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Alterações cromossômicas - pdf

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120 Capítulo 5 Citogenética clínica 
Perspectiva do 
genoma inteiro 
Ili .. 
DNA genômico como 
o substrato analisável 
e automação 
1 
1 -u 
Resolução 
aumentada 
Figura 5-28. Hibridização genômica comparativa baseada em 
microarranjo. (Reproduzida, com permissão, de Warren G. Sanger, PhD, 
University of Nebraska Medical Center, Omaha, Nebraska.) 
tituídas por plataformas que incluíam 2.000, então 40.000, 
depois 105.000. Hoje, alguns laboratórios oferecem painéis 
de aCGH de 180.000 sondas. Essas plataformas oferecem co-
bertura de intervalos com menos de uma megabase (Mb) ao 
longo de todo o genoma, embora os intervalos não estejam 
uniformemente distribuídos. Para colocar isso em perspecti-
va, o tamanho do gene único da distrofina é de aproximada-
mente 1,8 Mb. Ainda assim, não surpreenderia ninguém se, 
enquanto você está lendo isso, esses números já estivessem 
desatualizados. De fato, no futuro a tecnologia de aCGH po-
derá até mesmo ser substituída por tecnologias emergentes 
tais como sequenciamento exônico total. 
Com esses avanços da tecnologia, as fronteiras entre a ge-
nética molecular e a citogenética ficaram turvas. Atualmente, 
essa disciplina híbrida é chamada por muitos de citogenética 
molecular. A CGH em arranjo e técnicas modernas relacio-
nadas de rastreamento do genoma inteiro são discutidas com 
mais detalhe no Capítulo 11. 
Aneuploidia cromossômica 
Aneuploide significa literalmente "múltiplo ou número in-
correto". Então, aneuploidia é o estado de ser aneuploide. 
Portanto, aneuploidia cromossômica se refere à situação na 
qual um indivíduo possui um número cromossômico anormal. 
O Quadro 5-4 lista algumas das síndromes de aneuploidia 
, . 
cromossômica humanas mais importantes ou comuns. E rm-
portante reconhecer estas condições por várias razões. Con-
forme anteriormente mencionado, historicamente estas foram 
as primeiras condições descritas com uma etiologia genética 
identificável. O público em geral está bem consciente sobre 
algumas delas - e geralmente tem ideias significativamente 
erradas. E, não menos importante, com frequência elas apare-
cem em questões padronizadas de provas médicas. 
Uma variação de número cromossômico é chamada de po-
lipliodia. Triploidia significa 69 cromossomos com três có-
pias completas de cada cromossomo (Fig. 5-29). Essa é uma 
ocorrência muito comum em concepções. Mas, como ocorre 
na maioria dos desequilíbrios cromossômicos, a grande maio-
ria de tais concepções resulta em um aborto espontâneo (ver 
Quadro 5-2). De fato, estima-se que aproximadamente 11 % 
Quadro54 Síndromes cromossômicas convencionais 
Condição Epônlmo Descrição 
da alteração 
cromossômica 
Poliploidia 
Triploidia 69, XXX ou XXY 
ou XYY 
Trissom ia 
Trissarnia do 13 Síndrome 47,+13 
de Patau 
Trissarnia do 18 Síndrome 47,+18 
de Edwards 
Trissarnia do 21 Síndrome 
47,+21 de Down 
Cromossomo 
sexual 
Monossomia Síndrome 45,X 
do X de Turner 
XXY Síndrome de 47,XXY 
Klinefelter 
xxx 47, xxx 
XYY 47,XYY 
Deleção 
Deleção de 4p Síndrome de 4p-
Wolf-Hirschhorn 
Deleção de 5p Síndrome do 5p-
cri-du-chat 
de todos os abortos espontâneos tenham um cariótipo triploi-
de. Ocasionalmente, há um nascido vivo com uma contagem 
cromossômica triploide. Isso é muito mais provável se o in-
divíduo for mosaico para esta alteração (Fig. 5-30). Em geral, 
estima-se que aproximadamente 1 em 10.000 nascidos vivos 
poderá ter essa anormalidade. O cariótipo em indivíduos tri-
ploides pode ser 69, XXX, 69, XXY ou 69, XYY. A triploi-
dia resulta mais frequentemente da fertilização de um único 
óvulo por dois espermatozoides ( dispermia ou diespermia ), 
resultando em um conjunto extra de cromossomos vindos do 
( 
•• ~ 1 
~ 1 ' • Jl l' Jf( 1 2 3 4 5 
. ~ . 
