Buscar

Ciência Política e Direito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ciência Política e Direito 
 
Por que estudar Ciência Política e Teoria Geral do Estado? 
 
Por que precisamos estudar Ciência Política e Teoria Geral do Estado? 
Qual a utilidade dessas disciplinas para um juiz ou um advogado? Por que 
não começamos logo a analisar o Código Civil ou o Código Penal? Essas 
são perguntas que muitos estudantes fazem no início do curso de 
Direito. 
Em geral, há uma certa frustração por parte dos acadêmicos com as 
disciplinas do núcleo fundamental, aquelas que estão por trás, para dizer 
de alguma maneira, da cultura geral indispensável para uma adequada 
formação do futuro profissional do Direito. É como se elas fossem 
empecilhos para o estudo de casos; é como se fossem barreiras que 
impedem as emoções dos julgamentos, as expectativas cria-das pelos 
filmes de tribunais, pela vontade de observar e ser parte da distribuição 
da justiça. Esse preconceito talvez seja resultado, cada vez mais, da 
forma como as pessoas atualmente vêem o curso de Direito: uma 
carreira comprometida com uma práxis cada vez mais desligada do 
homem e dos problemas que afetam a convi-vência. 
 
Ao contrário das disciplinas dogmáticas, a Ciência Política e a Teoria Geral 
do Es-tado precisam conquistar o aluno. Essa conquista tem lugar 
quando os acadêmicos percebem que a compreensão do Direito Público e 
do fenômeno jurídico em geral exige deles uma visão prévia acerca do 
comportamento coletivo do homem. Antes de mais nada, torna-se 
indispensável uma espécie de catarse mental, um estar a-berto à 
experiência da realidade vivida, à lógica da vida em sociedade e ao papel 
da Política e do Estado nesse contexto tão amplo. O estudante de Direito 
precisa ter vontade de entender o mundo que o cerca. Isso faz parte de 
uma descoberta tão importante como todas as outras, que surpreende, 
entusiasma, decepciona, mas que está na base da formação de todos 
aqueles que vão atuar em um mundo jurídi-co onde a Constituição e o 
Estado ocupam lugar de relevo. 
O Direito e a Política caminham lado a lado. Ambos são responsáveis, 
cada qual à sua maneira, pela estruturação da vida em comunidade. 
Porém, a relação entre eles nem sempre se traduz em harmonia e 
complementariedade. Historicamente, nos passos da tradição greco-
romana, o Direito vem se empenhando no sentido de co-locar limites ao 
exercício do poder político. Trata-se de uma tendência que se mani-festa 
de distintas formas, variando, por exemplo, conforme observemos o 
pensa-mento antigo, as práticas jurídicas da Idade Média ou a era das 
revoluções liberais (séculos XVII e XVIII). A própria idéia de Constituição, 
núcleo do sistema jurídico-político do nosso tempo, baseia-se no princípio 
geral de limitação da Política pelo Direito. 
 
Sempre que nos deparamos com a lógica do poder político - uma das 
dimensões da idéia mais ampla de Política -, também encontramos o 
Direito e sua vocação para conformá-la. Mas essa constante busca de 
limitação por parte do jurídico nem sempre alcança o êxito esperado. 
Muitas vezes, o poder político termina por burlar o Direito em nome de 
interesses de grupos sociais, políticos e econômicos. Por isso, a tradição 
de limitar juridicamente a ação da Política, que está na base do atual Es-
tado Democrático de Direito, não conduz a uma submissão total do 
político ao ju-rídico. Ao contrário, ao longo desse tumultuado processo 
histórico, a força do po-der político vem colecionando muitas vitórias 
sobre as normas jurídicas que pre-tendem submetê-lo a uma limitação 
mais ou menos racional. Na verdade, a histó-ria do Direito e da Política é 
a história de um cabo de guerra no qual estão implica-dos os indivíduos, 
a sociedade - com seus grupos - e o Estado. Os vencedores e vencidos 
são definidos de acordo com as contingências de cada momento histórico. 
 
Sabemos que no Brasil de hoje vigora uma Constituição democrática. Por 
outro lado, também é de conhecimento geral que muitas das normas 
constitucionais não têm eficácia social, ou seja, não funcionam como 
verdadeiras normas jurídicas. Mas por que isso acontece? Aquilo que está 
previsto na Constituição não deve ser ob-servado pelas pessoas, pelas 
organizações e pelo Estado? O fato de a Constituição mencionar o fim das 
desigualdades regionais como objetivo do Estado ou o pri-mado dos 
direitos fundamentais não é suficiente para que essas previsões se con-
vertam em realidade? Qual o papel dos partidos políticos e do Congresso 
Nacional nesse contexto? Essas perguntas só podem ser adequadamente 
respondidas se to-marmos o Estado e a Constituição como esferas da 
vida em comunidade que tanto possuem natureza jurídica quanto 
política. 
 
Não há nenhuma dúvida de que a Constituição de 1988 defende o 
postulado do Estado Democrático de Direito. Contudo, também parece 
evidente que a mera pre-visão normativa não é suficiente para que o país 
se converta em uma verdadeira democracia, onde os membros da 
comunidade política, entre outros aspectos, te-nham condições de 
expressar adequadamente a vontade política que está na base da 
soberania popular. A lógica democrática ou mesmo o funcionamento das 
insti-tuições conforme o Direito, por exemplo, são realidades que 
dependem da cultura política de um povo. Não é à toa que um dos 
principais obstáculos enfrentados pelo Estado de Direito entre nós seja o 
velho sistema da clientela e da patronagem, através do qual a atuação da 
Administração Pública se compromete com a distri-buição de vantagens 
entre seguidores de determinadas facções políticas. 
 
