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TUTORIA problema 6 - Imunodeficiência Objetivos: 1. Elucidar imunodeficiência e seu diagnóstico ( causas, tipos, exames ) Conceito: Defeitos em um ou mais componentes do sistema imune podem desencadear distúrbios graves e muitas vezes fatais, que são chamados conjuntamente de imunodeficiências. Estas doenças são amplamente classificadas em dois grupos: ● As imunodeficiências congênitas ou primárias são defeitos genéticos que resultam no aumento da susceptibilidade à infecção, que frequentemente se manifesta na infância e início da adolescência, mas às vezes é clinicamente detectada mais tarde na vida. ● As imunodeficiências adquiridas, ou secundárias, não são doenças hereditárias, mas ocorrem como consequência de desnutrição, câncer disseminado, tratamento com fármacos imunossupressores ou infecção das células do sistema imune. Visão geral das doenças por imunodeficiências ● A principal consequência da imunodeficiência é o aumento da susceptibilidade à infecção. ● Pacientes com imunodeficiências também são suscetíveis a certos tipos de câncer. ● Paradoxalmente, algumas imunodeficiências estão associadas a maior incidência de autoimunidade. ● A imunodeficiência pode ser resultado de defeitos do desenvolvimento ou da ativação dos linfócitos ou de defeitos nos mecanismos efetores da imunidade inata e adaptativa. Imunodeficiências congênitas (primárias) 1. Deficiências de células B 1.1. Hipogamaglobulinemia ligada ao X (agamaglobulinemia de Bruton) Níveis muito baixos de todas as imunoglobulinas (IgG, IgA, IgM, IgD e IgE) e a possível ausência de células B, são encontrados mais em meninos do que em meninas.doença é caracterizada pela ausência de gamaglobulina no sangue. Falha na diferenciação das células pré-B em células B. Essa falha é causada por uma mutação no gene que codifica a tirosina-cinase, uma importante proteína transdutora de sinal. A maturação, o número e as funções das células T geralmente estão normais, embora alguns estudos tenham revelado redução do número de células T ativadas nestes pacientes, o que pode ser uma consequência da apresentação de antígenos reduzida causada pela falta de células B. O tratamento com pools de gamaglobulina reduz o número de infecções. 1.2. Deficiências seletivas de imunoglobulinas A deficiência de IgA é a mais comum entre as deficiências seletivas; as deficiências de IgG e IgM são mais raras. ● IgA: apresentam infecções recorrentes sinusais e nos pulmões. Em casos que não apresentam infecções recorrentes é porque os níveis de IgG e IgM conferem proteção. Causada pela falha nos genes que coordenam a troca de cadeia pesada, ● IgG ou IgM: falha nos genes que coordenam a troca de cadeia pesada. Deficiências seletivas da subclasse IgG foram descritas, onde o nível total de IgG sérica está normal, mas as concentrações de uma ou mais subclasses estão abaixo do normal. A deficiência de IgG3 é a deficiência de subclasse mais comum em adultos, e a deficiência de IgG2 relacionada à deficiência de IgA é mais comum em crianças. 2. Deficiências de células T 2.1. Aplasia tímica (síndrome de DiGeorge) A produção de anticorpos pode estar diminuída ou normal. Se diminuída, infecções graves por bactérias piogênicas podem ocorrer. Tanto o timo como as glândulas paratireoides deixam de se desenvolver normalmente como resultado de um defeito na terceira e quarta bolsas faríngeas. O sintoma mais comum é a tetania devida à hipocalcemia causada pelo hipoparatireoidismo. Outras anormalidades congênitas são comuns. Um transplante de timo fetal pode reconstituir a imunidade por células T. 2.2. Candidíase mucocutânea crônica Nessa doença, a pele e as membranas mucosas de crianças são infectadas por C. albicans, que em indivíduos imunocompetentes é um membro normal da microbiota. Essas crianças apresentam uma deficiência de células T específica para esse microrganismo 2.3. Síndrome de hiper-IgM Os pacientes apresentam uma alta concentração de IgM, porém, muito pouco IgG, IgA e IgE. Eles apresentam números normais de células T e B. Embora as manifestações principais dessa síndrome sejam alterações nos anticorpos, a mutação ocorre no gene que codifica o ligante de