''' 1 '; .. . 1li 311 Ili '", · · ~ >I 6 7 8 9 10 11 12 
• 1 ~ t 1'1 .. " .., 13 14 15 16 17 18 
' .. ..... .. ' • •• } ' "' 19 20 21 22 X 
Figura 5-29. Cariótipo com contagem triploide (69, XYY) , 
provavelmente devido à dispermia. (Reproduzida , com permissão, 
de Warren G. Sanger, PhD, University of Nebraska Medical Center, Omaha, 
Nebraska.) 
y 
Aneuploidia de cromossomos sexuais 121 
(a) (b) 
Figura s.30. Paciente com mosaicismo diploide/triploide. (a) Criança. (b) Jovem. 
pai (diandria). Ela pode ocorrer também por diginia, na qual 
o conjunto extra completo vem da mãe. 
Os fetos com diginia tendem a ter uma placenta relativa-
mente pequena com um feto mais bem desenvolvido. Os fe-
tos com diandria, ao contrário, são menos desenvolvidos e há 
uma placenta grande anormal. Essas variações de expressão 
clínica podem ser explicadas pelas diferenças no que se co-
nhece como imprinting. Para mais informações sobre imprin-
ting, consulte o Capítulo 12, que aborda a herança atípica. 
A tetraploidia (92 cromossomos) é comum em abortos 
espontâneos, mas não é tipicamente encontrada em crianças 
nascidas vivas. 
Aneuploidia de cromossomos sexuais 
Por causa da natureza única dos cromossomos sexuais, situa-
ções de aneuploidia são mais toleradas. Especificamente, a 
aneuploidia de cromossomos sexuais é mais comumente vista 
em crianças nascidas vivas do que a aneuploidia de autosso-
mos. Na concepção, a ocorrência é provavelmente semelhan-
te, mas a aneuploidia de autossomos é mais provável de ser 
perdida como um aborto espontâneo. 
1. Síndrome de Turner. Um cromossomo X ausente (45, X) 
é a única monossomia de cromossomo inteiro que é com-
patível com a vida pós-natal humana. O fenótipo foi des-
crito por Henry Turner, em 1938, com a condição atual de 
ter o epônimo de síndrome de Turner. A descrição inicial 
foi aquela de meninas com baixa estatura, falha puberal, 
cúbito valgo e pescoço alado (Fig. 5-31 ). Outras caracte-
rísticas podem incluir um peito amplo com mamilos es-
paçados e unhas anguladas. Uma variedade de anomalias 
estruturais pode ocorrer. As duas mais importantes a ob-
servar são coarctação da aorta e um rim em forma de "fer-
radura". Muitas das características clínicas da síndrome de 
Turner podem ser atribuídas como secundárias a linfede-
ma congênito (Fig. 5-32). A descoberta de um cromosso-
mo X ausente como a causa para a síndrome de Turner foi 
feita por Charles Ford, em 1959. 
Dependendo da apresentação de uma determinada me-
nina, o diagnóstico da síndrome de Turner pode ser feito 
em vários pontos de sua vida. Ocasionalmente, crianças 
com síndrome de Turner podem ser reconhecidas devido 
à presença de características somáticas suspeitas. O linfe-
dema congênito pode persistir após o nascimento e surgir 
como edema do dorso das mãos e dos pés (Fig. 5-33). Pul-
sos diferenciais podem indicar uma coarctação da aorta, 
a qual, se presente em uma menina recém-nascida, pode 
justificar investigação posterior para possível síndrome de 
Turner. Porém, muitas meninas com síndrome de Turner 
não terão nenhuma característica identificável no nasci-
122 Capítulo 5 Citogenética clínica 
(a) 
(b) 
Figura 5-31. Síndrome de Turner. Estas fotografias foram 
retiradas das imagens originais utilizadas pelo Dr. Henry 
Turner em sua publicação de 1938. As fotografias em preto e 
branco foram recortadas e coladas em carto lina preta. 
