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Doenças benignas da mama Antes de falar sobre as lesões da mama propriamente ditas, ela falou sobre algumas anomalias do desenvolvimento da mama que se encontram a seguir: Amastia: Não formação da mama, geralmente está associada com má formações da caixa torácica, como ausência de músculos peitorais e costelas. Hipoplasia mamária: Quando há mama, mas ela se torna hipoplásica, pode ser perceptível ao nascimento, mas se torna mais bem visto com o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Hipertrofia mamária: Aumento do tecido mamário, principalmente do estroma (tecido fibroadiposo), pode estar em conjunto com a proliferação epitelial, mas geralmente é um desenvolvimento exacerbado do estroma mamária do que do parênquima (tecido glandular/epitélio). Não confundir essa com ginecomastia, que é o desenvolvimento exacerbado da mama masculina, acontece somente em homens, e, geralmente, está associada ao estado hiperestrogênico masculino (nela há uma proliferação do parênquima e do estroma). Ectopia mamária: Possui 2 padrões, é chamada de ectopia a presença de mama acessória axilar e presença de tecido mamário em toda a linha mamária, que é bilateral e vai da axila até a região vulvar, se isso tiver acompanhado de parênquima mamário e mamilo e aréola, temos o quadro que chamamos de polimastia. Forma uma massa firme, bem delimitada e dolorosa na axila (principalmente no período pré- menstrual), o que difere de lipoma, que normalmente não é doloroso e não tão firme. Politelia: Quando há mamilo e aréola, mas não está associado a tecido mamário subjacente. Sinmastia: Quando o sulco entre as mamas não existe e há uma fusão das mamas, é mais comum que elas sejam adquiras pós prótese mamária, mas ela pode ser por conta do não desenvolvimento do sulco intermamilar. A mama possui vários estágios de desenvolvimento durante a vida, duas coisas que precisamos saber é que ao nascer e até a puberdade, as mamas femininas e masculinas são idênticas, tem estroma mamário e ductos com fundo cego e com ácinos hipodesenvolvidos. Na fase da puberdade, a mulher desenvolve os ácinos formando os lóbulos, mas o desenvolvimento mamário só se completa quando as mulheres chegam no final da gravidez, quando ocorrerá a lactação, aí completa o desenvolvimento mamário. Numa fase inicial da vida, as características da mama são diferentes para cada etnia. É importante entender a progressão das estruturas da mama, primeiro temos a aréola e o mamilo, que se ligam ao seio lactífero e ductos lactíferos, após isso, tem os ductos maiores, ductos menores, cada um desses ductos menores formam ductos terminais e na ponta deles temos os ácinos, o conjunto do ducto terminal com os ácinos que forma o que chamamos de lóbulo mamário. Na mama masculina, há formação até o ducto terminal, não tem desenvolvimento dos ácinos, a não ser que tenha estímulo hormonal para isso. Na histologia dessas mamas, o parênquima mamário, vemos uma glândula exócrina um pouco modificada, a parte inicial do ducto coletor, que fica na pontinha do mamilo, ainda é revestida por tecido epitelial escamoso queratinizado da epiderme, o seio lactífero, ducto lactífero, ducto maior, ducto menor, ducto segmentas até os ácinos possuem o mesmo revestimento epitelial que é uma dupla camada de células epiteliais, uma com diferenciação mioepitelial (que possui uma forma fusiforme na base, ou uma célula arredondada com citoplasma claro) e uma com células luminais (revestem e ficam voltadas para o lumen), isso recobre todo o sistema ductal da mama até os ácinos, sendo que em volta desses ductos ainda pode ter alguma célula fibroblástica, e, até a parte do ducto menor, o que encontramos entre esses ductos é chamado de estroma interlobular. Dentro do lóbulo, que é o ducto terminal junto com os ácinos, o que temos é o estroma intralobular, e a resposta hormonal dele é distinta do interlobular. A imagem ao lado mostra um lóbulo mamário, com o ducto terminal e os ácinos, todos cortados transversalmente, fora do lóbulo é o estroma interlobular e dentro do lóbulo, entre os ácinos, é o estroma intralobular, a densidade celular é diferente, a resposta ao estrogênio e progesterona entre esses dois é diferente. Nesse caso, vemos o revestimento do ducto terminal com a celulas mioepitelial na periferia e célula epitelial luminal revestindo, vemos que há uma rica proliferação capilar. Exemplo deum lóbulo mamário em seu desenvolvimento completo, vemos na borda esquerda da imagem parte do ducto terminal, com a célula mioepitelial