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Aulas-11-A-20-Psicologia-Socioeducativa-3

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FACULDADE FUTURA 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA SOCIOEDUCATIVA 
 
 
 
 
 
 
VOTUPORANGA – SP 
 
 
1. O PSICÓLOGO SOCIAL ESCOLAR: REFLEXÕES CRÍTICAS EM SUAS 
INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS 
 
 
 
Fonte:pensamentoliquido.com.br 
Uma das principais implicações educativas da denominada Psicologia Social 
Escolar refere-se à defesa intransigente de um modo de pensar que não se entrega 
diante das facilidades de um raciocínio condicionado a permanecer na superfície do 
dado imediato. Ao contrário, a Psicologia Social Escolar postula uma operação 
dialética do pensamento, que ensina a ler as entranhas de cada objeto analisado. 
Assim, o dado particular contém dentro de si não só suas idiossincrasias, mas também 
as relações sociais, materiais e históricas que são responsáveis, tanto por sua 
essência como por sua aparência. 
Os espaços educativos têm um caráter institucional permeável, tanto em sua 
aparência (estrutura física, modelos de professores, etc.), quanto em sua essência 
(ideologia, comportamentos, relações interpessoais, etc.), que permite ações 
conservadoras (no sentido de manter o status quo vigente do modelo neoliberal) e 
transformadoras (no sentido de buscar novas formas de combate às injustiças do 
sistema vigente), tal como alertam Bourdieu e Passeron segundo análise de Swartz 
(1981), assim como, Paulo Freire (1990), entre outros pensadores do movimento 
educativo. O espaço educativo, por si só, é contraditório, dialético, e nele se estrutura 
um modelo reprodutor e informativo do conhecimento e um modelo crítico, histórico, 
político e social que pode permitir ao aprendiz ser mais criativo, capaz de transformar 
e ampliar o conhecimento atual. 
Posto isso, surge-nos a seguinte questão: como a Psicologia pode contribuir 
com ações inovadoras, transformadoras e significativas para o alunado? 
http://faculdadefutura.com.br/
 
Segundo Bock (2001), as teorias psicológicas, ao conceberem a escola como 
instituição isolada da sociedade, criou um dos seus principais problemas. A escola 
deve fazer a mediação entre o indivíduo e a sociedade, e não se tornar uma instituição 
fechada, destinada a proteger a criança dessa mesma sociedade. O conhecimento 
psicossocial deve ser trabalhado de forma natural, não preconceituosa e como 
arcabouço intelectual que pode preparar a comunidade escolar a lidar com a realidade 
social de forma discernente. 
Com um olhar mais social, cabe ao psicólogo escolar desenvolver, junto às 
comunidades escolares, intervenções psicossociais que atentem aos aspectos sócio 
históricos que fazem parte do universo humano e que contribuem para o 
desenvolvimento de um sujeito mais consciente, crítico, ético, sensível e autônomo. 
Essas intervenções devem ser fruto de uma relação dialética estabelecida entre o 
sujeito atendido e o sujeito que atende, o que implica formar um contexto que 
possibilita a transformação de ambos, colocando-os num movimento emancipatório, 
sendo capazes de lidar com os conflitos escolares que surgem. 
Desse modo, as ações desenvolvidas a partir da intersecção Psicologia 
Escolar versus Psicologia Social podem produzir, na comunidade escolar, a 
articulação das realidades objetiva e subjetiva que se processam dialeticamente, que 
consideram o sujeito e suas relações - subjetivas ou objetivas - com a coletividade. 
Sob essa perspectiva teórico-prática, a comunidade escolar passa a ser vista 
como dinâmica e pode, necessariamente, ser transformada em sua subjetividade, 
estabelecendo uma estrutura crítica na qual é capaz de visualizar os limites que são 
impostos pelo pensamento liberal à escola na sociedade pós-moderna capitalista. 
O projeto de uma Psicologia Escolar Social deve ser mediado por ações 
transformadoras (pensamentos críticos e criativos, relações igualitárias, convivências 
pacíficas) e interiorizado como projeto individual, tomado como forma de consciência 
e inconsciência das pessoas que convivem no espaço escolar, pois essas questões 
não são apenas incorporadas por interesses coletivos abstratos, mas por algo que 
resgata o prazer individual. Em suma, a Psicologia Social Escolar não dicotomiza o 
bem-estar coletivo e o prazer individual: ambos fazem parte do dia-a-dia das pessoas. 
Lugar incômodo cabe, portanto, ao psicólogo social escolar, sem prerrogativa 
de instituir uma ingerência sobre a comunidade escolar; sua função é capacitar a 
população para construir meios para estabelecer novas práxis na compreensão de 
suas lutas e problemas. 
http://faculdadefutura.com.br/
 