(Cortesia de G. B. Schaefer; originais doados aos arquivos da Endocrine 
Society of America.) 
mento. As características clínicas mais consistentes vistas 
em indivíduos com um cariótipo 45, X são baixa estatura 
e falência ovariana primária. Ambas as características ob-
viamente apareceriam mais tarde. 
Isso oferece uma situação na qual o conhecimento pró-
-ativo inicial de um médico pode ter beneficias significa-, 
tivos para o paciente. E importante reconhecer a síndrome 
de Turner precocemente, por causa das vantagens de usar 
o hormônio de crescimento para aumentar a altura adulta 
final. Portanto, mesmo na ausência de qualquer caracterís-
tica fisica, meninas com baixa estatura sem outra explica-
ção devem realizar um cariótipo (Fig. 5-34). 
Em geral, e ao contrário do que é relatado na literatura 
mais antiga, a síndrome de Turner está associadaà inteli-
gência normal. Essas mulheres possuem alterações neu-
ropsicológicas distintas, incluindo problemas consistentes 
Figura 5-32. Aborto espontâneo de feto com síndrome de 
Turner. Observe o impressionante linfedema, que pode explicar a 
maioria das características associadas à síndrome de Turner. 
com integração visual-espacial e, geralmente, dificuldades 
, . 
em matematica. 
O fenótipo da síndrome de Turner pode estar associado 
a vários desequilíbrios cromossômicos. Aproximadamen-
te, metade das meninas com síndrome de Turner apresenta 
um cariótipo 45, X (Fig. 5-35). Outros 25% possuem al-
guma forma de mosaicismo de cromossomo sexual, com 
o remanescente tendo uma variedade de outros rearranjos 
cromossômicos, incluindo o isocromossomo Xq, a dele-
ção Xq ou a deleção Xp. Estima-se que a síndrome de Tur-
ner ocorra em 1 a cada 2.500 nascidos vivos. 
2. Síndrome de Klinefelter. A síndrome de Klinefelter 
(Fig. 5-36) é um distúrbio encontrado em homens, asso-
ciado a um cariótipo 47, XXY (Fig. 5-37a). As principais 
características clínicas da síndrome de Klinefelter são atri-
buídas ao hipogonadismo (falência testicular primária). 
Por causa da falência testicular primária, esses indivíduos 
geralmente apresentam ginecomastia, infertilidade e atra-
so do desenvolvimento pubertário com hábito eunucoide. 
Hipomentação (QI menor) é relativamente comum nesta 
condição; entretanto, muitos indivíduos com esta condi-
ção possuem intelecto normal. A média geral do QI com 
Aneuploidia de cromossomos sexuais 123 
(a) (b) 
Figura 5-33. Edema dorsal (a) dos pés e (b) das mãos de duas crianças com síndrome de Turner. (Reproduzida , com permissão, de Brooker 
RJ: Genetics: Ana/ysis & Principies, 3rd ed. New York: McGraw-Hill, 2008.) 
• 
..... --. . 
"'-º • .• . 
Figura 5-34. Menina com síndrome de Turner sem 
características dismórficas típicas desta síndrome. 
síndrome de Klinefelter é em tomo de 90. Esta condição 
ocorre em aproximadamente 1 em 600 meninos recém-
-nascidos. , 
E importante notar que 40 a 50% dos homens com sín-
drome de Klinefelter não apresentam características fi-
sicas perceptíveis. Eles apresentam apenas infertilidade 
masculina devido à azoospermia (não produção de esper-
ma). Por esse motivo, uma análise do sêmen seguida de 
um cariótipo é indicada como parte da investigação da in-
fertilidade. 
45X CW 550 
1 2 3 4 5 
6 7 8 9 10 11 12 
13 14 15 16 17 18 
• 
19 20 21 22 X 
Figura 5-35. Cariótipo 45, X. (Reproduzida, com permissão, de Warren 
G. Sanger, PhD, University of Nebraska Medical Center, Omaha, Nebraska.) 
124 Capítulo 5 Citogenética clínica 
(a) (b) 
Figura 5-36. Jovem com síndrome de Klinefelter. (a) Estatura alta, atraso do desenvolvimento pubertário com hábito eunucoide; 
(b) Testícu los pequenos. 