na base e a célula epitelial luminal revestindo o centro, vemos que há uma densidade de glândulas e ácinos maior que a imagem anterior, compare o espessamento entre um ácino e outro nessa mama e na outra, ainda há uma proliferação de células, tanto mioepiteliais quanto luminais, mas são as luminais que são as funcionais, por isso que na fase de lactação elas tem um citoplasma mais claro e com vacúolos. OBS: Metaplasia lactacional é quando você encontra focos de epitélio lactacional numa mama que não está lactando de verdade. Imagem mostra a mama de uma paciente idosa, na esquerda vemos que há um ducto terminal para poucos ácinos, há uma hipoplasia que é fisiológica do envelhecimento, e é comum que, em volta dos ácinos remanescentes, forme um feixe colagenoso evidente, na direita vemos a mesma foto do outro, porém em um corte diferente, o primeiro é um corte transversal. Imagem acima é para reparar na densidade da mama de acordo com a idade, na primeira imagem vemos uma mama mais jovem, com muito estroma mamário intralobular e no estroma interlobular predomina tecido conjuntivo rico em colágeno, por isso bem branco. Com o passar do tempo já há uma mudança, a uma alteração do estroma interlobular, há um predomínio de tecido conjuntivo ainda. Na mama um pouco mais velha, vai diminuindo a quantidade de tecido colágeno/conjuntivo no estroma interlobular e aumentando a quantidade de tecido adiposo (metaplasia adiposa, quando há a substituição de um tecido maduro, que nesse caso é o conjuntivo, para outro tecido maduro, que no caso é o adiposo, temos uma metaplasia, isso acontece fisiologicamente), e na última foto vemos poucas partes brancas que é o que restou de estroma intralobular e praticamente todo esse estroma foi substituído por tecido adiposo, que fica mais preto. Doenças inflamatórias da mama Mastite aguda lactacional: A maioria dos casos dessa acontecerá durante a lactação, fora do período lactacional pode ser outra coisa como mastite granulomatosa, abcesso, neoplasia com quadro inflamatório. É uma inflamação aguda que acomete o estroma e o parênquima mamário, que acomete mulheres no período lactacional, principalmente nas primeiras semanas, com o sugar da criança, pode fazer pequenas rachaduras no epitélio que reveste o mamilo, sendo uma porta de entrada para bactérias, as duas principais são S. aureus e estreptococos, que são bactérias presentes na biota normal da pele. O quadro clinico é uma mama que fica mais túrgida, avermelhada, dolorida, a mulher pode relatar febre por conta do quadro inflamatório e produção de citocinas e calafrios, que estão relacionados a bacteremia. Trata-se com antibióticoterapia que pode ser administrado no período lactacional e drenagem do leite, é importante que faça a sucção do leite pois ajuda a diminuir a tensão do peito. Quando não faz o tratamento, ela pode virar um abcesso mamário (o tratamento dele é drenagem cirúrgica com antibióticoterapia). Primeira imagem com um abcesso secundário a uma mastite e a segunda com uma mastite, uma área bem abaulada, avermelhada. Imagem mostrando um ducto terminal cheio de neutrófilos e no estroma interlobular também, isso é o que vemos em uma mastite aguda lactacional. OBS: É raro mulheres fora do período lactacionalfazer mastite aguda, prestar atenção nisso pois muitos médicos erram esse diagnóstico. Mastites granulomatosas: Podem ser específicas (ter infecções granulomatosas no parênquima mamário, o que não é tão comum, como tuberculose mamária e infecções fúngicas) e idiopática (quando não há um agente etiológico provocando ela, essa possui um padrão diferente das específicas, que o granuloma vai acometer o estroma interlobular como os lóbulos, na idiopática, os granulomas vão acometer principalmente os lóbulos mamários, tem alguns focos de necrose, mas são é rico, não tem uma correlação importante com amamentação, acontece mais em mulheres que já amamentaram alguma vez na vida, o tratamento dela se faz de forma diferente que o da específica, que é feito com corticoide e as vezes é necessário debridamento quando não responde a corticoterapia). Abcesso subareolar recidivante: Em mais de 90% dos casos está associado ao tabagismo (mais em mulheres que homens), há uma metaplasia escamosa do seio lactífero, ocluindo o ducto de drenagem, acumula secreção, infecta, faz uma fístula na parte lateral do mamilo, drenando um conteúdo purulento, que depois fecha e cicatriza, mas, como a metaplasia escamosa do seio lactífero ainda fica presente, esse processo perdura e volta a surgir outros abcessos que