A cultura política não pode ser estudada pelo Direito. Também fogem à 
sua esfera de abrangência a dinâmica dos partidos políticos, o 
funcionamento dos sistemas eleitorais, a maior ou menor 
representatividade do Poder Legislativo ou a própria relação quotidiana 
entre as instituições. Essas questões devem ser tratadas como realidades 
concretas que muitas vezes não seguem os padrões normativos previa-
mente determinados pelo ordenamento jurídico. 
 
A Ciência Política faz parte da formação do estudante de Direito em 
virtude da sua aptidão analítica para enfrentar esse tipo de problema. Ela 
aproxima-se da realida-de com o fim de estudar aquilo que realmente 
acontece no âmbito das relações e das instituições políticas. Seu objeto é 
o sistema político concebido de forma dinâ-mica. Nessa linha, a Ciência 
Política procura evitar que o profissional do Direito veja no ordenamento 
jurídico a solução para todos os desafios da convivência, ten-tando 
impedir, entre outras distorções, que saiam das faculdades os velhos 
aplica-dores autômatos da lei, os profissionais que se posicionam 
acriticamente em rela-ção às soluções jurídicas criadas pelo Estado. 
 
No curso de Direito, a principal função da Ciência Política consiste em 
mostrar que o sistema político nem sempre atua segundo as previsões da 
Constituição e do or-denamento jurídico como um todo, o que exige do 
profissional do Direito uma permanente visão crítica acerca do 
funcionamento geral do sistema. Para alcançar esse objetivo, a Ciência 
Política atua ao lado da tradicional Teoria Geral do Estado. 
 
Houve uma época em que a Política era dominada quase que 
exclusivamente pelo Estado. No século XIX, existia no plano das idéias e 
na lógica do universo político uma espécie de separação entre Estado e 
Sociedade. O social seguia regras pró-prias, definidas segundo a 
autonomia dos indivíduos e o funcionamento da eco-nomia. O Estado não 
podia interferir nesse âmbito privado, alterando o modo de vida que 
estava na base do mundo liberal. Atuava apenas como mecanismo de ga-
rantia das regras sociais e de alguns direitos fundamentais, como a 
liberdade, a igualdade perante a lei, a propriedade privada e a segurança 
jurídica. Em uma pa-lavra, o Estado figurava como um "aparato policial" 
que vigiava o livre desenvol-vimento da vida em comunidade. Se à 
Sociedade cabia a esferaprivada, ao Estado estava reservado o âmbito 
político. Apesar de manter uma inevitável proximidade, em termos 
políticos o social e o estatal não podiam entrar em contato. 
 
Em tal contexto, surge a Teoria Geral do Estado como modelo de análise 
da Política. Porém, a universalização do sufrágio eleitoral, entre outros 
fatores, quebrou o tradicional exclusivismo político do Estado, permitindo 
que novos atores - sindica-tos, opinião pública, grupos de pressão, 
partidos políticos etc. - passassem a fazer parte do processo de tomada 
das decisões estatais. A Política deixa de ser algo re-lacionado apenas 
com o âmbito estatal, aproximando-se dos grupos sociais e supe-rando a 
diferenciação que existia entre Estado e Sociedade. Essa nova realidade 
interfere no papel a ser desempenhado pela Teoria Geral do Estado no 
curso de Direito? Não há nenhuma dúvida. Afinal, o fenômeno político 
sofreu grandes transformações no decorrer do século passado. 
 
Mas não se trata apenas disso. Desde o começo, a Teoria Geral do Estado 
teve uma vocação essencialmente normativa, ou seja, uma tendência 
para analisar o Estado e a Política como se fossem realidades teóricas. A 
Teoria Geral do Estado situa-se no plano abstrato, enquanto a Ciência 
Política busca o fato vivo, real, o acontecimento político como parte de 
um sistema em constante movimento. Deixando de lado a posição de 
alguns autores, a exemplo de Zippelius, que procuram dar nova feição à 
Teoria Geral do Estado, pode-se concluir que as duas disciplinas se 
complemen-tam. E se é verdade que pode haver alguma divergência a 
esse respeito, é muito difícil negar a posição de ambas como conteúdo 
fundamental para a formação do estudante de Direito. No nosso 
complexo mundo atual, fazer política e compreen-dê-la são condições de 
sobrevivência da democracia. 
 
 
 
 
 
O nosso objeto de estudo é o Estado; uma sociedade política, 
juridicamente organizada, sob dois aspectos: 
 
 Material – população (humanos) e território; 
 Formal – poder político e ordem jurídica (lei). 
 
(Acrescenta uma visão do Direito – IED: direito natural é aquele que vem 
com o ser humano, é o maior; direito positivo é o posto, obrigatório, 
conjunto de normas escritas – está dividido em D. Público, que rege o 
povo, o Estado, “faz andar a máquina pública”, e D. Privado, que diz 
respeito ao povo, às relações intersubjetivas, v.g., Cód. Civil, Cód. 
Comercial etc.) 
 
 
Noções sobre o Estado – Métodos de estudo 
 
Histórico 
 
 Aristóteles, precursor, ele se preocupou com a concepção; 
estudou a polis grega (Polis é a Cidade, entendida como a comunidade 
organizada, formada pelos cidadãos, em grego politikos, isto é, pelos 
homens nascidos no solo da Cidade, livres e iguais). 
 
 Nicolau Maquiavel, fundador do Estado, em sua obra “O 
Príncipe”; toda forma de agrupamento humano chama-se Estado; 
contrario sensu, é anarquismo com limites: 
 
Antigamente era limitado ao status (posição), 
limitado a determinados indivíduos. 
 
Tríplice Aspecto 
 
Social - população; jurídico – normas; político – poder (representado pelo 
povo). 
 
