Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Proliferação Celular / Med 4° Sem / Página 1 de 9 Objetivos: 1. Definir e diferenciar tumores sólidos e não sólidos. 2. Descrever a origem e o desenvolvimento da linhagem hematopoiética. 3. Estudar a leucemia, compreendendo fisiopatologia, clínica, patogênese, evolução, tipos, epidemiologia, diagnóstico, estafiamento e tratamento. Descrever a fisiopatologia das leucemias. Além de explicar os sinais e sintomas, correlacionando-os com a patogênese e evolução das leucemias (destacando sua eventual semelhança com outras doenças menos graves). Caracterizar as principais leucemias, suas formas de apresentação e sua epidemiologia, relacionando: tipo de leucemia, faixa etária e prognóstico. Descrever os exames utilizados para o diagnóstico e estadiamento de leucemias, identificando as principais formas do tratamento das leucemias e suas indicações. 4. Conceituar “Desvio à Esquerda.” no Hemograma. 5. Identificar o papel das entidades e equipe multidisciplinar no apoio ao paciente com câncer e familiares. 1. Definir e diferenciar tumores sólidos e não sólidos: Existem hoje na medicina vários tipos de cânceres chamados hematológicos, originários das células do sangue, sendo os três principais: as leucemias – tipo que tem início na medula óssea; os linfomas – que se originam no sistema linfático e se dividem entre Hodgkin e Não-Hodgkin; e o mieloma múltiplo, desenvolvido a partir dos plasmócitos. A principal diferença é que os cânceres hematológicos têm origem no tecido hematológico ou no sistema linfático. Eles podem circular (sendo assim chamados líquidos), enquanto os sólidos ficam restritos a seus órgãos de origem ou, em alguns casos, com metástase para outros órgãos, mas quase sempre com lesões ‘sólidas’ Neoplasias Hematológicas: É um grupo heterogêneo de doenças malignas que afetam os precursores hematopoiéticos da medula óssea e que desde o seu início já não costumam estar restritas a uma única Proliferação Celular / Med 4° Sem / Página 2 de 9 região do corpo, manifestando-se em várias partes do corpo sem respeitar barreiras anatômicas. Os órgãos mais envolvidos neste processo são: sangue, medula óssea, gânglios linfáticos, baço e fígado As neoplasias malignas hematológicas, que compreendem principalmente as leucemias, linfomas e mielomas, são caracterizadas por alterações no sistema imunológico que, em geral, são resultantes de uma combinação de fatores determinantes da própria doença, bem como do tratamento anti-neoplásico. A rigor, todos os componentes básicos da defesa do organismo podem ser afetados: a pele, as mucosas, a imunidade celular específica e inespecífica e a imunidade humoral, em particular a síntese hepática da proteína de fase aguda. Leucemias: As leucemias são neoplasias metastáticas originadas de células precursoras hematopoiéticas que provocam a substituição difusa da medula óssea por células neoplásicas imaturas com alta taxa de proliferação. Essas células, na maioria dos casos, extravasam para o sangue, onde são observadas em grande quantidade. De acordo com o tipo celular predominante, as leucemias podem ser classificadas em: Leucemias linfocíticas que afetam os linfócitos imaturos e seus progenitores na medula óssea, e Leucemias mielocíticas que envolvem as células-tronco mieloides pluripotentes. As leucemias também podem ser subclassificadas de acordo com sua manifestação aguda ou crônica. Assim sendo podemos diferenciar quatro tipos principais de leucemias: Leucemia linfocítica aguda (LLA), Leucemia linfocítica crônica (LLC), Leucemia mieloide aguda (LMA) e Leucemia mieloide crônica (LMC). Linfomas: São processos malignos com origem nos tecidos linfóides periféricos e constituem um grupo de diversos tumores sólidos, com diferentes aspectos moleculares, fisiopatológico, genéticos e de tratamento. Os linfomas podem ser agrupados em dois grandes grupos: linfomas de Hodgkin (LH) e linfoma não Hodgkin (LNH). O LH envolve uma expansão