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ADMINISTRAÇÃO APLICADA À ENGENHARIA DE SEGURANÇA SUMÁRIO 1. SOBRE ADMINISTRAÇÃO .................................................................................. 3 2. SESMT|CIPA ........................................................................................................ 4 2.1 Mercado de Trabalho em Geral ..................................................................... 4 2.2 Profissionais da SESMT ................................................................................. 6 2.2.1 Técnico de segurança do trabalho ........................................................... 6 2.2.2 Engenheiro de segurança do trabalho ..................................................... 9 2.2.3 Técnico de enfermagem do trabalho ..................................................... 12 2.2.4 Enfermeiro do trabalho .......................................................................... 14 2.2.5 Médico do trabalho ................................................................................ 16 3. NORMAS BS 8800; OHSAS 18001; ISO 45001 ................................................ 18 3.1 Normas BS 8800 .......................................................................................... 18 3.2 OHSAS 18001 .............................................................................................. 18 3.3 ISO 45001 .................................................................................................... 20 4. SISTEMA DE GESTÃO - PDCA ........................................................................ 23 5. SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO – SIG ..................................................... 25 6. GESTÃO DE RISCOS ........................................................................................ 26 6.1 Identificação de Riscos ................................................................................ 26 7. CERTIFICAÇÃO - SST ....................................................................................... 29 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 30 1. SOBRE ADMINISTRAÇÃO Objetivos e recursos são conceitos centrais na definição de organização e também de administração. Administrar (que é o trabalho dos administradores) consiste em tomar decisões sobre o uso de recursos para realizar objetivos. As decisões são agrupadas em quatro processos principais: planejar, organizar, liderar e controlar. Um quinto processo (executar) é o efeito prático dos anteriores. Essa é uma adaptação da definição de Henri Fayol, que a divulgou em 1911. Na década de 1970, outra interpretação do trabalho dos administradores foi proposta por Henry Mintzberg: administrar é desempenhar papéis. Os papéis gerenciais identificados por Mintzberg agrupam-se em três categorias ou tipos: interpessoais, de informação e de decisão. 2. SESMT|CIPA O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), também considerado nesta obra como Profissionais da Segurança do Trabalho, envolve, na prática, os profissionais com conhecimentos técnicos na área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) que prestam assessoria ao empregador, aos empregados e à CIPA nos assuntos relacionados à sua área de atuação. A composição e o dimensionamento desse serviço são definidos em razão do risco da atividade principal e do número total de empregados na empresa, e seus profissionais são os seguintes: médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de segurança do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho. 2.1 Mercado de Trabalho em Geral O mercado de trabalho para os profissionais do SESMT é bastante vasto, uma vez que as empresas têm a obrigação de manter, em seus quadros de funcionários, esses profissionais especializados. Além disso, os empresários estão cada vez mais preocupados com a segurança e a saúde no trabalho e com a qualidade de vida de seus trabalhadores, fazendo investimentos também no sentido de reduzir os gastos com alíquotas pagas ao governo. Para se ter uma ideia, de acordo com os seus índices de acidentes de trabalho, as empresas pagam taxas que variam de 1 a 3% sobre sua folha de pagamento, ou seja, empresas que investem menos em segurança do trabalho e, consequentemente, registram mais acidentes, pagam maior taxa; por outro lado, empresas mais preocupadas com a segurança de seus colaboradores, desde que mantenham reduzidos níveis de acidentes de trabalho, pagam taxas menores. Essa é uma forma de incentivar os empresários a investirem mais na segurança e saúde no ambiente de trabalho. Medidas como essa ampliaram o mercado de trabalho na área, já que elevaram a procura das empresas por profissionais do SESMT, principalmente no que se refere aos técnicos de segurança do trabalho. A presença desse profissional é obrigatória em empresas que tenham a partir de 50 funcionários com GR mais elevado – GR 4 – como, por exemplo, indústrias de metalurgia de ferro e aço, indústrias extrativas, indústrias da construção, entre outras. A formação e o número de profissionais do SESMT em uma única empresa podem variar dependendo do número de funcionários e do GR da empresa, ou seja, quanto maior for o número de funcionários e o GR, mais profissionais ligados ao SESMT a empresa deve ter. Os profissionais do SESMT são definidos pela NR-4 – SESMT. Adiante veremos um exemplo prático. Além disso, o mercado de trabalho ainda carece de profissionais especializados para atuarem em segmentos específicos. Os profissionais do SESMT possuem formação generalista que, por conta da carga horária dos cursos de formação, não oferece aprofundamento em temas específicos de segurança no trabalho, principalmente no que diz respeito a determinadas áreas, como construção civil, indústrias químicas e petroquímicas, indústrias de petróleo e gás, setor eletricitário. Essas empresas precisam de profissionais especialistas no segmento de atuação; é comum, portanto, que atualmente muitas instituições de ensino ofertem cursos específicos, como especializações para técnicos de segurança do trabalho, cursos de aperfeiçoamento para os técnicos em enfermagem do trabalho e pós-graduação para os demais profissionais do SESMT que possuem nível superior. Em resumo, o mercado de trabalho para esses profissionais está em constante crescimento; sempre existem vagas de trabalho para os mais especializados e com conhecimentos específicos e atualizados. Dessa maneira, os profissionais que atuam como integrantes do SESMT devem fazer cursos de aperfeiçoamento e de especialização, como pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho (exclusiva para engenheiros e arquitetos), Ergonomia, Engenharia de Prevenção contra Incêndio, Meio Ambiente, Higiene Ocupacional, Medicina do Trabalho (exclusiva para médicos), Sistemas de Gestão Integrada, que engloba qualidade, meio ambiente e segurança do trabalho, Especialização Técnica em Segurança do Trabalho na Construção Civil, em Meio Ambiente, Enfermagem do Trabalho, entre outros. Essas são algumas opções de especialização disponíveis para os profissionais do SESMT, que podem, assim, simultaneamente, valorizar o currículo e se tornar aptos a atender com qualidade as demandas do mercado de trabalho e as necessidades de cada empresa. 