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Estudo Dirigido de Farmacologia Veterinária (Antifúngicos e Diuréticos) Nome: Laís Dantas Ferreira Em: 15.04.2020 1- Enumere as classes de drogas antifúngicas, dando exemplos de fármacos de cada grupo, com seus respectivos mecanismos de ação, propriedades farmacocinéticas, espectro de atividade e efeitos colaterais. 1) Derivados poliênicos Exemplos: anfotericina B e nistatina Mecanismo de ação: os derivados poliênicos tem o mesmo mecanismo de ação entre si, eles possuem uma grande afinidade pela membrana celular fúngica, logo, eles se acumulam na membrana celular e formam poros nesta. A membrana, através do mecanismo de permeabilidade seletiva, é responsável por controlar o que entra e sai da célula, com isso, os derivados poliênicos, ao formar esses poros, alteram a permeabilidade da membrana da célula fúngica, fazendo com que haja uma perda de elementos intracelulares, dentre eles o potássio, que é um elemento essencial para a célula fúngica. A partir desse momento, o potássio sai do meio intracelular fúngico e vai pro meio extracelular. Além disso, a formação desses poros faz com que haja uma perda grande de eletrólitos e água da célula fúngica e também facilita a entrada de elementos extracelulares, como outras drogas antifúngicas. Então, resumidamente, eles se ligam em grande quantidade à membrana da célula fúngica, formando poros que levam a perda de elementos intracelulares e entrada de elementos extracelulares, entre eles, outras drogas antifúngicas. Espectro de atividade: atuam em fungos leveduriformes, filamentosos, principalmente os não dermatofíticos, e também nos dimórficos. Anfotericina B Propriedades farmacocinéticas: a anfotericina B não é absorvida por via oral, sendo utilizada apenas na forma endovenosa. A forma circulante está altamente ligada (90%) às proteínas plasmáticas. Pequena quantidade penetra no humor vítreo ou no fluido amniótico normal. É organodepositário, permanecendo armazenado no fígado, no pulmão, nos rins e no baço, onde sofre lenta metabolização. Isso permite concentrações séricas fungistáticas ou fungicidas da droga por até 48 horas. A droga penetra em líquidos pleural, peritoneal, pericárdico e articular e no meio intracelular. Atravessa mal a barreira hematoencefálica e apresenta escassa penetração em coágulos. Sua excreção é realizada por vias biliar e renal. A anfotericina B é excretada de forma lenta pelos rins, sendo que 2 a 5% de uma dose administrada é eliminada sob a forma biologicamente ativa. Após a suspensão do tratamento a droga pode ser detectada na urina durante um período de 3 a 4 semanas, devido à eliminação lenta da droga. A excreção biliar pode representar uma importante via de eliminação. Efeitos colaterais: por sofrer uma biotransformação parcial, 2-5% da anfotericina B não sofre biotransformação, sendo excretada por via renal na forma ativa, por isso essa droga apresenta um efeito nefrotóxico, pois essa forma ativa pode lesar o parênquima renal, sendo muito comum o aparecimento de quadros de insuficiência renal. Como é administrado exclusivamente por via endovenosa, podem aparecer também quadros de flebite, associado a um quadro de febre pela inflamação do vaso. Nistatina Propriedades farmacocinéticas: a nistatina é pouco absorvida por via oral, agindo topicamente e nas mucosas. Sua absorção gastrintestinal é insignificante e quase toda nistatina administrada por via oral é eliminada inalterada pelas fezes. Concentrações significativas podem ocasionalmente aparecer no plasma de pacientes com insuficiência renal durante a terapia oral com as doses convencionais. Por sua absorção insignificante no trato gastrintestinal, a ação do produto tem início assim que o mesmo entra em contato com o organismo na cavidade bucal ou intestinal. Efeitos colaterais: a nistatina, por ter aplicação tópica, apresenta relatos de ardência no local após seu uso, esse quadro de irritação local está relacionado com sua atividade pró-inflamatória de sua natureza química própria. Por não ser administrada sistemicamente, não apresenta nefrotoxicidade. 