clonal de linfócitos B, embora um pequeno subconjunto de LH seja derivado de células T. A característica fundamental desses linfomas é a presença de uma célula anormal denominada célula de Reed-Sternberg (RS), célula binucleada (ou multinucleada) com núcleos grandes e eosinófilos. Os LNH são constituídos por neoplasias de células B ou T. Apesar de comumente se originarem nos linfonodos, esses linfomas podem se originar em qualquer tecido linfóide. As células neoplásicas B e T migram para os linfonodos como se fossem linfócitos normais, colonizando esses linfonodos. As manifestações do LNH dependem do tipo do linfoma, se ele tem um curso mais agressivo ou mais indolente, e do estagio da doença. Formas mais indolente da doença podem se transformar em formas mais agressivas de linfomas, ou mesmo de leucemia. Entre os linfomas, é o tipo mais incidente na infância. Por razões ainda desconhecidas, o número de casos duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos. Mieloma Múltiplo: O mieloma múltiplo (MM) é o tumor de células plasmocitárias que corresponde a aproximadamente 10% das neoplasias hematológicas, caracteriza-se pela proliferação neoplásica de plasmócitos na medula óssea; como consequência, ocorre destruição óssea, falência renal, supressão da hematopoese, maior risco de infecções, insuficiência da medula óssea e produção de proteína monoclonal. 2. Descrever a origem e o desenvolvimento da linhagem hematopoiética: A hematopoiese (ou hemopoese) é processo pelo qual são formadas as células do sangue. Ela abrange todos os fenômenos relacionados com a origem, a multiplicação e a maturação de células primordiais ou precursoras das células sanguíneas. A porção celular do sangue é composta de eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Essas três linhagens celulares, apesar de serem distintas umas das outras, são oriundas de uma célula-mãe única, denominada célula pluripotente, toipotente, stem–cell ou célula-tronco. Nos dois primeiros anos (fase criança), toda a medula óssea é hematopoiética. Porém, durante o resto da infância, há substituição progressiva da medula dos ossos longos por gordura, de modo que a medula hemopoética no adulto (fase adulta) é confinada ao esqueleto central e às extremidades proximais do fêmur e do úmero (convergência troncular da hematopoiese). Mesmo nessas regiões, aproximadamente 50% da Proliferação Celular / Med 4° Sem / Página 3 de 9 medula é composta de gordura. Após os 50 anos há a produção de medula cinza pela substituição do tecido adiposo medular pela proliferação de fibroblastos nos ossos longos (fase senil). Uma vez levadas pela corrente circulatória, as células que possuem atividade hemoformadora (células pluripotentes), formadas no saco vitelínico inicialmente, aninham-se em locais distantes, onde a disposição anatômica vascular e os elementos celulares de sustentação formam um microambiente propício a seu desenvolvimento. Em condições ideais de microambiente, o tecido hemopoiético prolifera e amadurece. No microambiente da medula óssea, as células pluripotentes (ou células-tronco hematopoiéticas) encontram condições favoráveis para sua sobrevida, autorrenovação e formação de células progenitoras diferenciadas. Esse meio é composto por células do estroma e uma rede microvascular. As células do estroma são formadas por adipócitos, fibroblastos, células endoteliais e macrófagos. Juntas, essas células secretam moléculas extracelulares, como colágeno, glicoproteínas e glicosaminoglicanos (ácido hialurônico e derivados condroitínicos) para formar uma matriz extracelular. Fatores de crescimento, necessários à sobrevivência da célula-tronco, também são secretados pelas células do estroma. As células do estroma são oriundas das células-tronco mesenquimais, também chamadas células estromais mesenquimais multipotentes ou células mesenquimais aderentes. Junto com os osteoblastos,formam nichos e fornecem os fatores de crescimento, moléculas de adesão e citocinas que