CD40 nas células T auxiliares CD4-positivas. Como resultado, as células T auxiliares apresentam um defeito na proteína de superfície (ligante de CD40) que interage com CD40 na superfície de células B. A falha na interação adequada com CD40 resulta na inabilidade das células B em realizar a troca na produção de IgM para as outras classes de anticorpos. Os pacientes com síndrome de hiper-IgM ligada ao X também exibem defeitos na imunidade mediada por células, com um aumento da susceptibilidade à infecção pelo fungo intracelular Pneumocystis jiroveci. Esta imunidade mediada por célula defeituosa ocorre porque o ligante de CD40 também está envolvido na ativação de macrófagos e células dendríticas dependentes de células T. Casos raros de síndrome de hiper-IgM exibem um padrão de herança autossômica recessiva. Nestes pacientes, os defeitos genéticos podem estar no CD40 ou na desaminase induzida por ativação enzimática (AID), que está envolvida na troca de isotipo da cadeia pesada e maturação por afinidade . Uma forma da síndrome da hiper-IgM é causada por mutações recessivas autossômicas no gene que codifica a uracila N-glicosilase (UNG), uma enzima que remove os resíduos de U dos genes de Ig durante a troca de classe e de mutação somática. 2.4. Deficiência no receptor de interleucina-12 A ausência desse receptor impede que a IL-12 inicie uma resposta Th1, o que é necessário para limitar infecções por micobactérias. 3. Deficiências combinadas de células B e T 3.1. Doença da imunodeficiência combinada grave (SCID) Infecções recorrentes causadas por bactérias, vírus, fungos e protozoários ocorrem precocemente na infância (três meses de idade) porque tanto as células B quanto as células T são deficientes. Existem dois tipos: ● ligada ao X: constitui cerca de 75% dos casos. Alguns pacientes com SCID ligada ao X apresentam um defeito no receptor de IL-2 nas células T. Eles não possuem a cadeia y do receptor de IL-2, a qual é essencial para o desenvolvimento das células T. ● autossômica:Alguns pacientes com a forma autossômica da doença apresentam algumas mutações: ○ no gene que codifica uma tirosina-cinase chamada ZAP-70, a qual possui um papel importante na transdução de sinal em células T. ○ no gene que codifica uma cinase diferente, denominada Janus cinase 3. ○ nos genes RAG-1 e RAG-2, que codificam enzimas recombinases que catalisam a recombinação do DNA, etapa necessária para gerar os receptoresde antígenos das células T e o monômero de IgM das células B que funcionam como receptores de antígenos. O transplante de medula óssea pode restaurar a imunidade. Pacientes com uma ausência hereditária de adenosina desaminase (ADA) e purina nucleosídeo fosforilase (PNP) podem apresentar uma deficiência grave de células B e T. A ausência dessas enzimas resulta na acumulação de dATP, um inibidor do ribonucleotídeo redutase e um consequente decréscimo na quantidade de desoxinucleotídeos trifosfato precursores de DNA. Esse fenômeno reduz a formação de precursores de células B e T na medula óssea. Síndrome do linfócito nu exibem os sinais e sintomas de uma imunodeficiência combinada grave e são especialmente suscetíveis a infecções virais. Estes pacientes apresentam proteínas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe I ou de classe II defeituosas, ou ambas. Mutações que resultam na incapacidade de sintetizar mRNAs para as proteínas do MHC da classe II são uma importante causa para a falha na produção dessas proteínas. Injeções de ADA (adenosina desaminase) conjugada com polietilenoglicol reduzem o número e a gravidade das infecções. Nesta, um retrovírus carreando uma cópia normal do gene ADA é utilizado para infectar as células da medula óssea do paciente. 