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Marciely Inaiara Silva dos Santos - Odontologia Periodontia I I Princípios SELEÇÃO DE CASOS Os problemas periodontais que requerem terapia cirúrgica podem ser divididos em duas categorias básicas: • Problemas periodontais que resultam de mudanças localizadas, em que a dentição remanescente não está em risco: cáries/fraturas dentais, “síndrome do dente curto” secundária à erupção tardia ou alterada, fratura radicular/falha endodôntica parcial em molares e retração gengival localizada secundária ao desenvolvimento circunstancial ou hábitos iatrogênicos. As soluções cirúrgicas normalmente são “procedimentos de cirurgia de roteiro”, como aumento de coroa c l ínica funcional/estét ica , ressecção radicular ou enxerto gengival . Uma vez que esses problemas são corrigidos, o monitoramento dessas áreas pode ser de responsabilidade do dentista que encaminhou o paciente. • Condições localizadas que necessitam de cuidado contínuo e monitoramento: normalmente estão associados a múltiplas áreas de periodontite moderada-avançada e múltiplas áreas com retração com dentição de biotipo periodontal fino. Terapias cirúrgicas para esses pacientes incluem redução de bolsa, regeneração óssea e procedimentos de enxerto mucogengival OBJETIVOS • Eliminar bolsas gengivais e periodontias; • Devolver as características de normalidade ao periodonto; • Obter acesso cirúrgico a bolsas periodontais profundas para uma adequada limpeza e alisamento da superfície radicular; • Facilitar o controle do biofilme pela redução ou eliminação de áreas de retenção de biofilme; • Proporcionar ambiente para uma prótese ou restauração • Terapia periodontal regenerativa; • Correção de normalidades cosméticas; • Criar gengiva inserida; • Criar uma nova inserção para o dente. CONTRA-INDICAÇÕES • Paciente com idade avançada, onde o tratamento básico pode manter os dentes por um longo período de tempo; • Casos em que a execução dos procedimentos básicos removem e controlam a lesão; • Presença de doenças sistêmicas e outras condições: condições cardíacas crônicas ou instáveis, diabetes descontrolado/pouco controlado, uso crônico de corticosteroides, medicações para antirreabsorção óssea (bisfosfonatos etc.), osteomielite, HIV, terapia com radiação, gestação e malignidade; • A motivação do paciente é claramente inadequada; • Consequências pós-operatórias desagradáveis; • Prognóstico desfavorável. REQUISITOS PRÉ-OPERATÓRIO LOCAIS • Execução completa dos procedimentos periodontais básicos; • Estado de higiene bucal satisfatória. PREPARO DO PACIENTE PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO IDEAL Anamnese minuciosa; Histórico pessoal e familiar; Solicitação de exames auxiliares: • Tempo de coagulação (TC) • Tempo de sangria (TS) • Hemograma (contagem de plaquetas) • Glicemia e uréia Preparo pré-operatório clínico • Prevenção de hemorragias • Redução da salivação • Controle do nervosismo Reavaliação após a Fase I da Terapia • Quase todo paciente submete-se à chamada fase inicial ou preparatória, que consiste basicamente na raspagem completa e alisamento radicular e na Marciely Inaiara Silva dos Santos - Odontologia Periodontia I I remoção de todos os irritantes responsáveis pela inflamação periodontal; • Esses procedimentos: (1) eliminam inteiramente algumas lesões; (2) deixam os tecidos mais firmes e consistentes, permitindo uma cirurgia mais precisa e delicada; e (3) familiarizam o paciente com o consultório, o cirurgião e seus assistentes, diminuindo a apreensão e o medo do paciente; • A fase de reavaliação consiste em nova sondagem e reexame de todos os achados pertinentes que antes indicaram a necessidade do procedimento cirúrgico. A persistência desses achados confirma a indicação para a cirurgia. Pré-medicação • Alguns estudos relataram menos complicações pós- operatórias, incluindo menos dor e edema, quando os antibióticos são administrados antes da cirurgia periodontal e continuados pelos 4 a 7 dias subsequentes; • O uso profilático dos antibióticos em pacientes saudáveis tem sido defendido para os procedimentos de enxertos ósseos e pretensamente aumentam as chances de nova inserção • Outras medicações pré-cirúrgicas incluem a administração de um medicamento anti-inflamatório não esteroidal (AINE), como o ibuprofeno, 1 hora antes do procedimento, bem como o uso de um enxaguatório bucal com gluconato de clorexidina a 0,12% (Periogard ®); Tabagismo • Os pacientes fumantes devem ser orientados a interromper o uso por no mínimo de 3 a 4 semanas após o procedimento; • Para os pacientes