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O fígado detém uma capacidade de auto-reparo e regeneração observado há décadas. Muitos estudos sugerem que as células-tronco tem papel imprescindivel no reparo de células hepáticas com lesões. O fígado inteiro pode se regenerar a partir de um pequeno pedaço, e essa resposta é atribuida a habilidade dos hepatócitos em se dividirem (mais de 12 a 16 divisões por célula): animais e humanos podem sobreviver após a remoção de mais de 75% da massa hepática, dependendo do organismo, o numero de células é reestabelecidao em 1 semana e a massa original entre duas a tres semanas. Estudos mais recentes em animais mostram a existencia de células-tronco hepáticas endógenas e exógenas que podem formar hepatócitos e ductos biliares. Em suma, as células-tronco possuem a capacidade celular de regenerar órgãos, ossos, repararem danos espinhais e cerebrais e formar vasos sanguíneas, ao menos em camundongos ou ratos (experimentos mostraram isso). Atualmente estudos tem mostrado que células tronco de um sistema podem se desenvolver em células diferenciadas em outro sistema, como por exemplo do sistema hematopoético no fígado, cérebro ou rim. Essa moldabilidade foi observada também em humano, no caso de transplantas de órgãos e medula óssea. É importante pontuar algumas caracteristicas que diferenciam as células-tronco de outros tipos celulares: são células não-especializadas, que se renovam a partir da divisão celular, e clonogênica, ou seja, sobre pressao fisiologica/experimental, elas podem ser induzidas a se diferenciarem em células com outras funções, como células que produzem insulina no pancreas. Em caso de lesão grave em algum órgão, dois mecanismos entram em ação: ● Transdiferenciação: as células-tronco atuam como um sistema de recuperação no momento em que a capacidade regenerativa do órgão está deficiente (células de um órgão originam células de outro órgão), adicionando um novo fenótipo. ● A fusão: união de duas células diferentes, mantendo as características fisiológicas e funcionais de uma delas. O uso terapêutico das células-tronco adultas e embrionárias já ocorre, vejamos um pouco mais sobre isso e sobre teses de pesquisadores do ramo: ● Essas células se diversificam no número e no tipo de células em que podem se diferenciar. As células-tronco embrionárias podem crescer em cultura facilmente, enquanto que células-tronco adultas não aparecem tanto em tecidos maduros. ● Uma grande vantagem no uso de células-tronco adultas é que as próprias células do paciente podem ser aumentadas em cultura e recolocadas no paciente, ou seja, não haverá rejeição do sistema imune. - Esse uso não é aplicado para doenças geneticas. ● Já as células-tronco embrionárias de um doador introduzidas em um paciente podem sim causar rejeição. Se forem utilizadas tanto células-tronco adultas como embrionárias de um doador imunologicamente compatível, em tese o problema de rejeição estaria resolvido. ● Alguns estudo mostram que as células-tronco adultas podem atravessar as camadas germinativas e contribuir para a regeneração de tecidos de outra camanda germinativa. - Exemplo: células-tronco da medula óssea (origem: camada mesodérmica) podem ajudar na regeneração do fígado (origem: camada endodérmica). ● Vários autores acreditam que as células-tronco provenientes da medula óssea podem fazer crescer hepatócitos e células do ducto biliar, visto que as células-tronco multipotentes ainda existem na idade adulta. A importância disto é que as células hepáticas geradas pelo próprio paciente não provocam rejeição pelo sistema imune, retirando a necessidade de utilização de drogas imunossupressoras. Se cientificamente comprovado, isso irá revolucionar o estudo das células-tronco e da terapia celular para as lesões hepáticas. Os hepatócitos podem ter origem por duas vias: diferenciação direta das células-tronco hematopoéticas ou por via indireta, com uma célula hepática oval intermediária. As células ovais são as células que surgem da resposta ao dano hepático e são derivadas do ducto biliar. Essas células ovais são células-tronco hepáticas que existem no canal de Hering. Em contraponto, outro modelo sugere que os precursores de células ovais hepáticas existem apenas no fígado e a contribuição da medula óssea para células epiteliais hepáticas é baixa. Acredita-se que as células ovais hepaticas são consideradas as células-tronco do fígado. Elas são pequenas, com citoplasma escasso e núcleo oval. Essas células-tronco hepaticas se dão em pequenas unidades da árvore biliar, nos canais de Hering, de onde elas migram para o parenquima hepatico. São consideradas progenitoras das células-tronco hepáticas similares, pois só se dividem quando a multiplicação dos hepatocitos está prejudicada. Podem se diferenciar em linhagens hepática, biliar, intestinal e pancreatica (em roedores). Essas células expressam varios marcadores hematopoeticos: Thy 1.1, CD34, receptor de Flt3 e c-Kit. Esse fato corrobora estudos que mostram que células da medula ossea podem dar origem a uma variedade de tipos de células epiteliais hepaticas, como as ovais, hepatocitos e epitelio do ducto. Porém a origem dessas células não é conhecida por completo. Quando há um grande dano/comprometimento no fígado, existe a ativação das células ovais e aumento de sua população proprocionalmente com a gravidade do dano no fígado humano. Estudo na década passada sugeriam que em ratos e humanos as células ovais sao derivadas da medula ossea. Muitos fatores de crescimento e citocinas, fator de crescimento de epiderme, fator de crescimento de hepatócitos, TGF-α, TNF-α e IL-6, insulina, triiodotironina e agentes adrenérgicos podem ou facilitar/iiniciar a resposta regenerativa normal dos hepatócitos. Muitos desses mesmos fatores estão envolvidos na ação das células ovais. Os estudos do pesquisador Theise et al. sugerem que o transplante de células da medula óssea deve ser considerado como uma opção terapêutica no tratamento de doenças do fígado. Contudo, as células epiteliais surgem por fusão e não por diferenciação, e as células ovais são geradas por células-tronco intra-hepáticas e não precursoras na medula óssea. Por fim, o fígado, muito estudado por suas às células-tronco, possui células que podem ser originadas da medula óssea, ou podem residir no próprio fígado, sendo ativadas quando necessário. O transplante de hepatócitos, desenvolvido devido à falta de fígado doado para o transplante total, tem mostrado capacidade de expansão clonal significativa dentro do fígado lesado. A fonte principal dessa pesquisa foi o trabalho de revisão: Potencialidades da terapia com células-tronco na regeneração hepática, de Ana Caroline Braun e Patricia Pranke.
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