3.2. Síndrome de Wiskott-Aldrich Infecções piogênicas recorrentes, eczema e sangramentos causados por uma trombocitopenia caracterizam essa síndrome.Esses sintomas surgem geralmente durante o primeiro ano de vida. É uma doença ligada ao X e, portanto, ocorre apenas em meninos. O defeito mais importante é a incapacidade de montar uma resposta via IgM contra os polissacarídeos capsulares de bactérias como os pneumococos. Os níveis de IgG e IgA são normais, mas a imunidade dependente de células é variável. O defeito parece advir da incapacidade das células T em auxiliar as células B. O gene mutante codifica uma proteína envolvida na montagem de filamentos de actina. O transplante de medula óssea pode ser útil. 3.3. Ataxia-telangiectasia Nessa doença, ataxia (falta de coordenação motora), telangiectasia (aumento dos pequenos vasos sanguíneos das conjuntivas e da pele) e infecções recorrentes surgem por volta dos dois anos de idade. É uma doença autossômica recessiva, causada por mutações nos genes que codificam enzimas de reparo do DNA. Linfopenia e deficiência de IgA e IgG2 são comuns. Tratamentos objetivando a correção da imunodeficiência ainda não tiveram sucesso. 4. Deficiências do complemento 4.1. Angiedema hereditário Doença autossômica dominante incomum, causada por uma deficiência do inibidor de C1. Na ausência desse inibidor, C1 continua a agir em C4, gerando C4a e componentes vasoativos adicionais subsequentes, como C3a e C5a. Isso leva ao aumento da permeabilidade capilar e a edema em diversos órgãos. O edema de laringe pode ser fatal. Fármacos esteróides, como a oximetolona e o danazol, podem ser úteis para aumentar a concentração do inibidor de C1 4.2. Infecções recorrentes Pacientes com deficiências em C1, C3 ou C5 ou nos componentes C6, C7 ou C8 apresentam suscetibilidade aumentada a infecções bacterianas. Pacientes com deficiência em C3 são particularmente suscetíveis a sepse causada por bactérias piogênicas como S. aureus. Pacientes com níveis reduzidos de C6, C7 ou C8 são especialmente propensos à bacteriemia causada por Neisseria meningitidis ou Neisseria gonorrhoeae. 4.3. Doenças autoimunes Pacientes com deficiências em C2 e C4 apresentam doenças que se assemelham ao lúpus eritematoso sistêmico ou a outras doenças autoimunes. A deficiência em C2 é o defeito mais comum do complemento e é frequentemente assintomática. 4.4. Hemoglobinúria paroxística noturna A hemoglobinúria ocorre em razão da hemólise mediada pelo complemento. Isso ocorre especialmente à noite porque a menor taxa de oxigenação do sangue durante o sono aumenta a suscetibilidade das hemácias à lise. A hemólise ocorre em razão de um defeito no fator de aceleração do decaimento (DAF, do inglês decay-accelerating factor) na superfície das células precursoras das hemácias, levando a um aumento da ativação do complemento. Os pacientes apresentam um defeito nos genes que codificam moléculas que ancoram DAF e outras proteínas à membrana celular. Não há tratamento específico. Ferro pode ser administrado para corrigir a anemia, e o uso da prednisona também pode ser útil. 5. Deficiências de fagócitos 5.1. Doença granulomatosa crônica (DGC) Pacientes com essa doença são muito suscetíveis a infecções oportunistas por certas bactérias e fungos. A DGC ocorre em razão de um defeito na atividade microbicida intracelular de neutrófilos e resulta da falta da atividade da enzima NADPH oxidase (ou outra enzima similar). Assim, o peróxido de hidrogênio ou os superóxidos não são produzidos (i.e., não ocorre o ataque oxidativo), de forma que os microrganismos, embora fagocitados, não são mortos. O diagnóstico pode ser confirmado pelo uso do teste de redução do corante nitroazul de tetrazólio ou por meio do teste da diclorofluoresceína (DCF). O teste da DCF é o mais informativo entre os dois, pois a análise é realizada por citometria de fluxo, o que provê informações acerca da habilidade oxidativa de células isoladas. O nome doença granulomatosa crônica originou-se em razão dos vários granulomas dispersos encontrados nos pacientes, mesmo na ausência de doença clínica aparente. Os granulomas podem tornar-se grandes o suficiente para causar obstruções do estômago, do esôfago ou da bexiga. 5.2. Síndrome de Chédiak-Higashi Isso é resultado de uma falha dos lisossomos de neutrófilos que não se fundem com fagossomos. As enzimas dos lisossomos, portanto, não são disponibilizadas para matar os microrganismos fagocitados. Grandes inclusões citoplasmáticas granulares, compostas por lisossomos anormais, podem ser observadas. Além disso, os neutrófilos não funcionam corretamente durante a quimiotaxia em razão de microtúbulos defeituosos. O gene mutante nessa doença codifica uma proteína citoplasmática envolvida no transporte de outras proteínas. 