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AULA 07- UMA HISTORIA SECULAR

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HISTÓRIA MODERNA: DA TRANSIÇÃO DO 
FEUDALISMO ÀS REFORMAS RELIGIOSAS
UMA DISPUTA SECULAR: GLÁDIO 
ESPIRITUAL E GLÁDIO TEMPORAL
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Estabelecer as origens do cristianismo e sua influência no medievo e
na modernidade; 2. identificar a relação entre o poder temporal e o espiritual; 3. diferenciar o papel ocupado
pela igreja na Idade Média e na moderna.
O período medieval foi marcado pela importância adquirida pela igreja católica.
Entretanto, essa importância não surge nessa época. Ela é anterior e remonta ao Império Romano. Embora seja
de conhecimento geral que após a crucificação de Cristo os cristãos tenham sido perseguidos por Roma, esse
tempo de perseguições não só termina, como o cristianismo passa a ser a religião do Império romano.
Mas como se dá este processo?
Roma, a exemplo de outras civilizações da antiguidade era, originariamente, politeísta, ou seja, acreditava em
vários deuses. De fato, a mitologia romana é uma herança direta da mitologia grega e os romanos incorporam os
deuses gregos, renomeando-os, mas mantendo as mesmas características. Zeus para os gregos é Júpiter para os
Romanos, a deusa Hera em Roma assume o nome de Juno e assim por diante.
Após a morte de Cristo, aproximadamente no ano 33, seus seguidores e apóstolos são perseguidos e mortos. Sua
crença no Deus único é vista como uma ameaça ao império romano.
Entretanto, com a conversão de Paulo de Tarso, o cristianismo entra em uma nova fase, de franca expansão. Com
suas pregações e cartas, Paulo divulga e expande o cristianismo para o Ocidente.
No início do século IV, os cristãos obtém de Roma a liberdade de culto e no final desse mesmo século, o
cristianismo se torna a religião oficial do império. Isso ocorre a partir da conversão do imperador Constantino.
Não podemos atribuir as razões dessa conversão a algo puramente espiritual. Constantino tinha problemas em
impor-se como imperador e alguns grupos romanos questionavam sua legitimidade.
O cristianismo expandia-se por todas as partes do império e a conversão do imperador acabou por garantir-lhe o
apoio dos numerosos fiéis que aumentavam a cada dia.
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Figura 1 - Monumento de Constantino
De todo modo, foi a consolidação de Roma o primeiro momento de afirmação da fé cristã. Após a crise e o fim do
império romano, a igreja católica continua a existir e a aumentar seu poder, confundindo-se cada vez mais com o
próprio estado.
O fato do cristianismo não ter desaparecido junto com o próprio império romano deu-se, sobretudo, pela
conversão dos povos germânicos a essa religião. Quando ocorrem as invasões bárbaras que desagregam o
império, os germanos adotam o deus dos cristãos. É interessante perceber um exemplo do que falamos nas aulas
passadas, que mesmo o fim de uma era não significa seu completo desaparecimento e as culturas, sejam elas
vencidas ou vencedoras, mantêm um diálogo e influenciam-se mutuamente.
Mencionamos em outras aulas que, em um mundo fragmentado como é o caso do mundo medieval, a igreja
constituiu muito mais que apoio espiritual, mas também a própria identidade política e cultural do continente.
Por que isso ocorre?
Os diversos feudos que constituíam a estrutura medieval não possuíam características unificadoras. Cada um
deles funcionava de maneira autônoma, mantendo seus costumes, seu dialeto, sua economia, enfim, é como se
cada unidade feudal fosse um universo em si mesmo.
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Figura 2 - Basílica de São Pedro, no Vaticano
Nesse contexto, a igreja surge como instituição única. O mesmo livro sagrado, a bíblia, é a base onde quer que ela
se estabeleça. As missas são rezadas em latim e a mesma hierarquia é montada em todos os lugares. Assim, um
bispo terá seu status garantido, independente da região que esteja. Os cargos eclesiásticos e a legitimidade do
Papa são comuns às mais diversas regiões da Europa. Podemos dizer que em um mundo fechado, a igreja é a
única constante, sendo a mesma em todos os lugares, por isso o caráter de identidade que ela assume.
