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Luana Villafuerte 1 OBESIDADE Ao calcular o IMC (peso/altura²), a obesidade pode ser classifica em: Algumas observações importantes: • Indivíduos com sobrepeso, podem ou não ter excesso de gordura → alguns podem até ter sobrepeso pelo aumento de massa muscular, que é apenas uma observação clínica • Riscos de problemas de saúde aumentam continuamente quando IMC ultrapassa 25 • Obesidade extrema é uma das principais características para indicação de cirurgia bariátrica o Pacientes com obesidade classe II podem ser considerados para cirurgia bariátrica se tiverem complicações clínicas graves e os tratamentos médicos tiverem falhado • Para decidir o tratamento, além do calculo do IMC é importante fazer medição da circunferência da cintura: o >94cm em homens e >80cm em mulheres → indicadores de aumento do risco metabólico e cardiovasculares o As recomendações são de medir a circunferência nos adultos com sobrepeso e obesidade classe I → adultos com classe II ou III já têm risco suficientemente alto (circunferência não fornece dados que acrescentam tanto) EPIDEMIOLOGIA : Nos EUA: • Há mais mulheres que homens com obesidade • Mais homens que mulheres com sobrepeso BIOPATOLOGIA: A obesidade tem componentes genéticos. Mas, os fatores ambientais também são importantes para determinar a obesidade. • Desnutrição materna nos dois primeiros trimestres de gravidez está associada a um aumento da probabilidade de obesidade no adulto • Crianças de mães diabéticas tendem a ser mais obesas que as das mães não diabéticas Existem algumas causas secundárias da obesidade, como: • Doenças → endocrinopatias, exemplo: síndrome de Cushing Luana Villafuerte 2 • Medicamentos • Aspectos psicossociais → abuso sexual, físico e emocional REGULAÇÃO DO PESO CORPORAL E BALANÇO ENERGÉTICO : O excesso de energia consumida pelos adultos, geralmente, é armazenada como triglicerídios no interior dos adipócitos. Existem vários sinais no nosso organismo que geram a sensação de saciedade. Alguns chegam ao cérebro pelo nervo vago e outros pela circulação sistêmica. Os sinais são provavelmente provocados pelos estímulos mecânicos e pela presença de nutrientes no jejuno e íleo. Alguns moduladores: A leptina é produzida predominantemente pelo tecido adiposo; é secretada quando há hiperalimentação e ganho de gordura corporal. É responsável por diminuir o apetite, estimulando a saciedade (anorexígeno), ao bloquear a liberação hipotalâmica do neuropeptídeo Y(“maior estimulador central do apetite”) e, ao mesmo tempo, estimular a secreção do alfa-MSH (um promotor de saciedade), derivado da POMC (pró-opiomelanocortina) . Ela é secretada com base na porcentagem de gordura corporal, e as mulheres têm mais gordura corporal que os homens, logo, elas apresentam maiores níveis de leptina. • Pode existir um defeito nos receptores de leptina, o que torna o indivíduo incapaz de responder aos efeitos dela → obesidade. Mas, esses casos são muito raros. A maioria dos obesos têm níveis elevados de leptina o “Na verdade, a leptina é um marcador da obesidade: quanto mais obeso o paciente, maior é o nível plasmático de leptina.” • Deficiência de leptina → aumento da fome e diminuição da saciedade • A insulina atua como potencializador do sinal da leptina • Outros hormônios que inibem a vontade de comer: CCK, peptídeo YY, peptídeo glucagon-like tipo 1 A grelina é um peptídeo produzido no estomago, aumenta a sensação de fome (orexígeno). • Neuropeptídeo Y, no SNC, é o principal orexígeno Luana Villafuerte 3 COMPLICAÇÕES METABÓLICAS DA OBESIDADE: RESISTÊNCIA À INSULINA : A resistência à insulina, inicialmente, causa a hiperinsulinemia → pode levar ao DM II. Concentrações altas de ácidos graxos livres (AGL) induzem estado de resistência à insulina no musculo (absorção de glicose) e no fígado (liberação de