2.2 Profissionais da SESMT 2.2.1 Técnico de segurança do trabalho Na década de 1950 esse profissional era conhecido como inspetor de segurança do trabalho. Sua função predominante era providenciar alguns equipamentos de proteção individual e fiscalizar o seu uso pelos profissionais, aplicando punições quando fosse necessário. Não havia ação educativa ou de orientaçãoquanto à importância da segurança e da saúde no ambiente de trabalho. Nesse período, o Brasil crescia no setor industrial de forma desordenada, tornando- se líder em acidentes de trabalho, conforme vimos anteriormente. Com a pressão para que o Brasil reduzisse o número de acidentes, a função de inspetor de segurança do trabalho foi criada de forma emergencial e para atender a essa demanda específica. Assim, a Fundacentro foi designada para formação desses profissionais, por meio de um curso de 100 horas; posteriormente, o curso passou a ser ministrado, também, pelas instituições de ensino em geral. Somente em 1985 essa profissão passou a ser regulamentada pela Lei no 7.410, de 27 de novembro, que “dispõe sobre a especialização de engenheiros e arquitetos em Engenharia de Segurança do Trabalho e a profissão de Técnico de Segurança do Trabalho”, e, posteriormente, pelo Decreto no 92.350, de 09 de abril de 1986, sendo assim denominada como técnico de segurança do trabalho. Por se tratar de uma profissão regulamentada, é necessário o registro profissional junto ao MTE, conforme estabelecido na NR-27 – registro profissional do técnico de segurança do trabalho –, que diz em seu Art. 1º: O exercício da profissão do técnico de segurança do trabalho depende de prévio registro no Ministério do Trabalho através da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho ou das Delegacias Regionais do Trabalho. A referida NR foi revogada pela Portaria no 262, de 29 de maio de 2008, sendo o registro profissional de técnico de segurança do trabalho regulado, a partir de então, por tal portaria. As atividades desempenhadas pelo técnico de segurança do trabalho estão descritas na Portaria no 3.275, de 21 de setembro de 1989. Esse profissional deve dedicar-se a desempenhar exclusivamente as atribuições descritas nessa portaria, não sendo permitido o exercício de nenhuma outra função paralela ou similar e que não esteja estabelecida em lei. De acordo com o Art. 1º da portaria, o técnico de segurança do trabalho é responsável pelas seguintes atribuições: I. Informar o empregador, por meio de parecer técnico, sobre os riscos existentes nos ambientes de trabalho, bem como orientá-lo sobre as medidas de eliminação e neutralização; II. Informar os trabalhadores sobre os riscos da sua atividade, bem como as medidas de eliminação e neutralização; III. Analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os fatores de risco de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho e a presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador, propondo sua eliminação ou seu controle; IV. Executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e avaliar os resultados alcançados, adequando-os às estratégias utilizadas de maneira a integrar o processo prevencionista em uma planificação, beneficiando o trabalhador; V. Executar programas de prevenção de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho nos ambientes de trabalho, com a participação dos trabalhadores, acompanhando e avaliando seus resultados, bem como sugerindo constante atualização dos mesmos e estabelecendo procedimentos a serem seguidos; VI. Promover debates, encontros, campanhas, seminários, palestras, reuniões, treinamentos e utilizar outros recursos de ordem didática e pedagógica com o objetivo de divulgar as normas de segurança e higiene do trabalho, assuntos técnicos, visando evitar acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho; VII. Executar as normas de segurança referentes a projetos de construção, aplicação, reforma, arranjos físicos e de fluxos, com vistas à observância das medidas de segurança e higiene do trabalho, inclusive por terceiros; VIII. Encaminhar aos setores e áreas competentes normas, regulamentos, documentação, dados estatísticos, resultados de análises e avaliações, materiais de apoio técnico, educacional e outros de divulgação para conhecimento e autodesenvolvimento do trabalhador;; IX. Indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção contra incêndio, recursos audiovisuais e didáticos e outros materiais considerados indispensáveis, de acordo com a legislação vigente, dentro das qualidades e especificações técnicas recomendadas, avaliando seu desempenho; X. Cooperar com as atividades do meio ambiente, orientando quanto ao tratamento e destinação dos resíduos industriais, incentivando e conscientizando o trabalhador da sua importância para a vida; XI. Orientar as atividades desenvolvidas por empresas contratadas, quanto aos procedimentos de segurança e higiene do trabalho previstos na legislação ou constantes em contratos de prestação de serviço; XII. Executar as atividades ligadas a segurança e higiene do trabalho utilizando métodos e técnicas científicos, observando dispositivos legais e institucionais que objetivem a eliminação, controle ou redução permanente dos riscos de acidentes do trabalho e a melhoria das condições do ambiente, para preservar a integridade física e mental dos trabalhadores; XIII. Levantar e estudar os dados estatísticos de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho, calcular a frequência e a gravidade destes para ajustes das ações prevencionistas, normas, regulamentos e outros dispositivos de ordem técnica que permitam a proteção coletiva e individual; XIV. Articular-se e colaborar com os setores responsáveis pelos recursos humanos, fornecendo-lhes resultados de levantamentos técnicos de riscos das áreas e atividades para subsidiar a adoção de medidas de prevenção em nível de pessoal; XV. Informar os trabalhadores e o empregador sobre as atividades insalubres, perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos específicos, bem como as medidas e alternativas de eliminação ou neutralização dos mesmos; XVI. Avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer técnico que subsidie o planejamento e a organização do trabalho de forma segura para o trabalhador; XVII. Articular-se e colaborar com os órgãos e entidades ligados à prevenção de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho; XVIII. Participar de seminários, treinamentos, congressos e cursos visando ao intercâmbio e ao aperfeiçoamento profissional. Em caso de dúvidas com relação à atividade exercida pelo técnico de segurança do trabalho que não tenham sido devidamente esclarecidas nessa portaria, recomenda-se que o profissional, ou qualquer interessado, procure a Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho (SSMT). 