Progressivamente, o seu poder econômico será igualmente importante ao lugar que ela já ocupa na mentalidade
europeia. Através de compras e doações dos fiéis, a igreja se torna a maior proprietária de terras do continente.
Em um momento em que possuir terras é sinal de riqueza, não havia nenhuma instituição que se equiparasse à
igreja nesse quesito.
Essa prosperidade era obtida e ampliada através de diversos mecanismos e estratégias.
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Figura 3 - Igreja de Santa Maria dei Monti, Roma, com a imagem de Nossa Senhora
As famílias mais ricas da região pagavam pelo privilégio de serem enterradas no interior dos templos. Quanto
mais próxima do altar, mais rica e nobre era a família. Mesmo na morte, era preciso assegurar a posição social e a
manutenção da hierarquia. Além disso, a ideologia católica condenava o lucro e a usura, ou seja, o acúmulo
primitivo de riqueza. Muitos senhores pagavam uma enorme quantia para que seu nome fosse mencionado nas
missas, mesmo após sua morte.
Como propriedade de terras a igreja também era uma senhora feudal e possuía os privilégios dessa posição. Suas
terras eram arfadas pelos servos e, da mesma forma que ocorria com os demais senhores feudais, recebia uma
parte dessas colheitas, além dos impostos da época. Por outro lado, era isenta de pagar impostos, podendo assim
acumular riquezas e expandir sua influência.
Como historiadores, devemos separar o estudo da igreja católica, ou de qualquer outra religião, da fé que
professamos individualmente.
Como professores, devemos sempre apontar para as diferenças entre estudar um objeto e defender uma
ideologia. É comum, quando ministramos aulas, por exemplo, que os alunos, diante da trajetória da igreja
católica, assumam um juízo de valor, colocando-a como uma instituição opressora por natureza. O que devemos
sempre lembrar é que essa trajetória está inserida em um contexto específico e não nos cabe fazer esse juízo de
valor.
Podemos analisar a expansão da fé católica e o alcance do seu poder em diversos períodos da história, mas não é
produtivo tomarmos partido, atribuindo a essa história adjetivos como boa, má, opressora ou autoritária. Afinal,
assim como os homens, as instituições também são fruto de seu tempo.
Vimos, em outras aulas, como essa influência religiosa opera no campo da literatura e das mentalidades. Mas ao
considerar o campo artístico, em poucas manifestações a mentalidade católica aparece tão bem definida como no
campo da arquitetura.
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Fonte: Fonte: .
Os templos católicos característicos da idade média possuem dois grandes estilos, o românico e o gótico. As
catedrais góticas, além de serem consideradas um triunfo arquitetônico pela sua beleza e grandiosidade,
transmitem o que se espera ser o sentimento do homem diante de Deus: humildade e adoração.
Essas catedrais possuem um efeito tridimensional, com suas naves em arco, que dão a ideia de que o homem é
pequeno diante de Deus. Grande parte das catedrais europeias da idade média foi construída nesse estilo, sendo
a catedral de Notre Dame, em Paris, uma das mais famosas.
Notre Dame foi consagrada à Maria, mãe de Cristo, e sua construção remonta ao século XII. Em catedrais como
essa, podemos perceber não só o poderio espiritual, mas também material da Igreja católica dessa época. Clique
no ícone abaixo e saiba mais sobre a relação entre igreja e nobreza no período medieval.
Saiba mais
Relação igreja e nobreza no período medieval
Não é de se estranhar, pois, que igreja e nobreza tenham mantido uma estrita relação durante
o período medieval. Mais tarde, na era moderna, a igreja ainda será parte fundamental do
próprio estado, tendo muitas vezes atribuições que caberiam somente a instancia politica, em
uma clara herança do medievo.