relutantes em seguir esse conselho, deve ser considerado um plano de tratamento alternativo que não inclua técnicas mais sofisticadas (p. ex., regenerativas, mucogengivais, estéticas). Consentimento Informado • O paciente deve ser informado, na consulta inicial, sobre o diagnóstico, prognóstico e possíveis tratamentos para a sua condição, com os resultados previstos e todos os prós e contras de cada abordagem discutida; • No momento da cirurgia, o paciente deve ser informado novamente, verbalmente e por escrito, sobre o procedimento a ser executado e deve indicar a sua concordância em se submeter ao procedimento assinando um consentimento prévio. CLASSIFICAÇÃO Quanto ao princípio técnico: • Ressectivas • Regenerativas • Conservadoras Quanto a finalidade: • Terapêutica • Estética • Pré-protética • Peri-implantar Quanto ao tecido manipulado • Cirurgias gengivais: gengivoplastia, gengivectomia, cunhas distal/proximal • Retalhos periodontias: Total (cirurgias ósseas – expõe osso) e dividido (cirurgias mucogengivais – expõe periósteo) • Cirurgias ósseas: Osteoplastia, osteotomia, procedimentos regeneradores. • Cirurgias mucogengivais: Frenectomia, vestibuloplastia, enxerto. • Cirurgias para tratamento de dentes com envolvimento de furca: Odontoplastia e furcoplastia, Rizectomia, Odontosceção, tunelização radicular, procedimentos regeneradores PRINCÍPIOS BÁSICOS Conhecimento prévio da situação anatomoclínica da área a ser operada; Utilizar sempre bisturi afiado; Organizar o instrumental ordenadamente sobre a mesa; Realizar um corte único e firme; Certificar-se de que a incisão atingiu os planos teciduais a serem removidos; Planejar uma incisão que seja suficiente para expor a área a ser trabalhada (segurança e boa visão); Rebater e divulsionar os tecidos com instrumentos rombos adequados para estes fins; Respeitar um prazo de 40 dias em caso de uma nova intervenção cirúrgica; RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR • Apesar de a raspagem e de o alisamento radicular terem sido realizados previamente na fase I da terapia, todas as superfícies radiculares expostas devem ser exploradas atentamente e alisadas Marciely Inaiara Silva dos Santos - Odontologia Periodontia I I conforme a necessidade como parte integrante do procedimento cirúrgico; • Em particular, as áreas de difícil acesso (p. ex., bifurcações, bolsas profundas) costumam ter áreas rugosas ou até mesmo cálculos que não foram detectados durante as sessões preparatórias. HOMEOSTASIA • É um aspecto importante da cirurgia periodontal, pois um bom controle intraoperatório do sangramento permite uma visualização precisa da extensão da doença, do padrão de destruição óssea e da anatomia e condição das superfícies radiculares; • A cirurgia periodontal pode produzir sangramento profuso, especialmente durante as incisões iniciais e o levantamento do retalho; • Após o levantamento do retalho e a remoção do tecido de granulação, o sangramento desaparece ou é consideravelmente reduzido; • Normalmente, o controle do sangramento intraoperatório pode ser gerenciado com aspiração. A aspiração contínua do sítio cirúrgico com um sugador é indispensáveldurante a cirurgia periodontal; • A hemorragia excessiva após as incisões iniciais e o levantamento do retalho pode ser causada pela laceração das vênulas, arteríolas ou vasos maiores. Felizmente, a laceração dos vasos médios ou grandes é rara porque as incisões próximas às áreas anatômicas altamente vascularizadas (p. ex., mandíbula posterior [as artérias lingual e alveolar inferior], as regiões mesopalatinas [artéria palatina maior]) são evitadas pelos procedimentos de incisão e retalho. • A pressão deve ser aplicada pelo tecido para determinar a localização que vai interromper o fluxo sanguíneo no vaso afetado. Depois, uma sutura pode ser passada pelo tecido e amarrada para restringir o fluxo sanguíneo; • O sangramento excessivo de uma ferida cirúrgica também pode resultar de incisões realizadas sobre um plexo capilar. O sangramento persistente dos capilares em áreas menores pode ser estancado aplicando-se pressão fria ao sítio com gaze úmida; • O uso de um anestésico local com vasoconstritor também pode ser útil para controlar pequenos sangramentos do retalho periodontal. C IMENTOS CIRÚRGICOS PERIODONTAIS • Os cimentos cirúrgicos não têm propriedades curativas; • Eles ajudam na cicatrização, protegendo o tecido em vez de fornecer “fatores de cicatrização”, O cimento cirúrgico minimiza a probabilidade de infecção pós- operatória e hemorragia, facilita a cicatrização, prevenindo o trauma superficial durante a