fistulizam. A única forma de tratar é ressecando a parte do mamilo que está com metaplasia, para desobstruir e tirar a parte que já está cicatrizada (que é uma massa dura e mal delimitada) para evitar recidiva, é importante indicar biópsia dessa massa para afastar a hipótese de câncer. Na microscopia vemos o ducto lactífero com a metaplasia escamosa cheio de queratina, um estroma interlobular com muito colágeno, bem rosa, e em volta do ducto maior um infiltrado inflamatório do processo de recidivação, na fase aguda estaria cheio de pus, mas essa não é, o que vemos é fibrose e um infiltrado inflamatório rico em mononucleares. Mastite plasmocitária (ectasia ductal): Quando os ductos maiores sofrem dilatação se rompendo e isso provoca um processo inflamatório periductal rico em plasmócitos, como isso vai se repetindo, tende a fazer uma fibrose importante em torno desse ducto e pode formar uma massa dura mal delimitada, confundindo com carcinoma invasor. Lobulite linfocítica (mastopatia diabética): É típica de pacientes diabéticos, tende a ser uma massa bem delimitada, muito dura não dolorosa e sempre tem uma relação com diabetes do tipo 1, mas pode estar relacionada a qualquer doença autoimune. Como vemos na imagem ao lado com um predomínio de linfócitos no lóbulo mamário e não tanto no tecido interlobular, há uma concentração deles no lóbulo, vemos essa cor mais azulada. Necrose do tecido adiposo: Doença inflamatória importante pois acontece uma esteatonecrose pós procedimentos cirúrgicos, como mastoplastia (mamoplastia), nessa há lesão de tecido adiposo, que provoca uma necrose dele (esteatonecrose), com o tempo essa área cicatriza e endurece, e pode haver deposição de cálcio, e depois de algum tempo forma um tecido cicatricial endurecido, rígido, mal delimitado que se confunde com carcinoma mamário invasivo. Na imagem ao lado vemos algumas lesões bem pequenas com um halo hipercaptante e uma lesão maior que dois centímetros com um limite irregular em uma parte, possui uma área hiperdensa e uma área menos densa. Quando faz a biopsia dessas áreas, como mostra a imagem da microscopia ao lado, encontra-se imagem negativa de onde tinha a gordura, envoltas de reação inflamatória do tipo corpo estranho com células gigantes e granulomas malformados e muita fibrose, as vezes pode ter focos de calcificação, que seriam áreas roxas perdidas no estroma. Reações a próteses: A maioria das próteses hoje em dia são uma capsula de silicone com soro dentro (antigamente era material de silicone dentro dessa capsula também), o silicone pode fazer micro orifícios e quando o material de dentro era silicone, ele extravasava para o tecido, na microscopia vemos um material refringente, amorfo, no interstício, em volta há células gigantes fagocitando esse material amorfo, isso é o silicone escapando para o interstício, formando uma reação inflamatória no local. Hoje em dia, a principal complicação é a capsulite, para ele fixar na mama é preciso que haja um processo inflamatório e crie uma capsula fibrosa em volta da prótese, o que não pode ocorrer é a retração dessa capsula com o passar dos anos, que pode das uma deformidade na mama, nesses casos é recomendado remover a prótese, o que é completamente diferente do extravasamento do silicone, que em alguns casos pode drenar para linfonodos axilares e supraclaviculares, que ficam cheios de silicone. Quando falamos de lesões palpáveis, em mulheres com menos de 40 anos, a maioria não vai ser lesão maligna (com caracteristicas de benignidade, como macia, bem delimitada, crescimento lento), como área de fibrose, fibroadenoma, Lobulite linfocítica, etc. Na faixa etária de 40 a 50 anos, as lesões malignas aumentam consideravelmente, sendo que acima dos 50 anos, a maioria das lesões palpáveis são malignas. Em relação as lesões percebidas na mamografia, o número de lesões percebidas é bem maior, mas, nesse caso, mesmo quando você repara essas alterações mamográficas, a maioria das lesões são benignas em todas as faixas de idade, o que é diferente das massas palpáveis. Outro sinal relatado, porém, mais incomum, é a descarga papilar, a maioria absoluta das mulheres com menos de 40 anos serão neoplasia benignas (geralmente bilateral, com secreção branca, o que preocupa mais é quando a secreção é serosa, sanguinolenta ou transparente – água de pedra). Mamografia com granulações algodonosas e seguindo o trajeto de ductos, essas são as microcalcificações preocupantes, isso está relacionado a carcinoma ductal in situ. Lesão densa, com bordas irregulares em aspecto de raios, é