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Do�nças ����cu�âne�� ➢ Dermatoses inflamatórias ➢ Doenças que podem se manifestar na pele e mucosas ao mesmo tempo ➢ Doenças imunológicas (autoimunes - nossas próprias estruturas reconhecidas como agentes agressores/inflamatórias - ou que desencadeiam uma resposta imunológica) ➢ Origem da pele e mucosas ○ Estomodeo (a mucosa oral é uma invaginação do tecido ectodérmico que dá origem a pele, portanto, o estomodeo é uma cavidade oral mais primitiva, sendo uma invaginação da superfície ectodérmica do folheto embrionário que tbm dá origem a pele). ○ Folheto ectodérmico ○ Invaginação da superfície com formação da cavidade oral ○ Mesmos antígenos celulares: decorrente do processo de formação de derivação semelhante, tanto a mucosa bucal quanto a pele possuem os mesmos antígenos, isso pode implicar na manifestação das doenças que afetam um sítio específico, no caso a pele. Proteínas semelhantes presentes tanto nos queratinócitos da pele quanto da boca e que são alvos das doenças mucocutâneas ➢ Tolerância imunológica ○ Fenômeno da tolerância imunológica é uma propriedade básica natural do sistema imune, que ao discriminar entre o próprio e o não próprio (antígeno), atenua ou abole a resposta imune do próprio organismo ○ Dentro da resposta imune, quando se tem um antígeno há a opção da proliferação; diferenciação e combate. Na tolerância não há resposta. Na doença imune, há presença do autoantígeno, antígeno próprio que não possui tolerância e gera uma resposta. ➢ Tipos de Doenças Imunológicas. 1. Líquen plano 2. Pênfigo 3. Penfigóide 4. Lúpus eritematoso - reação humoral e celular ● Discóide: pele (lesões em alvo) e mucosas (25% dos casos) ● Sistêmico: problemas renais (morbidade e mortalidade) 5. Doença de Imunoglobulina A Linear 6. Dermatite herpetiforme - doença celíaca (não imunológica) 7. Eritema multiforme (outros nomes: síndrome de Steve - Johnson/ necrólise epidérmica tóxica) ● Resposta auto-limitada e aguda - considerada reação de hipersensibilidade, não doença autoimune, porém entra no conceito de doença mucocutânea ● Menor - 1 - mucosa apenas com ou sem envolvimento cutâneo. Associada a infecções (HSV - Herpesvírus) ● Menos - 2 - ou mais mucosas e envolvimento cutâneo intenso. Fármacos (barbitúricos, sulfonamidas e anticonvulsivantes) 1. Líqu�� P��no ���a 16 - Doença inflamatória/autoimune crônica com manifestações cutâneas e/ou mucosas - Descrita clinicamente pela primeira vez por Erasmus Wilson em 1886 e histologicamente por William Dubreuilh em 1906 - Nome devido a semelhança com líquens crescendo em rochas - Processo imunologicamente mediado por linfócitos T, que se assemelha microscopicamente a uma reação de hipersensibilidade (pela ativação celular) - Resposta com ativação de células T (CD4 - gerente inicial da resposta celular, que ativa o CD8 - agente efetor, citotóxico e NK) e não por resposta humoral (a resposta humoral com produção de anticorpos pelos linfócitos B é clássica de doenças autoimunes, mas não é o que ocorre no LP, que é caracterizada como uma resposta inflamatória crônica, embora também seja autoimune). Não tem anticorpos mediando a reação. Imagem 1. Estrias esbranquiçadas hiperqueratóticas, na bochecha, sítio mais acometido. ★ Patogênese: - Fator desencadeador (precipitante) - desconhecido (antígeno externo ou antoantígeno) - externo porque há quem diga que não é autoimune. Não se tem conhecimento, mas se sabe que é comum a pele e mucosa - Apresentação dos antígenos pelas células dendríticas CAA - presentes no interior do epitélio, apresentam dentro dos linfonodos - Produção de citocinas (TNF, IL-1 e interferon alfa) e aumento na produção de moléculas de adesão vascular (ELAM-1, ICAM-1 e VCAM-1) - Recrutamento de linfócitos TCD8, CD4 e NK - a proporção de CD8 para