2) Grupo da Flucitosina Exemplo: esse grupo é formado apenas pela flucitosina. Mecanismo de ação: a flucitosina atua no núcleo celular do fungo, ou seja, ela precisa atravessar membrana e a parede celular até chegar no núcleo, para isso, a flucitosina precisa da ação de uma enzima produzida pelo próprio fungo, chamada citosina desaminase (CD), essa enzima carreia a flucitosina do meio extracelular pro meio intracelular, onde a flucitosina sofre uma alteração molecular e passa a produzir um novo composto, chamado 5-fluorouracil ou 5-FU, que inibe a enzima fúngica timidilato-sintetase, relacionada com a síntese do ácido timidílico, uma molécula precursora do DNA fúngico, ou seja, relacionada com a síntese de DNA, dessa forma, a flucitosina inibe o processo de proliferação celular fúngica. Quando o fungo reconhece esse mecanismo, ele desenvolve resistência e passa a parar de produzir a enzima CD, por isso, a flucitosina não é utilizada sozinha, mas sempre associada a outra droga. Espectro de ação: atua em fungos filamentosos não dermatofíticos, leveduras e fungos dimórficos. o espectro antifúngico da flucitosina é muito restrito, sendo, portanto, especialmente utilizada, sozinha ou associada à anfotericina B, em infecções causadas por Cryptococcus neoformans, Candida spp., e fungos da cromoblastomicose. Propriedades farmacocinéticas: quando utilizada por via oral, a flucitosina é rapidamente bem absorvida no trato gastrintestinal, distribuindo-se amplamente por todo o organismo, com um volume de distribuição que se aproxima da água corporal. Dessa forma, essa droga pode ser encontrada no líquido cefalorraquidiano em concentrações muito próximas da presente no plasma sanguíneo. A biodisponibilidade da flucitosina é de cerca de 78 a 90%. A flucitosina apresenta uma baixa ligação com as proteínas plasmáticas (2-4%), sendo boa parte (+- 85%) excretada na forma inalterada, por via renal, através de filtração glomerular. Em pacientes com função renal normal, sua meia-vida plasmática situa-se em torno de 3-6 horas, podendo alcançar, contudo, até 200 horas na insuficiência renal. Efeitos colaterais: é uma droga segura, não se tem relatos de efeitos colaterais. 3) Grupo da Griseofulvina Exemplos: esse grupo é formado apenas pela griseofulvina. Mecanismo de ação: ocorre através da penetração da griseofulvina na célula fúngica, por um processo energia-dependente. Ao chegar ao núcleo, a griseofulvina interage com os microtúbulos, desfazendo o fuso mitótico, consequentemente impede a mitose e o processo de multiplicação do fungo. Espectro de ação: essa droga só atua contra fungos filamentosos dermatofíticos, por isso é utilizada exclusivamente nesse tipo de infecções. Propriedades farmacocinéticas: a griseofulvina é bem absorvida por via oral, sendo sua absorção intensificada pela digestão concomitante de alimentos ricos em gordura. Distribui-se amplamente nos tecidos queratinizados, tais como: pele, pêlos e unhas, acumulando-se nas células precursoras de queratina. Sofre intensa biotransformação hepática, por conjugação e oxidação, originando a 6-metilgriseofulvina (metabólito inativo), que é excretada por via renal. Cerca de 1% dessa droga é eliminada na sua forma íntegra. A griseofulvina ativa a expressão de enzimas do sistema microssomal hepático P450, podendo aumentar a velocidade de biotransformação de algumas drogas. Efeitos colaterais: a griseofulvina é nefrotóxica, e como seu uso é arrastado (pois vai impregnando os queratócitos enquanto estes amadurecem) seu uso tem sido limitado. Devido a seu efeito lento, necessitando de 40 a 60 dias diariamente para ter seu efeito, além de ser nefrotóxica e utilizada por via oral, um tratamento a longo período com essa pode agravar ainda mais os quadros decorrentes da nefrotoxicidade.Há relatos de que essa droga pode causar também hepatotoxicidade e atividade teratogênica. 