Clero e nobreza irão se manter, por séculos, no topo da pirâmide social. Essa configuração terá
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Clero e nobreza irão se manter, por séculos, no topo da pirâmide social. Essaconfiguração terá
fim somente com as revoluções burguesas. Mas, diferente da nobreza, o clero conseguiu
manter quase intacto o patrimônio obtido durante seu apogeu. Os nobres dividiam seu
patrimônio entre os filhos, obedecendo ao direito de primogenitura: o filho mais velho herdava
as posses e o titulo. Mas esse patrimônio estava sujeito a politica de cada período. A igreja não
enfrentou o mesmo problema, pois seu patrimônio pertencia a instituição, é não aos clérigos.
Ainda que tenha combatido firmemente as burlas constantes do celibato eclesiástico –
denuncias de padres e bispos que mantinham famílias, eram constantes – o patrimônio
eclesiástico jamais foi dividido, o que permitiu a igreja passar por eras em plena prosperidade
econômica.
A igreja já detinha, por sua natureza, o oder espiritual. Mas, durante a idade média, ela passa
também a deter o poder temporal, que é o poder de governar e interferir em questões de
estado. Essa dupla função da igreja será sempre motivo de controvérsia, mesmo entre os
reinos declaradamente católicos, já que o poder temporal pertence ao estado e por sua vez, aos
imperadores.
Nesta discussão, temos argumentos dos dois lados: os imperadores entendem que a igreja
deve ser submissa ao império, já que o estado a adota e protege. A igreja, por sua vez, entende
que todo o poder emana de Deus estando, portanto, acima das estruturas imperais. É esse
dialogo muitas vezes conflituoso, que dá o tom da transição entre a igreja medieval e a
moderna.
Mesmo quando os imperadores entendiam a igreja submissa ao estado, essa separação nunca
foi muito clara. Uma prova dessas fronteiras estreitas é que cabia ao papa coroar os
imperadores e estes, por sua vez, detinham, em diversas regiões, o direito de nomear os cargos
mais altos da igreja em seu domínio, como é o caso dos bispos. Assim, a disputa pelas
nomeações se tornou uma questão politica, e não se baseada no mérito, na santidade ou na
experiência, tornando a igreja uma instituição afim ao estado.
A estreita aproximação da igreja e do estado concedeu aos reis o poder divino. Essa expressão
causa alguns equívocos, já que pode ser confundida com teocracia, o que não é, de forma
alguma, o caso da igreja católica. Vejamos a diferença:
Na antiguidade, civilizações como a egípcia eram governadas por regimes teocráticos. O farão
era considerado um deus na terra e assim, o Egito era governado por um Deus personificado.
Nos estados medievais e moderno, o rei não é deus e por isso, esta não é uma teocracia, mas
possui poder divino, ou seja, ele é rei por vontade de Deus.
O poder real está portanto, fundamentado em uma teoria politica, a teoria do direito divino dos
reis. A teoria do direito divino será peça fundamental para a consolidação dos estados
nacionais e do poder absoluto.
Dois teóricos se destacaram na elaboração dos princípios do direito divino: Jean Bodin e
Jacques Bossuet.
Bodin teve formação eclesiástica, mas dedicou sua vida aos escritos jurídicos. Sua obra,
produzida no século XVI, influenciou diversos iluministas. É importante analisarmos as teorias
de Bodin a partir de seu lugar de fala, ou seja, de quem ele era e de quando e onde escrevia.
Neste caso, estamos falando de um teórico familiarizado com os princípios religiosos, que
escrevia em um momento de intensos conflitos religiosos entre católicos e huguenotes na
França, onde vivia.