Variantes da síndrome de Klinefelter incluem 48, 
XXXY (Fig. 5-37b) e 49, XXXXY. Em geral, esses indi-
víduos apresentam um fenótipo semelhante ao de Kline-
felter. As diferenças primárias são que, com o aumento no 
número de cromossomos X, há um aumento na restrição 
do crescimento e diminuição do QI. Muitos indivíduos 
com essas variantes podem ter algumas alterações cranio-
faciais e esqueléticas brandas não observadas na síndrome 
de Klinefelter 47, XXY. 
3. Síndrome XXX. Mulheres com um cariótipo 4 7, XXX 
(Fig. 5-38) costumam apresentar relato de "ausência de pa-
drão de malformações". A puberdade e a fertilidade são, em 
geral, normais. Quando comparadas à população em geral, 
mulheres com 4 7, XXX tendem a ser um pouco mais al-
tas e a ter uma circunferência da cabeça levemente menor, 
em média. Como um grupo, elas tendem a ter uma incidên-
cia um pouco maior de dificuldades de aprendizagem, defi-
ciências de desenvolvimento, descoordenação e um aumen-
to dos problemas de comportamento (Fig. 5-39). 
As variantes da síndrome 4 7, XXX incluem 48, XXXX 
e 49, XXXXX. Novamente, à medida que o número de 
cromossomos X aumenta, o QI geral diminui. Alguns in-
divíduos que possuem XXXX e XXXXX foram relatados 
com fácies semelhante àquela observada na síndrome de 
Down. 
4. XYY. Indivíduos com um cariótipo 47, XYY (ver Fig. 5-39) 
apresentam relatos de características sutis como um leve 
aumento na altura em vez da estatura esperada, descoor-
denação, atrasos de fala, diferenças de comportamento e 
dificuldades de aprendizagem. Estes homens apresentam 
fertilidade normal. Ocasionalmente, as características re-
portadas incluem dentes grandes, glabela proeminente, bra-
ços e pernas longos e acne dificil de controlar. A incidência 
geral é de 1 em 700 a 1 em 1.000 meninos. Relatos anterio-
res dos anos de 1970 mostravam uma incidência aumentada 
do cariótipo XYY em homens que eram encarcerados. In-
terpretações sociobiológicas levantaram a questão de o ca-
riótipo XYY estar associado a um "fenótipo criminoso". No 
entanto, demonstrou-se que esta condição não está associa-
da a um fenótipo criminoso, mas que, na verdade, a maior 
incidência observada na população carcerária representa um 
viés de averiguação - presumivelmente não devido a maio-
res chances de cometer um crime, mas, de ser pego. Eles 
são altos, desajeitados e mentalmente lentos. 
-
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Trissom ias 125 
1 2 3 4 5 
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13 14 15 16 17 18 
• 
• 
19 20 21 22 X X X Y 
Figura S-37. (a) Cariótipo 47, XXY. (b) Cariótipo 48, XXXY. (Reproduzida, com permissão, de Warren G. Sanger, PhD, University of Nebraska Medical 
Center, Omaha, Nebraska.) 
Trissomias 
A trissomia se refere à presença de um único cromossomo 
extra completo. Trissomias de todos os autossomos ocorrem 
com uma frequência relativamente alta nas concepções, mas a 
maioria delas é perdida como abortos. Apenas três aneuploi-
dias de cromossomos completos (não mosaico) são compatí-
veis com a vida pós-natal em seres humanos: as trissomias do 
13, do 18 e do 21. 
1. Trissomia do 21 (síndrome de Down). A síndrome de 
Down foi descrita por Langdon Down em 1866. Os indi-
víduos com síndrome de Down apresentam uma aparência 
facial prontamente reconhecível, descrita como um achata-
1 2 3 4 5 
.. 
• - • 
6 7 8 9 10 11 12 
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13 14 15 16 17 18 
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19 20 21 22 X X X 
Figura S-38. Cariótipo 4 7, XXX. (Reproduzida, com permissão, de Warren 
G. Sanger, PhD, University of Nebraska Medical Center, Omaha, Nebraska.) 
... '1' 
mento do perfil facial, nariz pequeno, epicanto e manchas 
de Brushfield (áreas focais de displasia na íris). Eles podem 
apresentar o quinto dedo mais curto, um amplo espaço en-
tre o primeiro e o segundo dedos dos pés e um vinco palmar 
transversal único (Fig. 5-40). Em 1959, foi descrita a asso-
ciação cariotípica da trissomia do 21 em associação com o 
fenótipo da síndrome de Down (Fig. 5-41 ). Estima-se que a 
síndrome de Down ocorra em 1 de 800 nascidos vivos. 