4) Grupo dos derivados azólicos Exemplos: esse grupo pode ser dividido em 2 subgrupos, o dos derivados imidazólicos, em que temos o mais importante que é o cetoconazol, que é uma exceção, pois é o único capaz de manter níveis sistêmicos, sendo os outros administrados por via tópica, como o miconazol. Há também o grupo dos derivados triazólicos, em que temos os mais importantes que são o itraconazol, o fluconazol e o voriconazol, que são administrados por via sistêmica, assim como o cetoconazol. Mecanismo de ação: independentemente de ser imidazólico ou triazólico, o mecanismo de ação dos derivados azólicos é o mesmo, eles interferem na síntese do ergosterol, através do bloqueio da enzima 14α- demetilase, presente no citocromo P450 da célula fúngica. Assim, eles impedem a demetilação do precursor lanosterol em ergosterol, que é o principal componente de membrana da célula fúngica. Assim, ao inibir essa enzima 14α-demetilase, não ocorre a quebra os precursores imediatos em ergosterol, sem ele, a célula perde sua estabilidade, podendo morrer. Essa propriedade dos azóis altera a função da membrana celular, aumentando a sua permeabilidade. Espectro de ação: o cetoconazol e os derivados triazólicos (sistêmicos) servem para o tratamento de micoses profundas, mas também tratam micoses superficiais (como as estritas, ex: malasseziose), dermatofitoses e micoses mucocutâneas (incluindo candidíases), sendo por isso de amplo espectro. Os outros imidazólicos (utilizados por via tópica) são apenas para micoses superficiais ou mucocutâneas, pois não podem ser utilizados sistemicamente. Derivados imidazólicos Cetoconazol Propriedades farmacocinéticas: deve ser administrado por via oral durante uma das refeições diárias, para absorção máxima. É bem absorvido por via oral, mas, por ser dibásico, necessita da acidez gástrica para dissolução e absorção, sob a forma de hidrocloreto. Logo, fármacos que alteram o pH gástrico desenvolvem um antagonismo farmacocinético com o cetoconazol, sendo contra-indicado o uso concomitante dessas drogas. Se liga amplamente às proteínas plasmáticas (85-92%). Sofre biotransformação hepática, especialmente por oxidação, dando origem a vários metabólitos inativos. A excreção de seus metabólitos ocorre principalmente pela bile, sendo eliminados através das fezes, porém cerca de 13% é excretado por via renal. Cerca de 2-4% da droga é eliminada na forma inalterada. Além disso, o cetoconazol pode provocar a expressão de enzimas do sistema microssomal hepático P450 do hospedeiro. Efeitos colaterais: ao inibir a síntese do ergosterol da célula fúngica, inibe também a do colesterol da célula do hospedeiro, essencial para a síntese dos hormônios sexuais masculinos, por exemplo a testosterona, então, a partir dessa inibição, o hospedeiro não forma colesterol e, consequentemente, não forma hormônios androgênicos como a testosterona, levando a ginecomastia nos machos e diminuição da libido (por não produzir testosterona). Miconazol Propriedades farmacocinéticas: ao ser utilizado por via intravenosa, apresenta alta ligação com as proteínas plasmáticas (91-93%), bem como sofre extensa biotransformação hepática, originando rapidamente uma série de compostos inativos. Por outro lado, quando administrado topicamente, não há absorção sistêmica considerável. Efeitos colaterais: os efeitos colaterais do miconazol variam de acordo com a via de administração empregada, incluindo vômitos e diarreia ao ser administrado por via oral, tromboflebite, leucopenia, trombocitopenia, taquipneia e taquicardia se administrado por via intravenosa e ardor, prurido e irritação ao ser utilizado topicamente. Derivados triazólicos Itraconazol Propriedades farmacocinéticas: é bem absorvido por via oral, sendo máxima sua biodisponibilidade quando ingerido juntamente com uma refeição. A sua absorção é altamente dependente do pH gástrico, mostrando também uma grande afinidade por proteínas plasmáticas (99%). Possui boa distribuição em tecidos queratinizados, como pele, com altas concentrações que persistem por até duas a quatro semanas, após o término do tratamento. Por outro lado, não alcança níveis terapêuticos