 
O Direito (IED) e o ESTADO (TGE - nossa matéria propriamente 
dita) 
 
Existem três doutrinas filosóficas: 
 
 Monística (estatismo jurídico), Hans Kelsen; Estado e direito são 
uma coisa só; 
 Dualística (pluralística), Leon Duguit; existe Direito e Estado, 
todavia o Direito vem antes do Estado. 
 
 Paralelismo (eclético), Giorgio Del Vecchio; 
 
 Há autonomia do Direito e também do Estado; Direitos 
que, além do estatal, vigem; “poderes paralelos” que, pari passu, 
regulam a sociedade; v.g., direito natural, consuetudinário, canônico, 
recíprocos – contratos, regulamento interno de empresas – etc. Em 
derradeiro, Direito e Estado caminham concomitantemente e são 
autônomos entre si. 
 
 
Noção sobre a sociedade 
 
Origem 
 
Organicista (naturalista) – o homem procura apoio comum, não existe 
um homem singular; Aristóteles: “ o homem necessita dessa para seu 
bem, evolução e sobrevivência.” 
 
Mecanicista (contratualista) – contrato hipotético (fundado em hipótese) 
celebrado entre homens; há a celebração de um contrato social – 
relações recíprocas -, o dever de um é o direito do outro. “O Estado é 
fruto de um contrato”, afirmaram em suas teorias Thomas Hobbes, Jean 
Jacques Rousseau e John Locke. 
 
 
Conceitos 
 
 Estricto sensu – contratualista, parte dessa corrente (relações 
recíprocas). 
 
 Humanos – pessoas; 
 Organização – normatividade; 
 Finalidade – inúmeras (igreja, escola; pessoas jurídicas 
em geral). 
 Elementos formadores 
 
 Materiais – povo, população; 
 Formais – poder político, na conformidade das normas 
vigorantes; 
 Finais – interesse público, a razão terminológica do Estafo é 
atendê-los, senão torna-se arbitrário. 
 
Classificação 
 
 Sociedade necessária 
 
Família (universal, moral e ética – art. 226, caput, CF); reprodução, 
educação, trabalho social, cultural etc. 
 Religiosa, acreditar em outro plano, independentemente 
do credo religioso. 
 
 Circunstâncias (criadas pelo homem) 
Economia; filantropia (humanitarismo); são inúmeras, o homem as cria 
para uma correta e justa administração da sociedade. 
 
Governo, poder político 
 
Nessa vereda, o Estado é uma sociedade política, juridicamente 
organizada para atender o bem comum (entendido esse, o bem comum, 
como o conceituou o Papa João XXIII, ou seja, o conjunto de todas 
as condições de vida social que consintam e favoreçam o 
desenvolvimento integral da personalidade humana". Explanação dada 
por Dalmo de Abreu Dallari, em Teoria Geral do Estado. 
 
 
Estado PL – Legislativo Esses três órgãos são 
erroneamente chamados de 
 PE – Executivo “poderes”, o poder é do Estado; está 
exposto na C.F. 
 PJ – Judiciário 
 
População (elemento constitutivo), território, governo. 
 
 
Governo, conjunto de órgãos que exercem a soberania – é o poder 
absoluto e perpétuo de uma república, usada tanto para os particulares 
quanto aos que a manipulam (norma fundamental, rege todo 
ordenamento; quem o faz, inclusive). 
 
Todo poder emana de um povo, que elege um representante. 
 
Soberania, portanto, é uma qualidade do poder do Estado (o povo a 
concede); toda soberania, porém, há limites, acaba quando outra começa 
(a de outro país). 
 
Tipologia (espécie) do poder: 
 
 Governo de fato – sem consentimento popular; posta-se 
com auxílio de um grupo antagônico (oposto). 
 
 Governo de direito – Constituição ( se promulgada vem do 
povo, se outorgada vem imposta); 
 
 Governo legal – implantado nas conformidades do direito 
positivo (a Constituição não o estabeleceu, fora instituído infra 
constitucionalmente); o que é legal é constitucional - KELSEN - e vice- 
-versa; D. Positivo é infra constitucional; 
 
 Governo legítimo – estabelecido pelo consentimento 
popular; 
 
 Governo despótico (tirânico) – não leva em conta os anseios 
dos governados (povo); nesse governo (tirânico) pode ocorrer a 
legitimação, que é diferente de legitimidade; legitimidade, por sua vez, é 
um consentimento popular, a priori, com eleição antes; legitimação 
ocorre, pois, quando o governo assumido tiranicamente é reconhecido a 
posteriori, em outras palavras, após a investidura. 
 
 
Bem comum (fins do Estado) 
 
 O Estado existe para realizar o bem comum; o homem sem o Estado não 
o realiza, mata se haver necessidade. Bem comum é a felicidade, 
distribuição de justiça no camposocial com legislação adequada. 
 
 Bem comum, razão teleológica (teoria dos fins, finalidades) 
finalística; o Estado não constitui um fim em si mesmo, “não é autônomo 
em seus desejos”, ele é um instrumento (meio) necessário para que os 
indivíduos evoluam (nessa vereda, não há que se olvidar, que o ser 
humano é frágil, se não houver um Estado o controlando e mantendo tais 
relações “limitadas” ele [o homem] tende a agrupar-se). 
 
Os homens têm o direito de procurarem felicidade; 
 
O Estado os deve proporcionar (deveres do estado segundo sua 
constituição, com fim no homem e não em si): 
 
 - realizar justiça; 
 - tutelar os direitos fundamentais; 
 - desenvolvimento econômico; 
 - cuidar (providenciar, inclusive) da educação e saúde. 
 