2.2.2 Engenheiro de segurança do trabalho O engenheiro de segurança do trabalho é o profissional graduado em engenharia ou arquitetura, com pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho. Não existe graduação específica nessa área, apenas a especialização em nível de pós-graduação exclusiva para os engenheiros e arquitetos. No Brasil, assim como o técnico de segurança do trabalho, essa profissão é regulamentada pela Lei no 7.410, que dispõe também sobre a especialização em nível de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho para engenheiros e arquitetos, desde a sua publicação em 27 de novembro de 1985. Antes da publicação dessa lei, a Fundacentro era responsável, também, pela formação dos profissionais de engenharia de segurança do trabalho. Os cursos eram realizados pela própria Fundacentro ou por instituições de ensino superior conveniadas. O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CREA) é a instituição responsável pelo registro desse profissional, bem como pela definição das disciplinas do curso de formação de engenharia de segurança do trabalho (matriz curricular) e pelo credenciamento das instituições de ensino que ofertam o curso de especialização. Não há no Brasil um sindicato específico para engenheiros de segurança do trabalho, que, por isso, fazem parte do sindicado dos engenheiros em geral.O que existe em alguns estados são associações específicas para engenharia de segurança; em São Paulo, por exemplo, temos a Associação Paulista dos Engenheiros de Segurança do Trabalho (APAEST), cuja missão consiste na “atuação na defesa de seus associados, fortalecer a engenharia de segurança do trabalho, promover o desenvolvimento sustentável na comunidade, incluindo a melhoria das condições de trabalho e a preservação do meio ambiente e da integridade física dos trabalhadores”. Por se tratar de uma profissão regulamentada, existem diversas leis e resoluções referentes à Engenharia de Segurança do Trabalho. A principal delas é a Resolução no 325, de 27 de novembro de 1987, que “dispõe sobre o exercício profissional, o registro e as atividades do engenheiro de segurança do trabalho, e dá outras providências”. O Art. 1º dessa resolução trata do exercício da especialização de engenheiro de segurança do trabalho, que é permitido, exclusivamente: I. Ao engenheiro ou arquiteto, portador de certificado de conclusão de curso de especialização no nível de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho; II. Ao portador de certificado de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário, pelo Ministério do Trabalho; III. Ao possuidor de registro de engenheiro de segurança do trabalho, expedido pelo Ministério do Trabalho, dentro de 180 (cento e oitenta) dias da extinção do curso referido no item anterior. O Art. 2º trata dos conselhos regionais, que concederão o registro dos engenheiros de segurança do trabalho, procedendo à anotação nas carteiras profissionais já expedidas. O Art. 3º informa que, para o registro, só serão aceitos certificados de cursos de pós- graduação credenciados pelo Conselho Federal de Educação, ressalvadas as hipóteses contempladas nos incisos II e III do Art. 1º. O Art. 4º diz que as atividades exercidas pelos engenheiros e arquitetos na especialidade de Engenharia de Segurança do Trabalho envolvem: 1. Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de Engenharia de Segurança do Trabalho; 2. Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho, ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento 3. Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a gerenciamento e controle de riscos; 4. Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição e agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como: poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em geral e pressões anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres e perigosos; 5. Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos, inclusive com respeito a custos; 6. Propor políticas, programas, normas e regulamentos de segurança do trabalho, zelando pela sua observância; 7. Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração de projetos de obras, instalações e equipamentos, opinando do ponto de vista da engenharia de segurança; 8. Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus pontos de risco e projetando dispositivos de segurança; 9. Projetar sistemas de proteção contra incêndio, coordenar atividades de combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência e catástrofes; 10. Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança do trabalho, delimitando áreas de periculosidade; 11. Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e os de proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade e eficiência; 12. Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o controle do recebimento e da expedição; 13. Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de acidentes, promovendo a instalação de comissões e assessorando-lhes o funcionamento; 14. Orientar o treinamento específico de segurança do trabalho e assessorar a elaboração de programas de treinamento geral, no que diz respeito à segurança do trabalho; 15. Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção de medidas de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a executar assim o exigir; 16. Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de funções, apontando os riscos decorrentes desses exercícios; 17. Propor medidas preventivas no campo de segurança do trabalho, em face do conhecimento da natureza e gravidade das lesões provenientes do acidente de trabalho, incluídas as doenças do trabalho; 18. Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio de seus representantes, as condições que possam trazer danos à sua integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e que deverão ser tomadas. 