em alguns fluidos orgânicos, como: líquor e humor aquoso. Sofre intensa biotransformação hepática, originando vários metabólitos, dentre os quais se destaca o hidroxiitraconazol, por também apresentar uma atividade antifúngica importante. A sua eliminação ocorre principalmente através das fezes (3-18% na forma íntegra) e urina (40% da dose na forma de metabólitos). Efeitos colaterais: o surgimento de efeitos colaterais à terapia com itraconazol não é comum, alguns pacientes relataram ter sentido dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia e distúrbios hepáticos. Fluconazol Propriedades farmacocinéticas: pode ser administrado por via oral ou intravenosa, em que a absorção oral não é afetada pela ingestão de alimentos. Sua biodisponibilidade, após ingestão oral, independentemente da acidez gástrica, é em torno de 90%. As concentrações plasmáticas máximas são observadas 0,5-1,5 h após a administração oral da droga, com meia-vida de eliminação prolongada, em torno de 30h. Possui baixa ligação com proteínas plasmáticas (11%), o que possibilita sua rápida distribuição e concentração nos fluidos orgânicos. Sofre biotransformação hepática parcial, sendo sua excreção realizada principalmente por via renal na forma inalterada (>80%) e metabólitos (>11%). Uma fração de cerca de 9% dessa droga pode, ainda, ser eliminada pelas fezes na forma inalterada. Ele inibe determinadas enzimas do citocromo P450, que biotransformam outras drogas. Efeitos colaterais: o surgimento de efeitos colaterais à terapia com fluconazol não é comum, alguns pacientes relataram ter sentido dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia e distúrbios hepáticos. 5) Grupo das alilaminas Exemplos: esse grupo é representado pela terbinafina e a naftifina. Mecanismo de ação: possuem um mecanismo de ação duplo, pois inibem uma enzima no ínicio da cascata de formação do ergosterol, denominada esqualeno-epoxidase, assim, não há a quebra do esqualeno em precursores imediatos pra síntese do ergosterol. O fungo produz o esqualeno pra ser um precursor na síntese do ergosterol, mas ele é tóxico para a célula fúngica, então ao mesmo tempo que ele produz esqualeno pra produzir seu ergosterol, principal componente da membrana fúngica, o esqualeno é quebrado pela cascata. Então, além da alilamina inibir a ação da enzima esqualeno-epoxidase, ela faz com que o esqualeno se acumule na célula fúngica, ocasionando um acúmulo tóxico de esqualeno na parede da célula fúngica, cujo resultado é a morte celular, por isso, se diz que as alilaminas têm ação dupla. Espectro de ação: são utilizadas para tratar micoses superficiais, dermatofitoses e micoses mucocutâneas como as causadas por Malassezia e Candida. Terbinafina Propriedades farmacocinéticas: é bem absorvida por via oral, sendo as concentrações plasmáticas máximas atingidas 2 horas após a sua administração, com uma biodisponibilidade próxima de 70%. Quando administrada por via oral, é rapidamente veiculada para a camada córnea, unhas e cabelos, em concentrações relacionadas com sua atividade fungicida. A terbinafina absorvida é intensamente metabolizada no fígado, mas sua biotransformação utiliza menos de 5% da capacidade do sistema microssomal hepático, sendo seus metabólitos excretados predominantemente na urina e, em menor fração, pelas fezes. Quando usada por via tópica, atinge valores máximos na camada córnea, após 4 horas, sendo bastante eficaz em tratamentos de curto prazo. Somente uma diminuta fração de terbinafina (<4,2%) administrada por via tópica é absorvida, sendo, portanto, desprezível sua penetração na circulação sistêmica.Efeitos colaterais: em geral, é bem tolerada após administração tópica ou oral, não tendo sido relatado nenhum efeito colateral importante. Naftifina Propriedades farmacocinéticas: só pode ser administrada por via tópica, sendo capaz de penetrar no extrato córneo em concentrações suficientes para inibir o crescimento de dermatófitos. Efeitos colaterais: por ser administrada apenas por via tópica, pode apresentar apenas ardência no local em que o creme está sendo aplicado. 