dura, pode ser palpável, é uma lesão clínica e radiologicamente assustadora, pois tem uma grande chance de ser maligna. A mamografia é muito boa para ver nódulos, bordas de nódulos, calcificações, etc, mas para ver se a lesão é sólida ou cística ela não é muito boa, então fazemos uso do ultrassom. Geralmente as lesões bem delimitadas, paralelas a pele, mesmo que sejam sólidas, tem grandes chances de serem benignas, como um fibroadenoma. Quando as lesões são mal delimitadas, irregulares, as vezes o maior eixo não está paralelo a pele, mas sim oblíquo, com áreas císticas e sólidas, isso tem uma maior chance de malignidade. Lesões como essa são altamente suspeitas para malignidade, pois a borda é completamente irregular não conseguindo ver as bordas da lesão. Alterações mamárias não proliferativas Essas podem der alterações mamográficas, alterações clínicas e palpatórias que as vezes podem assustar, mas com uma boa investigação descarta-se outros diagnósticos: Cistos: Por vezes, essa lesão cística pode dar um nódulo palpável que assusta, mas eles são uma lesão bem delimitada e com centro enegrecido (hipocaptante) no ultrassom, muitas vezes o que vai se fazer é a biópsia para coletar o liquido para fazer a citologia e confirmar que o revestimento é sem atipias, a maioria não vai acontecer nada com o cisto, mas ele pode infectar (poucos casos). Imagem mostrando uma mama com diversos cistos abertos, e deles drenam um líquido amarelo citrino. O epitélio de revestimento pode ter um padrão usual com as células mioepiteliais e o epitélio luminal, os cistos nada mais são que dilatação dos ductos menores ou subsegmentares, tendem a ser múltiplos e não retroareolares, como aqueles discutidos acima, essas lesões nãooferecem nenhum risco, mesmo que tenham vários. E por conta disso, a mulher não tem nenhuma chance a mais de ter câncer como do que outras mulheres. Algumas vezes, o epitélio de revestimento vai ter o aspecto de citoplasma bem eosinofílico por conta do aumento de mitocôndrias, toda vez que fala-se que existe uma metaplasia apócrina ou oxintica, é por conta do aspecto extremamente eosinofílico do citoplasma por causa do aumento do número de mitocôndrias. O núcleo fica vesiculoso e com um nucléolo, sem atipias, e a relação citoplasmática é que o citoplasma ocupa ¾ da célula, esse maior número de mitocôndrias deflagra que o metabolismo da célula está acelerado. Dilatação dos ductos menores ou porção terminal formando esses pequenos cistos. Lesão bem delimitada na mamografia, hipodensa, o ultrassom iria mostrar uma lesão completamente hipocaptante por dentro, caracterizando uma lesão cística, quando esvazia, vai vir leite, é comum em mulheres que estão amamentando, há uma dilatação desses ductos e formam um grande cisto revestido por epitélio lactacional. Metaplasia apócrina: Quando o epitélio do cisto sofre uma transformação e acumula mitocôndrias e ele fica com o citoplasma bastante eosinofílico. Fibrose: Quando ocorre uma fibrose excessiva que vai ser encontrada nos exames de imagem como uma área mais esbranquiçada. A imagem é uma mama certamente de uma pessoa idosa, sem a presença de ácinos e o que seria o estroma interlobular está extremamente fibrosado, em algumas áreas esse colágeno tem uma densidade maior, o que vai dar áreas como se fosse nódulos e no diagnóstico da biópsia vamos ver que é apenas uma fibrose, e não tem nada para fazer. Elastose: É quando ocorre uma deposição excessiva de elástico. PASH: É uma lesão mal delimitada, que pode ser palpável, pode ser menor que 1 cm sem palpar, as vezes forma nódulo mal delimitado, é uma sigla que significa hiperplasia pseudoangiomatosa estromal. Na imagem ao lado, vemos que há uma área de deposição de colágeno, mas o que chama atenção são esses espaços que parecem que são revestidos de células endoteliais, mas na IHQ não são vasos, são fibroblastos que não se sabe o motivo de se formar esses pseudovasos, isso pode formar uma massa palpável mal delimitada ou uma área muito densa mal delimitada, e vai ser uma lesão de clinicamente e radiologicamente muito suspeita de malignidade. Lesões proliferativas epiteliais sem atipias Adenoses: É a proliferação predominante do ácino mamário, a adenose simples é aquela na qual vemos 2 vezes mais a quantidade de ácinos que deveríamos ver para um lóbulo usual, como mostra na primeira imagem abaixo, essa lesão aumenta em cerca de 1,2% o risco de câncer de mama, não deve fazer nada. Na segunda imagem, vemos a proliferação dos ácinos com o estroma intralobular com muito colágeno, que acabam