dão suporte às células- tronco hematopoiéticas. Em outras palavras, as células estromais permitem a fixação das células pluripotentes, trazidas pela circulação periférica, ao estroma medular e propiciam o contato íntimo entre essas células e os fatores de crescimento hemopoiéticos secretados pelas células do estroma que entram em contato com seus respectivos receptores de membrana. A fixação de células hematopoiéticas pluripotentes no estroma medular é mediada por moléculas de adesão e seus respectivos receptores situados na membrana dessas células. São exemplos de receptores: o CD44, o CD11, o CD18 e a fibronectina. A partir dessa interação com os receptores, as células-tronco hematopoiéticas proliferam-se e podem ser tanto estimuladas a autorrenovar-se como também a dar origem às distintas linhagens de células sanguíneas. Entre as células pluripotentes medulares e as células maduras que entram no sangue há várias fases intermediárias. A célula pluripotente, responsável pela formação de todas as células sanguíneas, expande- se ou se divide, guardando sempre a característica de pluripotencialidade. Porém, algumas de suas células- filhas evoluem num sentido mais avançado e apesar de ainda serem indiferenciadas já são orientadas para uma única ou apenas para algumas linhagens celulares. Essas são denominadas células comprometidas (ou precursores comprometidos). Quando as células comprometidas atingem um grau de diferenciação ainda maior elas se tornam unipotentes e são capazes de dar origem a apenas uma determinada série sanguínea. As séries sanguíneas são constituídas pelos eritrócitos (ou hemácias), células granulocíticas, monócitos e macrófagos, linfócitos e plasmócitos (a denominação geral de leucócitos ou glóbulos brancos do sangue) e, por fim, pelas plaquetas (ou trombócitos). Proliferação Celular / Med 4° Sem / Página 4 de 9 Os fatores de crescimento hematopoiéticos são hormônios glicoproteicos que regulam a proliferação, a diferenciação das células progenitoras hematopoiéticas e a função das células sanguíneas maduras, além de prevenir a apoptose celular. Eles podem agir no local em que são produzidos por contato célula a célula ou podem circular no plasma. Também podem se ligar à matriz extracelular, formando nichos ao quais aderem células-tronco e as células progenitoras. Os fatores de crescimento compartilham certo número de propriedades e agem em diferentes etapas da hematopoiese. De maneira geral eles: Agem em concentrações muito baixas Atuam hierarquicamente São produzidos por muitos tipos celulares Afetam mais de uma linhagem Exercem efeito sobre as células-tronco e as células funcionais finais Tem interações sinérgicas ou aditivas com outros fatores de crescimento Com exceção da eritropoetina, que é sintetizada pelo rim em sua maior parte, e da trombopoetina, sintetizada no fígado, os fatores de crescimento são oriundos, principalmente, das células estromais. Eles podem agir sinergicamente no estímulo de proliferação ou diferenciação de uma célula particular ou ainda estimular a produção de outro fator de crescimento ou de um receptor de fator. Proliferação Celular / Med 4° Sem / Página 5 de 9 CFU-GEMM: unidade ou célula capaz de formar vários tipos de precursores das linhagens granulocítica, eritrocitária, monocitária e megacariocitária. CFU-GM: unidade ou célula formadora de colônias constituídas apenas de neutrófilos (G) e monócitos (M). CFU-E: unidade ou célula formadora de colônias de eritroblastos (E). CFU-Eo: unidade ou célula formadora de colônias constituídas apenas por eosínófilos (Eos). CFU-Meg: unidade ou célula formadora de colônias só de megacariócitos. BFU-E: fator estimulador da proliferação de progenitores eritroblásticos. BFU-EMeg: fator estimulador da proliferação de progenitores eritroblásticos e megacariócitos. Além dos fatores que estimulam a proliferação ou a maturação das várias linhagens celulares do sangue, há substâncias que inibe, esses fenômenos. Tais substâncias