Em nível político: 
 
preservar segurança interna da população; 
segurança externa do país; 
manter (garantir) a ordem jurídica. 
 
Bem comum e funções sociais 
 
 O Estado do bem-estar (além das funções políticas e jurídicas) 
 
 Plano social: alimentação, higiene, moradia, educação, saúde, 
cultura, trabalho, transporte etc.; para nossa postura física e mental 
 
 Esse Estado (do bem-estar), é um Estado reformista (repudia a 
violência como forma de ação política); para atingir o bem comum: 
 
 - no plano político - segurança interna e externa; 
 
 - no plano jurídico - Estado de justiça, na conformidade 
da lei, equilibrar os desiguais tratando-os desigualmente, a fim de igualá-
los; 
 
 - no plano social – bem-estar geral do povo (art. 6º, 7º 
e 78, da C.F.). 
 
 
Podemos denominar o Estado liberal como: 
Estado liberal – liberdade e igualdade; 
Estado constitucional – assegurar-se contra arbitrarismo, prever direitos 
elementares, tripartir os poderes para a correta administração – 
Constituição é o que corresponde aos princípios fundamentais. 
Estado de direito – decorrer da lei; princípio da legalidade, a lei é 
a norma agendi, obrigatória, criada pelo poder constituído – 
representantes dos constituidores - povo. 
Decadência do Liberalismo (vide próxima lauda) 
O Estado liberal era muito bom, com uma teoria ótima; porém, na 
prática, não mais prestou para a população; 
Sua decadência deu-se, grosso modo, porque o Estado liberal não era 
titulado a cuidar da sociedade, nem era equitativo (redistribuição – tirar 
de quem tem mais [rico, opulento], v.g., com tributos legais, e aplicar 
em setores carente, que haja necessidade fundamental). 
O Estado liberal revelou-se absolutista, voltou ao status quo ante (estado 
anterior à questão tratada), ficou insuficiente, não mais bem 
administrava. 
Posto isso, o Papa Leão XXIII publicou uma encíclica, a Rerum Novarum, 
e no século XIX temos o Estado Liberal-Social. 
 
Rerum Novarum 
Tratar a pessoa humana com dignidade; trabalho compatível com o ser 
humano; descanso semanal; férias; amparo à velhice, à maternidade; 
etc. 
 
Estado Democrático de Direito 
OBS: breve explanação de conceitos necessários para o entendimento do 
EDD: 
Democracia, teve origem na Grécia com Aristóteles, com o princípio da 
isonomia; 
Conceito de democracia é: governo do povo, pelo povo e para o povo 
(governo da maioria, voltado ao bem comum – conceito natural, nasce 
com o homem). Seus pressupostos (da democracia) são liberdade e 
igualdade (“meu direito termina onde o seu começa e vice-versa”). 
Modalidades da democracia: 
 
 - Direta (inviável a nós) - As primeiras democracias foram 
diretas, como a de Atenas, por exemplo, na qual o Povo se reunia nas 
praças e ali tomava decisões políticas. Neste caso, os cidadãos não 
delegam o seu poder de decisão, mas, de fato, o exercem. A democracia 
direta também é denominada democracia participativa. Um exemplo 
atual dessa forma de organização política é o Orçamento Participativo, na 
qual as reuniões comunitárias, destinadas a submeter os recursos 
públicos, são abertas aos cidadãos. 
 
 - Indireta – exercida por um representante que tem como 
incumbência levar em contas os anseios dos representados, ele 
representa os órgãos (PJ, PL e PE); 
 
 - Mista (a habitual; que vigora no Brasil, inclusive) – tem-se o 
plebiscito, a priori (consulta o povo antes da decisão, medida, ato etc.); 
também se tem o referendo, caracterizado como a posteriori, no qual há 
a consulta ao povo após a medida; em derradeiro, a iniciativa popular, 
raríssima em uso, mas prevista pela CF, em seu artigo 14. 
 
Estado Democrático de Direito 
 
 Sua origem dá-se no século XVIII – o Estado de Direito não era 
democrático-; tem como características (princípios básicos): 
 - Submissão à imperatividade da lei (CF) – a lei é heterônoma, 
igualmente aplicada a todos; 
 - Divisão das funções em órgãos: PJ, PL e PE; não há que se 
confundir com “poderes”, as funções são divididas, o poder é único (do 
Estado); 
 - Garantia de direitos individuais; 
- Princípio da legalidade(art. 5º, II, CF, 1988); 
- Princípio da igualdade (art. 5º, I, CF, 1988); 
- Princípio da segurança jurídica (art. 5º, XXXIV, LIV e LV, CF, 1988) 
– a lei não prejudicará direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa 
julgada. 
- Distribuição de justiça (art. 5º, LIV e LV, CF) – direitos 
salvaguardados em lei, o acusado tem direito a defesa. 
Em epítome; cabe ao Estado democrático de direito levar em conta 
as desigualdades humanas e sociais – tratar desigualmente os desiguais, 
igualando-os no plano jurídico constitucional. 
 
Regimes Políticos 
OBS: alguns conceitos básicos para o entendimento dos regimes 
políticos, a posteriori a substância. 
Formas de Estado (não é democrático, é federativo; essa representa sua 
forma na ordem jurídica): 
 Unitário – Estado unitário, governado constitucionalmente, com 
uma legislação única; o governo central detém o direito principal. 
 
 Federativo, surge no séc. XVIII – aliança entre Estados, ação 
conjunta visando sobretudo a preservação da independência. Tem 
Constituição (não Tratado), o poder é compartilhado pela União e pelas 
unidades federadas. 
 