mastigação, e protege o paciente contra a dor induzida pelo contato da ferida com alimentos ou com a língua durante a mastigação. CIMENTOS DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL • Os cimentos de óxido de zinco-eugenol são fornecidos nas formas líquida e em pó que são misturadas antes de usar. O eugenol nesse tipo de embalagem pode induzir uma reação alérgica que produz rubor da área e dor em queimação em alguns pacientes. CIMENTO CIRÚRGICO SEM EUGENOL • Um tubo contém óxido de zinco, um óleo (para plasticidade), uma goma (para coesão) e lorotidol (um fungicida); o outro tubo contém ácidos graxos líquidos de coco espessados com resina de colofônia e clorotimol (um agente bacteriostático). • Esse cimento não contém asbesto ou eugenol, evitando com isso os problemas associados a essas substâncias. • Outros cimentos cirúrgicos sem eugenol incluem os cianoacrilatos e os condicionadores de tecido (géis de metacrilato), no entanto eles não são frequentemente utilizados. RETENÇÃO DOS CIMENTOS CIRÚRGICOS • Normalmente são mantidos no lugar por meios mecânicos, pelo encaixe nos espaços interdentais e juntando as partes lingual e vestibular do cimento; Marciely Inaiara Silva dos Santos - Odontologia Periodontia I I • Nos dentes isolados ou quando faltam vários dentes em uma arcada, a retenção do cimento cirúrgico pode ser difícil. INSTRUÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS • Evitar comer ou beber por uma hora; • Realizar compressas de gelo nas primeiras 24 horas; • Evitar bebidas quentes por 24 horas • Não realizar bochecho no 1º dia • Realizar bochecho com clorexidina 0,2% a partir do 2º dia; • Manter a escovação; • Evitar mastigar do lado operado; • Evitar álcool e fumo; • Não remover o cimento cirúrgico; • Usar a medicação recomendada; • Se houver sangramento, realizar pressão com uma gaze limpa e esterilizada e entrar em contato com o cirurgião; • Qualquer outro problema, entrar em contato com o cirurgião-dentista. ACHADOS NA REMOÇÃO DO CIMENTO CIRÚRGICO • Se uma gengivectomia foi realizada, a superfície estará coberta com uma malha friável de novo epitélio, que não deve ser perturbada. • Se o cálculo não tiver sido completamente removido, vão persistir protuberâncias eritematosas de tecido de granulação similares a esferas. • O tecido de granulação precisa ser removido com uma cureta para expor o cálculo de modo que ele possa ser removido e a raiz, alisada. A remoção do tecido de granulação sem a remoção do cálculo é seguida por recorrência; • Após uma cirurgia de retalho, as áreas que correspondem às incisões estão epitelizadas, mas podem sangrar imediatamente quando tocadas; elas não devem ser perturbadas. As bolsas não devem ser sondadas; • As mucosas vestibular e lingual podem estar cobertas por uma camada granular amarela-acinzentada ou branca de resíduos alimentares que se infiltraram sob o cimento cirúrgico. Essa camada é facilmente removida com um cotonete úmido. As superfícies radiculares podem estar sensíveis a uma sonda ou a variações térmicas e os dentes podem estar manchados; • Os fragmentos de cálculo retardam a cicatrização. Cada superfície radicular deve ser examinada novamente para garantir que não haja cálculo. TROCA DO CIMENTO CIRÚRGICO • Após a remoção do cimento, normalmente não é preciso substituí-lo, no entanto a troca do cimento por mais uma semana é aconselhável nos seguintes tipos de pacientes: 1. aqueles com um baixo limiar de dor e que se sentem particularmente desconfortáveis quando o cimento cirúrgico é removido; 2. aqueles com envolvimento periodontal muito grande; 3. aqueles que apresentam cicatrização muito lenta. MANEJO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA • Se realizada seguido os princípios citados, a cirurgia periodontal causará apenas uma leve dor e alguns desconfortos; • Uma fonte comum de dor pós-operatória é o excesso de cimento cirúrgico periodontal sobre o tecido mole além da junção mucogengival ou sobre o freio.; • A sobre-extensão do cimento cirúrgico provoca áreas localizadas de edema que normalmente são notadas 1 a 2 dias após a cirurgia. A remoção do excesso de cimento cirúrgico é seguida pela resolução em aproximadamente 24 horas; • Na maioria dos pacientes saudáveis, uma dose pré- operatória de ibuprofeno (600 a 800 mg) seguida de um comprimido a cada 8 horas durante 24 a 48 horas é muito eficaz para reduzir o desconforto após a terapia periodontal; Fonte: Carranza periodontia clínica; Periodontia e implantodontia: algoritmos de hall para a prática clínica
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