2.2.3 Técnico de enfermagem do trabalho O auxiliar de enfermagem do trabalho é o profissional com formação em auxiliar de enfermagem que se especializou por meio do curso de auxiliar de enfermagem do trabalho. O técnico de enfermagem do trabalho é o profissional que se formou como técnico de enfermagem e fez uma especialização técnica em enfermagem do trabalho. De acordo com a NR-4, as empresas são obrigadas a manter em seu quadro de funcionários o auxiliar de enfermagem do trabalho. Tem se tornado comum, porém, que as instituições de ensino deixem de formar o auxiliar de enfermagem do trabalho, dando exclusividade apenas para o técnico de enfermagem do trabalho, o que, para as empresas, acaba se tornando um bom negócio, pois terão a possibilidade de contratar um profissional mais especializado. Hoje, quem inicia o curso de auxiliar de enfermagem acaba dando preferência ao curso técnico, ao passo que os auxiliares já formados estão voltando para escola para complementar sua formação por meio do curso de formação e de especialização de nível técnico. A inclusão do auxiliar de enfermagem do trabalho junto à equipe de saúde ocupacional ocorreu em 1972 por meio da Portaria no 3.237 do MTE, que tratava da obrigatoriedade da existência dos SESMT no Brasil. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) são os responsáveis pelos critérios de formação, registro e fiscalização desses profissionais. Existem diversas leis e resoluções pertinentes à enfermagem do trabalho; a Resolução no 238/2000 do Cofen “fixa normas para a qualificação em nível médio de enfermagem do trabalho e dá outras providências”. Esse profissional integra o SESMT com a finalidade de promover a saúde do trabalhador no ambiente de trabalho, auxiliando os demais profissionais do SESMT. De acordo com a Lei no 7.498/1986, que “dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem”, esse profissional deve atuar sob a supervisão de um enfermeiro do trabalho no atendimento ambulatorial, além de exercer as seguintes atividades: ■ Atender o trabalhador ■ Auxiliar nos exames admissionais ■ Atender as emergências e oferecer primeiros socorros ■ Coletar materiais para exames quando necessário ■ Fazer encaminhamento de exames laboratoriais ■ Preparar o empregado para a realização de exame médico ■ Auxiliar nas campanhas educativas e eventos de segurança e saúde no trabalho, como, por exemplo, campanhas de prevenção a diabetes, doenças sexualmente transmissíveis (DST), tabagismo, hipertensão, obesidade, alcoolismo e drogas ilícitas ■ Controlar e preparar equipamentos■ Organizar, controlar e arquivar documentos médicos. Para a Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho (Anent), existe diferença entre os perfis do técnico e do auxiliar de enfermagem. Enquanto o técnico de enfermagem desempenha atividades de colaboração com o enfermeiro do trabalho, no que diz respeito às atividades de planejamento, programação, orientação e execução de atividades, o auxiliar de enfermagem restringe-se à execução de atividades planejadas. De acordo com a Anent, as atribuições do técnico de enfermagem do trabalho são: ■ Participar, junto ao enfermeiro, de: •Planejamento, programação e orientação das atividades de enfermagem do trabalho; •Desenvolvimento e execução de programas de avaliação da saúde dos trabalhadores; •Elaboração e execução de programas de controle das doenças transmissíveis e não transmissíveis e de vigilância epidemiológica dos trabalhadores; •Execução dos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais. ■ Executar todas as atividades de enfermagem do trabalho, exceto as privativas do enfermeiro; ■ Integrar a equipe de saúde do trabalhador; Já o auxiliar de enfermagem do trabalho carrega as seguintes atribuições: ■ Auxiliar o enfermeiro na execução de programas de avaliação da saúde dos trabalhadores, de acordo com a sua qualificação: •Observando, reconhecendo e descrevendo sinais e sintomas; •Executando ações de simples complexidade. ■ Executar atividades de enfermagem do trabalho, de acordo com a sua qualificação, nos programas de: •Prevenção e controle das doenças profissionais e acidentes de trabalho; •Controle de doenças transmissíveis e não transmissíveis e vigilância epidemiológica dos trabalhadores; •Educação para a saúde da clientela. ■ Integrar a equipe de saúde dos trabalhadores. O técnico e o auxiliar de enfermagem do trabalho auxiliam o SESMT no desenvolvimento de projetos, aplicando técnicas que visam à prevenção e ao controle de doenças do trabalho, auxiliando na investigação de acidentes, quando necessário, e na realização de treinamentos específicos relacionados à saúde dos trabalhadores. 2.2.4 Enfermeiro do trabalho O enfermeiro do trabalho é o profissional graduado em enfermagem com pós- graduação em enfermagem do trabalho. No ambiente empresarial, é o líder e o responsável pelos técnicos e auxiliares de enfermagem do trabalho; presta serviço de atendimento aos funcionários no ambulatório da empresa ou, quando necessário, nos setores, exerce atividades relacionadas a higiene ocupacional, medicina e segurança do trabalho e coordena o auxiliar e/ou técnico de enfermagem do trabalho, integrando a equipe do SESMT. No Brasil, a enfermagem do trabalho no Brasil vem galgando espaço ao longo dos anos. A inserção do enfermeiro do trabalho nas equipes de saúde ocupacional ocorreu em 1975 por meio da Portaria no 3.460 do MTE. A princípio, era visto como um profissional de atendimento a emergências nas empresas, o que não o valorizava muito, já que os casos de atendimento emergencial dentro das empresas eram raros, para não dizer improváveis. Hoje, essa visão mudou, principalmente após a publicação de legislações mais densas e a mudança de conceitos de empresários e funcionários, que modificaram a maneira como o enfermeiro do trabalho poderia atuar nas empresas, ampliando a sua gama de atribuições no que diz respeito à promoção da saúde e à prevenção de doenças. O enfermeiro do trabalho atua, também, em controle das atividades, desenvolvimento de projetos e pesquisas, bem como presta atendimento aos empregados em situações de emergência. São diversas as atividades do enfermeiro do trabalho dentro de uma empresa. De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) 0-71.40, as principais funções do enfermeiro do trabalho são: ■ Estudar as condições de segurança e periculosidade da empresa, efetuando observações nos locais de trabalho e discutindo-as em equipe, para identificar as necessidades no campo da segurança, higiene e melhoria do trabalho; ■ Elaborar e executar planos e programas de proteção à saúde dos empregados, participando de grupos que realizam inquéritos sanitários, estudam as causas de absenteísmo, fazem levantamentos de doenças profissionais e lesões traumáticas, procedem a estudos epidemiológicos, coletam dados estatísticos