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Patologia 3 – Daniel Aula 1 – Cardiopatias Isquêmicas Introdução As cardiopatias isquêmicas são múltiplas síndromes relacionadas à isquemia miocárdica. É, então, a incompatibilidade entre a demanda metabólica e o suprimento vascular de sangue oxigenado para o músculo cardíaco. Como consequências temos a insuficiência de oxigênio (hipóxia e anóxia), o suprimento inadequado de nutrientes e a diminuição da remoção de metabólitos. Epidemiologia As doenças isquêmicas são responsáveis por mais de 400.000 mortes anualmente nos Estados Unidos e aproximadamente 7 milhões por ano em países desenvolvidos. A principal causa das doenças cardíacas é o processo Aterosclerótico, caracterizado por ser silencioso e de longa duração. A incidência dessas doenças atinge seu pico em homens após os 60 anos e em mulheres após os 70. Os fatores de risco incluem: • Idade → Homens com idade igual ou superior a 45 anos e mulheres com idade igual ou superior a 55 anos • História familiar de Doença Coronariana precoce ou Acidente Vascular Encefálico • Dislipidemia → Com LDL maiores de 160 mg/dL; HDL menores de 40 mg/dL e aumento da lipoproteína A (LPa) • Tabagismo, HAS e DM Anatomia Para um entendimento melhor das patologias isquêmicas do coração, precisamos relembrar um pouco da anatomia vascular do coração. O coração é dividido em 4 partes, a direita, esquerda, anterior e posterior. Temos também os ramos vasculares, sendo que as coronárias saem na iminência da valva mitral em um ramo direito e esquerdo, formando os troncos coronarianos. A coronária esquerda lança 2 ramos importantes, sendo a artéria descendente anterior e a artéria circunflexa. Já a coronária direita, um ramo mais calibroso, lança uns ramos marginais que vão descendo pelo ventrículo direito e se direcionam para face posterior. A drenagem venosa é feita pelas veias cardíacas e cairão no seio coronário. É importante falar também sobre as valvas, sendo duas atrioventriculares, sendo a tricúspide na direita (septal, anterior e posterior) e a mitral na região esquerda (anterior e posterior). Temos também duas valvas arteriais, sendo na direita a pulmonar e na esquerda a aórtica (ambas formadas por três folhetos semilunares). Em relação às coronárias, temos que a coronária esquerda corre lateralmente e ventralmente entre a raiz troncopulmonar e o átrio esquerdo, lançando os seus dois ramos, a artéria descendente anterior, irrigando a parede anterior do VE, 2/3 anteriores do septo interventricular e o ápice cardíaco; e a artéria circunflexa, que irriga a parede lateral do VE. Já a coronária esquerda é geralmente a dominante, irrigando o NSA, toda a parede do VD, a região póstero-basal do VE e 1/3 posterior do septo interventricular. Fisiologia Existem basicamente dois tipos de células musculares no coração: Células contráteis • Miócitos: fazem a função mecânica do coração Células condutoras • Tem como objetivo distribuir rapidamente os potenciais de ação • Nó Sinoatrial (NSA) ▪ Gera potenciais de ação espontaneamente (marcapasso) ▪ Exceto pelo NSA, a capacidade de todos os outros tecidos de gerar potenciais de ação é suprimida • Nó atrioventricular (NAV) ▪ Diminui a velocidade de condução ▪ Garante que os ventrículos tenham tempo suficiente para relaxar e se encher de sangue antes de nova contração ▪ Conduções rápidas através do nó AV podem levar à diminuição do volume sistólico e do débito cardíaco (Síndromes de Pré Excitação: Lown Ganong Levine, Wolff Parkinson White) • Tratos intermodais atriais • Sistema His-Purkinje ▪ Vias de baixa resistência e condução rápida ▪ Essencial para contração eficiente Sentido da condução: NSA → tratos intermodais atriais → Átrios → NAV → Feixes de HIS → Sistema de Purkinje → Ventrículos Velocidades de condução: Feixes de His e Purkinje > feixes atriais > feixes ventriculares > NAV Histologia O coração é uma espécie de vaso modificado, portanto, suas camadas se assemelham às camadas dos