5.3. Síndrome de Job (síndrome de hiper-IgE) Pacientes com essa síndrome apresentam abscessos “frios”fal recorrentes causados por estafilococos, eczema, defeitos do esqueleto e altos níveis de IgE. O principal defeito imunológico é uma falha na produção de interferon-y pelas células T auxiliares, o que reduz a habilidade dosmacrófagos em matar as bactérias. Isso leva a um aumento nas células Th-2 e, consequentemente, a um alto nível de IgE. O nível elevado de IgE causa liberação de histamina, o que bloqueia certos aspectos da resposta inflamatória, daí os abscessos frios. A histamina também inibe a quimiotaxia dos neutrófilos, o que constitui outra característica dessa síndrome. 5.4. Síndrome da deficiência da adesão de leucócitos Apresentam infecções piogênicas graves no início de suas vidas, pois eles possuem proteínas de adesão (LFA-1) defeituosas na superfície de seus fagócitos. Essa é uma doença autossômica recessiva na qual há uma mutação no gene que codifica a cadeiaβ de uma integrina que medeia a adesão. Como resultado, os neutrófilos aderem-se fracamente à superfície das células endoteliais e a fagocitose das bactérias é inadequada. 5.5. Neutropenia cíclica Nessa doença autossômica dominante, os pacientes apresentam uma contagem de neutrófilos extremamente baixa. Mutações no gene que codifica a elastase dos neutrófilos foram identificadas nos pacientes, mas ainda não está claro como essas mutações contribuem para a natureza cíclica da doença. Supõe-se que a produção irregular do fator estimulante de colônias granulocíticas possa ter um papel no aspecto cíclico dessa doença. 5.6. Deficiência da mieloperoxidase A deficiência da mieloperoxidase (quantidade reduzida ou função reduzida) é bastante comum, mas tem pouca importância clínica. De maneira surpreendente, a maioria dos pacientes com essa deficiência não apresenta aumento na suscetibilidade a doenças infecciosas. A mieloperoxidase catalisa a produção de hipoclorito, um importante agente antimicrobiano, de forma que um aumento no número de infecções era esperado. 5.7. Deficiência no receptor de interferon-y Apresentam infecções graves por micobactérias atípicas ou pelo bacilo de Calmette-Guérin (BCG), a micobactéria atenuada da vacina BCG. Eles têm uma mutação no gene que codifica a porção ligante ou a porção transdutora de sinal do receptor para interferon-Y. Como resultado, macrófagos não são ativados e infecções graves por micobactérias ocorrem. Defeitos na produção de IL-12 ou no receptor de IL-12 causam o mesmo quadro clínico Imunodeficiência adquirida (secundária) 1. Deficiências de células B 1.1. Hipogamaglobulinemia comum variável As infecções normalmente acontecem em indivíduos com idade entre 15 e 35 anos. O número de células B geralmente é normal, mas a habilidade de sintetizar IgG (e outras imunoglobulinas) encontra-se muito reduzida. 1.2. Desnutrição Reduzir o suplemento de aminoácidos para as células e, portanto, reduzir, a síntese de IgG 2. Deficiências de células T 2.1. Síndrome da imunodeficiência adquirida O quadro é devido a uma grande redução no número de células T auxiliares causada pela infecção pelo retrovírus denominado vírus da imunodeficiência humana (HIV). Esse vírus infecta e mata especificamente as células que apresentam a proteína CD4 em sua superfície. A resposta a imunizações específicas é reduzida, o que é atribuído à perda da atividade das células T auxiliares. Pacientes com Aids também apresentam uma alta incidência de tumores, como os linfomas, o que pode ser resultante da perda da vigilância imunológica 2.2. Sarampo Pacientes com sarampo apresentam uma supressão transiente da hipersensibilidade tardia, o que pode ser observado por meio da perda de reatividade do teste PPD na pele. Outro resultado é a ativação da tuberculose quiescente. Nesses pacientes, a função das células T encontra-se alterada, mas as imunoglobulinas são normais. 3. Deficiências do complemento 3.1. Insuficiência hepática Causada pela cirrose alcoólica ou hepatites B ou C crônicas podem reduzir a síntese das proteínas do complemento pelo fígado até o nível em que infecções piogênicas graves passam a ocorrer. 