O esforço na busca por um pensamento mais dialético, na tentativa de melhor 
compreender a comunidade escolar é, portanto, um dos objetivos do psicólogo 
escolar. A práxis estabelecida a partir disso possibilita à população escolar ser 
senhora de seus atos e deixa o psicólogo livre de impor intervenções prepotentes, 
dominadoras e individualizantes à comunidade escolar. 
Cabe a esse profissional, juntamente com a comunidade escolar, identificar as 
contradições, evidenciar a estrutura concreta e simbólica dos conflitos escolares e 
viabilizar propostas de intervenções alternativas e realistas, que permitam a 
participação de todos os interessados na capacitação para lidar com os problemas 
surgidos. Harmonicamente, Bleger (1984) projeta a função do psicólogo que intervém 
em instituições como um educador que educa e é educado, concomitantemente, pelas 
experiências das pessoas. Sua intervenção e pesquisa se desenvolvem a partir da 
demanda da instituição. 
Dessa forma, o psicólogo, na comunidade escolar, deve rever suas posições 
profissionais em busca de práticas inovadoras, que contam com a participação da 
população escolar, são emprenhadas como práxis da atuação do psicólogo escolar. 
O projeto do psicólogo deve se constituir a partir da criação de espaços de 
reflexão para a comunidade escolar (professores alunos, pais, direção, funcionários) 
em centros educativos formais (escolas) e informais (Ongs, comunidades 
estruturadas, centros de atendimento a jovens, etc.). As ações desenvolvidas devem 
ter uma penetração social e afetiva mais profunda junto aos jovens. 
Nesses espaços de reflexão, a comunidade escolar capacita-se para tomar 
decisões e buscar soluções criativas para muitos de seus problemas. Desafios como 
a perversão da sexualidade, as relações interpessoais, a violência urbana e 
doméstica, políticas escolares, preconceitos étnicos, falta de acesso à escola, à 
oportunidade de lazer, opção de vida, convívio familiar, relação com a comunidade, 
divisão de renda, educação diferenciada, ignorância, sociedade classista, drogadição 
facilitada, violência econômica (bens de consumo inacessíveis, mas desejáveis), 
abandono, etc., poderão ser temas de reflexões mais apuradas. Tais temas 
denunciam a falácia e a hipocrisia da sociedade que se diz encontrar-se às portas de 
uma nação desenvolvida, igualitária, fraterna e libertária e não repressiva, porém que 
se mostra moralista, preconceituosa e com um dos piores índices de pobreza, de 
analfabetismo e de divisão de renda. 
 