de morbidade e mortalidade de trabalhadores, investigando possíveis relações com as atividades funcionais, para obter continuidade operacional e aumento da produtividade; ■ Executar e avaliar programas de prevenções de acidentes e de doenças profissionais ou não profissionais, fazendo análise da fadiga, dos fatores de insalubridade, dos riscos e das condições de trabalho do menor e da mulher, para propiciar a preservação de integridade física e mental do trabalhador; ■ Prestar primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente ou doença, fazendo curativos ou imobilizações especiais, administrando medicamentos e tratamentos e providenciando o posterior atendimento médico adequado, para atenuar consequências e proporcionar apoio e conforto ao paciente; ■ Elaborar e executar ou supervisionar e avaliar as atividades de assistência de enfermagem aos trabalhadores, proporcionando-lhes atendimento ambulatorial, no local de trabalho, controlando sinais vitais, aplicando medicamentos prescritos, curativos, inalações e testes, coletando material para exame laboratorial, vacinações e outros tratamentos, para reduzir o absenteísmo profissional; ■ Organizar e administrar o setor de enfermagem da empresa, provendo pessoal e material necessários, treinando e supervisionando auxiliares de enfermagem do trabalho, atendentes e outros, para promover o atendimento adequado às necessidades de saúde do trabalhador; ■ Treinar trabalhadores, instruindo-os sobre o uso de roupas e material adequado ao tipo de trabalho, para reduzir a incidência de acidentes; ■ Planejar e executar programas de educação sanitária, divulgando conhecimentos e estimulando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir doenças profissionais, mantendo cadastros atualizados, a fim de preparar informes para subsídios processuais nos pedidos de indenização e orientar em problemas de prevenção de doenças profissionais. A Anent, além das funções definidas pela CBO, inclui, ainda, a função de registrar dados estatísticos de acidentes e doenças profissionais, mantendo cadastros atualizados, a fim de preparar informes para subsídios processuais nos pedidos de indenização e orientar em problemas de prevenção de doenças profissionais. 2.2.5 Médico do trabalho A medicina do trabalho é uma especialidade médica que trata das relações entre a saúde dos trabalhadores e seu campo de trabalho. Atua não só na prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais e do trabalho, mas também promove, por meio de programas apropriados, a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho, assegurando o bem-estar dos trabalhadores nos âmbitos social e profissional. O médico do trabalho é o profissional graduado em Medicina e com pós- graduação em Medicina do Trabalho. Dentro de uma empresa, é o responsável por área médica, procedimentos de saúde, realização de consultas e atendimentos médicos, tratamento e acompanhamento das doenças dos profissionais, negociação com empresas, implantação e acompanhamento de ações de prevenção de doenças e promoção da saúde dos trabalhadores, por meio de programas e serviços de saúde, efetuando perícias e auditorias médicas e elaborando documentos de medicina do trabalho. Entre as demais tarefas do médico do trabalho estão elaboração, implantação e implementação do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO), que se baseia nas informações apresentadas no Programa de Prevenção deRiscos Ambientais (PPRA) desenvolvido pelo engenheiro de segurança do trabalho e pelo técnico de segurança do trabalho. O profissional participa, ainda, das investigações de acidentes e doenças ocupacionais e do trabalho, elabora a comunicação de acidente de trabalho (CAT), realiza avaliações ergonômicas, auxilia na elaboração do Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) e dos laudos de insalubridade e periculosidade, entre outras atribuições. 3. NORMAS BS 8800; OHSAS 18001; ISO 45001 3.1. Normas BS 8800 A BS (British Standard) 8800 é uma norma britânica que foi publicada em 1996 com a finalidade de melhorar o desempenho da SST da organização. Ela é uma guia que fornece orientações de como a gestão de SST pode ser integrada ao gerenciamento do negócio. Essa integração ajuda a minimizar os riscos para os funcionários e outros integrantes, estabelecendo para a organização uma imagem responsável no ambiente em que atua. As organizações não atuam isoladamente; diversas partes que podem ter um interesse legítimo na abordagem adotada por uma organização para com a SST incluem: empregados, consumidores, clientes, fornecedores; a comunidade; os acionistas; os empreiteiros; os seguradores, assim como as agências governamentais encarregadas de zelar pelo cumprimento dos regulamentos e das leis. Esses interesses precisam ser reconhecidos. O bom desempenho de saúde e segurança não é casual. As organizações devem dispensar a mesma importância à obtenção de altos padrões de gerenciamento de SST como o fazem com respeito a outros aspectos chaves de suas atividades empresariais. Isto requer a adoção de uma abordagem estruturada para a identificação, avaliação e controle dos riscos relacionados com o trabalho. Muitas das características do gerenciamento eficaz de SST se confundem com práticas sólidas de gerência defendidas por proponentes da excelência da qualidade e dos negócios. Estas orientações têm por base os princípios gerais da boa gerência e foram concebidas para capacitar a integração do gerenciamento de SST com o sistema de gerência geral. Neste sentido, a BS 8800 é composta pelos seguintes itens: (a) Objetivo, (b) Referências informativas, (c) Definições, (d) Elementos do Sistema de Gestão da SST (Introdução; Política de SST; Planejamento; Implementação e operação; Verificação e ação corretiva; Análise crítica pela administração) e (e) Anexos. 