podem ser denominadas reguladores ou modulares, pois, até certo ponto, impedem a produção de quantidade excessiva de células. São produzidas por vários tipos de células presentes no estroma de sustentação da medula óssea: Interferon Gama (INF-γ): É uma linfocina produzida por linfócitos T que tem efeito inibidor sobre a proliferação das células imaturas normais. Prostaglandina E: É produzida por macrófagos e tem ação inibidora sobre as CFU-GM (unidade ou célula formadora de colônias constituídas apenas de neutrófilos [G] e monócitos [M].) Lactoferrina: É um constituinte normal das granulações citoplasmáticas específicas dos segmentados neutrófilos. Sua eliminação a partir dessas granulações tem efeito inibidor sobre a proliferação das células jovens da medula óssea. Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-α): Tem ação inibidora sobre precursores da mielopoiese quando colocado em cultura de medula óssea. Esse efeito parece ser sinérgico com o do INF-γ. Fatores Transformadores de Crescimento (TGF-ẞ): Constituem um grupo de polipeptídeos de ação reguladora, tanto de mielopoiese como da linfopoiese (TGF ẞ1, ẞ2, ẞ3). Essas citocinas são produzidas por várias células da medula óssea e liberas no processo de degranulação das plaquetas. Têm efeito inibidor intenso sobre a megacariocitopoiese, mas inibem também a eritropoiese e a granulocito-monocitopoiese. A cada dia são produzidos cerca de 1012 novos eritrócitos por meio de um processo complexo e regulado de maneira precisa denominado eritropoiese. A partir da célula-tronco, a eritropoiese passa pelas células progenitoras CFU-GEMM, BFU-E (fator estimulador da proliferação de progenitores eritroblásticos) e CFU- E (unidade ou célula formadora de colônias de eritroblastos) até o primeiro precursor eritroide com estrutura identificável na medula óssea, o proeritroblasto. Essa célula tem a capacidade de se dividir e, em condições normais, sofre três divisões celulares sucessivas. Como resultado dessas divisões, o tamanho das células diminui progressivamente ocorrendo ao mesmo tempo a expansão dessa linhagem. Assim, o volume do parênquima eritroblástico da medula óssea cresce após o estímulo da eritropoiese. O número de eritroblastos basófilos corresponde ao dobro dos proeritroblastos, e o número de células seguintes, eritroblastos policromatófilos e eritroblastos ortocromáticos também dobra. Os eritroblastos ortocromáticos são incapazes de se dividir, embora continuem a acumular hemoglobina. O núcleo dessas células é degenerado em um processo denominado cariorréxis. O conteúdo de DNA nuclear é então cercado por uma fina camada hemoglobínica do citoplasma celular, sendo expulso envolto numa Proliferação Celular / Med 4° Sem / Página 6 de 9 capa de membrana. Os eritroblastos ortocromáticos também podem perder os núcleos pelo processo de expulsão dos mesmos através do citoplasma. O que sobra da célula sem núcleo é o eritrócito jovem recém formado, carregado de hemoglobina: o reticulócito. O reticulócito já pode circular, porém ainda contém restos de corpúsculos citoplasmáticos e excesso de membranas que precisam serem eliminados. Por isso, os reticulócitos atravessam os capilares sinusóides do baço para sofrerem a ação dos macrófagos esplênicos e, assim, tornarem eritrócitos maduros. O principal fator que regula a emissão dos eritrócitos para o sangue é o nível das trocas de gases que ocorre entre as células e os tecidos. Portanto, a oxigenação dos tecidos regula a produção de glóbulos vermelhos pela medula óssea. Em condições de baixa tensão de O2 ocorre estímulo para a eritropoiese, enquanto o aumento da tensão de O2 a deprime. A diminuição daquantidade de oxigênio cedida pelo sangue aos tecidos leva à secreção de uma substância de nominada eritropoetina (EPO), que atua sobre a medula óssea, levando ao aumento da produção de eritrócitos. A EPO tem papel fundamental na eritropoiese, atuando de modo diversificado no sentido de aumentar o número de células