http://faculdadefutura.com.br/
 
Tais desafios devem ser trabalhados através de técnicas psicológicas 
(intervenções grupais, orientações breves, exercícios de dinâmicas, etc.) em espaços 
físicos de reflexão grupal, permitindo à comunidade escolar desenvolver visões mais 
apuradas e críticas das estratégias individuais e sociais para sobreviverem em 
sociedade. 
As estratégias, necessariamente, serão analisadas historicamente, macro e 
micropoliticamente (resgatando os aspectos objetivos e subjetivos que constroem o 
sujeito), e recriadas, no sentido de construir intervenções criativas e críticas para que 
essas mesmas estratégias contribuam na criação e recriação - num movimento 
dialético - de ações psicossociais condutoras de uma história projetada e desejada - 
uma história que tenham o homem como seu principal construtor. 
Desenvolver espaçosde reflexão grupais, nos quais os problemas 
psicossociais serão discutidos com a comunidade escolar de forma crítica, ampla, 
depurados de preconceitos, servirão para reestruturar uma ética humana que respeita 
a subjetividade individual e social da população em geral e, concomitantemente, a faz 
conviver com as normas sociais ainda vigentes, mas não descartando o desejo de 
transformá-las no sentido de torná-las mais justas e comprometidas com uma 
sociedade mais igualitária. 
O projeto da Psicologia Social Escolar deve ser útil à população brasileira que, 
cada vez mais, insere-se no mundo da criminalidade, renega os estudos, é descartada 
no mundo do trabalho tecnológico, não é capaz de lidar com problemas da realidade 
social contemporânea (frustração, desemprego, opressão, cobrança, competição, 
etc.), não é capaz de desenvolver ou compreender uma ética social na qual o respeito 
pelo outro, a aceitabilidade das minorias e as lutas pelos direitos civis se desvencilham 
do cotidiano. 
Em suma, espera-se que a Psicologia Social Escolar contribua para o bem-
estar, para o desenvolvimento de uma consciência crítica, renovadora, racional e 
transformadora do homem. 
http://faculdadefutura.com.br/
 
2 ALGUMAS REFLEXÕES ACERCA DA SOCIOEDUCAÇÃO1 
 
 
Fonte: www.sindpss.com.br 
A partir da concepção do SINASE (2006) - Sistema Nacional de Atendimento 
Socioeducativo, editado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do 
Adolescente - CONANDA em conjunto com a Secretaria Especial dos Direitos, a 
implementação de políticas voltadas ao adolescente incurso em ato infracional tem se 
tornado objeto de considerações as mais diversas, tanto do ponto de vista teórico, 
quanto das articulações práticas que envolvem a construção dessa política. Assim, no 
intuito de contribuirmos para o fomento das reflexões acerca desta atualíssima 
temática, apresentamos algumas considerações acerca do assunto, em especial, o 
próprio papel da almejada socioeducação, trabalho este resultado dos estudos e 
discussões de toda a equipe do CAOPCA sobre esse processo de construção coletiva 
em busca da efetividade do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Nesse propósito, observamos inicialmente que, modernamente, se acentua a 
vinculação entre a socioeducação e a necessidade da implementação de uma 
proposta pedagógica capaz de constituir-se em ação formadora dos adolescentes 
que se encontram submetidos ao cumprimento de medidas socioeducativas De algum 
modo, essa é uma crença que tem sido assumida e reforçada em diversos discursos 
sobre socioeducação, sendo que quase todos eles põem em evidência o fim 
proclamado para a ação socioeducativa como sendo preparar os indivíduos para a 
 
1 Texto extraído do link: www.crianca.mppr.mp.br/pagina-434.html 
http://faculdadefutura.com.br/
 
vida social ou inseri-los na vida social, reintegrando-os. Ao definir os atributos do 
ato socioeducativo como o de preparar os indivíduos para a vida social, institui-se um 
parâmetro universal sobre os fins da socioeducação, e esse parâmetro pode ser 
expresso em um outro discurso paralelo e a ele correspondente: o de formar os 
indivíduos para o exercício da Cidadania. 
Assim, pode-se dizer que a ação socioeducativa se constitui num processo que 
tem por objetivo preparar a pessoa em formação (adolescentes) para assumir papéis 
sociais relacionados à vida coletiva, à reprodução das condições de existência 
(trabalho), ao comportamento justo na vida pública e ao uso adequado e responsável 
de conhecimentos e habilidades disponíveis no tempo e nos espaços onde a vida dos 
indivíduos se realiza. Ao lado disso, desdobra-se o conjunto das ações educativas a 
serem desempenhadas pelos educadores que devem buscar articulação entre as 
relações práticas da educação e a necessidade do adolescente à vida política e social, 
individual e coletiva, sendo a educação o caminho necessário para a formação do 
sujeito-cidadão ao dotar os educandos dos instrumentos que lhes são necessários e 
pertinentes. 
A concepção do sujeito-cidadão, por sua vez, está diretamente ligada ao 
modelo de Estado adotado em um terminado tempo e espaço. Eis aí o dilema do 
socioeducador em seus aspectos sociológicos, conforme aborda Herbert Read: 
O dilema do educador em seus aspectos sociológicos: A escolha então 
parece ser entre a variedade e a uniformidade: entre o conceito de sociedade 
como uma comunidade de pessoas que procuram o equilíbrio por meio da 
ajuda mútua; e uma concepção de sociedade como um grupo de pessoas 
necessárias para se orientarem em direção a um ideal. 
 