CD4 é maior, de 2:1 ou 3:1, respec. - Células T geram ataque/destruição das células da camada basal ★ Fatores precipitantes: - Condições que favorecem ou precipitam o início da doença - Estresse (agravante) - Trauma físico ou químico - Procedimentos odontológicos - Doenças sistêmicas - Hepatite C - populações do mediterrâneo - - HPV - Hipertensão - Diabetes - Doença celíaca ★ Características clínicas - Acomete 1 a 2% da população - extremamente prevalente - Discreta predileção pelo sexo feminino (3:1) - Adultos entre 30-60 anos, mas há descrições em jovens e crianças - 30% dos casos com lesão inicial na pele desenvolvem lesões orais - Em até 50% dos casos, as lesões orais precedem as lesões cutâneas - alta possibilidade de diagnóstico precoce, importante o atendimento multi - Afetada também outras mucosas com destaque para a genitália e a unha (leito ungueal - importante para fechar o diagnóstico do liquen plano) ★ Tipos - Reticular: mucosa jugal, língua, gengiva e lábio - normalmente na mucosa jugal, estrias esbranquiçadas, envolvimento jugal bilateral e simétrico, sem sintomatologia dolorosa, sem desconforto. Sem intervenção medicamentosa. “Estrias de Wickhan” Imagem 2. Imagem reticular na mucosa jugal - Placa: língua e mucosa jugal - muitas vezes encontrados em associação com o reticular. Quando não associada, se manifesta como lesão única não raspável, podendo ser confundida como neoplasia, assintomática, sendo necessário o diag. diferencial. Sem intervenção med. Imagem 3/4. Imagem de lesão em placa - Atrófico/eritematoso: gengiva - ardência, dor - gengiva marginal e parte da inserida é o sítio mais prevalente e as lesões podem ou não estar associadas a uma erosão ou microulcerações ao longo da mucosa. Quando afeta a gengiva, é chamada de gengivite descamativa (apresentação clássica). Sintomatologia dolorosa. Intervenção medicamentosa. Imagem 5. Imagem de lesão atrófica em gengiva - Bolhoso/erosivo: mucosa jugal - superfície irregular, eritematoso, ulcerado - apresentação na forma de ulceração e superfície avermelhada, associadas a superfícies esbranquiçadas. Sintomatologia dolorosa muito intensa que necessita intervenção. Imagem 6. Lesão ulcerativa em mucosa jugal. ★ Características das lesões cutâneas - Pápulas achatadas brancas a violáceas com aspecto escamoso, que podem coalescer formando placas - Superfícies flexoras - Prurido - Estrias de Wickham - Raras ulcerações - Unhas com leito ungueal displásico e com estrias - Boa resposta a corticoterapia tópica - Gengivite descamativa: eritema da gengiva inserida com ou sem a presença de erosões e pequenas ulcerações, sem placa associada, que é um termo clínico para dedução de doenças de bases, tais como, em ordem de chance de diagnóstico: penfigóide das membranas mucosas; líquen plano (atrófico ou eritematoso); pênfigo vulgar; gengivite de células plasmáticas e lúpus eritematoso. ★ Diagnóstico - Combinação de características clínicas e histológicas (biópsia incisional) e análise por imunofluorescência que seria positivo para fibrinogênio e negativo para IgA, IgM e IgG. - Diagnóstico diferencial: - lesões liquenóides de contato (amálgama) - (“óide” se assemelha a líquen: líquen+óide); reticular - lesões liquenóides por medicamentos (inibidores da conversão da enzima da angiotensina, drogas hipoglicemiantes orais - metformina - e antiinflamatórias não esteroidais) ou lúpus eritematoso; reticular - pênfigo vulgar, penfigóide, lúpus eritematoso, candidíase atrófica e eritroplasia; eritematoso/atrófico - leucoplasia; placa - Lesões liquenóides do GVHD (doenças de pacientes transplantados) diferenciando da leucoplasia em lesões em placa e isoladas ★ Características histopatológicas Menos importantes: - Hiperqueratose: exceto na atrófica - Exocitose: migração de células inflamatórias para o interior