3.2 OHSAS 18001 A grande aceitação dos sistemas de gestão da qualidade (ISO 9001) e gestão ambiental (ISO 14001) deu origem a uma demanda internacional crescente para elaboração de uma norma de segurança e saúde no trabalho com características similares. Com o intuito de atender esta demanda, alguns Organismos Certificadores (OCs), que representavam cerca de 80% do mercado mundial de certificação de sistemas de gestão, reuniram-se na Inglaterra e criaram a OHSAS 18001:1999, a primeira norma de certificação de Sistemas de Gestão da SST. Na sua elaboração foi adotada a mesma estrutura da ISO 14001:1996 (meio ambiente) que facilitou seu entendimento para aqueles já familiarizados com o sistema de gestão ambiental. A OHSAS 18001 entrou em vigor em 1999 e em 2007 foi realizada sua primeira revisão. A revisão não alterou significativamente a estrutura da norma, mas introduziu diversos aperfeiçoamentos: a importância dada à saúde e a melhoria do alinhamento com a ISO 14001:2004 foram os principais. Além disso, houve um aumento no enfoque preventivo com a exigência de gerenciamento de incidentes. A OHSAS 18001:2007 especifica os requisitos para um sistema de gestão de SST que permita à organização desenvolver e implementar sua política de SST, considerando requisitos legais e informações sobre riscos. Ela se aplica a qualquer organização que deseje: Estabelecer um sistema de gestão de SST para eliminar ou minimizar o risco para os trabalhadores e outras partes interessadas que possam ser expostas a riscos para a SST associados às suas atividades; Implementar, manter e melhorar continuamente esse sistema de gestão; e Assegurar-se da conformidade com a sua política de SST definida. A OSHAS 18001:2007 está estruturada em quatro seções: (1) Objetivo e campo de aplicação; (2) Publicações de referência; (3) Termos e definições; e (4) Requisitos do Sistema de Gestão de SST. A OSHAS 18002 – Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional apresenta os requisitos específicos da OSHAS 18001, acompanhados das diretrizes para a implantação da mesma. A OSHAS 18001:2017 continua válida e segue sendo aceita pelo sistema ISO como norma complementar ao SGI das empresas. A validade da integração da OSHAS às normas ISO está prevista para ser descontinuada próximo ao meado de 2021, decorridos os três anos de publicação da ISO 45001:2018, quando se espera que as empresas já devam ter realizado a migração para o sistema de ISO 45001. 3.3 ISO 45001 Em 2018, foi publicada a ISO 45001, que possui a mesma identidade das normas ISO 9001:2015 e 14001:2015, com foco na gestão de riscos, melhoria contínua e conscientização dos públicos interno/externo envolvidos no processo coletivo de gestão da saúde e segurança ocupacional. A ISO 45001 foi criada na perspectiva de alinhamento à ISO 19011 (auditoria integrada), particularmente pela necessidade de se formular uma norma mais integrável à gestão de qualidade e meio ambiente. A ISO 45001 é baseada numa estrutura atualizada, que traz uma estrutura comum para todos os sistemas de gestão, que ajuda a manter a consistência e alinhamento com as diferentes normas de sistema de gestão, em relação à estrutura de alto nível, aplicando uma linguagem comum a todas as normas, buscando: (a) se integrar com outros sistemas de gestão; (b) fornecer uma abordagem integrada para gestão organizacional; (c) refletir os ambientes cada vez mais complexos em que as organizações operam; e (d) melhorar a capacidade de uma organização para gerenciar seus riscos de saúde e segurança. A norma ISO 45001:2018 busca atualizar a estrutura dos elementos de gestão e de melhoria contínua proposta pela OHSAS 18001:2009, através da introdução dos seguintes critérios centrais: 1. Escopo. Detalha o escopo da norma internacional, a qual especifica os requisitos para um sistema de gestão de saúde e segurança do trabalho (SST), com orientações para a sua utilização. 2. Referências normativas. Não destaca ou apresenta referências normativas em seu contexto. 3. Termos e definições. Foram adicionados novos termos e definições e outros foram revisados em relação à OHSAS 18001:2007, incluindo os relativos à participação dos trabalhadores, a consulta, risco de SST, oportunidade de SST, desempenho de SST, lesões e problemas de saúde, entre outros. 4. Contexto da organização. Busca estabelecer o contexto do sistema de gestão de SST, orientando e fornecendo às organizações a oportunidade de identificar e compreender os fatores externos e internos e as partes interessadas que afetam os resultados do sistema de gestão de SST. Alinhada às principais atualizações das ISO 9000:2015 e ISO 14000:2015, indica que a organização precisa identificar e ter em conta as necessidades e expectativas das “partes interessadas” relevantes para o seu sistema de gestão da SST. Ressalta a relevância do processo de melhoria contínua em estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente o sistema de gestão da SST em conformidade com os requisitos da norma. 5. Liderança e participação dos trabalhadores. Enfoca que a alta direção deve assumir a responsabilidade geral e prestação de contas para a proteção da saúde e segurança relacionadas com o trabalho dos trabalhadores e necessidade de desenvolver, liderar e promover uma cultura que suporteo sistema de gestão de SST. Orienta, ainda, que se assegure que os requisitos sejam integrados com os processos da organização e que a política e os objetivos sejam compatíveis com a direção estratégica da organização. Aponta a necessidade de se estabelecer a política de SST, indicando características e propriedades que a política deve incluir, em consulta com os trabalhadores em todos os níveis. 6. Planejamento. Enfoca que o planejamento – traduzido por definição de uma política, objetivos, metas e indicadores, entre outros elementos – deve ser visto como um processo permanente que antecipe o processo de gestão de mudanças. Aborda a identificação de riscos e oportunidades que precisam ser tratados para garantir que o sistema possa atingir os seus resultados pretendidos, prevenir ou reduzir os efeitos indesejáveis e melhorar continuamente. Apresenta exigência de que as organizações estabeleçam um processo para determinar e atualizar os requisitos legais e outros requisitos que são aplicáveis aos seus perigos e riscos de SSO. Outro elemento chave é a necessidade de estabelecer objetivos de SST que sejam mensuráveis ou pelo menos possíveis de avaliação. Os objetivos de SST precisam manter e melhorar continuamente o sistema de gestão de SST. 7. Suporte. Enfoca que as organizações devem determinar e prover os recursos (humanos, recursos naturais, infraestrutura e recursos financeiros) necessários para estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente o sistema de gestão de SST. Indica, ainda, que as organizações deverão determinar a competência necessária dos trabalhadores que afetam ou podem afetar o desempenho da SST e garantir que eles recebam a educação e formação apropriadas, garantindo que todos os trabalhadores estejam cientes da política de SST, dos perigos e riscos de SST que sejam relevantes e sua contribuição para a eficácia do sistema e as implicações de não conformidades com isso. Enfoque, ainda, a necessidade de um processo formal de informações e comunicações internas e externas relevantes para o sistema de gestão de SST. 8. Operação. Enfoca a execução dos planos e processos objeto dos itens anteriores, indicando a necessidade de formalização do estabelecimento de processo de planejamento e controles operacionais para atender aos requisitos do sistema de gestão de SST, incluindo controles para reduzir os riscos de SST, para níveis aceitáveis. Destaca, ainda, conceitos como gestão de EPI, revisão de análise de riscos nos processos de gestão de mudanças, compras, gestão de terceirizados, entre outros. 