No primeiro caso, a educação é direcionada para o incentivo do crescimento 
de uma célula especializada em um corpo multiforme; no segundo caso, a educação 
é direcionada para a eliminação de todas as excentricidades e para a produção de 
uma massa uniforme. O segundo envolve uma concepção particular do Estado e dos 
direitos de seus cidadãos - como, na verdade, ocorre também com o primeiro. Em 
termos modernos, a escolha fica entre uma teoria totalitária e uma teoria democrática 
da educação. Embora, teoricamente, a democracia possa propor um ideal de "homem 
comum" ao qual todos os cidadãos devem se conformar, e que fará com que todas as 
http://faculdadefutura.com.br/
 
diferenças sejam categoricamente eliminadas, essa que é uma concepção de 
democracia que só pode se harmonizar com uma mentalidade autoritária. 
Na prática democrática, cada indivíduo tem seus direitos inatos: ele não é um 
material que possa ser jogado em um molde e receber um selo de autenticação. 
O Estado democrático deve ser concebido como um organismo vital, com os 
membros articulados, as funções determinadas e as formas proliferadas pelo modo 
de vida natural, que é produzido pelo processo social. Segundo Erick Fromm, citado 
por Read, 
 "as mais belas, e também as mais feias inclinações do homem não fazem 
parte de uma natureza humana fixa e biologicamente determinada, mas 
resultam do processo social que cria o homem. Em outras palavras, a 
sociedade não tem apenas a função opressora - embora também a possua -
, mas tem, além disso, a função criativa". 
 
Neste contexto, somente na medida em que o educador seja um representante 
adequado de seu grupo social é que conseguirá guiar o aluno até o umbral da 
condição de adulto a recriar o modelo de sociedade por todos desejado. 
 