Formas de Governo: 
 Monarquia – rei – o Estado é unitário, o poder é só do rei. 
 República – criada por Maquiavel 
 
Sistemas ou Regimes políticos: 
 
 Parlamentarismo - o Poder Executivo é realçado - O sistema 
parlamentarista ou parlamentarismo é um sistema de governo no qual o 
poder Executivo depende do apoio direto ou indireto do parlamento para 
ser constituído e para governar. Este apoio costuma ser expresso por 
meio de um voto de confiança. Não há, neste sistema de governo, uma 
separação nítida entre os poderes Executivo e Legislativo, contrario 
sensu do que ocorre no presidencialismo. 
 Presidencialismo – o chefe de governo é o Presidente. 
 
 
Regimes Políticos 
 
Todo Estado deve ter um regime político. 
 
 União – P. Jurídica de Direito Público 
interno; 
 Distrito Federal – capital da União; 
 Estado Membro - 
 Município 
 Unitário 
– um poder só. 
 
 
Quando o povo concede a outrem, o poder, é um Regime Democrático. 
Quanto às suas classificações: 
 Democrático – Estado moderno – participação do povo; 
“liberdade e igualdade, sem essas não há progresso”; 
 Autocrático - não democrático: 
 Absolutista - sistema de governo em que o governante 
se investe de poderes absolutos, sem limite algum, exercendo de fato e 
de direito os atributosda soberania.; 
 Ditadura - forma de governo em que todos os poderes 
se enfeixam nas mãos dum indivíduo, dum grupo, duma assembléia, dum 
partido, ou duma classe.; 
 Déspota - sistema de governo que se funda no poder de 
dominação sem freios; 
 Tirânico – sistema de governo opressor e cruel, o qual 
não leva em conta anseios populares. 
 
Democracia como regime político 
 Direta – é pesquisada a decisão, o povo reúne-se para esse fim; 
 
 Indireta (representativa) – confere o poder, a alguém, que leva 
as reivindicações; 
 Semidireta (mista, Verdadeira democracia): - plebiscito – 
antes da medida tomada; 
 - referendo – depois de tomada a 
medida, consulta-se a sociedade; 
 - iniciativa popular – a comunidade 
apresenta o projeto (raríssima). 
 
 
O Liberalismo e sua decadência 
Eis a sequência cronológica: 
Liberalismo -> sua decadência -> Encíclica Rerum 
Novarum 
No século XVIII cria-se o Estado Liberal, que buscava liberdade e 
igualdade; também denominado Estado Moderno, “moderno” porque 
contrapõe-se ao antigo, visava derrubar o absolutismo; em derradeiro, 
tinha por objetivo uma Constituição, que conteria os seguintes 
predicados: 
Limitação do administrador (Presidente), para não se tornar arbitrário; 
Garantir os direitos humanos, liberdade e igualdade; 
Tripartição do poder do Estado, em suas funções: PJ, PL e PE. 
 