glicose) independentemente da obesidade. Além disso, pode ser possível que a produção desregulada de vários hormônios derivados do tecido adiposo (adipocinas) contribua para a resistência insulínica e para as complicações metabólicas da obesidade (exemplo: adiponectina é derivado dos adipócitos e melhora a ação da insulina; ele tem secreção reduzida na obesidade e diabetes). p.s.: o 1º local em que se observa a absorção, oxidação e armazenamento de glicose estimulada pela insulina é a musculatura esquelética. O principal local que produz glicose é o fígado. FALÊNCIA DAS CÉLULAS DAS ILHOTAS E DM II : O DM2 geralmente se desenvolve pelo defeito na secreção ou na ação da insulina. Alguns estudos dizem que há uma lipotoxicidade envolvida na falência das células B-pancreáticas. HIPERTENSÃO : Vários mecanismos podem aumentar a PA: • Volume circulatório aumentado o Existem estudos que mostram também que a hiperinsulinemia causa aumento da absorção renal de sódio → aumentando o volume circulante • Vasoconstrição anormal • Relaxamento valvular diminuído • Aumento do débito cardíaco Em alguns experimentos, os níveis elevados de AGL foram apontados como causadores de aumento de vasoconstrição e diminuição do relaxamento vascular mediado por óxido nítrico. Além disso, alguns obesos apresentam maior atividade do sistema simpático. Outro fator é que o angiotensinogênio (precursor da ANG II) é também produzido pelos adipócitos → sua maior secreção pode contribuir para aumento da PA. DISLIPIDEMIAS : Obesidade central e DM II estão associadas com o aumento de triglicerídeos, diminuição de lipoproteínas e alta densidade (HDL) e com alta proporção de proteínas de ata densidade (LDL). A dislipidemia contribui para o aumento do risco cardiovascular. O tecido adiposo pode fornecer excesso de ácidos graxos livres, causando a gordura visceral e aumento do tecido subcutâneo na região central do corpo → aumento da oferta de AGL para o fígado → aumento de VLDL secretado pelo fígado → hipertrigliceridemia em jejum. A elevação de VLDL, indiretamente, causa diminuição de HDL e aumento de LDL. MANIFESTAÇÕES ENDÓCRINAS : • Exemplo: Síndrome dos ovários policísticos COMPLICAÇÕES MECÂNICAS E OUTRAS : • Apneia obstrutiva do sono → talvez pelo aumento de tecidos moles das VAS, que colapsam na inspiração Luana Villafuerte 4 • Doenças articulares degenerativas dos MMII • Câncer • Distúrbios gastrintestinais → DRGE e cálculos biliares, por exemplo DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO: Clínico, pelo cálculo de IMC e, para pacientes com IMC >35, necessário medição da circunferência abdominal. É importante também aferir a PA e investigar comorbidades associadas, como HAS, diabetes e dislipidemias. Avaliação do risco é necessária, revisando seu estilo de vida e sugerindo alterações. Lembrando que é importante que o paciente tenha vontade de fazer tais mudanças para que elas de fato ocorram. • Dieta: o Consumir alimentos ricos em água e fibras (frutas, verduras, legumes e sopas) o Reduzir ingestão de bebidas calóricas • Atividade física: o No mínimo, 150 minutos por semana, combinando atividades aeróbicas e de resistência (musculação) TERAPIA MEDICAMENTOSA : Para quem? • Indivíduos com IMC >30 kg/m² ou • Indivíduos sobrepeso com comorbidades + falha em perder peso com tratamento não farmacológico (<5% de perda de peso em 6 meses) Ela é uma terapia adjuvante! A base é sempre dieta + exercício físico. Fármacos: p.s.: no Brasil, são 3 os medicamentos aprovados para tratamento da obesidade: sibutramina, orlistate e liraglutida. SIBUTRAMINA: É um inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina → ficam mais na fenda sináptica, dando maior saciedade. Ajuda na perda de peso se usado por até 2 anos. Sua suspensão, principalmente antes do período, leva a novo ganho de peso. • Pacientes que não responderem nos primeiros 2 