 
Fonte:www.monnit.com 
A educação dos homens pelos homens, como afirma BUBER (2011), citado por 
Read, "é a seleção de um mundo exequível através de uma personalidade para uma 
personalidade". O educador absorve as forças construtivas do mundo. Ele próprio 
decide, rejeita ou aceita. No processo de socioeducação, cabe ao educador ter 
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consciência de sua responsabilidade social e de suas limitações individuais, de forma 
a servir como, "o unificador, o mediador entre o indivíduo e seu meio ambiente, a 
parteira que faz com que o indivíduo renasça na sociedade, guiado para suas 
correntes mais vitais. Mas nem a parteira nem o professor concebem ou gestam, 
limitando-se a aceitar uma entidade já determinada; é só na medida em que o 
professor se identifica com uma determinada disposição que consegue facilitar a 
parturição social" 
Pode-se concluir que o objetivo geral da socioeducação é propiciar o 
crescimento individual, ao mesmo tempo em que harmoniza a individualidade 
desenvolvida com a unidade orgânica do grupo social ao qual o indivíduo pertence, 
permitindo a sua inclusão como adolescente-cidadão protagonista de sua realidade e 
comprometido com a modificação do mundo que o cerca. 
Assim sendo, os programas de execução de medidas socioeducativas devem 
possibilitar que todos os adolescentes se apropriem de certos instrumentais capazes 
de constituí-los como cidadãos. Para tanto, é necessário que apreendam a 
organização e distribuição de conhecimentose habilidades disponíveis no momento 
histórico, que lhes seja permitida a preparação para o trabalho, o acesso ao 
desenvolvimento tecnológico, a participação crítica na vida política, ou seja, o acesso 
à cidadania. E conforme Neidson Rodrigues: 
Cidadania pode ser definida a partir dos seguintes aspectos: 
Podemos dizer que a partir dos tempos clássicos, o conceito de cidadão se 
consolidou e incorporou outros grupos e indivíduos. Após a Revolução 
Francesa, estende-se progressivamente o reconhecimento de cidadania a 
um universo cada vez mais amplo da população; desde que preenchesse a 
condição constitutiva: a da liberdade e a da autonomia. 
Por isso, devem ser indicadas em que condições a liberdade e a autonomia - 
princípios constitutivos - se manifestam na cidadania. O cidadão é livre porque está 
certo de que sua vontade não será impedida de ser proclamada por injunções que 
lhes são externas. Ele sabe que essa vontade implica responsabilidade e se articula 
às vontades de todos os outros cidadãos reunidos no mesmo espaço e tempo social. 
Seguindo esse rastro, a ideia de formação para a cidadania começa a ser 
dimensionada. Tendo em vista que as condições da cidadania são construídas, a 
Educação ganha papel central nesse processo. 
O exercício de cidadania compreende duas ações interdependentes: a primeira 
refere-se à participação lúcida dos indivíduos em todos os aspectos da organização e 
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da condução da vida privada e coletiva; e a segunda, à capacidade que estes 
indivíduos adquirem para operar escolhas. Ambos os aspectos caracterizam o sujeito 
identificável como cidadão. Como já apontamos que o exercício da cidadania 
pressupõe a liberdade, a autonomia e a responsabilidade, fica evidente que se 
constitui um dever dos cidadãos participar na organização da vida social. Essa 
organização deve assegurar a todos o exercício da liberdade e da responsabilidade. 
Tomando por referência as afirmações acima, podemos então asseverar 
que as ações socioeducativas devem constituir-se em ações de exercício de 
cidadania. Portanto, nos espaços de socioeducação está a oportunidade de 
constituírem-se locus onde o adolescente possa erigir o seu modo de ser e se 
expressar. Os cidadãos adolescentes, munidos dos instrumentos da cidadania, tornar-
se-ão construtores de formas organizativas e de ação na vida pública, pautados pelo 
exercício também da democracia, onde se reconheçam (e se autovalorizem) como 
seres humanos autônomos, livres e responsáveis, capazes de articular as diversas 
vontades e capacidades individuais e coletivas para construir um modo de viver que 
lhes permita o exercício de sua liberdade, com responsabilidade, ou seja, um projeto 
de vida pleno de possibilidades. 
 
 
Fonte: doc2001.com 
Desse modo, entendemos que os programas socioeducativos devem ser 
capazes de acionar os meios intelectuais e emocionais de cada educando para que 
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sejam capazes de assumir o pleno uso de suas potencialidades físicas, intelectuais, 
morais e espirituais na condução contínua de sua própria formação. A socioeducação 
pode favorecer a possibilidade de que cada indivíduo adquira a capacidade 
de autoconduzir o seu próprio processo formativo. 
Outrossim, à luz do que estabelece o artigo 3º do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, temos então a finalidade maior da socioeducação: 
 
Art. 3º: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata 
esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as 
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, 
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. 
 