A relação entre Justiça e Direito no pensamento de Aristóteles 
 INTRODUÇÃO 
A justiça é elemento central no estudo do Direito,daí a 
necessidade de um entendimento claro do termo justiça, sua relação com 
o Direito e a importância de se estudar suas bases filosóficas, 
especialmente no pensamento de Aristóteles. 
O presente estudo tem como objetivos: primeiro, refletir com 
simplicidade o pensamento de Aristóteles sobre a justiça, principalmente 
em sua dupla concepção: como virtude geral e particular; segundo, 
caracterizar a relação existente entre o Direito e a justiça. 
Para maior clareza na exposição, o trabalho foi dividido em 
quatro partes. A primeira traz breve informação sobre o filosofo em 
questão, noção fundamental para o desenvolvimento do tema. A segunda 
trata da virtude, tema bastante discutido por Aristóteles e introdução à 
sua concepção de justiça. A terceira traz o núcleo do pensamento de 
Aristóteles sobre a justiça e a quarta conclui esclarecendo a ligação entre 
a justiça e o Direito no pensamento do filósofo, e um panorama atual da 
justiça. 
A pesquisa é fundada em fontes bibliográficas, tendo como 
principal fonte o livro Ética a Nicômaco. Trata-se, portanto, de uma 
pesquisa documental que utiliza o método teórico-dedutivo, se 
resolvendo em um artigo de revisão. 
Sendo assim, identificar a relação existente entre a justiça e as 
outras virtudes, como uma virtude ao lado das outras e como a fusão de 
todas elas; classificar a justiça como meio termo; apontar com que tipos 
de ações a justiça se relaciona e definir sua relação com o Direito é o 
escopo maior do presente trabalho. 
2. O FILÓSOFO 
Aristóteles nasceu em Estagira no ano 384 a.C. Aos dezoito anos 
entrou na escola de Platão em Atenas. Ali permaneceu por quase 20 
anos, até à morte o seu Mestre. Depois da morte de Platão Aristóteles 
abandona a Academia e sai de Atenas. Foi convidado pelo rei da 
Macedônia para educar seu filho, Alexandre. Separaram-se quando 
Alexandre Magno assumiu o trono da Macedônia. Por volta de 335 a.C., 
Aristóteles regressou a Atenas, fundando sua própria escola filosófica, 
que passou a ser conhecida como Liceu. 
Aristóteles legou os seus manuscritos a Teofrasto, seu sucessor na 
liderança do Liceu. Eram vastíssimos, tanto em volume como em alcance, 
incluindo escritos sobre história constitucional e história do desporto e do 
teatro, estudos de botânica, zoologia, biologia, psicologia, química, 
meteorologia, astronomia e cosmologia, bem como tratados mais 
estritamente filosóficos de lógica, metafísica, ética, estética, teoria 
política, teoria do conhecimento, filosofia da ciência e história das idéias. 
Abordando assuntos dos mais diversos, Aristóteles dedicou-se à 
justiça como mais tema a ser desenvolvido, a necessitar de maiores 
reflexões. Seu legado foi incomensuravelmente precioso no campo da 
ética, à qual, a justiça e o Direito possuem um liame indissolúvel. 
3. BREVE INTRODUÇÃO À VIRTUDE 
Aristóteles inicia seu livro Ética a Nicômaco referindo-se aos 
bens, e os define como sendo “aquilo a que as coisas tendem” 
(ARISTÓTELES, 2002a, p17). Segundo o filósofo, dentre os inúmeros 
bens existe um bem maior, que é a finalidade de todos os outros, e esse 
bem maior é a felicidade, considerada “uma atividade da alma conforme 
a virtude perfeita” (ARISTÓTELES, 2002a, p36), “a felicidade é, portanto, 
a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo” 
(ARISTÓTELES, 2002a, p30). Este bem, o qual todos almejam, só é 
obtido através da prática de atos virtuosos. O autor afirma que para se 
alcançar a felicidade é preciso também bens exteriores, instrumentos, 
como amigos, riqueza ou poder político, “de fato, o homem de muito má 
aparência, ou mal-nascido, ou solitário e sem filhos não tem muitas 
probabilidades de ser feliz” (ARISTÓTELES, 2002a, p30). 
O filósofo afirma a existência de dois tipos de virtudes, a virtude 
intelectual e a virtude moral. A primeira se adquire através do ensino, 
necessita de tempo e experiência, a segunda somente se adquire pelo 
hábito. 
A virtude moral não existe por natureza, apenas a potencialidade, 
a possibilidade de se desenvolver através da prática de atos virtuosos 
existe naturalmente. Aristóteles sustenta que os legisladores tornam 
bons os cidadãos incutindo-lhes comportamentos e atos conforme a 
virtude perfeita, e essa é a função das leis. 
Os atos determinam a natureza das disposições de caráter, e 
está na natureza das virtudes o serem destruídas pelo excesso e pela 
deficiência. 
“Pelos atos que praticamos em nossas relações com as outras 
pessoas, tornamo-nos justos ou injustos; pelo que fazemos em situações 
perigosas e pelo hábito de sentir medo ou de sentir confiança, tornamo-
nos corajosos ou covardes. O mesmo vale para os desejos e a ira: alguns 
homens se tornam temperantes e amáveis, outros intemperantes e 
irascíveis, portando-se de um ou de outro modo nas mesmas 
circunstâncias” (ARISTÓTELES, 2002a, p41). 
Aristóteles afirma que os atos e as disposições de caráter se 
atualizam no hábito, ou seja, um homem justo pratica atos justos, e 
praticando atos justos se torna um homem justo, da mesma forma que 
um homem que pratica atos justos se torna um homem justo e se 
tornando homem justo praticará atos justos. 
A virtude é uma disposição de caráter que se relaciona com o 
meio termo entre dois vícios, um excesso e uma falta. “Os homens são 
bons de um modo apenas, porém são maus de muitos modos” (Autor 
Desconhecido APUD ARISTÓTELES, 2002a, p49). 
“Assim, explicamos suficientemente que a virtude é um meio termo, 
em que sentido devemos entender essa expressão, e que é um meio 
termo entre dois vícios, um dos quais envolve excesso e o outro falta, e 
isso porque a natureza da virtude é visar à mediania nas paixões e nos 
atos. Por conseguinte, não é fácil ser bom, pois em todas as coisas é 
difícil encontrar o meio. Por exemplo, determinar o meio de um circulo 
não é pra qualquer pessoa, mas só para aquela que sabe; do mesmo 
modo, qualquer um pode encolerizar-se, dar ou gastar dinheiro, pois isso 
é fácil; mas proceder assim em relação à pessoa que convém, na 
medida, ocasião, motivo e da maneira que convém não é pra qualquer 
um, e nem é fácil. Por isso agir bem tanto é raro como nobre e louvável”(ARISTÓTELES, 2002a, p54). 
Destaca o autor que em alguns casos o excesso é louvável, e em 
outros a falta é louvável, que um dos vícios é mais errôneo que o outro, 
sendo preferível o outro na dificuldade de encontrar o meio termo, 
mostrando que existem, portanto, vários fatores que complicam a regra. 
Em síntese, a virtude é a prática habitual e voluntária de atos 
virtuosos (atos que visam o meio termo entre dois vícios), sendo isenta 
de sofrimentos e tendo em vista o que é nobre, que tem por fim maior 
alcançar a felicidade. Essa é a noção básica para o pleno entendimento 
da justiça que, como abordaremos, pode representar a virtude completa 
ou uma virtude particular. 
4. A JUSTIÇA NO PENSAMENTO DE ARISTÓTELES 
A justiça é considerada por Aristóteles a virtude ética mais 
importante, pois é a única que se relaciona com o próximo e com o bem 
do próximo. 
A justiça é a disposição de caráter que torna as pessoas propensas a 
fazer o que é justo, a desejar o que é justo e a agir justamente, e 
injustiça é a disposição que leva as pessoas a agir injustamente e a 
desejar o que é injusto. Esse é o conceito de justiça e injustiça segundo a 
opinião geral, o qual Aristóteles adota como base de seu pensamento. A 
felicidade, como bem maior que todos os outros e fim destes, é o critério 
usado para definir um ato como justo, este ato precisa buscar a felicidade 
ou um de seus elementos para a sociedade política. 
 A Justiça como virtude completa 
O filosofo afirma que existem duas formas distintas de justiça, uma é 
a justiça como virtude completa e a outra é a virtude ao lado das outras. 
A justiça como virtude completa é representada pela lei, pois a lei 
bem elaborada é justa e direciona a conduta dos homens à prática de 
atos virtuosos, como o filósofo considera em Política. Sendo assim, o 
homem que obedece a lei é justo e virtuoso. Nesta forma de justiça estão 
englobadas todas as outras virtudes. 
“E a lei determina que pratiquemos tanto os atos de um homem corajoso 
(isto é, que não desertemos de nosso posto, nem fujamos, nem 
abandonemos nossas armas), quanto os atos de um homem temperante 
(isto é, que não cometamos adultério nem nos entreguemos à luxúria), e 
as de um homem calmo (isto é, não agridamos nem caluniemos 
ninguém); e assim por diante com respeito às outras virtudes, 
prescrevendo certos atos e condenando outros” (ARISTÓTELES, 2002a, 
p105). 
Esse é um conceito jurídico, que identifica a justiça com a legalidade. 
Percebe-se que a teoria aristotélica, que a princípio parece positivista e 
legalista, não o é de fato. A justiça não está no cego cumprimento da lei, 
mas na disposição de caráter interior e permanente do cidadão, que o 
leva a cumprir seus deveres legais, tornando-o um homem virtuoso pela 
prática de atos voluntários. 
A justiça como virtude completa é a maior de todas, e Aristóteles 
referindo-se a ela afirma que “nem Vésper nem a estrela-d’alva são tão 
maravilhosas” (ARISTÓTELES, 2002a, p105). Dessa forma a justiça é a 
única virtude, e significa de acordo com a lei, ao tempo que o injusto no 
sentido amplo significa contrário à lei. Nesse sentido a justiça não é uma 
parte da virtude, mas a virtude inteira; e a injustiça não é uma parte do 
vício, mas o vício inteiro. 
Mas uma pergunta sempre vem à tona: obedecer à lei é ser justo 
(não cegamente como já foi tratado), mas o que garante que a lei é 
justa? E a resposta é: os legisladores. Estes devem ser grandes 
estudiosos das virtudes para ter o conhecimento suficientemente capaz 
de criar leis que conduzam os cidadãos à virtude completa. Como afirma 
Olinto A. Pegorato: 
“Na ética aristotélica, conta mais o cidadão formado nas virtudes e 
especialmente na justiça, do que a lei com suas prescrições objetivas. 
Isto é, de pouco vale a lei sem cidadãos virtuosos” (PEGORATO, 1995, 
p35). 
 