Neste contexto de crise, Bodin produziu diversos escritos dos quais se destacam Método para a
fácil compreensão da história e Os seis livros da República. Em suas obras, ele procura fazer
uma distinção entre forma de estado e forma de governo. Nesta perspectiva, existem três
formas de estado: monárquico, aristocrático e democrático. No estado monárquico, um único
individuo detém o poder, numa aristocracia, um grupo de indivíduos e numa democracia, a
maioria dos cidadãos. Já a forma de governo é a maneira como os governantes exercem o
poder e pode ser legitima, despótica ou tirana.
O estado deve ser sempre soberano pois a alternativa seria a anarquia, o que neste caso,
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Podemos perceber a influência católica de maneira diferenciada nos diversos países cujas monarquias
estabelecem seus estados nacionais.
O caso de Portugal e Espanha é emblemático para compreendermos essa influência para além da esfera religiosa.
Por terem se unificado antes dos demais estados europeus, os países ibéricos reuniram as condições para lançar-
se na expansão marítima.
As descobertas que advieram daí foram reguladas por tratados intermediados pelo papado, dentre os quais o
Tratado de Tordesilhas, que dividia as possessões entre Portugal e Espanha. Os reis espanhóis detinham ainda o
título de reis católicos, concedidos pela igreja.
Também no momento da colonização da América, o papel da igreja foi fundamental e nele podemos notar a
disputa entre os poderes temporais e espirituais, colocando a igreja de um lado e o estado, de outro.
O estado deve ser sempre soberano pois a alternativa seria a anarquia, o que neste caso,
corresponderia ao estado de caos. Bodin defende a monarquia a partir da ideia de lei natural.
Deus escolheu um individuo para deter o poder e governar a maioria tendo em vista o bem
comum. Esta monarquia deve ser hereditária e o poder passaria ao filho mais velho, sendo,
entretanto, negado as mulheres. Essas teorias legitimam o poder real, no momento em que
este está se constituindo como unitário e absoluto.
Jacques Bossuet viveu depois de Jean Bodin, também na França. Uma de suas principais obras
é O Discurso sobre a história universal mas, diferente de Bodin, que buscou no direito as
formas de justificar a legitimidade real, Bossuet era ortodoxo e defendia a monarquia absoluta
e a autoridade eclesiástica. Suas teorias foram fundamentais para legitimar o reinado de Luís
XIV e sua defesa veemente dos poderes temporal e secular torna-o um dos mais ortodoxos
religiosos e pensadores de seu tempo.
A partir do momento em que o poder real passa a derivar de Deus – e não dos homens – ele
perde a capacidade de ser questionado. Questionar ou se opor ao rei seria, nesse caso,
questionar-se e se opor a vontade de Deus. Fica clara aí a ligação entre estado e igreja, mas o
que devemos lembrar é que esta é uma relação de dependência mutua. A igreja legitima o rei e
valida seu poder absoluto, o rei, por sua vez, protege e dá amplos poderes ao papado, que
muitas vezes interfere diretamente nas questões do estado.
Com base nesse minucioso arcabouço teórico, não e de se espantar que a França tenha sido o
modelo de estado absoluto dentre os demais países europeus e Luís XIV, seu melhor exemplo.
Em todas as instancias de sua vida, tanto social como politicamente, o rei utilizou-se dos
princípios de seu direito divino. Mesmo na arte, o rei era retratado tanto com luxo e opulência,
quanto com a serenidade e virtude característica das divindades.
Esta é, por exemplo, a perspectiva do retrato de Luís XIV e sua família, pintado por Joseph
Werner. Neste obra, vemos que o rei assume o aspecto divino, a maneira como foi exposto
pode ser comparado a pinturas dos deuses da antiguidade.
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Fonte: Fonte: .
No caso de Portugal e da colonização do Brasil, a ordem jesuíta se fez presente desde os primeiros momentos.
O primeiro evento formalizado pelo colonizador em terras brasileiras foi a execução de uma missa, que acaba
entrando para a história como um dos momentos fundadores do Brasil.
Saiba mais sobre a influência católica de maneira diferenciada nos diversos países.
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É certo que a igreja moderna não é a mesma igreja que vivenciou o período medieval, mas sua presença na
configuração dos estados nacionais aponta para uma transformação e adaptação aos novos tempos.