deformando a estrutura dos ácinos, ou seja, uma hiperplasia de ácinos e uma hiperplasia de fibroblastos, essa lesão fica densa e a borda é mal delimitada, a essa dá-se o nome de adenose esclerosante, essa tem um pouco maior de chance de desenvolver câncer de mama (1,5-2%). Hiperplasia ductal usual: Imagem mostra que há muito mais que duas camadas de células luminais, inclusive formando pontes de um lado para o outro, essa imagem nos lembra um queijo esburacado com um arranjo cribriforme (sendo que essa arquitetura pode estar presente tanto nas hiperplasias sem atipias, com atipias e nos carcinomas intraductais, por isso não é essa arquitetura que vai nos dizer isso, temos que olhar as células também). As células na hiperplasia ductal usual (mesma coisa que hiperplasia ductal sem atipias) são diferenciadas da hiperplasia ductal com atipias (ou carcinoma in situ) por alguns fatores, na com atipias vai haver uma menor proliferação de celulas mioepiteliais, vai ter atipias celulares como cariomegalia, hipercromatismo, nucléolo, e vou ver uma clonalidade das células, ou seja, em uma parte do ducto as células vão estar com a mesma cara praticamente. Imagem mostrando uma hiperplasia ductal sem atipia com formação de rubéolas eosinofílicas, mas é apenas uma hiperplasia ductal usual. Cicatriz radiada/lesão esclerosante complexa: Nessa imagem vemos uma lesão menor que 1 cm, radiologicamente é densa com borda radiada, nela vemos uma hiperplasia ductal na parte inferior, fibrose no centro, adenose também, isso é chamado de cicatriz radiada. Se essa lesão for mais que 1 cm isso vai ser chamado de lesão esclerosante complexa, com uma chance para evoluir para câncer de mama de 1,5- 2%. Alterações de células colunares: É uma lesão que não foi descrita a muito tempo, quando tem mais de 3 camadas de células revestindo internamente o ducto vamos chamar de hiperplasia de células colunares, pois elas passam a ter na superfície apical um material secretado, que nada mais é que a decapitação da célula, ela perde o topinho dela (quando há presença do material secretado mas tem até duas camadas vamos chamar de metaplasia de células colunares). Lesões proliferativas epiteliais com atipias O risco de desenvolver um câncer de mama tendo algumas das lesões que serão discutidas abaixo sobe para a faixa de 13-17%. Essas duas patologias não se restringem aos ductos apenas, podem acometer o ácino, etc. A hiperplasia ductal apresenta uma certa coesão das células entre si, enquanto que nas neoplasias lobulares as células não apresentam essa coesão. Hiperplasia ductal atípica: A atipia presente aqui é de baixo grau, e quando a atipia celular está em apenas uma porção das células proliferadas desse ducto, vamos classifica-la com hiperplasia ductal atípica, mas se essa atipia for em todas as células do ducto e a medida entre essas células atípicas for maior que 2 mm vamos chamar de carcinoma lobular in situ de baixo grau. Nessa proliferação celular, vemos que as células possuem uma coesão entre si, elas permanecem unidas umas com as outras, formando como se fosse um sincício de células iguais, não parece ter dissociação entre as células, o que é diferente do carcinoma, que parece que as células estão destacadas umas das outras, parece que há um halo, vemos os limites melhor, é isso que distingue a hiperplasia lobular de carcinoma lobular. Nas células que formam o ducto, vemos que elas estão em várias camadas, mas essas não apresentam atipias, quando vamos analisar esse emaranhado de células que está se projetando para dentro do lúmen, vemos que o núcleo está mais hipercromático, aumentados de tamanho (cariomegalia), são atipias discretas. Reparar que no lúmen dos ductos há umas bolinhas roxas que evidenciam uma calcificação distrófica. Outra imagem mostrando o acometimento dos ductos pela hiperplasia ductal atípica. Neoplasia lobular: Essas neoplasias devem ser acompanhadas, mas não tem muito o que fazer, pois elas tendem a ser focais e bilaterais, e não são passiveis de ressecamento. A. Hiperplasia lobular atípica: Tem um risco um pouco menor que o carcinoma lobular in situ e geralmente essas duas lesões são achadas de biópsia, não dá para ver em achados radiológicos. B. Carcinoma lobular in situ: Quando há atipia, e ela acomete mais de 50% dos ácinos, vamos chamar de carcinoma lobular in situ. Neoplasias benignas Papiloma intraductal: Pode ser central, que é de ductos maiores, que tende a ser único e no quadrante retroareolar, uma lesão sólido-cística e tem como sinal a descarga mamilar. Os periféricos, que geralmente