9. Avaliação de desempenho. Enfoca que as organizações necessitam determinar quais informações deverão ser imprescindíveis para avaliar o desempenho e eficácia de SST, de forma a garantir a eficácia do processo de identificação da periodicidade e respectivas métricas de monitoramento e controle do sistema de SST. 10. Melhoria. Enfoca, em seus processos, o requisito “melhoria contínua”, de forma a analisar os riscos e continuamente adequar a eficácia do sistema de gestão da SST. Espera-se que a ISO 45001:2018 venha contribuir para facilitar um maior envolvimento da alta administração no planejamento do sistema de gestão de SST e sua respectiva integração aos processos de negócios corporativos. 4 SISTEMA DE GESTÃO - PDCA As organizações têm enfrentado problemas quanto ao seu desempenho frente às constantes mudanças ocorridas no cenário competitivo. Cada vez mais os estudiosos e administradores estão em busca de modelos para melhorar o desempenho organizacional. Atualmente, o mercado passou a exigir que as organizações agreguem aos seus produtos e serviços o comprometimento no atendimento a padrões de normas internacionais de qualidade, sustentabilidade ambiental e proteção à integridade física e saúde de seus trabalhadores. Assim, o gerenciamento das questões ambientais e de saúde e segurança do trabalho, com foco na prevenção de acidentes e no tratamento dos problemas potenciais, passou a ser vital para a sobrevivência do empreendimento. O Sistema de Gestão da SST é parte integrante de um sistema de gestão de toda e qualquer organização, o qual proporciona um conjunto de ferramentas que potenciam a melhoria da eficiência da gestão dos riscos da SST, relacionados com todas as atividades da organização. Os sistemas de gestão de SST estão normalmente apoiados em políticas com uma visão mais generalista. Um exemplo de política generalista é apresentado pela Organização Internacional do Trabalho (ILO-OSH 2001), que possui um espectro amplo de aplicações em organizações de diferentes nacionalidades, porém não contempla, de forma detalhada, as orientações necessárias para o estabelecimento de um programa ou sistema voltado à gestão da SST, cujo papel tem sido assumido por normas mais específicas em cada país, como, por exemplo, a extinta norma BS 8800:1996, a OHSAS 18001:1999 e a ISO 45001:2018. Cada organização deve refletir, a partir de seu porte e natureza de seus riscos, e adequar os aspectos referidos, em face das suas características e especificidades, com o propósito de definir, tornar efetiva, rever e manter a política da SST da organização, com base na qual se poderá definir e estabelecer: a estrutura operacional; as atividades de planejamento; as responsabilidades; as práticas; os procedimentos; os processos; os recursos. Definida a política da SST, a organização deve desenhar um sistema de gestão que englobe desde a estrutura operacional até a disponibilização dos recursos, passando pelo planejamento, pela definição de responsabilidades, práticas, procedimentos e processos, aspectos decorrentes da gestão e que atravesse horizontalmente toda a organização. O sistema deve ser orientado para a gestão dos riscos, devendo assegurar a identificação de perigos, a avaliação de riscos e o controle de riscos. Durante a implantação de sistemas de gestão de SST a organização deve atentar para quatro atividades básicas: o planejamento; a implementação e operação; a verificação e as ações corretivas. Esses quatro blocos de atividades são baseados na metodologia do ciclo PDCA, como descrito a seguir. • Plan (Planejar): estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os resultados de acordo com a política de SST da organização. • Do (Fazer): implementar os processos. • Check (Verificar): monitorar e medir os processos em relação à política e aos objetivos de SST; aos requisitos legais e outros; e relatar os resultados. • Act (Agir): executar ações para melhorar continuamente o desempenho da SST. 5 SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO – SIG Em 1987, a British Standard Institution (BSI) publicou a série ISO 9000 devido à necessidade de desenvolvimento de um sistema de gerenciamento da qualidade. O objetivo dessa série é garantir a qualidade nos processos produtivos através de procedimentos padronizados que resultem no aumento da confiabilidade dos produtos e serviços. Ainda no início da década de 1990, surgiu o conceito de sistema de gerenciamento ambiental, formalizado pela BSI na norma BS 7750, que foi o embrião da série ISO 14000. Em maio de 1996, a BSI criou a BS 8800, um guia baseado em princípios gerais de bom gerenciamento que tem por objetivo garantir níveis de segurança e saúde ocupacionais desejáveis para os trabalhadores de uma organização. Por ser um sistema holístico, permite a integração com os sistemas globais de gerenciamento das organizações. 6 GESTÃO DE RISCOS Atualmente, existe a falta de consenso quanto às terminologias e aos conceitos utilizados para a gestão de riscos, o que faz com que as organizações enfrentem dificuldades em integrar as diferentesfunções e atividades relativas ao tema. Essa falta de consenso, na prática, resulta no tratamento da gestão de risco de forma isolada, ocasionando muitas vezes a geração dos chamados silos ou ilhas departamentais, o que provoca a utilização de terminologias, sistemas, critérios e conceitos diferentes para cada uma das áreas da organização. Além disso, o gerenciamento de risco deve ter um caráter participativo, em que os trabalhadores sejam os sujeitos nas ações. Essa forma de gerenciamento evita que ocorra o chamado gerenciamento artificial de risco. Neste capítulo adotaremos a definição de gestão de riscos utilizada por De Cicco e Fantazzini (2003): “é a ciência, a arte e a função que visa à proteção dos recursos humanos, materiais, ambientais e financeiros de uma organização, quer através da eliminação ou redução de seus riscos, quer através do financiamento dos riscos remanescentes, conforme seja economicamente mais viável”. O processo de gerenciamento de riscos, como todo procedimento de tomada de decisão, começa com a identificação e a análise de um problema. No caso da gestão de riscos, o problema consiste, primeiramente, em se conhecer e analisar os riscos de perdas acidentais que ameaçam a organização. A identificação de riscos é, indubitavelmente, a mais importante das responsabilidades do gestor de riscos. É o processo por meio do qual, contínua e sistematicamente, são identificadas perdas potenciais (a pessoas, à propriedade e por responsabilidade da organização), ou seja, situações de risco de acidentes que podem afetar a organização. 