Não é possível estudar o período de transição sem levar em consideração o papel da doutrina religiosa – seja
católica, seja protestante – nos assuntos de estado. Se é aparentemente mais fácil perceber a religiosidade nos
Saiba mais
A igreja e sua influência
De acordo com a carta de Pero Vaz de Caminha, a missa foicelebrada por Henrique de
Coimbra, poucos dias após a chegada no Brasil, em 26 de abril de 1500. A cena foi imortalizada
por Victor Meireles em 1860 e a imagem tornouse nacionalmente conhecida e muito discutida,
nos anos que se seguirão. Inicialmente, vemos o inicio da presença católica no Brasil, que a
partir de então se faria sentir em diversos aspectos da empresa colonial. Além disso, são
possíveis diversas leituras: a submissão do indígena a fé do colonizador, a intensa religiosidade
dos portugueses, a ideia de um contato inicial pacifico, mas no qual predominaria a visão
europeia de mundo. Seja qual for o aspecto que se destaque, no panorama geral, o quadro
prenuncia uma profecia funesta: a de que os indígenas seriam submetidos e perderiam suas
raízes e sua autonomia frente aos colonizadores.
Na Espanha, a igreja se faz sentir não só na catequização indígena, mas também no
estabelecimento e na manutenção da inquisição, cujo alcance se estende também as colônias.
Um evento que ilustra bem a disputa entre os poderes temporal e espiritual foi a questão que
envolveu os Sete Povos das Missões, região de disputa que fica no atual estado do rio Grande
do Sul. Embora o Tratado de Tordesilhas tenha sido o primeiro e regular as descobertas
americanas, ele não foi o único e ao correr do tempo, outros tratados de limites foram firmados
entre Portugal e Espanha com o objetivo de estabelecer suas fronteiras coloniais. Em 1750 foi
firmado o Tratado de Madri, baseado no principio do Uti Possedetis, que na pratica implicava
que quem possuía de fato, devia possuir de direito. Ou seja, quem havia colonizado, deveria
legalizar e ter sua posse reconhecida. Esse tratado dá ao Brasil os contornos aproximados que
ele possui hoje em dia. Os sete povos das missões eram uma possessão espanhola e as missões
haviam sido fundadas por padres jesuítas espanhóis. De acordo com o Tratado, a Espanha
cederia a região a Portugal em troca da colônia do Sacramento que fica hoje no Uruguai.
O tratado provocou as guerras guaraníticas cujo saldo politico foi a expulsão dos jesuítas das
terras portuguesas. Essa manobra foi realizada pelo marques de Pombal, um déspota
esclarecido que desejava diminuir o poder eclesiástico no estado português.
Em países como a Alemanha, a reforma protestante se fez sentir de modo mais marcante,
diminuindo a influencia católica, mas não a influencia religiosa. Os protestantes assumiram o
papel que antes pertencia aos católicos e os estados que emergiram nesta região também eram
influenciados pelo aspecto religioso. Martinho Lutero incentivou perseguições aos anabatistas
e João Calvino instaurou a Venerável Companhia e o Consistório, órgãos responsáveis pela
apuração e julgamento de denunciais de heresia.
Dessa forma, podemos perceber que não só nos países que mantiveram o catolicismo, mas
também naqueles que adotaram as religiões protestantes, a igreja não se afastou
completamente do estado.
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hábitos da população, que mantém seus costumes e crenças, é na esfera do estado que a igreja consolida seu
poder.
O que vem na próxima aula
• O paradigma de modernidade das grandes navegações;
• o desafio dos descobrimentos;
• as empresas coloniais.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Distinguiu os diferentes momentos da igreja e seu papel na transição política e social da era moderna;
• definiu a teoria de direito divino e sua importância para a consolidação do absolutismo na França;
• reconheceu as diferenças entre as relações político-religiosas dos diversos estados nacionais europeus.
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	Olá!
	
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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