meses, devem ter o medicamento suspenso • Dose inicial: 10 mg. Dose máxima:15 mg Por inibir a recaptação da noradrenalina, é uma medicação que acaba elevando a PA e FC → leva a mais eventos cardiovasculares. Logo, pacientes com riscos cardiovasculares não pode usar esse medicamento. É recomendado não utilizar a medicação em pacientes com doença cardiovascular. Efeitos colaterais: • Cefaleia • Boca seca • Constipação • Insônia • Rinite • Faringite Luana Villafuerte 5 Contraindicações: • Hipersensibilidade a sibutramina • Anorexia nervosa • Bulimia nervosa • Hipertensão não controlada • AVE • Doença arterial coronariana, arritmia, ICC e durante tratamento com inibidores da MAO. ORLISTATE: Tem ação na luz do TGI; é um análogo da lipstatina inibidor de lipases GI, ou seja, se liga às lipases GI → inibe a ação das lipases pancreáticas, logo, não conseguem mais digerir os lipídios e eles não são mais absorvidos pelos enterócitos → elimina-se a gordura pelas fezes. Ela reduz o peso e diminui a glicemia em jejum e a Hb glicada. Um problema desse medicamento é que, como a gordura não vai ser absorvida e fica no lumen, algumas bactérias podem se alimentar dessas gorduras, produzindo flatos. Além disso, a presença da gordura na luz intestinal pode causar irritação da mucosa, então o paciente pode ter muito urgência fecal, e essas fezes normalmente são esteatorreicas e mal cheirosas. Outro problema, por não conseguir absorver gorduras, e algumas vitaminas são lipossolúveis (A,D, E e K), acaba-se tendo deficiência de algumas. Só indicar para o paciente que come muita gordura (esse medicamento não tem efeito com carboidratos). Dose recomendada: 120 mg antes das 3 principais refeições. LIRAGLUTIDA: É um análogo do GLP-1. Relembrando da fisiologia: quando o alimento chega no estomago e intestino, eles começam a produzir o GLP-1, o qual cai na corrente sanguínea e vai para base do núcleo arqueado, sinalizando a favor da saciedade. Logo, nós produzimos o GLP-1, mas ele dura apenas alguns minutos na corrente sanguínea. Então, a liraglutida faz com que o GLP-1 dure mais tempo na corrente sanguínea, conferindo maior saciedade, maior sensação de empachamento. Daí que vem também alguns efeitos colaterais, como náuseas e vômitos. Inicialmente ele foi desenvolvida pensando nos diabéticos, porque esse retardo do esvaziamento gástrico diminuiria a elevação dos índices glicêmicos desses pacientes. Ao longo do tempo, esses pacientes começaram a perder peso. Resumindo: até uma dose, tem efeito bom para diabéticos; a partir de outra dose, é boa para perda de peso. Ela é a única droga indicada somente quando se tem IMC ≥ 27 kg/m2, na presença de comorbidades. • A indústria desenvolveu 2 tipos de liraglutida: o Victosa: é a liraglutida desenhada para ser administrada até a dose de 1.8 mg, com o objetivo e baixar a glicemia o Saxenda: liraglutida para perda de peso o Ozempic: para DM II, com duração de 1 semana → só precisa ter aplicação 1 vez na semana Pancreatite é uma complicação pela perda de peso muito rápida, mas ainda não se sabe se é exatamente pela perda de peso ou se é porque a liraglutida faz algo. FLUOXETINA: É um medicamento off label. É um antidepressivo com efeito de perda de peso no curto prazo (primeiros 90 dias). É interessante para pacientes com compulsão alimentar. TOPIRAMATO: É um medicamento off label. É um anticonvulsivante com efeito anorexígeno. O uso prolongado faz com que o paciente tenha perda de peso mantida. Tem muitos efeitos colaterais, inclusive deixa o paciente aéreo, o que pode prejudicar em trabalho e estudos. Luana Villafuerte 6 BUPROPIONA + NALTREXONE: É medicamento off label. Bupropiona é uma antidepressivo e o naltrexone é um antagonista de receptor opioide. Tem uma associação para perda de peso discreta, com ação anorexígena central. Como efeitos colaterais, tem muita dor de