6) Grupo dos derivados morfolínicos Exemplos: apenas a amorolfina se encontra em uso clínico. Mecanismo de ação: os derivados morfolínicos atuam bloqueando duas etapas sucessivas da biossíntese do ergosterol, mediadas pelas enzimas Δ14-redutase e Δ7- Δ8-isomerase, ao inibir essas enzimas, eles induzem um efeito drástico sobre o metabolismo do microorganismo, apresentando uma potente atividade fungicida contra vários fungos de importância clínica. Espectro de ação: são utilizados para o tratamento de micoses superficiais incluindo as dermatofitoses e malassezioses, sendo também utilizados em casos de micoses mucocutâneas como as causadas por Candida. A amorolfina é um derivado morfolínico, utilizada exclusivamente para o tratamento de micoses da unha (onicomicose), local de baixa irrigação sanguínea, comumente causadas por fungos filamentosos dermatofíticos ou leveduras do tipo Candida. Assim, ela tem um espectro amplo, porém tem essa limitação de tratar apenas a micose da unha, mas ela é eficaz tanto contra dermatófitos, contra fungos filamentosos não dermatofíticos (como Fusarium) e contra leveduras (como Candida ou Malassezia). Propriedades farmacocinéticas: estudos evidenciaram que a absorção cutânea da amorolfina, na forma de creme, ocorre apenas após a sua repetida aplicação e sob rigorosas condições oclusivas. A monitoração plasmática quando utilizada sob a forma de esmalte em pacientes com onicomicose, demonstrou que a sua absorção é mínima. Embora tenha sido desenvolvida para o uso exclusivamente tópico, foi elaborada uma formulação oral, de cunho experimental, buscando avaliar seus efeitos farmacocinéticos. Dessa forma, a partir de estudos em ratos e cães, evidenciou-se que, quando utilizada por via oral, é amplamente metabolizada, sendo seus metabólitos excretados pela bile e urina. Efeitos colaterais: por ter efeito local e ser usado na forma de esmalte, não se tem efeitos colaterais relatados, podendo aparecer em alguns casos alguns efeitos deletérios como ardência, comum em drogas utilizadas por via tópica, e outros como prurido e descamação. 7) Grupo das equinocandinas Exemplos: a mais usada é a caspofungina, mas temos a micafugina, e mais recentemente, a anidulafungina. Mecanismo de ação: as equinocandinas inibem irreversivelmente a síntese do (1,3)-β-D-glucano, um glicano essencial para a sustentação da parede fúngica. Elas inibem a síntese através da inibição da enzima 1,3-β-glicano sintase, uma enzima importante para a catálise da polimerização de um precursor chamado uridina-difosfato de glicose (UDG). A partir do momento em que não há essa polimerização, não haverá a síntese do principal glicano da parede dessas células fúngicas, os quais são vitais para a manutenção da integridade da estrutura da célula fúngica e, por isso, possuem ação fungicida. Espectro de ação: são utilizadas no tratamento de micoses profundas causadas por fungos filamentosos não dermatofíticos ou por leveduras do tipo Candida. Efeitos colaterais: não tem sido relatado efeitos colaterais graves. Caspofungina Propriedades farmacocinéticas: quando administrada por via intravenosa, a absorção não é relevante. A distribuição, e não a excreção ou a biotransformação, constitui o mecanismo dominante que influencia a depuração plasmática. A caspofungina liga-se extensamente à albumina (aproximadamente 97%) e a sua distribuição nos eritrócitos é mínima. Ocorre pouca excreção ou biotransformação da caspofungina durante as primeiras 30 horas após a administração. Ela é administrada por via endovenosa e é lentamente metabolizada por hidrólise e N-acetilação. Sofre também degradação química espontânea para um composto peptídico de anel aberto. Aproximadamente 2% do fármaco é eliminado de forma inalterada na urina e a depuração renal da medicação original é baixa. Micafungina Propriedades farmacocinéticas: é um medicamento administrada por via intravenosa. Sua farmacocinética é linear no intervalo de dose diária de 12,5 mg a 200 mg e 3 mg/kg a 8 