter o aporte de ferro mínimo necessário. Controlar as infecções: imunização e programas de controle da malária, parasitoses e esquistossomose. Melhorar o estado nutricional: prevenção e controle de outras deficiências nutricionais, como deficiência de vitamina B12, folatos e vitamina A.
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