do epitélio - Projeções epiteliais em forma de dentes de serra (saw tooth rate pegs) - Corpos hialinos de Civatte (corpos apoptóticos): - Aumento do número de células de Langerhans: CAA Imagem. Infiltrado inflamatório distribuído em continuidade com o tecido epitelial (em forma de banda), áreas de hiperqueratose, hiperplasia Mais importantes e essenciais - Liquefação e desorganização da camada basal:células inflamatórias atacando e destruindo células da camada basal - Infiltrado inflamatório crônico justaposto ao epitélio em forma de banda formado predominantemente por linfócitos T (só dá pra diferenciar os tipos de linfócitos por imunohistoquímica, mas pela lâmina, se diferenciar de macrófagos, neutrófilos, etc..) Imagem. Descontinuidade e desorganização das células da camada basal limitada a região epitelial. Quanto mais destruição houver, maiores as chances do líquen plano erosivo ou bolhoso, quanto menos agressão, placa ou reticular. Imagem 1. Líquen plano reticular e em placa, mostrando áreas de hiperqueratose, acantose, projeções epiteliais anormais em forma de dentes de serra, liquefação e degeneração da membrana basal, banda formada por linfócitos T. Imagem 2. No líquen plano atrófico ou bolhoso, com epitélio mais delgado. ★ Tratamento - Casos de remissão completa são relatados na literatura - mas terá que acompanhar pelo resto da vida - Casos assintomáticos: - informação, orientação e acompanhamento (com certa periodicidade por conta de possíveis agravamentos). Estudos recentes ainda indicam que, mesmo em frequência baixa, o líquen pode ser potencialmente maligno, portanto, informar possíveis lesões que não cicatrizam. - Casos com sintomatologia dolorosa: - informação, orientação, tratamento e acompanhamento; - imunossupressores: corticoterapia tópica (spray, bochecho, gel ou em orabase-hidroxietilcelulose): propionato de clobetasol a 0,05% em farmácia de manipulação - aplicar com uso de espátula ou dedo sobre a lesão, 4/5x ao dia. - Casos mais agressivos: - corticoterapia sistêmica: por período curto, como medicamento de ataque, até remissão clínica das lesões e manter depois só a corticoterapia tópica (15-20 mg até 14 dias, é seguro para o CD usar). Se necessita um período mais longo, o paciente deve ser acompanhado por um médico - Triamcinolona: é um antiflogístico esteroidal de depósito tópico - Betametasona: sistêmico - Clobetasol: tópico - corticoterapia intralesional - imunossupressores (ciclosporina - A) tópica ou intralesional - muito mais cara e menos acessível - Potencial de transformação maligna - Metanálise: vários dados de estudos pequenos para criação de estudos grandes faz com que a confiabilidade do estudo seja muito grande. 1º estudo: No estudo com milhares de pessoas, 1% teve relação com o desenvolvimento de câncer, claro que fatores predisponentes como álcool, fumo e HSV foram associados. 2º estudo: 1,47% de pessoas. Teorias de malignização - Evolução para o carcinoma de células escamosas, especialmente em formas erosivas e atróficas, porque a atrofia facilitaria a ação de agentes carcinogênicos, principalmente com o uso de drogas lícitas. - A favor - atrofia epitelial facilitaria ação de agentes carcinogênicos - Contra - ocorrência simultânea de 2 lesões comuns - diagnóstico histopatológico de displasias com características de líquen plano (displasia liquenóide - que se assemelha ao líquen plano. Pode ocorrer em restaurações CV extensas que mantenha íntimo contato com a lesão. Tem que remover a causa para fazer o diagnóstico, não precisa de biópsia). - por segurança, informar o paciente do risco e acompanhar 2. Pênfi�o ���a 17 - Dermatoses inflamatórias que podem se manifestar na pele e mucosas ao mesmo tempo - Doenças imunológicas (autoimunes/inflamatórias) - Lesão mucocutânea com a formação de vesículas e