cabeça, náuseas, constipação... LISDEXANFETAMINA: É um medicamento off label. É um inibidor da recaptação de noradrenalina e dopamina, muito utilizado para reduzir a compulsão alimentar. TRATAMENTO CIRÚRGICO : Indicações: • Idade de 18 a 65 anos • IMC >40 kg/m² OU • Ou IMC >35 kg/m² com uma ou mais comorbidades graves relacionadas com obesidade e documentação de que os pacientes não conseguiram perder peso ou manter a perda de peso apesar de cuidados médicos apropriados realizados regularmente há pelo menos 2 anos (dietoterapia, psicoterapia, tratamento farmacológico e atividade física) Condições essenciais: • Ausência de uso de drogas ilícita ou alcoolismo • Ausência de quadros psicóticos ou demências graves ou moderados • Compreensão, por parte do paciente e dos familiares, dos riscos e das mudanças de hábitos • Compreensão da necessidade de acompanhamento pós-operatório com equipe multidisciplinar à longo prazo Contraindicações: • Causas endócrinas tratáveis de obesidade • Dependência atual de álcool ou drogas ilícitas • Doenças psiquiátricas graves sem controle • Risco anestésico e cirúrgico inaceitável classificado como ASA-IV • Dificuldade de compreender riscos, benefícios, resultados esperados, alternativas de tratamento e mudanças no estilo de vida requeridas após o procedimento Luana Villafuerte 7 Obs.:Fontes: • Cecil • Aula de processos metabólicos (parte de medicamentos e cirurgia) • Tratado de obesidade • Medcurso Caso clínico da aula: Problemas: • P1: obesidade central grau 1 • P2: elevação das transaminases o Esteatohepatite não alcoólica ou alcoólica • P3: Etilismo Manejo: • Mudanças alimentares: o Reduzir carboidratos simples o Reduzir industrializados, como refrigerante o Aumentar fibras, proteínas, legumes/verduras, frutas o Alimentos com menor índice glicêmico → raízes, por exemplo • Atividade físicas: o Aeróbicas e de resistência → combinação perfeita o No mínimo 150 minutos por semana o Tem que ser recreativa → precisa ter prazer para ter constância Obs.: Drogas para obesidade (precisam ser adjuvantes, e só usadas em últimos casos e de acordo aos critérios): p.s.: quando restringe as dietas calóricas, há uma tendência a diminuir as doenças metabólicas. p.s.2.: musculação é importante para todos, principalmente para idosos, pois isso fortalece os ossos e gera massa magra. Luana Villafuerte 8 ➔ Agora ele tem síndrome metabólica (é pré-diabético + obesidade + pré-hipertensão) o Agora ele já tem riscos muito maiores que antes Os 2 tipos de obesidade: 1. Central: alguns hormônios principais estão envolvidos → insulina, cortisol, testosterona → mais comum em homens, estressados, sedentários e que comem muito carboidrato. Gordura acumulada nas vísceras 2. Em pera/ginecoide: menos relacionada às doenças metabólicas Para João: • Metformina é importante de ser iniciada na fase de pré-diabetes o Tem no SUS o Inicialmente, apenas ela para João • Outras opções de medicamentos para diabetes: Luana Villafuerte 9 • Já apresenta sinais de neuropatia periférica, desenvolvendo nefropatia diabética, HAS, DM, obesidade agora grau 2, disfunção erétil • Conduta: o Metformina combinada com outras drogas o IECA e BRA podem ajudar a reverter ou evitar complicações da DM • Alvo terapêutico do paciente com DM: Hemoglobina glicada <7 + perda de peso Luana Villafuerte 10 • João perdeu peso, porque, na verdade, perdeu massa magra e aumento circunferência abdominal • Problemas: o Angina estável o Osteosarcopenia o Aterosclerose o Perda de peso → significa insulinopenia • Tratamento: o Insulinoterapia ▪ Quando começa a dose baixa, mantém alguns hipoglicemiantes orais, principalmente pela manhã e principalmente a metformina o Para osteopenia e sarcopenia: suplementação de cálcio, vitamina D, musculação Luana Villafuerte 11 ▪ Evolução da osteopenia é a osteoporose
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