6.1 Identificação de Riscos Não existe um método ideal para se identificar riscos. Na prática, a melhor estratégia é combinar os vários métodos existentes, obtendo-se o maior número possível de informações sobre riscos e evitando-se, assim, que a organização seja, inconscientemente, ameaçada por eventuais perdas decorrentes de acidentes. São métodos frequentemente utilizados para identificar riscos: • Mapa de riscos. Tem como objetivo reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho nas empresas e possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e a divulgação de informações entre trabalhadores, bem como estimular a participação destes nas atividades de prevenção. A elaboração dos mapas de riscos é uma das atribuições da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e é composta das seguintes etapas: conhecer o processo de trabalho no local analisado; identificar os riscos existentes no ambiente pesquisado, conforme a classificação da Tabela 1 (Anexo IV) da Portaria 25, de 29 de dezembro de 1994, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego; identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia; reconhecer os indicadores de saúde; conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local; e elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da organização ou do ambiente analisado. • Checklists e roteiros. Podem ser obtidos em publicações especializadas sobre Engenharia de Segurança e Seguros, junto a corretoras, seguradoras etc., ou serem construídos. Deve-se ressaltar que, por mais precisos e extensos que sejam, há uma grande chance de eles omitirem situações de risco até vitais para uma determinada organização. Para minimizar o problema, os responsáveis pela gestão de riscos devem adaptar tais instrumentos às características e peculiaridades específicas da organização. • Inspeção de segurança. Nada mais é do que a procura de riscos comuns, já conhecidos teoricamente. O conhecimento teórico facilita a prevenção de acidentes, pois as soluções possíveis já foram estudadas anteriormente e constam de extensa bibliografia. Os riscos mais comumente encontrados em uma inspeção de segurança, entre outros, são: falta de proteção de máquinas e equipamentos; ausência de ordem e limpeza; falta de manutenção das ferramentas; iluminação e instalações elétricas deficientes; pisos escorregadios, precários, em mau estado de conservação; equipamentos de proteção contra incêndio em mau estado de conservação/uso ou insuficientes; falhas de operação. • Investigação de acidentes. É utilizada principalmente quando se tem um acidente de trabalho, haja vista que tal ocorrência necessita de uma verificação cuidadosa dos dados relativos ao acidentado, como comportamento, atividade exercida, tipo de ocupação, data e hora do acidente, entre outros, e ao acidente, como tipo, danos causados à empresa e ao(s) trabalhador(es), por exemplo. A forma de condução da investigação deve ser definida em função das peculiaridades de cada organização e/ou setor, como espaço físico, produto fabricado, processo produtivo, tipo de máquinas e equipamentos utilizados, características socioeconômicas da região onde está localizada a organização, por exemplo. • Fluxogramas. Esse método é bastante utilizado quando se quer identificar danos e perdas decorrentes de acidentes de trabalho. Inicialmente são elaborados fluxogramas com todas as operações realizadas na organização e/ou setor onde ocorreu o acidente, desde o fornecimento da matéria-prima até a entrega do produto final ao cliente, por exemplo. Em seguida, devem ser elaborados fluxogramas detalhados de cada uma das operações definidas no início, possibilitando, assim, a identificação dos respectivos danos e perdas ocorridos ou que possam vir a acontecer. 7. CERTIFICAÇÃO - SST A certificação de um sistema de gestão ocorre a partir da sua avaliação por uma entidade independente. É uma auditoria externa realizada por um organismo certificador (OC). A decisão pela implantação de um sistema de gestão numa organização pode ser espontânea, originar-se de uma estratégia de negócios ou a partir de solicitações dos clientes. O motivo determinante da implantação deve ser observado no momento da identificação e seleção da entidade certificadora. O reconhecimento e a confiabilidade do certificado estão intimamente relacionados com a credibilidade da empresa que realiza a avaliação. O conceito de acreditação de uma entidade certificadora está relacionado com o reconhecimento, pelo órgão normativo de algum país, de que as práticas de auditoria da organização estão em conformidade com os padrões internacionais e locais que regulamentam essas atividades. As auditorias de certificação do sistema de gestão da qualidade e do sistema de gestão ambiental são realizadas conforme diretrizes estabelecidas na norma ABNT NBR ISO/IEC 17021:2007 Avaliação de Conformidade – Requisitos para organismos que fornecem auditoria e certificação de sistemas de gestão. A norma é aplicável a qualquer sistema de gestão e introduz requisitos de desempenho para os organismos certificadores que são avaliados pelo órgão acreditador. Ela também estabelece princípios de auditoria, requisitos de estrutura e de recursos sobre informações dos processos e de sistema de gestão para o organismo certificador. Na área de sistemas de gestão de SST não existe entidade responsável pela acreditação de organismos certificadores para a avaliação da OHSAS 18001. As organizações podem selecionar o OC de sua maior confiança ou preferência. Contudo convém que esse OC seja acreditado para outros sistemas de gestão, pois os procedimentos de auditoria são semelhantes e facilitam o reconhecimento público do certificado emitido que alguns organismos denominam “Declaração de Conformidade”, justamente por não haver um sistema formal de acreditação. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABNT. NBR 14039: Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV. ABNT, Dezembro 2003. Rio de Janeiro. ABNT. NBR 14280/01: Cadastro de Acidentes do Trabalho, Procedimento e Classificação. Riode Janeiro: ABNT, 1994. ABNT. NBR 14787: Espaço Confinado, Prevenção de Acidentes, Procedimentos e Medidas de Proteção. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. ABNT. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, Março 2005. ABNT. NBR 5462: Confiabilidade e mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. 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