4. Deficiências de fagócitos 4.1. Neutropenia As causas mais comuns da neutropenia incluem o uso de fármacos citotóxicos, como os utilizados na quimioterapia contra o câncer, leucemias, em que a medula óssea se torna “superpovoada” por células leucêmicas, e a destruição autoimune dos neutrófilos. A ciprofloxacina é utilizada para tentar prevenir infecções em pacientes neutropênicos. Exames que detectam a baixa imunológica ● dosagem de hemoglobina; ● subpopulação de linfócitos; ● dosagem de anticorpos. Já o exame conhecido como complemento (C3, C4 e CH50) é feito para verificar o que está provocando infecções e alterações na atividade autoimune. “Recentemente, surgiram os novos exames TREC e KREC, colhidos logo após o nascimento, da mesma forma que o teste do pezinho. Eles ajudam a detectar doenças que afetam gravemente a imunidade dos recém-nascidos” 2. Relacionar o estado psicológico e nutricional com o sistema imunológico Sistema psicológico Este modelo assume que a mudança imunológica é mediada por factores como a ativação do SNC, a resposta hormonal e a mudança comportamental, em função das características e estados psicológicos. As ligações entre o SNC e o sistema imunológico foram identificadas (Felten, Felten, Carlson, Olschowka, & Livnat, 1985; Felten & Olschowka, 1987), nomeadamente pela observação de que linfócitos como as NK têm receptores para os neurotransmissores. Vários autores encontraram igualmente ligações entre o sistema imunológico e o endócrino através do efeito de diferentes mediadores hormonais como catecolaminas (epinefrina e norepinefrina), cortisol, prolactina, ACTH, TSH, hormona do crescimento ou opiáceos endógenos, hormonas que estão relacionadas com a resposta ao stress (cf. Schneiderman & Baum, 1992; Cohen, 1994; Wang, Delahanty, Dougall, & Baum, 1998). Além disso existe enervação simpática e parassimpática dos órgãos linfóides (Felten & Olschowka, 1987). 1. Estudo do efeito do stress Os resultados sugerem que em épocas de maior stress, em comparação com épocas após férias, existe uma diminuição da actividade dos linfócitos NK; na proliferação de linfócitos e na citocidade dos linfócitos. Paralelamente foi verificado que durante estas fases de stress há um aumento na circulação de anticorpos anti herpes virus; bem como uma cura mais lenta de feridas após biópsias Outra situação que tem mostrado estar relacionada com um aumento do stress a prestação de cuidados a doentes crónicos, nomeadamente doentes com Alzheimer. O estudo da resposta imunológica de familiares cuidadores destes doentes têm mostrado uma resposta diminuída do sistema imunológico, incluindo diminuição do númerode linfócitos totais e células T, menor reacção dos linfócitos NK e maior número de anticorpos aos vírus herpes. 2. Estudo do efeito do humor A associação entre a depressão clínica e a imunossupressão foi estabelecida há muito tempo. Herbert e Cohen (1993), numa meta-análise de 40 estudos sobre a relação entre depressão clínica e sistema imunológico, verificaram que os resultados são consistentes e permitem concluir que os deprimidos exibem uma menor resposta de proliferação dos linfócitos; menor actividade dos linfócitos NK; e um menor número de células NA, B, T, T auxiliadoras e T Supressoras / Citotóxicas. Num estudo realizado sobre a relação entre acontecimentos do dia a dia e a quantidade de imunoglobulina A (IgA) em resposta a um antígeno, foi verificado que esta era maior quando o humor do sujeito era positivo e menor quando o humor do sujeito era negativo. 3. Estudo do efeito das características da personalidade Medidas directas sobre o sistema imunológico revelaram que um nível elevado de repressão estava relacionado com a supressão da resposta imunológica nomeadamente observável num nível mais elevado do anticorpo do vírus do herpes. As estratégias inibitórias, repressivas ou de negação, têm sido associadas ao aumento de sintomas físicos, com mais visitas médicas, a mais irregularidades do sistema nervoso autónomo e a mais perturbações do sistema imunológico. 