 A Justiça como virtude particular 
O filósofo ressalta que o objeto da investigação é a justiça como parte 
da virtude, e sustenta que essa justiça existe, como também existe a 
injustiça no sentido particular. Dessa forma, a justiça se divide em duas 
espécies: justiça distributiva e justiça corretiva, ambas tendo a igualdade 
como princípio norteador. 
A justiça distributiva surge quando o Estado deve distribuir dentre os 
cidadãos as magistraturas, o dinheiro ou qualquer outra coisa que deva 
ser distribuída. Será levado em consideração o mérito de cada um. Nessa 
espécie de justiça, o justo é o proporcional, segundo uma proporção 
geométrica, na qual os indivíduos recebem de acordo com seu 
merecimento, ou necessidade. Isso significa dizer que os cidadãos não 
receberão necessariamente a mesma quantidade de um bem qualquer, 
pois o critério utilizado é a igualdade proporcional. 
“A justiça distributiva que se aplica na repartição das honras e dos bens, 
e tem em mira que cada um dos consorciados receba, dessas honras e 
bens, uma porção adequada a seu mérito. Por conseguinte, explica 
Aristóteles, não sendo as pessoas iguais, tampouco terão coisas iguais. 
Com isso, é claro, não faz mais do que reafirmar o princípio da igualdade: 
principio que seria precisamente violado, nesta sua função especifica, se 
méritos desiguais recebessem igual tratamento. A justiça distributiva 
consiste, pois, numa relação proporcional, que Aristóteles, não sem 
artifício, define como sendo uma proporção geométrica” (MONTORO, 
2000, p205). 
No que concerte à justiça corretiva o aspecto é outro. Aristóteles 
acredita em uma justiça retributiva, na qual o objetivo é restabelecer a 
igualdade existente antes da ocorrência do fato injusto. Nesse caso a 
igualdade aplicada é a proporção aritmética. A justiça é o meio termo 
entre o ganho e a perda, i. e., se um sujeito machuca outro, o juiz deve 
estabelecer novamente a igualdade inicial através da pena, que 
“devolverá” o que um perdeu e “retirará” o que o outro ganhou, embora 
estes termos não sejam sempre adequados. 
Este pensamento seria futuramente desenvolvido por Kant e Hegel em 
suas teorias absolutas da pena, e revela uma orientação talional na 
reestruturação da harmonia entre as partes. A justiça é o meio termo 
entre o ter muito e o ter pouco. Se em uma relação um sujeito tem 
muito, este age injustamente, e se outro tem muito pouco, este sofre a 
injustiça. Portanto a igualdade é o justo entre cometer e sofrer injustiça, 
e estes são os dois extremos. 
Segundo Aristóteles, um homem pode agir injustamente e não ser 
injusto, assim como pode roubar e não ser ladrão, ou cometer adultério e 
não ser adúltero, pois a justiça é vista sob a lente da política, e não 
incondicionalmente. Um homem que comete um ato injusto buscando 
ganhar com isso é um homem injusto, mas o que age injustamente por 
paixão não é. 
 A Justiça política 
Após a definição das duas formas de justiça, Aristóteles discute a 
justiça política, e afirma ser ela em parte natural e em parte legal. A 
primeira é eterna (o que não significa dizer imutável), enquanto a 
segunda muda a depender do tempo e local. 
“Digo que, de um lado, há a lei particular e, do outro lado, a lei comum: 
a primeira varia segundo os povos e define-se em relação a estes, quer 
seja escrita ou não escrita; a lei comum é aquela que é segundo a 
natureza. Pois há uma justiça e uma injustiça, de que o homem tem, de 
algum modo, a intuição, e que são comuns a todos, mesmo fora de toda 
comunidade e de toda convenção recíproca. É o que expressamente diz a 
Antígona de Sófocles, quando, a despeito da proibição que lhe foi feita, 
declara haver procedido justamente, enterrando Polinices: era esse seu 
direito natural: Não é de hoje, nem de ontem, mas de todos os tempos 
que estas leis existem e ninguém sabe qual a origem delas" 
(ARISTÓTELES, 1959, p86). 
A justiça política legal é a realização das leis da polis, portanto, como 
cada lugar tem suas leis esta justiça não é igual em todas as partes, poisos valores de cada povo são diferentes e mudam também com o passar 
do tempo. Com a justiça política natural é diferente, pois esta é 
identificada com as relações justas dentro da sociedade, fundadas na 
igualdade e na honestidade, e estas não mudam de forma alguma, 
permanecem eternas e iguais em todos os lugares e épocas. 
Este ponto enseja maior esclarecimento. 
Como foi visto Aristóteles divide a justiça em duas espécies: geral e 
particular. A justiça geral é representada pela lei, e a lei será justa 
porque refletirá as normas do Direito Natural, e estabelecerá a igualdade. 
Segundo a justiça particular um homem será justo à medida que pratique 
a igualdade, igualdade esta prescrita na lei. Nos dizeres de Bobbio: 
“Não é exata a opinião comum segundo a qual é possível distinguir os 
dois significados de justiça referindo o primeiro sobretudo à ação e o 
segundo sobretudo à lei, pelo que uma ação seria justa quando conforme 
a uma lei, e uma lei seria justa quando conforme ao princípio da 
igualdade (...) costuma-se dizer que um homem é justo não só porque 
observa a lei, mas também porque é equânime, assim como, por outro 
lado, que uma lei é justa não só porque é igualitária, mas também 
porque é conforme a uma lei superior” (BOBBIO, 1997, p14). 
 