são de ductos menores, tendem a estar em quadrantes laterais e ductos menores e não estão relacionados a descarga mamilar e muito frequente são múltiplos, que ai tem um risco relativo maiorpara câncer de mama. Papiloma é uma neoplasia que forma papila, que é a presença de um eixo fibrovascular revestido de epitélio, o revestimento é constituído pelas células epiteliais luminais com as células mioepiteliais na base antes do estroma. Na parede do ducto dilatado pela proliferação vemos a dupla camada de células revestindo e numa porção tem um eixo fibrovascular que ramifica, também coberto por essa dupla camada. Na macroscopia o que vemos é isso, que é um papiloma maior central, as lesões maiores que 2 cm tendem a ser centrais. Vemos a célula epitelial luminal proliferada com as células mioepiteliais em baixo, sem atipias formando papilas, conseguimos ver um feixe fibrovascular com colágeno e vasos bem bonito nessa foto. OBS: Quando houver um carcinoma papilar, além de ter atipias nesse epitelio luminal revestindo a papila, ele não vai apresentar a camada de células mioepiteliais na papila, a célula epitelial luminal estaria apoiada diretamente no estroma. IHQ mostrando a presença de células mioepiteliais entre as células luminais e o eixo fibrovascular. Adenoma do mamilo: Lesão incomum, endurecida, mal delimitada, retroareolar que merece diagnostico diferencial com carcinomas mamários. Adenomioepitelioma: Raro, onde há proliferação do epitelio mioepitelial e das células luminais, quando predomina o mioepitelial é uma lesão mais feia com o diagnóstico diferencial difícil com os carcinomas mamários invasivos. Fibroadenoma: É a neoplasia benigna mais comum na mama, principalmente em mulheres jovens abaixo dos 40 anos, é uma neoplasia fibroepitelial, com componente epitelial e estromal, ela é uma neoplasia mista, tende a ser múltipla (principalmente em mulheres negras) e em alguns casos de transplante renal há múltiplos fibroadenoma por conta da imunossupressão. Nódulo de mais ou menos 7 cm, bem delimitada, aos cortes é uma lesão sólida com fendas. Microscopia mostrando que a lesão é muito bem delimitada em relação a mama adjacente, com proliferação de epitélio, vemos que o epitélio está meio que dobrado, e o estroma também está proliferado, que acaba empurrando os ductos, formando uma fenda com algumas ramificações, esse é o padrão mais comum do fibroadenoma, que chamamos de intracanalicular. Num padrão menos comum, que é o intercanalicular, vemos um padrão de ductos mesmo, ao invés de vermos eles empurrados. Médio aumento para ver a lesão e a margem da lesão. Vemos áreas mais basofílicas (roxas), que é uma transformação mixóide por acúmulo de ácido hialurônico. Mostrando o detalhe da proliferação epitelio e mioepitelial e o padrão canalicular. Imagem do detalhe mostrando o estroma proliferado com pouca celularidade e mesmo que há uma proliferação de células epiteliais, mantém-se a dupla camada. Na macroscopia, vemos que é uma lesão esbranquiçada, brilhante (quanto mais transformação mixóide tiver, mais brilhante vai ser a lesão). É sólida e pode ter um padrão lobulado as vezes, formando um aspecto de nódulos dentro do grande nódulo. Fibroadenoma rico em material mixóide, quando é assim, chamamos de fibroadenoma mixóide. Fibroadenomas complexos são aqueles que tem cistos maiores que 3 mm, áreas de adenose esclerosante, áreas d e hiperplasia ductal, a importância disso é que em termos de risco, aumenta um pouco o risco te ter câncer de mama. Tumor filoide: Exemplo de neoplasia benigna mista, tem 3 espectros de comportamento, pode ser benigno, borderline e maligno, o que determina a malignidade dele é a presença de atipia celular (quanto mais agressivo, mais atipias e mais celularidade), presença de invasão e presença de mitoses. Esses tumores aparecem na faixa etária de 50 anos e tem um crescimento rápido, diferente do fibroadenoma que a mulher vai vendo que ele está ai. A radiografia mostrando uma lesão de mama lobulada e com borda bem delimitada, durante a aula a Renata não deixou claro se isso representava um fibroadenoma ou um tumor filoide, mas com o passar da aula, pelo que entendi é como se fosse o aspecto radiológico da imagem abaixo. Na superfície de corte, é uma lesão grande, maior que 6 cm, sólida, sem área de necrose, aspecto lobulado. Proliferação de epitélio e mioepitelio com aspecto de fenda, com proliferação de estroma bem mais exuberante e muito mais celular, por conta da celularidade do estroma eu desconfio que é um tumor filoide. Muitas vezes o tumor filoide não