bolhas intraepiteliais (perda de adesão intercelular) - anticorpos que destroem proteínas responsáveis por unir células intraepiteliais. Essas bolhas geralmente se rompem e deixam lesões erosivas. ★ Tipos a. Pênfigo vulgar: tipo de pênfigo mais comum na cavidade oral. Em muitos pacientes, primeiro manifestações bucais e depois da pele (Um a cinco casos por milhão de pessoas/ano). b. (variante do vulgar)Pênfigo vegetante: variante rara de pênfigo vulgar. Afeta a mucosa bucal. c. Pênfigo foliáceo: idiopático e o endêmico (fogo selvagem - Brasil e Colômbia). Afeta principalmente a pele. A forma endêmica (sudeste e centro-oeste) a incidência é alta. Raramente se manifesta na boca. d. (variante do foliáceo)Pênfigo eritematoso: variação do foliáceo Se assemelham muito a pênfigo: e. Pênfigo induzido por drogas: penicilaminas, inibidores da enzima conversora de angiotensina e drogas anti-inflamatórias não-esteroidais f. Pênfigo paraneoplásico: leucemia e linfomas (linfomas derivados de células hematopoiéticas ou de tecido linfóide, as quais apresentam desfiguração reconhecendo células do próprio organismo) - as lesões labiais podem ser confundidas com eritema multiforme ou infecções por herpes simples. Expressa importantes ulceração da mucosa bucal, além de envolvimento ocular (parecido com penfigóide cicatricial). No histológico, há presença de fendas intraepiteliais (como no pênfigo) e subepiteliais (como no penfigóide) - Aula Jacks: o pênfigo paraneoplásico é decorrente de uma síndrome paraneoplásica associada a presença de algum tipo de neoplasia que causou uma reação autoimune importante, tendo as mesmas características do pênfigo, mas por razões diferentes. Pode estar associado a queratose seborréica e acantose nigricans como sinal de Leser-Trelat na síndrome paraneoplásica em questão. ★ Patogênese do pênfigo - Autoanticorpos contra glicoproteínas de superfície dos queratinócitos (junções desmossômicas) - Epitélio oral expressa principalmente desmogleína 3 - glicoproteína encontrada nessa placa desmossômicas, na camada mais profunda/espinhosa do epitélio, muito encontrada nas células da mucosa oral, enquanto que o de pele expressa desmogleínas 1 (encontrada nas células mais superficiais da epiderme). Essas desmogleínas são componentes dos desmossomos. - Pênfigo vulgar - desmogleína 2 o proteína de 130 kDa encontrada nas camadas inferiores do epitélio, ligante de desmocloinas e placoglobinas - tipo predominante de membranas mucosas - anti-desmogleína 3 - tipo mucocutâneo - anti-desmogleína 1 e 3 - Pênfigo foliáceo - desmogleína 1 Patogênese: Pacientes que possuem autoanticorpos contra desmogleína 3 apresentam uma fenda intraepitelial acima da camada basal do epitélio, com expressão clínica na formação de bolhas de pênfigo vulgar. Pacientes que expressarem desmogleína 1 não terão acometimento bucal. ➔ Antígeno Alvo -> Anticorpos -> Ativador de Plasminogênio -> C3 -> Quebra das ligações intercelulares a. pênfi�o ��l��� ★ Características clínicas - Quarta e quinta década de vida, sem predileção por sexo - casos raros na infância - Afeta todas as ração, porém há predileção por judeus e indivíduos com HLA-DR e HLA-AID - Momento do diagnóstico - 36% só apresentam lesões bucais - 32% lesões bucais e cutâneas - 12% lesões apenas cutâneas - 60% as lesões bucais antecedem as cutâneas em 6 meses a 1 ano - Fatal em 5% dos casos (era frequente o óbito antigamente pela perda de eletrólitos e acesso via úlceras cutâneas, hoje é raro) - Lesões orais são mais persistentes do que as lesões cutâneas (quando o manejo começa, as lesões em pele respondem mais rapidamente) - Diagnóstico e tratamento precoces evitam a progressão da doença para outras mucosas e pele - Surgimento rápido, mas progressão é altamente variável - Vesículas/ bolhas flácidas e com parede delgada