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O Envelhecimento na Sociedade Atual

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O Envelhecimento na Sociedade Atual
Resumo
O presente artigo tem como objetivo refletir de maneira qualitativa o envelhecimento na sociedade atual, suas particularidades e perspectivas de vida diante das novas tecnologias e dos avanços da medicina tradicional que englobam tão somente o gerenciamento da saúde do indivíduo idoso, mas os espaços de sociabilização que esta parcela da população ocupa tanto no social quanto no campo econômico. O envelhecimento da população brasileira tem sido caracterizado por um aumento significativo da expectativa de vida, que para além das questões de saúde, os idosos estão ativos em todos os segmentos, as experiências e a responsabilidade diante dos pressupostos são vistos de maneira positiva no campo profissional e social. Diante disso, objetivamos analisar o envelhecimento na sociedade atual contemplando as premissas de se envelhecer no século XXI, com qualidade de vida e bem-estar.
Palavras-chave: Envelhecimento, Sociedade e Perspectiva de vida.
Considerações Iniciais
	A perspectiva de vida de forma global aumentou gradativamente nas últimas décadas, este fator é visível nos espaços de sociabilização, envelhecer não é mais uma particularidade das classes mais dominantes, habitantes de países com economias distintas tem o privilégio do envelhecimento, isso se dá através da medicina preventiva, acesso a tecnologias de informação que contribuem para novos hábitos alimentares, da prática de exercícios físicos, do convívio e cuidado dentro das próprias famílias, do tratamento de doenças e das condições de vida e bem-estar encontrados em diversos âmbitos sociais.
	Outro fator de suma importância para o envelhecimento da população são as baixas taxas de natalidade, as famílias estão optando por proles de 1 ou 2 filhos e em muitos casos, optam por não terem nenhum filho. Dessa forma, o investimento em educação, vida saudável e de prevenção de doenças contribuem de maneira ímpar para o envelhecimento da população. 
No caso do Brasil, dados levantados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos diz que o número de pessoas idosas no país aumentou em 18%, até o ano de 2017, considerando que destes idosos 43,6% são de pele branca, 46,8% pardas e 8,6% pretas. Este crescimento está relacionado a toda unidade federativa. Ou seja, o crescimento de idosos não é devido a distribuição de rendas por região, ela engloba todo o país, considerando que o Brasil em poucas décadas será uma nação tida como velha, assim como alguns países europeus.
Ainda que exista o abandono de incapaz na velhice, idosos que vivem em asilos públicos ou privados ou que vivem nas classes fragilizadas e nas vias públicas, o envelhecimento global da população é sobretudo a junção dos fatores atípicos do final do século XX e início do século XXI que são a baixa natalidade e da expectativa de vida elevada.
Diante disso, esta reflexão tem como objetivo refletir sobre as perspectivas de envelhecimento na atualidade, levando em consideração as possibilidades existentes de melhorias na qualidade de vida, diante dos novos mecanismos para a saúde, alimentação e de prestação de bens e serviços retornados para este público, o que aumenta as probabilidades de envelhecimento saudável. 
Neste contexto, pensar o envelhecimento como uma etapa da vida na qual as possibilidades sociais, sexuais e de novos conhecimentos proporcionam qualidade de vida e superação da solidão e da sensação de incapacidade. 
O Envelhecimento na Sociedade Atual
	A perspectiva de vida da população brasileira tem aumentado nas últimas décadas devido as melhores condições de vida, baixa mortalidade infantil, acompanhados de informações relativas à prevenção de doenças, e das novas tecnologias da medicina tradicional, dos sistemas de informação, das propostas de atividades físicas voltadas para estes indivíduos, da diminuição da desigualdade social, que contribuem para que a expectativa de vida dos brasileiros tenha saltado de 54 anos de idade, na década de 1960, para 75 anos em 2017. 