que darão origem ao eritrócitos. A EPO é secretada por células tubulares ou células endoteliais peritubulares dos rins, que possuem receptores capazes de detectar variações na concentração de oxigênio no sangue. Além dos rins, cerca de 10% da EPO é produzida no fígado ou mesmo por macrófagos da medula óssea. São funções da eritropoetina: Estimular a proliferação das células indiferenciadas medulares, produzindo maior número de mitoses dessas células. Estimular o amadurecimento das células indiferenciadas, que caminham rapidamente para eritropoiese. Estimular a síntese de hemoglobina. Aumentar a taxa de reticulócitos no sangue. Outras substâncias também parecem interferir na eritropoiese. A testosterona, por exemplo, e os andrógenos de maneira geral estimulam diretamente as unidades ou células formadoras de colônias eritróides da medula óssea (CFU-). Indiretamente, também estimulam a produção de eritropoetina. SE LIGA! Vários fatores nutricionais são essenciais pra a eritropoiese. Entre eles, é importante que haja homeostasia do balanço corpóreo do ferro, da vitamina B12 e do ácido fólico. Os granulócitos e monócitos do sangue são formados na medula óssea a partir de uma célula precursora comum. Na série de células progenitoras granulopoiéticas, mieloblastos, prómielócitos e mielócitos constituem um conjunto mitótico, enquanto metamielócitos, bastonetes e granulócitos segmentados formam um compartimento pós-mitótico de maturação. Na medula óssea existe um grande número de bastonetes e neutrófilos segmentados, que formam uma reserva granulocítica medular. A medula óssea, em geral, contém mais células mieloides do que eritróides na proporção de 2:1 a 12:1, predominando os neutrófilos e os metamielócitos. Em condições normais, o número de granulócitos da reserva medular é 10 a 15 vezes maior do que o número de granulócitos circulantes no sangue periférico. Proliferação Celular / Med 4° Sem / Página 7 de 9 Após liberação da medula óssea, os granulócitos permanecem de 6 a 10 horas na circulação antes de migrarem para os tecidos onde desempenham sua função fagocítica. Na corrente sanguínea, os neutrófilos se distribuem em dois compartimentos ou pools de tamanho aproximado. Existe o pool circulante, que aparece nas contagens expressas no hemograma e o pool marginal, que não aparece nas contagens do hemograma. Nos tecidos, essas células permanecem de 4 a 5 dias até serem destruídos durante mecanismos de defesa ou por senescência. Muitos fatores de crescimento são envolvidos no processo de maturação da granulopoiese e monopoiese. Nesse sentido, fatores como IL-1, IL3, IL-5, IL-6, IL-11 e os fatores estimulantes de colônias granulocítico- macrofágicas (GM-CSF), granulocíticas (G-CSF) e monocíticas (M-CSF) desempenham um papel importante. Esses fatores de crescimento estimulam a proliferação, a diferenciação, bem como afetam a função das células maduras sobre as quais agem. No contexto de infecções, por exemplo, o aumento na produção de granulócitos e monócitos é induzido por uma maior produção de fatores de crescimento por células do estroma e linfócitos T em resposta a endotoxinas, IL-1 ou TNF. As plaquetas são produzidas na medula óssea por fragmentação do citoplasma dos megacariócitos, uma das maiores células do organismo. O megacarioblasto, precursor do megacariócito, surge por um processo de diferenciação da célula-tronco hematopoiética. O megacariócito amadurece por replicação endomitótica sincrônica, aumentando o volume do citoplasma à medida que o número de lobos nucleares aumenta em múltiplos de dois. 4. Conceituar “Desvio à Esquerda.” no Hemograma: O hemograma é o exame que estuda os componentes celulares do sangue através de uma análise qualitativa e quantitativa. Representa o exame complementar mais requerido nas consultas médicas e proporciona a avaliação dos três componentes principais do sangue periférico: eritrócitos (série vermelha), leucócitos (série branca) e plaquetas (série plaquetária). Leucograma: É a seção do hemograma que inclui a avaliação dos glóbulos brancos e compreende as contagens global e diferencial dos leucócitos. O valor de referência do total de leucócitos em adultos varia de 4.000 a 11.000/mm³. São relatados valores diferentes para lactentes e crianças, separados por grupos etários. Os leucócitos representam as células sanguíneas de defesa e estão, em sua grande maioria, concentrados na medula óssea (90%). Destes 10% dos leucócitos circulantes, apenas 40% estão disponíveis na corrente sanguínea, estando os outros 60% concentrados nos tecidos periféricos. Os leucócitos são compostos por neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos e podem ser classificados em granulócitos e agranulócitos. Leucocitose e leucopenia designam, respectivamente, as contagens acima e abaixo dos limites de referência, e recebem diferentes denominações de acordo com o tipo de leucócito afetado: 1) neutrofilia corresponde ao aumento de neutrófilos; 2) eosinofilia indica o aumento de eosinófilos; 3) basofilia remete ao aumento dos basófilos; 4) linfocitose é o aumento de linfócitos e 5) monicitose o aumento de monócitos. Já a diminuição de leucócitos pode ser denominada neutropenia, eosinopenia, monocitopenia e linfocitopenia. As causas mais frequentes de leucocitose são as infecções. De modo geral, as infecções bacterianas cursam com neutrofilia acentuada, com aumento tanto de segmentados quanto de bastonetes, assim como o desaparecimento de eosinófilos circulantes. Nesses casos podem ser encontradas células jovens na circulação, as quais estão restritas à medula óssea em condições normais, caracterizando o desvio à esquerda. O desvio à esquerda: Pode ser definido como aumento de neutróflos não segmentados ou imaturos (mielócitos, metamielócitos e bastões) no sangue periférico. Está associado principalmente a infecções bacterianas, quando há consumo de neutróflos, de modo que a medula óssea é estimulada a liberar células imaturas. Proliferação Celular / Med 4° Sem / Página 8 de 9 Desvio à esquerda corresponde ao aparecimento, no sangue periférico, de precursores granulocíticos (bastonetes, mielócitos e metamielócitos), que normalmente se localizam na medula óssea. Pode ser classificado como desvio escalonado (“respeita” o fluxo de produção sanguínea. Ex: quantidade de PMN > quantidade de bastões > quantidade de metamielócitos...) ou não escalonado, por exemplo na leucemia aguda (não obedece a maturação esperada. Ex: quantidade de blastos > quantidade de PMN). Portanto, se você ouvir o termo desvio à esquerda, significa apenas que há um aumento da produção de neutrófilos jovens. Os neutrófilos segmentados são os neutrófilos maduros. Quando o paciente não está doente ou já está em fase final de doença, praticamente todos os neutrófilos são segmentados, ou seja, células maduras. 5. Identificar o papel das entidades e equipe multidisciplinar no apoio ao paciente com câncer e familiares: O impacto de uma doença como o câncer não afeta apenas o sujeito enfermo, mas estende-se a todo o universo familiar, impondo mudanças, exigindo reorganização na dinâmica familiar para incorporar, às atividades cotidianas, os cuidados que a doença e o tratamento do paciente exigem. A precariedade das condições sociais, econômicas e culturais dos pacientes e familiares amplia a vulnerabilidade social que a doença impõe. Os usuários do Instituto Nacional de câncer (INCA) são, em sua maioria, provenientes das classes sociais menos favorecidas. Esta afirmativa se pautano Registro Hospitalar de Câncer (RHC)/INCA 2000/2003, no qual se verifica que 62 % dos pacientes (faixa etária acima de 15 anos) não alcançam sequer o primeiro grau completo. Para uma assistência de qualidade, é necessário compreender o contexto familiar do paciente, sendo importante destacar o conceito de família que orienta este trabalho. Atualmente, existem diversas formas de constituição familiar que estão para além do modelo tradicional de família nuclear