4. Estudo do efeito do suporte social Os sujeitos com mais suporte são mais saudáveis, têm menos probabilidade de ficar emocionalmente perturbados e de ficar fisicamente doentes (Cohen & Willis, 1985). Este dado permite afirmar que o efeito do isolamento social em termos de saúde é comparável ao efeito de outros factores de risco como fumar, pressão sanguínea, lipídios no sangue, obesidade e actividade física. Verificaram que os estudantes com mais auto-relato de solidão têm uma menor actividade de NK e um nível mais elevado de anticorpo anti-virus herpes; efeito semelhante ao encontrado em doentes psiquiátricos internados, em que foi verificado que aqueles que relatavam mais solidão demonstravam uma menor actividade dos linfócitos NK. As relações interpessoais positivas estão relacionadas com menores níveis de hormonas de stress (e.g. cortisol, catecolaminas), melhor resposta do sistema imunológico, e diminuição do risco de contrair vários tipos de infecção Sistema nutricional Alguns nutrientes têm a capacidade de interferir na resposta imune por terem efeito regulatório direto sobre os leucócitos, alterando os índices de proliferação, padrão de produção de citocinas e diferenciação de populações leucocitárias específicas. 1. Regulação direta do sistema imune a partir dos nutrientes 1.1. Ácido linoléico conjugado (CLA) Exerce atividade imunomoduladora de forma efetiva em diferentes modelos experimentais, incluindo respostas inflamatórias, humorais e celulares. 1.2. Vitamina E A vitamina E é capaz de aumentar a produção de imunoglobulinas de uma forma semelhante ao CLA. 1.3. Vitamina A A vitamina A é capaz de aumentar a diferenciação dos linfócitos T e B (Bendich, 1993), porém, a sua maior contribuição para um estado saudável vem por outra propriedade. A 6 vitamina A é muito importante para a integridade da epiderme e mucosas uma vez que seus metabólitos atuam na manutenção e diferenciação das células epiteliais. Deficiências nutricionais causam diminuição dos queratinócitos, alterações histopatológicas na mucosa intestinal e diminuição da produção de muco no trato respiratório e gastrointestinal. 2. Modulação indireta do sistema imune mediada pelo sistema endócrino 2.1. Sobreconsumo O excesso de aporte nutricional, mesmo que de uma dieta balanceada, pode comprometer a resposta imune humoral (Klasing & Austic, 1984). Já foi comprovado que animais com sobreconsumo alimentar tiveram menores produções de anticorpos em resposta à vacinação e aumento da predisposição a infecção bacteriana, principalmente E. coli 2.2. Subnutrição Já é sabido que da mesma forma que o excesso de aporte nutricional compromete a imunocompetência, o déficit também tem efeitos negativos. O jejum prolongado diminui a resposta imune tanto celular e quanto a humoral. 3. Regulação do sistema imune pela disponibilidade de substratos 3.1. Deficiência protéica Animais com deficiência protéica crônica têm diminuídas a produção de imunoglobulinas, a função dos macrófagos, reação de hipersensibilidade tardia e também compromete a capacidade de reparação tecidual em conseqüência dos danos causados pelos metabólitos produzidos pelo agente infeccioso e pelo próprio hospedeiro na tentativa de destruir o patógeno. A deficiência de alguns aminoácidos específicos também pode influenciar na imunocompetência. A glutamina, por exemplo, é a fonte de energia para os leucócitos e eritrócitos; a metionina por ser fonte de cisteína, interfere na formação da glutationa peroxidase, importante agente antioxidante; e a arginina por sua vez é importante na maturação dos linfócitos T, produção de ácido nítrico para macrófagos e estimula o crescimento e mantém a integridade do timo 3.2. Deficiência de ácidos graxos essenciais A deficiência relativa de ácidos graxos n-6 haverá diminuição na resposta inflamatória e na fluidez das membranas celulares. Caso a deficiência seja dos ácidos graxos da série n-3, ocorrerá supressão parcial da função imune e uma resposta inflamatória exacerbada 3.3. Deficiência vitamínica A deficiência de vitaminas do complexo B também interfere no sistema imune. ● A piridoxina (B6): aumenta o número de linfócitos, o peso dos órgãos linfóides, a produção de IL-2 e conseqüentemente a produção de imunoglobulinas. ● A cianocobalamina (B12): atua melhorando a atividade dos fagócitos e estimulando a proliferação