que se formam na pele ou mucosa que se rompe muito facilmente. As bolhas orais são dificilmente visualizadas pela fala, movimentação da língua, alimentação, etc. As bolhas de pele se rompem dentro de algumas horas ou poucos dias, deixando uma superfície desnuda e eritematosa. - Rompimento espontâneo formando úlceras rasas e dolorosas - semelhante a pequenas aftas ou grandes lesões semelhantes a mapa - Membrana acinzentada é facilmente removida com gaze deixando uma base ulcerada, vermelha e dolorida - Sinal de Nikolsky positivo - desgarramento do epitélio frente a pressão/tração delicada - Infecções secundárias - a partir da mucosa exposta - Gengivite descamativa ★ Localização - Oral: mucosa jugal; língua; lábio; gengiva e palato - Pele: extremidades;tronco - Outras mucosas: ocular; nasal; faringe; laringe; esôfago e genitália ★ Características histopatológicas - - Formação de uma fenda intraepitelial imediatamente acima da camada de células basais - Células de Tzank ou acantolíticas: células da camada espinhosa livres e flutuantes apresentando núcleos grandes e hipercromáticos - Células basais firmemente aderidas umas às outras e à membrana basal (tombstone) - Poucas células inflamatórias (neutrófilos, eosinófilos) - Deposição de IgG (IgG1 e IgG4) e de C3 nos espaços intercelulares identificados pelo exame de imunofluorescência, tendo uma taxa alta de positivos tanto na direta quanto na indireta. ★ Diagnóstico - Características clínicas - Características histopatológicas - Imunofluorescência - Diagnóstico sempre com biópsia em área não ulcerada, tanto em pênfigo quanto em penfigóide - Direta: - utilizada para detectar autoanticorpos que estão aderidos ao tecido, portanto utiliza o tecido lesional obtido na biópsia - maior intensidade de fluorescência nas regiões basal e suprabasal - Criação de anticorpos da cabra contra IGs humanos que são marcados com fluoresceína - no tecido da lesão os anticorpos da cabra antiIG marcam onde as Imunoglobulinas estão presentes no tecido - diagnóstico - Indireta: - utiliza anticorpos circulantes no sangue do paciente - concentração de anticorpos circulantes - Usa tecido de macaco semelhante à mucosa bucal -> o soro do paciente é colocado em contato com o tecido e os autoanticorpos se ligam a estruturas homólogas do tecido do macaco -> é usado o anticorpo anti-humano de cabra para detectar quais autoanticorpos estão presentes no soro - diagnóstico - permite o ajuste da dosagem dos medicamentos (acompanhamento) ★ Diagnóstico diferencial - A erupção bucal e cutânea pode ocorrer em pacientes que fazem uso de algumas medicações, como: penicilaminas, inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), (AINES), ou em casos de neoplasias malignas linforreticulares (pênfigo paraneoplásico). ★ Tratamento (A doença é controlada e pode haver períodos de exacerbação) - Doença com alta taxa de mortalidade e morbidade - Diagnóstico precoce reduz essas taxas - Era altamente fatal (60-80%) - infecções e desequilíbrio de eletrólitos - Atualmente mortalidade de 5 a 10% em 5 anos - Efeitos colaterais do tratamento podem levar o paciente a óbito - Corticoterapia sistêmica (Prednisona e Prednisolona) - Fase inicial (60-80 mg/dia, podendo chegar até 120 mg/dia) - Fase de consolidação (metade da dose inicial. redução a cada 4 semanas) - Fase de manutenção (menor dose sem lesão) - Associação com imunossupressores (CsA, azatioprina, metrotexano) - Corticoterapia tópica - apenas lesões orais - Até 75% dos pacientes têm remissão clínica e sorológica da doença após 10 anos de tratamento ★ Efeitos colaterais - corticoterapia Efeito Efeito colateral Imunossupressão Aumento do risco de infecções oportunistas Gluconeogênese Diabetes, fraqueza muscular e osteoporose Metabolismo de gordura Hiperlipidemia e corcunda de búfalo Alteração na