vai ter o aspecto sólido, ele pode ter um aspecto cerebriforme (aspecto de um cérebro), ao cortar o nódulo, quando se abre ele mostra esse aspecto. Estroma com muito mais celularidade com predomínio do componente mesenquimal, que é muito maior que no fibroadenoma, mas, mesmo para um tumor filoide, a celularidade está muito aumentada, com atipias celulares também. Mostrando uma celularidade bem grande, com mitoses, com atipias celulares como cariomegalia e células bizarras. As setas pretas nessa imagem mostram as figuras de mitose e as atipias, nesse componente mesenquimal do tumor filoide pode haver cartilagem maligna (como mostra a primeira imagem da sequência), osso maligno, componente heterólogo. OBS: As neoplasias malignas epiteliais com frequência, antes de eu ter metástase hematogênica, tenho metástase linfática, as neoplasias malignas mesenquimais, normalmente, tem metástase hematogênica antes da linfática. Hamartoma: Não são neoplasias benignas, mas se apresentam clinicamente como massas bem delimitadas, mas quando vai olhar as lesões, embora formem nódulos, ele vai ser constituído de tecido do próprio tecido (se tiver um hamartoma pulmonar, vamos ter cartilagem epitélio ciliado, alvéolo, músculo liso de forma desorganizada formando um nódulo), o da mama tem colágeno, tecido adiposo, estruturas ductulares e glandulares de uma forma irregular formando uma massa bem delimitada, e geralmente aparecem entre 30 e 40 anos de idade. Primeira imagem mostrando uma massa, bem delimitada, sem necrose, e a segunda imagem mostrando a microscopia, com tecido adiposo, ductos mamários e ácinos. Carcinomas mamários Os principais fatores de risco são: sexo (mulheres são mais acometidas), idade (mulheres mais velhas tem maior risco), menarca (isso está relacionado com o tempo de exposição ao estrógeno, mulheres com uma menarca mais precoce tem um tempo total em anos maior de exposição de estrógeno, o risco aumenta), idade do 1º parto, grau de parentesco (mais de dois casos na família e a precocidade desse tumor), hiperplasia atípica, etnia, exposição ao estrógeno, densidade mamária, radiação, dieta, obesidade, exercício físico, venenos ambientais, tabaco, carcinoma da mama contralateral e endometrial, geográfico e amamentação. Os carcinomas in situ são proliferações celulares epiteliais malignas restritas aos ductos ou dúctulos mamários, o que é diferente do carcinoma invasor. Carcinoma lobular in situ: Proliferação de células descoesas, com atipias, ocupando mais de 50% dos ácinos, não vemos mais o lúmen, nesse caso vamos chamar a lesão de carcinoma lobular in situ, a chance de ter carcinomas invasivos nessa mama é maior tanto na mama que ele está, como na mama contralateral, é um marcador de risco, mas não se sabe onde vai surgir o carcinoma invasivo, o indicativo é fazer o acompanhamento da mama que tem a lesão e da outra mama também. Na imagem vemos células com cariomegalia ocupando mais de 50% dos ácinos, típico padrão de carcinoma lobular in situ. Carcinomaductal in situ: Quando a proliferação (mesma coisa da descrita anteriormente) ocupar os ductos maiores da mama, fazendo uma oclusão maior que 50% e apresentando atipias e outras alterações citológicas, vai ser carcinoma ductal in situ e, diferente da hiperplasia ductal, as células mioepiteliais não vão estar misturadas no meio da proliferação de células epiteliais luminais. Imagem mostrando um carcinoma ductal in situ com padrão cribriforme Imagem mostrando os ácinos, com células atípicas como núcleos de diferentes tamanhos, cariomegalia, hipercromatismo, nucléolo evidente, relação núcleo-citoplasma aumentada, a coesão entre essas células chama atenção. Por isso, essa imagem representa o comprometimento do ácino pelo carcinoma ductal in situ (apesar de no nome estar ductal, ele pode se estender para os ácinos). Imagem mostrando alguns ductos com uma hiperplasia de células monótonas com atipias discretas, há células mioepiteliais na base. Se eu tenho um ducto acometido por epitélio atípico de baixo grau, e os ductos adjacentes a esse tem uma medida maior ou igual a 2 mm, o diagnóstico é de carcinoma ductal in situ de baixo grau. Na imagem também é uma lesão de baixo grau, vemos as células com atipias de baixo grau, se tivesse apenas esse ducto na lâmina para analisar, isso mediria menos que 2 mm, por isso o diagnóstico seria de hiperplasia ductal atípica (o tamanho é menor que 2 mm). OBS: Se a atipia for de alto ou moderado grau, mesmo que ela acometa apenas um ducto, já pode ser chamado de carcinoma ductal in situ. Tipo incomum