de linfócitos T. ● O ácido pantotênico (B5): melhora a resposta humoral e a riboflavina (B2) além da resposta humoral, aumenta o número de linfócitos circulantes e o peso do timo. 3.4. Deficiência mineral ● o zinco: estimula a proliferação de linfócitos T além de atuar minimizando o estresse oxidativo. ● O cobre: também atua nesse sentido, porém também é capaz de aumentar a produção de IL-2 e conseqüentemente de imunoglobulinas. ● O selênio: é um importante agente antioxidante por ser parte da enzima glutation peroxidase, mas também influencia na síntese de citocinas e imunoglobulinas e na proliferação linfocitária. ● O ferro: é capaz de estimular a proliferação dos linfócitos Th1 e a atividade fagocítica 3. Conhecer as principais infecções oportunistas O que são infecções oportunistas? Infecções causadas por microrganismos que comumenteestão presentes no corpo sem causar problemas, mas que se aproveitam da debilidade ocasional das defesas do organismo para causar dano. Quais são as causas das infecções oportunistas? As infecções oportunistas ocorrem principalmente em pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, permitindo que microrganismos que vivem normalmente no corpo sem causar doenças causem uma infecção generalizada. O sistema imunológico de uma pessoa pode estar debilitado por várias razões. As duas principais e mais incisivas são a contaminação pelo HIV e pessoas recebendo quimioterapia. Outras razões podem ser um estado de debilidade física, ansiedade, depressão e uso de certos medicamentos. As principais infecções oportunistas são: ● Infecções causadas por vírus Herpes simplex: uma infecção viral que pode causar lesões nos lábios, boca, face e órgãos genitais. Em pessoas saudáveis, essas infecções são bastante comuns e sem gravidade, mas se a pessoa estiver contaminada pelo HIV, podem ser muito mais frequentes e graves. ● Infecções causadas por Salmonella: infecção bacteriana que afeta os intestinos e causa, entre outros sintomas, diarreia grave. ● Infecções por Cândida albicans (candidíase): pode atingir a boca, a garganta, esôfago e órgãos genitais. ● Infecções pelo Toxoplasma gondii (toxoplasmose): infecção protozoária que, no paciente imunodeprimido, pode ocorrer principalmente no cérebro e, menos frequentemente, na retina, miocárdio e pulmões. As lesões podem ser fatais. ● Infecções pelo Citomegalovírus (CMV): infecção viral que causa doença ocular e pode levar à cegueira. ● Infecção pelo Plasmodium (malária): sem complicações já é uma infecção grave, mas torna-se muito mais comum e mais grave em pessoas com infecção pelo HIV. ● Infecções pelo Mycobacterium avium: infecção bacteriana que pode causar febres recorrentes, problemas intestinais, problemas com a digestão e grave perda de peso. ● Infecção pelo Pneumocystis (pneumonia): é uma infecção fúngica que pode causar uma pneumonia fatal. ● Infecção pelo Mycobacterium tuberculosis (tuberculose): infecção bacteriana que ataca os pulmões e pode causar meningite. 4. Estudar os mecanismos de agressão e defesa parasitárias Na terminologia das doenças infecciosas, a infecção parasitária refere-se a infecção com parasitas de animais, tais como os protozoários, helmintos e ectoparasitas. Imunidade Inata contra Parasitas A principal resposta da imunidade inata aos protozoários é a fagocitose, mas muitos desses parasitas são resistentes à fagocitose e podem se replicar mesmo dentro de macrófagos. Alguns protozoários expressam moléculas de superfície que são reconhecidas por TLRs e ativam os fagócitos. Os fagócitos também podem atacar os parasitas helmintos e secretar substâncias microbicidas para matar organismos que são muito grandes para serem fagocitados. No entanto, muitos helmintos possuem tegumentos espessos que os tornam resistentes aos mecanismos citocidas de neutrófilos e macrófagos, e que são muito grandes para serem ingeridos pelos fagócitos. Alguns helmintos podem ativar a via alternativa do complemento. A Imunidade Adaptativa contra Parasitas A resposta se diferencia dependendo do tipo de parasita: ● mecanismo de defesa contra os protozoários que sobrevivem dentro de macrófagos: é a resposta imunológica mediada por células, em particular pela ativação