	Por motivos singulares, o envelhecer durante muito tempo foi visto como uma tarefa árdua e complexa, pois a perda do vigor físico e sexual, da individualidade, da agilidade, da ruptura identitárias trazia em si características comuns do envelhecimento, que compactuavam com o discurso existente de incapacidade, isolando-os do convívio social. Com o passar do tempo, as mudanças comportamentais, socioculturais e financeiras transformaram de maneira ímpar as faces do envelhecimento.
Subsidiados pela medicina avançada, pelos novos contextos interpessoais e vistos no século XXI como mercado consumidor de produtos e serviços de qualidade, o idoso deixou de ser sistematizado dentro do contexto de incapacidade para a viabilização de uma nova etapa de vida, isso partindo de análises microsociológica.
	Sabemos que o envelhecer engloba vários outros fatores sociais e emocionais e que as soluções de “envelhecimento saudável e de aparência juvenil” apresentado pela mídia e pela medicina estética não corresponde com a realidade da maioria dos indivíduos. Também consideramos que uma boa parte da população brasileira em fase de envelhecimento não são atendidos pela rede pública de saúde, tão pouco tem acesso a produtos e serviços que contribuam para que tenham um envelhecimento saudável e qualidade de vida. Porém, se a expectativa de vida aumentou, é sinal de que existe fatores que contribuíram para isto, como: moradia, saneamento básico, emprego e renda, mercado consumidor, atividades físicas, sexuais e de lazer, convívio familiar.
	Grosso modo, identificamos na sociedade atual que a parcela populacional considerada de idosos, não faz mais jus a ideia da vovó sentada na cadeira de balanço tricotando meias, e muito menos do vovô jogando xadrez de pijamas. O envelhecer contemporâneo está cerceado de novos mecanismos que contribuem para que o indivíduo possa conviver em espaços de sociabilidade, sentir-se útil e ativo em suas relações familiares e interpessoais e contribuir de acordo com sua experiência nos espaços públicos e privados. Além, dos aspectos citados acima, o envelhecimento dinamiza-se de maneira interpessoal, envolve a família, os amigos, os vizinhos e os colegas de trabalho, de modo que, preparar-se física e psicologicamente para esta etapa da vida é algo comum nos dias atuais.
	Para além do envelhecer ativamente e com saúde, é necessário que as políticas públicas e sociais pensadas para os idosos sejam colocadas em prática pelos gestores dos Estados e Municípios com o intuito de desmistificar a velhice ou a negação da mesma, uma vez que as perspectivas de vida dos brasileiros têm aumentado e nos próximos 50 anos o Brasil estará entre os países com mais idosos do mundo.
	Partindo da premissa de que o envelhecer está interligado as questões sociais e familiares devemos pensar na necessidade da realização de ações intersetoriais, 
Essa questão do envelhecimento tem de ser trabalhada intersetorialmente. Por exemplo: acabar com o preconceito que existe em relação aos idosos é uma questão de educação que começa desde o ensino básico, ensinando os jovens a valorizar o papel do idoso e seu papel social. São necessárias políticas de cuidado e de acessibilidade para essas pessoas, ou seja, é preciso trabalho conjunto dos ministérios da Cidade, da Educação, da Saúde etc.	 (Camarano,1999)
	Percebemos que o envelhecer pode ser complexo, porém é um dos maiores feitos da humanidade, a longevidade determina que as condições de vida, alimentação e saúde de determinada sociedade estão relacionadas as condições de vida que contemplam não somente a nutrição, e/ou atenção a atividades físicas e habilidades psicológicas, mas também as condições sanitárias, educacionais, bem-estar econômico e afetividade que contribuem de maneira salutar para que os indivíduos envelheçam flexíveis as mudanças que ocorrem cotidianamente.
	De forma geral, o envelhecer não restringe o indivíduo à prática de esportes ou a sociabilização em espaços públicos ou privados, em instituições deensino ou no aprendizado de cursos de graduação, artesanato, música ou dança, por exemplo. O envelhecimento cronológico, biológico, psicológico e social está relacionado a cultura e aos espaços geográficos ocupados pelos indivíduos. 