de câncer de mama que a professora mostrou na aula, vemos uma lesão ulcerada no mamilo, mas pode se estender para a aureola, a mama está amputada, mas, geralmente a mulher que apresenta essa lesão tem uma história arrastada de lesão no mamilo que é pruriginosa, com escarificação, espessamento do mamilo, isso é característico da doença de Peget na mama. Ela é um tipo de carcinoma in situ. Na microscopia, vemos células isoladas ou formando agrupamentos em meio as células escamosas, elas possuem cariomegalia, citoplasma claro, nucléolo evidente, relação núcleo- citoplasma aumentada, isso é célula epitelial luminal neoplásica, ou seja, a doença de Peget vai estar associada no mínimo com um carcinoma ductal in situ subjacente a ela. O carcinoma ductal in situ vai se proliferando desde a unidade terminal dos ductos até chegar no ducto coletor e se proliferam para dento do epitélio. Fatia de uma mastectomia, mama rica em estroma adiposo (mulher mais velha), vemos uma massa com bordas irregulares, área central de necrose coagulativa, o que são características de malignidade. Lesão irregular com bordas raiadas como se fossem raios de sol, branca, sem áreas de necrose e com certeza muito dura. A maioria dos cânceres de mama tem esse aspecto duro, quase pétreo e aderida a planos profundos. Mama a fresco mostrando uma massa bem delimitada, conseguimos ver que tem o aspecto de tecido macio cortado, é um tipo de carcinoma invasor que corresponde a minoria dos casos, sendo macio e com aspecto de carne de peixe, isso é a macroscopia típica de um carcinoma medular de mama. Câncer extenso em uma paciente jovem, vemos uma vermelhidão envolta da lesão ulcerada com aspecto em casca de laranja, o que deflagra um processo inflamatório em volta da ulcera, quando tocamos está quente e as vezes sente dor, isso acontece por conta de êmbolos neoplásicos de um carcinoma invasor subjacente de qualquer tipo nos vasos linfáticos da derme. Para chamar de carcinoma inflamatório, tem que haver mais de 1/3 da superfície da mama com o aspecto descrito acima, como na imagem há mais que essa medida, podemos denominar assim. OBS: Carcinoma inflamatório não é um subtipo de tumor, e sim uma apresentação clínica. Atualmente, não é mais recomendado a utilização do termo carcinoma ductal invasor, embora algumas pessoas usem, recebeu esse nome pois a célula epitelial atípica proliferada se organiza em túbulos, como mostra na imagem ao lado, logo, os carcinomas mamários são adenocarcinomas, pois formam glândulas. Dentro desse grupo que era chamado de carcinoma ductal invasor, havia neoplasias bem diferenciadas, moderadamente diferenciadas e pouco diferenciadas. É importante lembrar que a diferenciação tem a ver com a malignidade (quando menos diferenciado, mais maligno), e por ter diferenciações diferentes, esses tumores tem comportamentos biológicos diferentes. Carcinoma invasivo tipo não especial (ductal infiltrante): Esse carcinoma é câncer de mama em si, pode ser puro ou misto, sendo que o misto vai ser formado por um componente ductal e um componente lobular. A sobrevida geral desses cânceres gira em torno de 35-50% em 10 anos, a maioria desses tumores são receptores de progesterona e estrógeno positivos, isso é importante pois o grupo mais acometido por câncer de mama são mulheres mais idosas e a maioria deles são receptores de estrógeno e progesterona positivos, em mulheres mais novas, a maioria dos cânceres são pouco diferenciados e possuem receptores de estrógenos e progesterona negativos. O prognostico leva em consideração o grau (diferenciação), tamanho, status linfonodal, invasão vascular e preditores da resposta terapêutica. Pedaço de uma mama com áreas amarelas opacas e mais esbranquiçadas diferente do amarelo da gordura infiltrando de forma difusa o parênquima mamário. Esse tipo de câncer dá uma massa que não produz efeito de massa, a mama pode estar um pouco mais endurecida na palpação por conta do colágeno dessas áreas amarelas mais claras, isso é característico do carcinoma lobular invasor. O carcinoma lobular invasor tem esse aspecto histológico, com um aspecto de fileira indiana dos núcleos, eles não formam túbulos, esse padrão é o mais comum do tubular invasivo. Imagem mostrando um carcinoma misto, com componente lobular e ductal, e vai sempre dar o grau histológico pelo pior grau. Tipos especiais de carcinoma invasivo da mama: Entre os carcinomas especiais, o lobular é o mais frequente, e logo depois dele tem o tubular, mucinoso/mucoide e medular.
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