de macrófagos por citocinas derivadas de células TH1. ○ Protozoários que replicam dentro de várias células do hospedeiro e lisam estas células, estimulam anticorpos específicos e as respostas de CTL, semelhante aos vírus citopáticos. Um exemplo de um tal organismo é o parasita da malária, que reside principalmente nas hemácias e em hepatócitos durante seu ciclo de vida. ○ A citocina IFN-γ tem sido apresentada como protetora em muitas infecções por protozoários, incluindo malária, toxoplasmose e criptosporidiose ● defesa contra muitas infecções por helmintos: é mediada pela ativação das células TH2, o que resulta na produção de anticorpos IgE e ativação de eosinófilos. ○ Os helmintos estimulam a diferenciação de células T CD4+ imaturas para o subconjunto de células efetoras TH2, que secretam IL-4 e IL-5. A IL-4 estimula a produção de IgE, a qual se liga ao receptor Fc de eosinófilos e de mastócitos e a IL-5 estimula o desenvolvimento dos eosinófilos e ativa os eosinófilos. ○ A IgE reveste os parasitas e os eosinófilos se ligam à IgE e são ativados para liberar seus conteúdos granulares, que destroem os helmintos. ○ As ações combinadas de mastócitos e eosinófilos também contribuem para a expulsão dos parasitas do intestino. ○ As respostas imunes adaptativas a parasitas também podem contribuir para a lesão tecidual. Alguns parasitas e seus produtos induzem respostas granulomatosas com fibrose concomitante. ○ As infestações parasíticas crônicas e persistentes frequentemente estão associadas à formação de complexos de antígenos do parasita e anticorpos específicos. Os complexos podem ser depositados nos vasos sanguíneos e glomérulos renais, e produzem vasculite e nefrite Evasão da Resposta Imunológica por Parasitas Os parasitas escapam da imunidade protetora reduzindo a sua imunogenicidade e pela inibição das respostas imunológicas do hospedeiro. Os parasitas alteram seus antígenos de superfície durante o seu ciclo de vida em hospedeiros vertebrados. Existem duas formas de variação antigênica bem definidas: ● alteração fase-específica na expressão dos antígenos, de modo a que os estágios teciduais maduros de parasitas produzem antígenos diferentes daqueles das fases infecciosas. *Por exemplo, a fase dos esporozoítos infectantes dos parasitas da malária é antigenicamente distinta dos merozoítos que residem no hospedeiro e são responsáveis pela infecção crônica. No momento em que o sistema imunológico responde à infecção por esporozoítos, o parasita já tem se diferenciado, expressa novos antígenos e não é mais um alvo para a eliminação imunológica ● variação contínua dos principais antígenos de superfície observada em tripanossomas africanos como o Trypanosoma brucei e o Trypanosoma rhodesiense. A variação antigênica contínua de tripanossomas é principalmente devida a mudanças na expressão dos genes que codificam o maior antígeno de superfície. Os pacientes infectados apresentam ondas de parasitemia no sangue e cada onda consiste de parasitas que expressam um antígeno de superfície diferente daquele da onda anterior. Uma consequência da variação antigênica em parasitas é a dificuldade para vacinar eficazmente os indivíduos contra estas infecções.Os parasitas se tornam resistentes aos mecanismos imunológicos efetores durante a sua permanência em hospedeiros vertebrados. As larvas dos esquistossomos, que viajam para os pulmões de animais infectados e, durante esta migração, desenvolvem um tegumento resistente a danos pelo complemento e pelos CTLs. Os parasitas protozoários podem esconder-se do sistema imunológico por viver no interior das células do hospedeiro ou pelo desenvolvimento de cistos resistentes aos efetores imunológicos. Alguns parasitas helmínticos residem nos lumens intestinais e estão a salvo dos mecanismos imunológicos efetores mediados por células Parasitas inibem a resposta imune do hospedeiro por múltiplos mecanismos. A anergia de células T aos antígenos do parasita tem sido observada em esquistossomose grave envolvendo o fígado e o baço e em infecções filariais. Os mecanismos de irresponsividade da resposta imunológica a essas infecções não são bem compreendidos.
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