A grande maioria (95%) dos indivíduos com síndrome 
de Down apresenta aneuploidia de cromossomo completo 
(trissomia do 21) como etiologia. Outros 4% apresentam 
uma variedade de translocações, sendo a mais importante 
delas uma translocação robertsoniana 14:21. Aproximada-
1 
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XYY 19 20 21 22., 
Figura 5-39. Cariótipo 4 7, XYY. (Reproduzida, com permissão, de 
Warren G. Sanger, PhD, University of Nebraska Medical Center, Omaha, Nebraska.) 
126 Capítulo 5 Citogenética clínica 
(a) 
(e) 
• • 
• 
{b) {d) 
Figura 540. Síndrome de Down. (a) Características faciais típicas. (b) Olho com manchas de Brushfield (pequenas manchas de cor 
clara na íris, devidas à displasia focal do tecido conectivo). (c) Sulco palmar transversal único (símio). (d) Amplo espaço entre o primeiro e 
o segundo dedos. 
1 
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17 18 
• xx 
Figura 541. Cariótipo 4 7, XX,+21. (Reproduzida, com permissão, de 
Warren G. Sanger, PhD, University of Nebraska Medical Center, Omaha, Nebraska.) 
mente, 1 % dos indivíduos com síndrome de Down possui 
• • mosa1c1smo. 
Os indivíduos com síndrome de Down apresentam uma 
variedade de problemas de saúde que são importantes de 
serem reconhecidas. Essas questões precisam ser aborda-
das como uma série de condições específicas de recomen-
dações adicionais ao típico regime de assistência médica 
ao qual estes pacientes são submentidos em seu local de 
atendimento médico. 
• Indivíduos com síndrome de Down possuem uma va-
riedade de problemas neurológicos, que podem incluir 
QI abaixo da média, doença de Alzheimer, baixo tônus 
muscular (hipotonia) e problemas de visão e audição. 
• Malformações cardíacas congênitas ocorrem em cerca de 
50% dos casos. A anomalia cardíaca mais comum é um 
canal atrioventricular que, se for grande o suficiente, pode 
não apresentar sopro cardíaco associado. Assim, um eco-
cardiograma é recomendado para todas as pessoas com 
síndrome de Down no momento do diagnóstico, inde-
pendentemente da presença ou ausência de sopro. 
• Outras alterações estruturais na síndrome de Down in-
cluem instabilidade atlanto-occipital da coluna verte-
bral e uma variedade de diferentes obstruções gastrin-
testinais. O hipotireoidismo adquirido ocorre com muito 
mais frequência nesses indivíduos. 
• A incidência geral de leucemia é aproximadamente 11 
vezes maior do que aquela na população em geral. 
2. Trissomia do 13 (síndrome de Palau). A trissomia do 13 
está associada a múltiplas anomalias congênitas e deficiên-
cias cognitivas graves. Alterações estruturais incluem lá-
bio leporino e fenda palatina, microftalmia, polidactilia, 
microcefalia e doença cardíaca congênita (Fig. 5-42). A 
etiologia pode ser uma não disjunção ou uma translocação 
hereditária do cromossomo 13 (Fig. 5-43). A incidência 
está estimada em 1 a cada 5.000 nascimentos. 
3. Trissomia do 18 (síndrome de Edwards). Um fenótipo se-
melhante é visto na trissomia do 18 (síndrome de Edwards). 
As características clínicas incluem deficiência de cresci-
mento grave, deficiência intelectual, punho fechado com 
dedos sobrepostos, pés em mata-borrão e doença cardíaca 
congênita (Fig. 5-44). A etiologia também é não disjunção 
ou translocação hereditária, mas do cromossomo 18 (Fig. 
5-45). A incidência estimada é de 1 em 3.000. 