No mundo Ocidental, podemos utilizar a classificação a seguir para as faixas etárias considerada para idosos,
[...] referem-se a três grupos de pessoas mais velhas: os idosos jovens, os idosos velhos e os idosos mais velhos. O termo idosos jovens geralmente se refere a pessoas de 65 a 74 anos, que costumam estar ativas, cheias de vida e vigorosas. Os idosos velhos, de 75 a 84 anos, e os idosos mais velhos, de 85 anos ou mais, são aqueles que têm maior tendência para a fraqueza e para a enfermidade, e podem ter dificuldade para desempenhar algumas atividades da vida diária (Papalia, Olds & Feldman, 2006).
	Percebemos nesta classificação que os chamados de idosos jovens, são de extrema capacidade emocional, física e metal, caindo por terra a ideia de que ao chegar na aposentadoria ou na então chamada de terceira idade, o idoso estaria marcado como encosto para algumas famílias. Neste sentido, a primeira etapa do envelhecimento deve ser encarada como novas experiências, permitindo-se contemplar a vida com menos pressa e mais sabedoria, pois, o envelhecer não deve ter o mesmo contexto de décadas anteriores, olhar para o envelhecimento como uma etapa da vida prazerosa é uma constante da contemporaneidade.
	Os idosos velhos, conforme Papalia, Olds & Feldman coloca em sua afirmação, são os idosos que ainda produzem dentro dos seus espaços familiares e públicos, são pequenos serviços, que se direcionam de arremates, lida no campo, vendas e cuidados associados a animais, plantas, e/ou crianças. Mantem-se em vigor e vitalidade tanto para as atividades laborais e em alguns casos emocionais, mesmo depois de uma viuvez.
	Para os idosos velhos, que é uma parcela significativa da sociedade, a vitalidade e a produção mental e emocional diminui de acordo com o meio e com a vida pregressa que este optou no passado, as características cognitivas desaceleram, mesmo assim, a de se pontuar que muitos destes idosos ainda o são arreio familiar, tanto nos aspectos financeiros quanto familiar.
	No contexto brasileiro, onde é visível que a população está envelhecendo, deve-se tornar essencial a redução das desigualdades sociais, ampliando as promoções para a qualidade de vida, do bem-estar e da saúde de todos como forma de prevenção que contemple um futuro vital, saudável e longínquo.
Conclusão
	O envelhecer é uma construção social de cada cultura, que de tempos em tempos são multidirecionadas e podem ou não acompanhar as transformações e rupturas que ocorrem nas sociedades, mesmo nas tradições mais fechadas às transformações. Além disso, é característica a busca incansável pela juventude, através de procedimentos estéticos que contribuem para uma aparência jovial. Assumir o envelhecer, para muitas pessoas é um fardo pesado e complexo, e em contrapartida a indústria da beleza fornece subsídios e mecanismo na venda da juventude eterna. Porém, a grande maioria das pessoas não possuem acesso financeiro a produtos de bens, consumo, serviços e estética que gerenciam o envelhecimento, então, encarar o envelhecimento de maneira leve e divertida, contemplando novas conquistas cognitivas e produção social.
	Neste sentido, entendemos que a população brasileira, com seus 15 milhões de idosos, se redireciona na revisão estereotipada associada à velhice, e busca em novas concepções e na polarização da construção identitárias destes novos idosos, de maneira que estes indivíduos possam contribuir nos organismos sociais, profissionais e emocionais nos espaços públicos e privados, de sociabilização, e das relações interpessoais	.
Referências Bibliográficas
CAMARANO, A. A. (org.), 1999. Muito Além dos 60: Os Novos Idosos Brasileiros. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.  
 
OLIVEIRA, R. de C. da S.. Terceira Idade: do repensar dos limites aos sonhos possíveis. In OLIVEIRA, Rita de Cássia da Silva; SCORTEGAGNA, P. A., Idoso: Um novo ator social;1999in: Seminário de pesquisa de em educação da região sul IX ANPED, Caxias do sul. Anais Caxias do Sul.
Papalia, D. E., Olds, S. W., & Feldman, R. D. (2006). Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed.

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