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AFECÇÕES CIRURGICAS NÃO NEOPLÁSICAS DO ESÔFAGO - Único segmento do TGI que não tem serosa. - 1/3 distal do esôfago é músculo esquelético e 2/3 proximais são de músculo liso. - Há duas camadas musculares. - EES é responsável por evitar que ar entre no esôfago. EEI é funcional e age como medida anti-refluxo gastroesofágico. DIVERTÍCULOS DE ESÔFAGO Divertículo de Zenker Acomete mais homens, 70 anos, a maioria das vezes é assintomático, sendo achado de necropsia. Mais comum à esquerda. É resultado de anormalidades estruturais e fisiológicas do m. cricofaríngeo. Ocorre quando há alteração na complacência, abertura incompleta do EES e aumento da pressão intraluminal. Há hipertonia do m. cricofaríngeo e fraqueza do ângulo de Killian. É um divertículo formado por pulsão (aumento da Pressão), sendo portanto adquirido, falso pois só envolve a mucosa e submucosa e localiza-se na faringe. A clínica vai se apresentar com irritação faríngea, sensação de corpo estranho na faringe, disfagia, halitose, regurgitação, tosse, pigarro, bronquite e pneumonia. Diagnóstico se dará com esofagograma pois a hipofaringe é “ponto cego” na endoscopia. Tratamento só será realizado quando sintomático. Em geral será uma abordagem cirúrgica por miotomia, acessando através do esternocleidomastóideos e seccionando o m.cricofaríngeo com sutura no sentido inverso que foi aberto. Outra possibilidade é a endoscopia com grampeador laparoscópico. Divertículos no esôfago médio Ocorre geralmente por tração, ocasionada por processos de fibrose no mediastino (tuberculose, histoplasmose,etc). Mais comum à direita. Pode ocorrer disfagia, dor retroesternal, eructações, regurgitações, dor epigástrica e perda de peso. Divertículo Epifrênico São divertículos de pulsão, relacionados à distúrbios motores do esôfago (acalasia) nos 10 centímetros distais do esôfago. Podem ser assintomáticos ou referirem disfagia, regurgitação, tosse, halitose, perda de peso, dor epigástrica e vômitos. O diagnóstico se da por esofagograma com técnica de duplo contraste 1º bário e 2º bário + iodo. Tratamento- diverticulectomia + tratamento da acalasia. Megaesôfago - Hipotonia ou Atonia com dilatação do esôfago e alterações fisiológicas do esfíncter cárdico; - Ocorre em todas as faixas etárias, sendo raro 1: 6000. - Pode ser chagásico ou idiopático. Alteração ou lesão do plexo Auerbarch + neuromuscular. - Diagnóstico: · Esofagograma; · EDA; · Manometria esofágica- padrão ouro; - Ausência de peristaltismo do corpo esofágico (aperistalse em 100% das deglutições úmidas); - Relaxamento ausente (acalasia) ou incompleto do EEI (pressão residual > 8 mmHg); - Tônus pressórico basal do EEI elevado (>45 mmHg) ou normal; - Pressão intraesofágica maior que a intragástica. · Imunofluorescência para chagas. - Tratamento: · Bloqueadores de canal de cálcio – nifedipina- (somente 30% dos pacientes tem leve melhora); · Endoscopia – dilatação pneumática (inflar balão, com recidiva da disfagia de até 50%) – altos índices de complicação: perfuração, refluxo, hemorragia, erosão de mucosa. Toxina botulínica pode ser uma alternativa; · Cirurgia laparoscópica, a qual pode ser uma cirurgia de Heller-Pinotti que é uma esofagocardiomiotomia com fundoplicatura a qual previne até mesmo a esofagite de refluxo, porém não é uma boa escolha no grau IV da acalasia, pois haverá maior risco de perfuração e recidiva, nos casos de grau III e IV a melhor escolha é a esofagogectomia, porém, esta representa maiores índices de morbimortalidade (padrão ouro). OBS: mesmo com o tratamento não é possível restaurar totalmente a função