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CONTRATO ESTIMATÓRIO OU VENDA EM CONSIGNAÇÃO


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Direito Civil 
Contrato Estimatório ou venda em Consignação – Arts. 534 a 537 do CC 
 
➔ Introdução: 
 
a) Conceito: O contrato estimatório ou venda em consignação é o contrato em que alguém, consignante, transfere ao 
consignatário bens móveis, para que o último os venda, pagando um preço de estima ou devolva os bens ao fim do contrato, 
no prazo ajustado (art. 534 do CC). 
 
b) Natureza jurídica: É contrato bilateral ou sinalagmático; oneroso; real, aperfeiçoando-se com a entrega da coisa 
consignada; comutativo; para a corrente majoritária, bilateral1; informal e não solene; instantâneo ou de forma continuada. 
 
➔ Efeitos e regras do Contrato Estimatório: 
 
a) Natureza da obrigação do consignatário: Há debate doutrinário no que se refere à natureza jurídica da obrigação 
assumida pelo consignatário. Existindo duas correntes: 
 
• Obrigação Facultativa: Consiste na obrigação de objeto único, porém se confere ao devedor a faculdade de substituir a 
prestação no ato do pagamento. Filiam-se a corrente Maria Helena Diniz, José Fernando Simão e Sílvio de Salvo Venosa. 
 
• Obrigação Alternativa: É uma obrigação jurídica complexa com pluralidade de objetos, na qual o devedor cumpre a 
obrigação quando presta apenas um deles. Filiam-se Flávio Tartuce, Caio Mário da Silva pereira, Paulo Luiz Netto Lôbo e 
Waldírio Bulgarelli. 
 
Parece-me mais acertada a segunda alternativa, eis que, conforme bem asseverado por Flávio Tartuce, o consignatário 
cumprir com sua obrigação com o pagamento da estima ou com a devolução da coisa. 
 
b) Propriedade do consignante: O consignante mantém o direito de propriedade, no entanto, sua propriedade é resolúvel e 
limitada. 
 
O Enunciado 32 do CJF/STJ firmou entendimento de que, “no contrato estimatório (art. 534), o consignante transfere ao 
consignatário, temporariamente, o poder de alienação da coisa consignada com opção de pagamento do preço de estima ou 
sua restituição ao final do prazo ajustado”. 
 
Se o consignatário pagar o preço de estima, a propriedade do consignatário será extinta. 
 
Além disso, o art. 537 do CC, determina que o consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser 
comunicada a restituição, limitando o poder de alienação. 
 
c) Opções do consignante ao fim do contrato: Cobrar o preço de estima ou ingressar com ação de reintegração de posse 
para reaver os bens cedidos. 
 
➔ Dispositivos legais: 
 
CAPÍTULO III 
Do Contrato Estimatório 
 
1 José Fernando Simão afirma se tratar de contrato unilateral. Justifica o auto que, como o contrato é real, haverá aperfeiçoamento da 
avença a partir da entrega da coisa. Sendo válido o contrato, a partir dessa entrega, não existirá obrigação para o consignante. Apenas o 
consignatário é quem terá o dever principal de pagar o preço de estima ou de devolver as coisas consignadas. 
 
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, 
pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada. 
 
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se 
tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável. 
 
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou seqüestro pelos credores do consignatário, enquanto não 
pago integralmente o preço2. 
 
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição. 
 
2 Nesse caso, é cabível a oposição de embargos de terceiro em eventual ação de execução promovida contra o consignatário.