vasos. A túnica íntima remete ao endocárdio, com revestimento de endotélio. A túnica média nos remete ao miocárdio, onde há a contração e a dilatação do coração. Já o epicárdio irá corresponder à túnica adventícia dos vasos, onde há vasos que o irrigam. Mecanismos de Isquemia 1. Fluxo sanguíneo coronariano reduzido: ▪ Mais do que 90% dos casos são devidos a aterosclerose coronariana, vasoespasmo e/ou trombose ▪ A aterosclerose causa estreitamento progressivo crônico dos lúmens coronários, um processo que pode ser agravado por ruptura aguda da placa e trombose ▪ Causas incomuns de fluxo comprometido incluem arterite, êmbolos e hipotensão (choque) 2. Aumento da demanda miocárdica ▪ Taquicardia e hipertrofia 3. Hipóxia devido ao transporte diminuído de oxigênio (suprimento de nutrientes e remoção de metabólitos preservados) ▪ Anemia, doença pulmonar, envenenamento por monóxido de carbono ou tabagismo Síndrome Isquêmicas Inicialmente falaremos de Angina pectoris, que possui três classificações: a estável (típica), prinzmetal e a instável (atípica). Posteriormente falaremos do Infarto do Miocárdio, algumas síndromes de Morte Súbita Cardíaca e também a evolução final de várias doenças isquêmicas, que é a Cardiopatia Isquêmica Crônica. Angina Pectoris Dor precordial ou subesternal paroxítica (aperto, facada) que ocorre quando a demanda cardíaca excede o suprimento vascular. Quando a duração e gravidade da isquemia não são suficientes para causar infarto A dor é atribuída à liberação de adenosina, bradicinina e outras moléculas que estimulam os nervos aferentes simpáticos e vagais A isquemia silenciosa é comum na neuropatia diabética e em pacientes geriátricos Epidemiologia Mais comum em homens de meia-idade e mais velhos As mulheres geralmente são afetadas após a menopausa Dentro de 1 ano após o diagnóstico de angina estável, 10% a 20% das pessoas desenvolverão um IAM ou angina instável. Angina estável (crônica) • Variante anginosa mais comum • Ocorre de forma crescente com o nível de esforço e diminui com o repouso • Duração aproximada de 30 segundos a 30 minutos • Associada a estenose crônica com 70% ou mais de obstrução • Aliviada pela Nitroglicerina • InfraST maior de 1 mm em testes de stress • Causas mais comuns: ▪ Doença coronariana aterosclerótica estável (causa mais comum) ▪ Um ou mais vasos estão obstruídos ▪ A gravidade da estenose é geralmente maior que 70% ▪ Estenose da válvula aórtica ▪ Cardiomiopatia hipertrópica ▪ Vasoconstrição induzida por cocaína ▪ Reserva de fluxo coronariano inadequado causada por disfunção endotelial (insuficiente resposta vasodilatadora durante o exercício ou estresse) Angina de Prinzmetal • Vasoespasmo transitório da artéria coronária (com ou sem doença aterosclerótica) • Os sintomas não estão relacionados ao esforço e respondem prontamente a Nitroglicerina e Bloqueador de Canal de Cálcio • Pode ser causada por um aumento no tromboxano A2 (TXA2) proveniente de plaquetas dentro de um trombo que recobre uma placa aterosclerótica • Secreção de endotelina (vaso constritor) • Pode aparecer SupraST (isquemia transmural) Angina Instável • A angina instável (em crescendo) é um padrão de dor que ocorre com quantidades sucessivamente menores de esforço ou mesmo em repouso • Frequentemente é prolongada (> 20 minutos) e é causada por ruptura da placa aterosclerótica, geralmente sem obstrução trombótica completa ao vaso • É um prenúncio preocupante do IM iminente (“Princípio de Infarto”) • Diagnóstico: ▪ Ecocardiografia de estresse ▪ Score de cálcio na tomografia computadorizada ➢ Scores altos (> 75%) estão associadas a um risco aumentado de IM e morte ➢ Se o score de cálcio for intermediário ou alto indica-se uma angiotomografia coronariana para confirmação da lesão e a realização de Stent ou Bypass. ▪ Angioressonância e PET ➢Útil para demonstrar anormalidades contráteis e podem diferenciar um miocárdio “atordoado” de miocárdio inviável
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