absorção de Na e K Fase inchada e ganho de peso Vasopressor Elevação da pressão sanguínea (risco de problemas cardiovasculares Aumento da secreção gástrica Úlceras peptídicas Alteração no eixo pituitária-adrenal Atrofia da adrenal Efeitos no SNC Alterações psicológicas Efeitos oculares Catarata e glaucomas b. pe�fi�óid� - Doença vesículo-bolhosa e autoimune, caracterizada pela formação de autoanticorpos contra componentes da membrana basal do epitélio (desestabiliza a união epitélio-conjuntivo) ★ Tipos - Penfigóide mucoso, das membranas mucosas ou cicatricial: afeta primariamente as mucosas oral e ocular - Penfigóide bolhoso: caracterizado por lesões cutâneas primariamente 1. pe�fi�óid� ��� me��r���� mu����s (ci���r��i��) - Grupo de doenças bolhosas mucocutâneas crônicas - O termo penfigóide é usado por ser clinicamente semelhante ao pênfigo - Pelo menos 2x mais comum que o pênfigo vulgar - Termo cicatricial é devido a formação de cicatriz na conjuntiva ocular (cegueira) e pele, mas a cicatriz não se forma na mucosa bucal - As lesões bucais não apresentam tendência para a formação de cicatriz - Autoanticorpos contra proteínas da membrana basal, desestabilizando a união epitélio-conjuntivo (hemidesmossomos) - Principais alvos: - BP180 ou colágeno XVII 9Co117) - Laminina 332 (malinina 5, epiligrina) - BP230 (BPAG1-e) - Integrina alfa6beta4 (receptor de laminina 5) quando há envolvimento do colágeno XVII, as chances que se tenha uma lesão bucal são maiores, enquanto que se há envolvimento da laminina 5, é comum o envolvimento ocular. - O colágeno 17 é uma âncora que se liga ao colágeno tipo 5. As imunoglobulinas geram instabilidade da união entre o colágeno 7 e 4. ★ Características clínicas - Doença do adulto e idosos (40 a 80 anos) - Duas vezes mais frequente em mulheres - Lesões duram de 3 a 5 anos entre idas e vindas - 90% dos casos têm envolvimento gengival (gengivite descamativa) muitas vezes associadas a outras lesões - Lesões múltiplas em palato e mucosa jugal - Lesões na conjuntiva em 65-80% dos casos - Perda de visão em 15% dos pacientes quando não tratado cedo - Envolvimento cutâneo não é comum (face, pescoço, axilas, tronco e membros) - Outras mucosas afetadas: esôfago (podendo obstruir a via aérea); laringe; nasofaringe; genitália - Lesões cutâneas não são tão comuns como em pênfigo; - A diferença com o pênfigo é que é possível ver a presença das bolhas ou vesículas na mucosa bucal antes que elas estourem. Isso se dá pelo aspecto histológico, onde o aspecto subepitelial do penfigóide torna o epitélio um pouco menos frágil que do pênfigo, que possuem epitélio mais fino decorrente das fendas intraepiteliais. No entanto, o padrão erosivo como no pênfigo é muito frequente. ★ Localização do penfigóide cicatricial na cavidade oral 1. Gengiva (64%) - gengivite descamativa 2. Mucosa jugal (58%) 3. Palato (20%) 4. Mucosa alveolar (16%) 5. Língua (15%) 6. Lábio inferior (7%) ★ Características histopatológicas - Bolha ou fenda subepitelial - Infiltrado inflamatório crônico com variado número de linfócitos - - MET: separação pode ocorrer tanto na lâmina lúcida como na lâmina densa Imagem 2. Fenda subepitelial importante. Imagem 2. Imunofluorescência que mostra as imunoglobulinas e C3 na camada basal. - Imunofluorescência direta com deposição de IgG E c3 em padrão linear regular na membrana basal, responsáveis pela ativação do sistema complemento - Podem ser negativos para imunofluorescência indireta (com soro) Imunoglobulinas e C3. A indireta pode dar falso negativo porque os níveis sanguíneos são consideravelmente baixos (titulação baixa). ★ Diagnóstico diferencial - Dermatose bolhosa IgA linear: se diferencia porque apresenta predominantemente manifestações cutâneas. - Angina bolhosa hemorrágica: bolhas cheias de sangue em região de palato, associada