mg/kg. Não existem provas de acumulação sistêmica com a administração repetida. Após administração intravenosa, as concentrações de micafungina mostram um declínio biexponencial. O medicamento é rapidamente distribuído pelos tecidos. Liga-se fortemente às proteínas plasmáticas (> 99%), maioritariamente à albumina. A micafungina inalterada é a principal componente na circulação sistêmica. É metabolizada em vários componentes que não contribuem para a sua eficácia. O tempo médio de meia-vida terminal é aproximadamente de 10-17 horas e mantém-se consistente em doses até 8 mg/kg e após administrações únicas e repetidas. A eliminação da micafungina é maioritariamente não renal. Anidulafungina Propriedades farmacocinéticas: possui uma meia-vida de distribuição rápida (0,5-1 hora). Liga-se extensamente às proteínas plasmáticas humanas (>99%). Em sua biotransformação, não se observou metabolismo hepático. A anidulafungina não é um substrato, indutor ou inibidor clinicamente relevante das isoenzimas do citocromo P450. A meia-vida de degradação in vitro da anidulafungina em condições fisiológicas é de aproximadamente 24 horas. In vivo, o produto de anel aberto é convertido subsequentemente em produtos de degradação peptídicos, eliminados principalmente através de excreção biliar. A anidulafungina tem uma meia-vida de eliminação de aproximadamente 24 horas. Sua eliminação nas fezes ocorre em 9, com menos de 10% sob a forma de fármaco inalterado. 2- Cite quatro classes de diuréticos, destacando os fármacos de cada grupo, mecanismos de ação, propriedades farmacocinéticas, indicações de uso e efeitos colaterais. 1) Diuréticos de alça ou de alto teto Fármacos: furosemida e bumetanida Mecanismo de ação: esses fármacos atuam inibindo o cotransportador 2 cloreto-sódio-potássio (2 Cl-Na- K), que atua aumentando a reabsorção de potássio, sódio, cloreto e, consequentemente, de água, em condições fisiológicas, em que esses íons são reabsorvidos para a corrente sanguínea. Esses diuréticos, através do bloqueio desse cotransportador, faz com que esses íons passem a ficar no meio externo, sendo eliminados juntamente com água na urina, por isso eles são chamados de diuréticos. Efeitos colaterais: esses fármacos podem levar a um quadro de hipocalemia, pois ao excretar sódio, cloreto, potássio e água, excretam potássio em maior quantidade. Além disso, os diuréticos como um todo, dependendo de como serão utilizados (concentração, tempo e indivíduo), por aumentarem a excreção de eletrólitos e água, podem causar um desequilíbrio hidroeletrolítico e desidratação. Indicações de uso: os fármacos deste grupo são indicados nos casos de hipertensão arterial leve a moderada, edema (inchaço) devido a distúrbios do coração, do fígado e dos rins e edema (inchaço) devido a queimaduras. Furosemida Propriedades farmacocinéticas: é facilmente absorvida quando administrada oralmente, sendo rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal. Também pode ser utilizada pelas vias oral, subcutânea e intravenosa. A absorção do fármaco demonstra grande variabilidade intra e interindividual. A biodisponibilidade em voluntários sadios é de aproximadamente 50% a 70% para os comprimidos, podendo ser influenciada por vários fatores incluindo doenças de base, e pode ser reduzida a 30% (por exemplo, na síndrome nefrótica). A influência da administração concomitantede alimentos na absorção da furosemida depende da forma farmacêutica. O volume de distribuição de furosemida é de 0,1 a 0,2 litros por kg de peso corpóreo. A furosemida liga-se fortemente às proteínas plasmáticas (mais de 98%), principalmente à albumina. A furosemida é eliminada principalmente na forma de fármaco inalterado, primariamente pela secreção no túbulo proximal. Após administração intravenosa, 60 a 70% da dose de furosemida é excretada desta forma. O restante da dose é excretado nas fezes, provavelmente após secreção biliar. A furosemida é excretada no leite materno, atravessa a barreira placentária e é transferida ao feto lentamente. Bumetanida Propriedades farmacocinéticas: sua ação diurética inicia-se cerca de 30 minutos após ingestão oral, atingindo um nível máximo ao redor de 1 hora e 30 minutos e está completa entre 4 e 6 horas. 