Do ponto de vista do manejo, o problema mais críti-
co para as trissomias do 13 e do 18 é uma diminuição na 
expectativa de vida geral. O Quadro 5-5 resume os da-
dos reportados para as expectativas de longevidade dessas , 
duas condições. E importante ressaltar que a última coluna 
mostra que a morte no primeiro ano é estimada em cerca , 
de 90% para ambas as condições. E imprescindível que os 
médicos que atendem as famílias que possuem recém-nas-
cidos com essas condições graves estejam cientes do fato 
de que 90% não é 100%. Sobrevivência de longo prazo 
com as trissomias do 13 e do 18 foram ocasionalmente re-, 
latadas em quase toda clínica genética. E importante, por-
tanto, fornecer à família a informação mais precisa. Não 
devemos minimizar as estatísticas desfavoráveis; ainda 
assim, devemos estar cientes das estatísticas corretas. 
Mosaicismo cromossômico 
As alterações cromossômicas devidas a erros mitóticos que 
ocorrem após a concepção podem resultar em mosaicismo cro-
mossômico, isto é, nem toda a célula contendo a mesma com-
posição cromossômica. (O conceito de mosaicismo é discutido 
com mais detalhe no Capítulo 12, "HerançaAtípica"). O núme-
ro e a distribuição das células cromossomalmente anormais em 
um indivíduo irá variar dependendo do período e em que célula 
progenitora da anormalidade começa. O fenótipo pode ser ex-
tremamente variável, indo desde a expressão completa da con-
dição até o estado de não expressão. A Figura 5-46 mostra uma 
menina que foi avaliada para atrasos leves de desenvolvimen-
to. Seu teste citogenético revelou mosaicismo para síndrome de 
Down (7 de 30 células testadas). Como se pode notar pela foto, 
suas características craniofaciais não lembram verdadeiramen-
te o fenótipo da síndrome de Down. De fato, a única caracte-
rística fisica sensivelmente anormal observada foi um grande 
Alterações na estrutura do cromossomo 127 
espaço entre o primeiro e o segundo dedos do pé. Indiscutivel-
mente, porém, este mosaicismo é a causa dos atrasos em seu 
desenvolvimento. 
Outra característica importante a ser ressaltada é a asso-
ciação entre mosaicismo cromossômico e alterações pigmen-
tares da pele. Isso surge a partir da embriologia das células 
da crista neural. Após a separação do tubo neural, algumas 
das células da crista neural migram extensivamente e dão ori-
gem a vários tipos distintos de células diferenciadas. Estes ti-
pos celulares incluem neurônios e células da glia do sistema 
nervoso, células da medula da glândula suprarrenal, células 
produtoras de melanina da epiderme e componentes dos te-
cidos esquelético e conectivo do complexo craniofacial. Essa 
conhecida associação pode f omecer a pista crítica para defi-
nir uma etiologia para um determinado problema. Especifi-
camente, as alterações pigmentares da pele que seguem um 
padrão conhecido como linhas de Blaschko podem indicar 
um mosaicismo cromossômico subjacente. Consequentemen-
te, parte das investigações para o diagnóstico de indivíduos 
com problemas neurológicos (convulsões, deficiência inte-
lectual e assim por diante) e alterações pigmentares da pele 
incluem uma biópsia da pele para obter fibroblastos para aná-
lises cariotípicas em outro tecido (Fig. 5-47). 
Alterações na estrutura do cromossomo 
Nem todos os desequilíbrios cromossômicos são alterações 
no número de cromossomos inteiros. As alterações parciais 
na estrutura do cromossomo incluem duplicações, deleções e 
translocações. O fenótipo associado com alterações parciais 
na estrutura do cromossomo (duplicações/deleções) depende 
de vários fatores, incluindo o tamanho da alteração, que re-
gião de qual cromossomo está envolvida e os genes especí-
ficos presentes na região afetada. Em geral, as duplicações 
podem não ser tão problemáticas quanto as deleções. Enquan-
to esses fatores intuitivamente fazem sentido, há muita va-
riação que não pode ser explicada somente por eles. Vários 
outros modificadores provavelmente estão atuando também. 
As translocações podem ser balanceadas ou não balanceadas. 