burguesa (pai, mãe e filhos). Atualmente, se impõe a inserção de mais de um membro da família no mercado de trabalho para atender, minimamente, às necessidades básicas da família. Em situações de agravos, como no caso de uma doença como o câncer, o precário poder aquisitivo dessas famílias fica ainda mais comprometido, especialmente quando o paciente e/ou seu cuidador são os provedores da família. Outro ponto, é que em muitas famílias, todas as responsabilidades ficam centradas na mulher - os cuidados com os membros da família, as tarefas domésticas e o sustento da família. A carga de responsabilidades dessas mulheres pode acarretar uma série de consequências na sua vida pessoal e social, inclusive na sua saúde. As condições sociais e econômicas da população são determinantes dos processos de saúde e doença e, efetivamente, os segmentos mais pobres têm maiores riscos de adoecimento advindos de dificuldades econômicas e geográficas, insuficiência de serviços e questões culturais. Em relação ao câncer, os segmentos mais pobres enfrentam barreiras de acesso a serviços de saúde para detecção e tratamento precoce da doença. Proliferação Celular / Med 4° Sem / Página 9 de 9 O câncer pode colocar os indivíduos e seus familiares em condição de fragilidade pelo próprio diagnóstico da doença, havendo dificuldades de lidar com a doença também devido ao estigma. O câncer, ainda hoje, é considerado uma das piores doenças, extremamente temida, sempre agregando a idéia de risco eminente de morte, o temor de tratamentos agressivos e mutilantes. O estigma do câncer compromete as relações familiares, dificultando a fala sobre a doença, o que é progressivamente maior, frente ao avanço da doença. Se a condição de pobreza, a miséria, o afastamento do trabalho estão presentes, o quadro de vulnerabilidade social se acentua com a doença, limitando ainda mais o acesso a bens e serviços para satisfação das necessidades básicas. : O fato de individualizar-se a atenção a cada paciente e de atentar-se para a forma singular de enfrentamento à doença não pode desconsiderar os determinantes sociais, econômicos e culturais presentes na questão do câncer, porque os estilos de vida individual e familiar, na maioria das vezes, não correspondem a uma livre escolha dos indivíduos e famílias. Assim, o impacto da doença no cotidiano de vida do sujeito e de sua família, nas suas atividades laborativas e relações sociais, tem a ver diretamente com os contextos social, econômico e cultural dos pacientes e famílias, resultado das determinações sociais que estabelecem as desigualdades sociais no país. A intervenção do Serviço Social do INCA, junto aos usuários e seus familiares, se dá através de instrumentos técnico-operativos utilizados no atendimento individual e no trabalho de grupo. São instrumentos importantes de abordagem aos pacientes e familiares, possibilitando uma aproximação à sua realidade socialeconômica, identificando as demandas que se colocam frente à condição da doença e as respostas possíveis a elas nas políticas sociais e outros recursos sociais. Nesse processo de trabalho, o Serviço Social avalia as condições sociais, econômicas e culturais dos pacientes e sua família, qual é o papel do paciente na família, como ela se organiza, a condição que essa família terá ou não de dar suporte (afetivo, financeiro, habitacional, cuidado), bem como as dificuldades que a própria família vivencia face à doença, possibilitando maior compreensão sobre esse universo familiar. Esse conhecimento permite delinear ações pertinentes ao caso, em sua singularidade, propondo um seguimento social com o aporte de direitos sociais, recursos públicos e da sociedade civil que precisem ser acionados, assim como chamar atenção dos demais profissionais quanto às questões que estão para além da doença e tratamento, mas a eles relacionados e que têm impacto na vida do paciente e família, apontando, também, o caráter coletivo das demandas apresentadas.
Compartilhar