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1 Beatriz Cavalcanti Regis Aula 5 – João + Manual do Residente de Clínica Médica 2ª ed. INTRODUÇÃO • Neuropatia periférica: lesão de nervos periféricos (cranianos, de tronco e de membros). • 2º motoneurônio: paresia, amiotrofia, hipo/arreflexia, hipotonia. ✓ Vias sensitivas: hipo/anestesia; hipo/analgesia; anartrestesia (perda da sensibilidade articular/propriocepção + apalestesia (perda da sensibilidade vibratória) + abarestesia (perda da sensibilidade pressórica) ➔ ataxia sensitiva (cordão posterior da medula). - Superficial: tátil (epicrítico – fibras Aβ; protopático Aδ), térmica e dolorosa (fibras Aδ e C). - Profunda: pressão, vibratória e cinético-postural (Aα e Aβ – fibras mais grossas, devido a maior velocidade de condução). • Tempo de instalação dos sintomas: aguda: ≤ 4 semanas / subaguda: 4-8 semanas / crônica: ≥ 8 semanas. ✓ Aguda: sua instalação ocorre em horas a dias; geralmente, decorrem de processos inflamatórios, exposição aguda a agentes tóxicos e em altas doses, ou de etiologia vascular inflamatória ou não. ✓ Subaguda: evoluem em semanas a meses; geralmente, ocorrem nas doenças sistêmicas metabólicas, por toxicidade de diversas substâncias, deficiência nutricional e por mecanismos imunomediados. ✓ Crônica: evoluem em vários meses a anos; geralmente, decorrem de hereditariedade e, menos frequentemente, de doenças metabólicas. QUADROS TÍPICOS • Radiculopatia: acometimento das raízes sensitivas e/ou motoras de forma isolada. • Mononeuropatia: acometimento de um nervo isoladamente em todas as suas funções – figura 1. • Mononeuropatia múltipla: acometimentos isolados de nervos que se somam com o tempo (em topografias diferentes – radial na mão e tibial no pé) – figura 2. • Plexopatia: acometimento de um plexo – figura 3. • Polineuropatia: acometimento simétrico e distal para proximal (padrão bota e luva) – figura 4. • Polirradiculopatia: acometimento distal e proximal ao mesmo tempo – figura 5. SÍNDROME DE GUILLIAN-BARRÉ (SGB) • Polirradiculopatia inflamatória aguda, desmielinizante, autolimitada (se intervenção precoce) e autoimune (pós-infecciosa). • Causa mais comum de paralisia flácida aguda em < 15 anos. • Incidência anual: 0,3-4/100.000; maior ocorrência em pacientes > 50 anos; discreto predomínio no sexo masculino. • Apresentação: ✓ Ascendente (clássica): desmielinizante ou axonal. ✓ Descendente: forma faringocervicobraquial e na variante Miller Fisher (ataxia + oftalmoplegia + arreflexia). ✓ Atípica: sensitiva pura ou autonômica pura e não causa paralisia flácida aguda. • Fisiopatologia: infecção (Campylobacter jejuni, Citomegalovírus, EBV, vírus da varicela-zóster, Mycoplasma ou Borrelia) → 1-3 semanas imunidade humoral → anti-GM1 e anti-GQ1b → atacam a mielina. • Quadro clínico: paraparesia flácida e arreflexa → ascendente (horas ou dias) → atinge membros superiores → ascendente → diparesia facial periférica, disartria, disfonia e disfagia. • Diagnóstico: ✓ Líquor: dissociação albuminocitológica (proteína elevada e célula normal – processo inflamatório, e não infeccioso). ✓ Eletroneuromiografia (ENMG): polineuropatia desmielinizante ou axonal. - Condução lenta: desmielinizante (figura 1) → mais comum.B - Condução interrompida: axonal (figura 2). • Tratamento: ✓ Suspeita de SGB → UTI. ✓ Fisioterapia, mudança de decúbito. ✓ Complicações: pneumonia, padrão desautonômico. ✓ Opções terapêuticas (drogas modificadoras da história natural da doença): imunoglobulina IV (se liga ao anti-GM1 e anti-GQ1b e os tiram da circulação) X plasmaférese (separa as proteínas 2 Beatriz Cavalcanti Regis Aula 5 – João + Manual do Residente de Clínica Médica 2ª ed. pelo peso molecular, ou seja, isola o anti-GM1 e anti-GQ1b). - Imunoglobulina IV (400mgkg/dia por 5 dias) X plasmaférese (volume total de troca de 200- 250mL/kg). - Infecção – progressão (melhor resposta ao tratamento) – platô – recuperação – incapacidade. - Plasmaférese: mais efeitos colaterais por ser invasiva. Doenças que mais comumente mimetizam a SGB: Mielopatia → déficit motor pode ser paraparesia ou quadriparesia em função do nível medular da lesão e as clássicas alterações de liberação piramidal geralmente surgem após 2 semanas; mielite transversa idiopática aguda; mielite transversa não infecciosa e infecciosa. Crise miastênica → ocorre em 15-25% dos pacientes miastênicos, mais comumente nos primeiros 2 anos da doença; rápida progressão da fraqueza muscular generalizada com