Translocações balanceadas são definidas como aqueles rearran-
jos nos quais há uma alteração na posição, mas não na quanti-
dade real de material genético. Por outro lado, as translocações 
desbalanceadas ocorrem quando há alterações tanto na localiza-
ção quanto na quantidade. Teoricamente, pessoas portadoras de 
translocações balanceadas não terão efeitos clínicos por conta do 
rearranjo. A principal implicação de carregar uma translocação 
balanceada é a possibilidade de transmitir um rearranjo desbalan-
ceado para a próxima geração. Conforme explicado na primeira 
seção, os possíveis resultados na descendência de um portador de 
uma translocação balanceada seriam: 
1. cromossomos normais; 
2. rearranjo desbalanceado, ou; 
3. um rearranjo balanceado como o do genitor. 
As sequelas clínicas de uma translocação desbalanceada 
são a produção de uma deleção ou de uma duplicação - com 
as mesmas implicações para esses desequilíbrios, conforme 
apontado anteriormente. 
128 Capítulo 5 Citogenética clínica 
(a) 
(e) 
(e) 
(b) 
(d) 
Figura 5-42. Menina de dois dias com trissomia do 13 
(síndrome de Patau). (a) Características craniofaciais incluem 
microcefalia com testa inclinada, vincos supraorbitais e nariz 
triangular largo. (b) Orelhas de implantação baixa, com hélices 
anormais. (c) Polidactilia pós-axial. (d) Pés em "mata-borrão" 
(calcâneo proeminente).(e) Outra criança com trissomia do 13, 
apresentando aplasia da pele do couro cabeludo. 
1 
6 7 
li ,, 
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13 14 15 
A 
2 
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8 
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16 17 18 
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Figura 543. Cariótipo 4 7, XY, +13. (Reproduzida, com permissão, de 
Warren G. Sanger, PhD, University of Nebraska Medical Center, Omaha, Nebraska.) 
(a) 
(b) 
Figura 5-44. Paciente com trissomia do 18 (síndrome de 
Edwards). 
6 
13 14 
19 20 
• JI 1 1. 
2 
7 
15 
Alterações na estrutura do cromossomo 129 
3 4 5 
8 9 10 11 12 
16 17 18 
Figura 5-45. Cariótipo 47, XY, +18. (Reproduzida, com permissão, de 
Warren G. Sanger, PhD, University of Nebraska Medical Center, Omaha, Nebraska.) 
Quadro 5-5 tístlcas publicadas de longevidade 
para trlssomla do 13 e trissomla do 18 
Trlssomla do 13 Trlssomla do 18 
Expectativa de vida média 130-180 dias 60 dias 
Expectativa de vida mediana 7-10 dias 4 dias 
(40-48 dias se não houver grandes 
malformações cardíacas/ gastrintestina is) 
Morte com 1 mês 
Morte com 6 meses 
Morte com 1 ano 
45% 
70% 
82-90% 90% 
Quando indivíduos com rearranjos cromossômicos (balan-
ceados ou desbalanceados) são identificados como parte de uma 
avaliação diagnóstica, é absolutamente indicado fazer um carió-
tipo dos pais. Nas situações de alterações cromossômicas estrutu-
rais, há uma possibilidade de que um dos genitores seja portador 
de uma translocação balanceada. Até 10% das vezes, um dos ge-
nitores de uma criança com uma translocação desbalanceada po-
de ele mesmo ter uma translocação balanceada. Particulannente 
importante são certas anormalidades raras, tais como duplicação 
cromossômica em tandem. A Figura 5-48a mostra uma trans-
locação 13:3 presente em um menino recém-nascido com ca-
racterísticas de trissarnia do 13. Embora este indivíduo possua 
46 cromossomos, ele é funcionalmente trissômico para o 13 e 
apresenta o arranjo completo de características clínicas. A aná-
lise cariotípica dos pais dessa criança mostrou que a mãe tinha 
45 cromossomos com um deles sendo um cromossomo híbrido 
13:13. Assim, os únicos resultados reprodutivos possíveis para 
esse indivíduo seriam ter uma criança monossômica para o 13 
(que invariavelmente seria abortada) ou ter uma criança com 
trissarnia do 13 (Fig. 5-48b). 
Uma observação importante foi notada por médicos nes-
ta matéria ao longo das décadas. Uma criança pode ter sido 
vista para uma avaliação por causa de anomalias congênitas

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