2) Diuréticos tiazídicos Fármacos: hidroclorotiazida, clortalidona e indapamida Mecanismo de ação: os fármacos diuréticos tiazídicos inibem um cotransportador existente no túbulo contorcido distal, chamado sódio-cloreto-potássio (Na-Cl-K), que atua aumentando a reabsorção de sódio, cloreto e, consequentemente, de água nesse segmento, em situações fisiológicas normais. Ao inibir esse cotransportador, eles irão bloquear a sua atividade de reabsorção de cloreto, de sódio, de potássio e, consequentemente, a reabsorção de água. Dessa forma, esses fármacos aumentam a excreção de água, juntamente com esses outros eletrólitos, sendo por isso considerados diuréticos. Indicações de uso: todos os diuréticos têm como uso clínico o controle de edema de origens variáveis, além disso, os diuréticos tiazídicos são utilizados, ainda, quando se quer um uso mais crônico, como para controlar hipertensão arterial. Efeitos colaterais: também apresentam risco de levar a um quadro de hipocalemia, mas eles excretam muito menos potássio quando comparado aos de alça, pois são menos potentes. Dependendo de como serão utilizados (concentração, tempo e indivíduo), por aumentarem a excreção de eletrólitos e água, podem causar um desequilíbrio hidroeletrolítico e desidratação. Hidroclorotiazida Propriedades farmacocinéticas: podem ser administrados pela via oral ou intravenosa, porém pela via oral a absorção ocorre de maneira mais lenta. A ligação de hidroclorotiazida às proteínas plasmáticas é de 68% e o seu volume aparente de distribuição é 0,83-1,14 l/kg. Quando os níveis plasmáticos foram acompanhados por, no mínimo, 24 horas, a meia-vida variou entre 5,6 e 14,8 horas. Não é metabolizada, mas é eliminada rapidamente pelo rim. No mínimo, 60% da dose oral é eliminada inalterada dentro de 48 horas. O clearance renal está entre 250-300 ml/min e a meia-vida de eliminação é de 10-15 horas. Cruza a barreira placentária, mas não a barreira hematoencefálica e é excretada no leite materno. Clortalidona Propriedades farmacocinéticas: a cortalidona apresenta biodisponibilidade após dose oral de aproximadamente 64% e picos de concentração sanguínea são obtidos após 8 a 12 horas. No sangue, somente uma pequena fração é livre, em função de extensivo acúmulo nos eritrócitos e ligação às proteínas plasmáticas. In vitro, a ligação às proteínas plasmáticas é de cerca de 76%, e a principal proteína de ligação é a albumina. Atravessa a barreira placentária e passa para o leite materno. O metabolismo e a excreção na bile constituem vias de eliminação menos importantes. Em 120 horas, cerca de 70% da dose administrada é excretada na urina e nas fezes, principalmente na forma inalterada. É eliminada do sangue total e do plasma com uma meia-vida de eliminação média de 50 horas. A maior parte absorvida é excretada pelos rins, com um clearance plasmático renal médio de 60 mL/min. Indapamida Propriedades farmacocinéticas: a taxa de ligação às proteínas plasmáticas é superior a 79 %. A meia- vida de eliminação está compreendida entre 14 e 24 horas (média de 18 horas). O estado de equilíbrio é atingido após 7 dias. A administração repetida da Indapamida não leva ao acúmulo. A eliminação é essencialmente urinária (70% da dose) e fecal (22%) sob a forma de metabólitos inativos. 