Nesta perspectiva, a socioeducação, entendida como o processo de formação 
humana integral, atua sobre os meios para a reprodução da vida - e essa é sua 
dimensão mais visível e prática -, bem como coopera para estender a aptidão do 
homem para olhar, perceber e compreender as coisas, para se reconhecer na 
percepção do outro, constituir sua própria identidade, distinguir as semelhanças e 
diferenças entre si e o mundo das coisas, entre si e outros sujeitos. 
A socioeducação, articulada a partir dos eixos do desenvolvimento físico, 
mental, moral, espiritual e social, poderá constituir-se como um espaço de 
oportunidades para o exercício da cidadania plena, no exercício de uma cotidianidade 
repleta de possibilidades para os adolescentes constituírem-se verdadeiramente 
sujeitos de direitos e portadores genuínos da proteção integral. 
 O autor esclarece-nos acerca do que pode se configurar como sendo a função 
maior da socioeducação e ajuda-nos a compreender, também, que a ação 
educativa, enquanto ação formativa, é uma atividade extremamente complexa e de alta 
responsabilidade, a qual segue um percurso não-espontâneo e casual, sendo que, em 
suas formas mais complexas e elevadas, deve ser conduzida por pessoas 
qualificadas para exercer a função de educar. 
A Educação envolve todo esse instrumental de formas de percepção do mundo, 
de comunicação e de intercomunicação, de autoconhecimento, e de conhecimento 
das necessidades humanas. E propõe-se a prover as formas de superação dessas 
necessidades, sejam elas materiais ou psíquicas, de superação ou de reconhecimento 
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de limites, de expansão do prazer e outras. Educar requer o preparo eficiente dos 
educandos para que se capacitem, intelectual e materialmente, para acionar, julgar e 
usufruir esse complexo de experiências com o mundo da vida. Esta é uma 
responsabilidade a ser atribuída ao Educador. 
... O ser humano deverá ser formado para a ação cooperativa, para a 
solidariedade, para a aceitação do outro, para a noção de limites e para construir a 
noção de dever. Neste plano, estamos ingressando no que se deve entender como o 
da formação e desenvolvimento dos princípios da Ética e da Moral, necessários a 
todos os homens. Somente neste plano pode-se considerar completa a tarefa do que 
se diz por Educação. 
Nessa direção, os programas de socioeducação devem colaborar para que os 
adolescentes alcancem o almejado grau de emancipação, tornando-se os condutores 
do próprio processo de formação e de autodesenvolvimento, nos quais tenham tido 
a oportunidade de desenvolver a autonomia da vontade, a autonomia física e a 
autonomia intelectual. 
E como bem pontuado ainda por Rodrigues: 
O sujeito se torna autônomo, no primeiro plano, quando capaz de estabelecer 
relações de equilíbrio racional entre suas emoções e paixões. Igualmente, ao 
se tornar capaz para assumir a responsabilidade pelo próprio corpo e as 
relações equilibradas com o mundo natural. E, acima de tudo, quando 
determinar e escolher livremente os meios e os objetivos de seu crescimento 
intelectual e as formas de inserção no mundo social. Preenchidas essas 
condições, ele pode ser reconhecido como sujeito social. 
A partir do momento em que o sujeito puder dirigir o seu próprio corpo para 
uma relação saudável consigo mesmo e com o mundo natural, isto vai levá-lo a tomar 
decisões sobre a própria higiene, alimentação, descanso, preservação da natureza e 
de relações sociais, operar escolhas em relação ao uso do corpo, entre outros. 
... E, por último, a autonomia intelectual. Esta é a mais fundamental e complexa, 
porque é ponto de partida e ponto de retorno de todo o processo de desenvolvimento 
dos fundamentos da autonomia, aí incluídos os da autonomia física e da vontade. O 
sujeito social autônomo é aquele que circula e atua no conjunto da vida social de forma 
independente e participativa. Para isso, requer-se que ele também seja capaz de 
estabelecer juízos de valor e assumir responsabilidades pelas escolhas. O 
fundamento ético da humanidade se assenta no tripé constituído pelo reconhecimento 
de si mesmo como sujeito(individualidade), na liberdade e na autonomia. A 
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consciência deste tripé se frutifica pela ação educativa, que constrói no ser humano a 
capacidade para incorporar estes valores. 
 
 
Fonte: carriles.es/programas-socioeducativos 
 Entretanto, sabe-se que os valores, como os da justiça, da equidade e da 
liberdade, as crenças e os projetos, as concepções de Estado e de organização 
política, são entendidos e incorporados de maneira diversa por parte dos indivíduos. 
A consciência dos valores anteriormente indicados, como parte dos propósitos da 
socioeducação, deve orientar os adolescentes incursos em ato infracional a 
compreenderem a importância de outros princípios e valores, sem os quais a vida 
social se destruirá, entre eles: a tolerância, a cooperação, a solidariedade, a 
humildade, o respeito, a justiça. Eis alguns dos grandes desafios para a ação 
socioeducativa como ação formadora do ser humano social. 
Para efetivar estes propósitos humanizadores, os operadores do Sistema 
Socioeducativo, a exemplo das lições de Paulo Freire, devem munir-se de uma 
"amorosidade" pela causa dos excluídos. Conforme proclama: 
 "Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes 
e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo 
para que a justiça social se implante antes da caridade". 
 
 
 
 
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