com corticosteróides. - Epidermólise bolhosa adquirida: autoanticorpos contra colágeno tipo VII. A diferença é que na análise histop. os autoanticorpos ficam grudados na porção de tecido conjuntivo, enquanto que no pênfigo os autoanticorpos se localizam no teto da bolha. ★ Tratamento - Multidisciplinar: dentistas, dermatos e oftalmos - Prognóstico é variável, com remissão espontânea em poucos casos até significante morbidade - Tratamento deve ser individualizado, podendo haver períodos de remissão e exacerbação - Corticoterapia tópica (quando limitado a lesões orais, podendo gerar remissão, mas ainda com chances de exacerbação quando cessados), intralesional ou sistêmica simples, com Dapsona, ou ainda tetraciclina ou minociclina. Em casos mais graves de lesões oculares em progressão (associação com imunossupressores - ciclofosfamida) e cirurgia ocular quando a doença estiver em remissão - Eliminação de trauma com ênfase ao tratamento periodontal 2. pe�fi�óid� ���ho�� - Mais comum dentre as condições autoimunes bolhosas - Em muitos aspectos lembra o penfigóidedas membranas mucosas, mas há diferenças para serem consideradas entidades distintas - Curso clínico é mais delimitado (das membranas mucosas é progressivo) - O prurido pode ser um sintoma precoce, sendo seguido do desenvolvimento de múltiplas bolhas tensas na pele normal ou eritematosa. - Imunofluorescência direta (BP180 e BP230) e indireta positiva - Terapia com imunossupressores sistêmicos (Prednisona), (Azatioprina), (Dapsona), etc. - Lesões predominantemente em pele - Lesões em mucosas ocorrem em ⅓ dos pacientes e não aparecem antes das lesões cutâneas - Tronco, face, couro cabeludo, pescoço e membros (bolhas podem ser precedidas de eritema e pápula). Prurido pode estar presente ★ Penfigóide: das membranas mucosas x bolhoso Membranas mucosas Bolhoso Causa autoimune autoimune Idade 50-80 anos 50-80 anos Sexo mulheres mais afetadas que homens similar para ambos os sexos Lesões orais sítio mais comum incomum Lesões cutâneas Infrequentes Frequentemente afetado Microscopia Bolha subepitelial Bolha subepitelial Ultraestrutura Separação sub-basal Separação sub-basal Imunologia Deposição de IgG e C3 Deposição de IgG e C3 Tratamento Corticoterapia Corticoterapia Curso Crônica com remissão infrequente Crônica com remissão frequente Pênfigo vulgar Penfigóide das membranas mucosas Anticorpos no sangue Sim, IgG Baixas concentrações Anticorpos ligados ao tecido Sim, IgG e C3 Sim, IgG, IgA e C3 Estruturas alvo Desmossomo Hemidesmossomo Vesículas Intraepitelial Subepitelial Regiões afetadas Mucosa oral e pele Mucosa oral, olho e genitália Sinal de Nikosky Sim Sim Tratamento Corticoterapia, Imunossupressores Corticoterapia local ou sistêmica Prognóstico Bom Excelente Lúpu� ���te����so ���cóid� - Doença mucocutânea crônica, cicatricial, imunológica, caracterizada por placas queratinizadas brancas com bordas elevadas, irradiando estrias brancas e telangiectasia - A sua prevalência é inferior a 5 em 10000 indivíduos e é mais comum em mulheres do que homens com proporção de 1,8:1, respec. - A frequência de envolvimento oral no LED é menor que as lesões cutâneas e é encontrada em cerca de 20% dos casos - A transformação maligna é geralmente observada no lábio inferior e nos caucasianos, mas existem alguns relatos de caso em afro-americanos - 5,5% dos carcinomas espino celulares em lábio inferior decorrem de lesões do LED, ou valor próximo a esse, segundo literatura científica - A idade acima de 60 anos é fator de risco para transformação maligna no LED, enquanto sexo, localização da lesão, tabagismo e ingestão de álcool não foram consideradas fatores de risco - Recomenda-se o uso de corticosteróides tópicos ou sistêmicos para o tratamento do LED
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