3) Diuréticos poupadores de potássio Fármacos: espironolactona, amilorida e triantereno Mecanismo de ação: dentre os diuréticos poupadores de potássio temos fármacos e dois mecanismos de ação, que apresentam o mesmo local de ação, que são os ductos coletores. A espironolatona vai apresentar um mecanismo de ação antagonizando a ação da aldosterona, que é um mineralocorticóide capaz de aumentar a reabsorção de sódio e cloreto, e consequentemente, de água. Com o uso da espironolactona, a aldosterona não vai mais atuar aumentando a reabsorção desses eletrólitos, sendo observada uma maior excreção de sódio, uma maior excreção de cloreto e uma excreção de água, consequentemente. Não vai haver uma excreção de potássio em maior quantidade, o que é benéfico. Já a amilorida e o triantereno, também agem no ducto coletor, porém diferentemente, eles agem bloqueando os canais de sódio, com isso, não vai haver reabsorção de sódio. Sem a reabsorção de sódio, não vai haver a reabsorção de cloreto, consequentemente, não vai haver reabsorção de água, assim, esses ficam em maior quantidade nos ductos coletores e são eliminados do organismo. Indicações de uso: assim como todos os diuréticos, tem seus usos clínicos no controle de edema de origens variáveis, ademais, os diuréticos poupadores de potássio, assim como os tiazídicos, são utilizados quando se quer um uso mais crônico, como para controlar hipertensão arterial. Também são utilizados no diagnóstico e tratamento a curto e longo prazo do hiperaldosteronismo primário e na prevenção e tratamento da hipocalemia. Efeitos colaterais: os fármacos poupadores de potássio podem levar a um quadro de desidratação e além disso, podem causar uma hipotensão sistêmica. Dependendo de como serão utilizados (concentração, tempo e indivíduo), por aumentarem a excreção de eletrólitos e água, também podem causar um desequilíbrio hidroeletrolítico e desidratação. Espironolactona Propriedades farmacocinéticas: a espironolactona pode ser administrada por via oral e parenteral. A absorção da espironolactona ocorre pela via oral e a administração concomitante com alimento aumenta a biodisponibilidade da espironolactona, por aumentar a absorção e possivelmente diminuir o efeito de 1ª passagem. A espironolactona no cão apresenta ação gradativa, ou seja, o pico de ação do medicamento ocorre entre 2 e 3 dias após o início da administração e perdura por mais 2 a 3 dias após a interrupção do tratamento. É extensivamente metabolizado no fígado com uma biodisponibilidade que excede 90%. A eliminação dos metabólitos ocorre principalmente através da urina e secundariamente através de excreção biliar nas fezes. Amilorida Propriedades farmacocinéticas: a amilorida pode ser administrada tanto pela via oral como pela parenteral, sendo que o aumento da absorção oral ocorre nos animais em jejum, pois normalmente apenas 15 a 26% da medicação é absorvida. Triantereno Propriedades farmacocinéticas: o triantereno pode ser administrado por via oral. É bem absorvido por esta via, mas em quantidades variáveis, sendo eliminado por meio de filtração glomerular e secreção tubular, com variação de 10 a 88%. 4) Diuréticos osmóticos Fármacos: manitol Mecanismo de ação: os diuréticos osmóticos atuam aumentando a osmose em todo o percurso do néfron, então, os diuréticos osmóticos, representados pelo manitol, são filtrados pelo glomérulo mas não são reabsorvidos, tornando o ambiente mais concentrado, ou seja, mais osmótico. Então, vai haver um transporte de água do meio intracelular pro meio extracelular por gradiente de concentração, aumentando a excreção de água. Assim, eles não vão ter também a excreção de potássio, pois são substâncias osmóticas.Propriedades farmacocinéticas: o manitol é exclusivamente administrado por via intravenosa. A administração do manitol induz a diurese em poucos minutos, atingindo um fluxo urinário de 8 a 10 mℓ por minuto na primeira hora. É totalmente excretado através da filtração glomerular, não sofre metabolização, nem mesmo reabsorção tubular, e é eliminado através da urina. Indicações de uso: assim como todos os diuréticos, eles também são utilizados para o controle de edema de origens variáveis, porém, os diuréticos osmóticos são utilizados no controle de edemas associados a traumatismos cranianos, edemas cranianos, em que a preferência é de um diurético osmótico. Também são indicados para se obter um efeito diurético para redução de edemas e ascite, e nos casos agudos e graves de glaucoma. Efeitos colaterais: por aumentarem a excreção de água, podem causar desidratação. Bom Estudo!
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