esofágica, sendo o tratamento paliativo. Megaesôfago avançado predispõe a carcinoma. ACALASIA - É um distúrbio motor do esôfago no qual, geralmente o músculo liso está afetado; - Encontram-se lesões no plexo de Auerbach e há destruição do plexo intramural inibitório que contém VIP e NOS; - Há dificuldade no relaxamento do EEI e perda progressiva da peristalse (incoordenação); OBS! Megaesôfago é a alteração anatômica que nem sempre está presente. - Pode ser idiopática (vírus neuropático? Exposição à toxina?), como ocorre nos EUA, ou secundária à doença de Chagas, mais comum no Brasil; - Linfoma, carcinoma gástrico infiltrando o esôfago e algumas alterações virais e neurodegenerativas também podem ter como consequência; - Homens são mais acometidos que mulheres, geralmente está entre 30-60 anos; - Clínica: · Disfagia; · Eructação; · Regurgitação; · Pneumonias aspirativas; · Dor torácica e pirose; · Perda de peso; · Uso de manobras para facilitar a deglutição – tomar líquidos. - A disfagia é mais pronunciada na fase inicial, tanto na ingesta de líquidos quanto de sólidos e está relacionada à ingesta de líquidos concomitante à refeição para “ajudar”; - A regurgitação é espontânea e ocorre tanto após as refeições quanto durante o sono, podendo causar aspiração e quadros de pneumonite; - A perda de peso é importante e deve se estar sempre atento já que a acalasia é uma condição pré-malígna; - Diagnósticos diferenciais: · Esclerodermia; · Estenose cáustica; · Estenose por refluxo; · Divertículos esofágicos; · Neoplasia. Megaesôfago Chagásico - Reação imune leva à destruição dos plexos de Auerbach e Meissiner; - Diagnóstico – positividade em 2 testes: · Fixação do complemento – Machado Guerreiro; · ELISA; · Hemaglutinação indireta; · Imunofluorescência indireta. - Achados radiológicos ao EED: · Estase do contraste – coluna líquida; · Dilatação do esôfago; · Afilamento gradual – sinal do bico de pássaro/sinal da cauda de rato; · Ondas terciárias- pequenas ondulações esofágicas; · Ausência de bolha gástrica – pela estase de líquido, não haverá ar no estômago; · Retenção tardia de alimentos – sinal de miolo de pão. - Classificação de Rezende · I – até 4 cm (normal), porém, retém contraste; · II – esôfago de 4 a 7 cm; · III – esôfago de 7 a 10 cm mais comum; · IV – esôfago > 10 cm. - Classificação de Pinotti Complicações A exposição prolongada aos elementos cancerígenos contidos nos alimentos pela retenção da ingesta no esôfago irá predispor aquela mucosa ao carcinoma esofágico, o qual geralmente acomete as células escamosas e surge com maior freqüência no terço médio do esôfago, em um prazo de 15 a 25 anos. Por isso todo paciente com megaesôfago e sintomas de disfagia deve ser avaliado com esofagograma periodicamente a fim de se diagnosticar carcinoma. Síndrome de Boerhaave - Rutura espontânea do esôfago em uma ocasião em que há aumento da pressão intraesofágica e diminuição da pressão torácica; - Pode ser causado por: · Esforço intenso de vômito · Ingestão cáustica; · Esofagite medicamentosa; · Úlcera de Barret; · Úlceras infecciosas (HIV). - Tratamento clínico inicial: · Jejum; · ATB; · Drenagens S/N. - Cirurgia na falha Espasmo esofágico difuso/distal - Envolve músculo liso; - Causa bastante dor torácica e disfagia; - Contrações aperistálticas, ondas de pressão em picos, contrações espontâneas e relaxamento incompleto do EEI. Esôfago em quebra nozes - Dor torácica inexplicada – 12%; - Sintoma associado à DRGE em até 70% das vezes; - Contrações peristálticas de alta amplitude (intensas); - Pressão média do EEI chega atpe > 220 mmHg.
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