disfagia, disfonia e aspiração que leva à insuficiência respiratória; fatores precipitantes → IVAS ou infecção urinária, pneumonia, puerpério, medicações ou contraste iodado. Anormalidades metabólicas: fraqueza muscular, parestesias em mãos, pés e região perioral (hipofosfatemia < 1mg/dL), rubor, vertigem, boca seca, sede e alterações na musculatura bulbar, ocular e respiratória (hipermagnesemia > 10mEq/L); hipopotassemia (K+ < 3 mEq/L) e hiperpotassemia (K+ > 7 mEq/L) podem desencadear paralisia flácida aguda. Miopatia aguda: inflamatórias idiopáticas (dermatomiosite, polimiosite, miopatia necrotizante e miosite por corpúsculos de inclusão) e tóxicas (rabdomiólise por álcool, estatinas, fibratos e cocaína) são as mais comuns; POLINEUROPATIA SENSITIVO-MOTORA • Causas: ✓ Metabólicas: DM (hiperglicemia), IRC (uremia). ✓ Alcoólica (B1/toxicidade etanol; nutricional). ✓ Tóxica/medicamentosa. • DM: micro+macroangiopatia; liberação de radicais livres. • Oculomotor: parte externa (parassimpática) e interna (motora). ✓ Compressões extrínsecas: midríase. HANSENÍASE • Mononeuropatia múltipla. • Tratamento: neurite → prednisona 1 a 2 mg/kg. SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO • Mononeuropatia. • Compressão do mediano no punho. • Inflamação dos tendões (lesão de esforço repetitivo), aumento de gordura no canal (DM) ou aumento do tamanho do nervo (hanseníase). • Etiologias: gravidez (hiperaldosteronismo secundário – retenção de líquido – diminuição dos canais anatômicos), LER/DORT, obesidade, doenças sistêmicas (acromegalia, artrite reumatóide, DM, hipotireoidismo). • Quadro clínico: ✓ Leve: parestesia/disestesia noturna (formigamento e sensação dolorosa a noite). ✓ Moderado: hipoestesia. ✓ Grave: amiotrofia tenar, abdutor curto do polegar e oponente do polegar (pinça). • Sinal de Tinel: dor e choque à percussão no território de inervação do mediano – figura 1. • Sinal de Phalen: formigamento e choque ao manter as mãos em posição fletida no território de inervação do mediano – figura 2. • Diagnóstico: clínico; ENMG (reforçar o diagnóstico e graduar em termos prognósticos). • Tratamento: ✓ Clínico: órtese por 3 meses (evitar a flexão do punho); infiltração de corticoide (gestantes). ✓ Cirúrgico: casos refratários e graves. RADICULOPATIAS • Lombalgia: ✓ Na grande maioria dos casos, idiopática: envelhecimento da coluna normal (80-85%). ✓ Extremamente prevalente (60-90%). ✓ Incidência anual (5%). ✓ Segunda causa de absenteísmo (15%). ✓ Hérnia de disco (1%). ✓ Investigação → CHEFES: 3 Beatriz Cavalcanti Regis Aula 5 – João + Manual do Residente de Clínica Médica 2ª ed. - Câncer: idade ≥ 50 ou ≤ 20 anos; história de neoplasia; perda de peso; imunossupressão; dor noturna. - Hérnia discal lombar: radiculopatia/síndrome da cauda equina (paraparesia flácida e incontinência urinária). - Estenose lombar: claudicação neurogênica (interrompe o caminhar devido a dor na região lombar ou região posterior da coxa) – posição antálgica (jogar o corpo para frente aumenta os espaços intervertebrais). - Fratura: história de trauma, idade ≥ 70 anos, osteoporose ou osteopenia, corticoterapia prolongada. - Espondilodiscite: uso de drogas IV, UTI, infecção de pele, febre. - Sistêmico: espondiliteanquilosante, polimialgia reumática, dores viscerais. ✓ Imagem: radiografia, tomografia (visualiza bem fraturas) ou ressonância (visualiza bem partes moles). Sinal da coruja piscando: acometimento tumoral do pedículo. Abaulamento: prominência do disco > 50% ou 180° Figura 1: normal / Figura 2: abaulamento. Herniacão: prominência do disco < 50% ou 180° - Protusão (base > altura). - Extrusão (altura > base). Obs.: ❖ Hérnia centromediana/centrolateral L4/L5: acomete raiz de L5. ❖ Hérnia foraminal L4/L5: acomete raiz L4. ❖ Hérnia mediana: síndrome da cauda equina. 4 Beatriz Cavalcanti Regis Aula 5 – João + Manual do Residente de Clínica Médica 2ª ed. • Tratamento: ✓ Analgesia, relaxantes musculares, fisioterapia, reeducação (perda de peso, posição de dormir, postura ao sentar e levantar). ✓ Tumores: cirurgia, radioterapia, artrodese/estabilizar a coluna. ✓ Hérnia discal lombar: tratamento clínico (95% das hérnias absorvem espontaneamente); déficit ou cauda equina com ≥ 6 semanas de tratamento clínico (cirurgia). ✓ Estenose lombar: tratamento clínico; déficit ou cauda equina com ≥ 6 semanas de tratamento clínico (cirurgia). ✓ Fraturas: estáveis (tratamento clínico) ou instáveis (artrodese).
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