Sendo assim, as duas formas de justiça abordadas por Aristóteles 
apontam uma na direção da outra, e se unem em uma só realização de 
justiça, que não tarda a ocorrer. Não pode um homem ser justo e injusto 
ao mesmo tempo. Um homem que obedece à lei e não é justo nas suas 
relações é uma contradição, o mesmo ocorre com o inverso. Um homem 
que cumpre a lei é justo em suas relações, pois assim a lei manda, e um 
homem que é igualitário em suas relações particulares é um homem 
justo, pois cumpre os ditames da lei. Portanto um homem justo é justo 
nos dois sentidos, e o injusto é injusto nos dois. 
 A Equidade 
Aristóteles conclui o tratado sobre a justiça em seu livro Ética a 
Nicômaco abordando a equidade. A equidade é diferente da justiça, é 
superior. O eqüitativo é uma correção da justiça legal. 
A equidade é superior à justiça e deve ser aplicada sempre que o 
Direito não tenha a solução para o caso concreto, sempre que não exista 
uma lei que regule algum fato novo. Será feita uma interpretação à luz 
da equidade para saber de que forma o legislador regularia tal fato 
jurídico. 
Aristóteles descreve a semelhança entre a equidade e uma régua de 
chumbo, que se amolda ao objeto para ser possível sua medição. Desta 
forma, o filósofo pretende que se a justiça legal é uma régua dura, que 
dá a medida dos fatos, não se encaixará em todos os tipos de 
acontecimentos da vida prática. Sendo assim, a equidade surge como 
corretivo dessa inflexibilidade, fazendo com que a régua se amolde aos 
fatos reais e possa também medi-los, servindo para a realização plena do 
Direito. 
5. CONCLUSÃO 
Por tudo que foi exposto e argumentado, fica evidente que Aristóteles 
conseguiu elaborar uma concepção pura e real da justiça e do Direito. 
Interessante notar que na maior parte de seu livro Ética a Nicômaco o 
filósofo não fala diretamente do Direito, mas se refere a ele de duas 
formas: na primeira, Aristóteles fala em “as leis”, com as quais 
claramente expressa “o Direito”, nesse caso o Direito é a justiça legal, é o 
Direito legal, complementado pela equidade; na segunda, se refere ao 
Direito como superior à justiça legal e critério desta, caracterizando 
assim o Direito Natural. Quando se refere à justiça política, Aristóteles faz 
bem esta distinção sustentando que a justiça geral muda de lugar para 
lugar e de tempos em tempos, é o Direito legal, mas a justiça particular 
está em todo lugar e impõe sua força, se identificando ou não com o 
Direito legal, é o Direito natural. 
“Ao contrário, porém, de identificar a justiça com o Direito de um Estado 
ideal, como fizera o seu mestre Platão, Aristóteles, olhos postos nas 
ordenações políticas de seu tempo, esclareceu melhor uma distinção, 
destinada a permanecer como um dos valores constantes das ciências 
humanas, entre Direito legal – que pode não corresponder ai bem da 
cidade e dos cidadãos – e Direito natural, no sentido de um Direito que 
em toda parte possui igual força, independente do fato de ser 
reconhecido ou não pela lei positiva, o que não significa que ele não 
comporte mudanças”. (REALE, 1998, p09). 
Tão perfeita é sua conceituação, que depois de milênios seus 
pensamentos ainda são reverenciados e formam a base do sistema 
jurídico ocidental. Direito busca a concretização do justo aristotélico, 
orientado pela igualdade (aritmética ou proporcional) e complementado 
pela equidade. MONTORO (2000) ensina, em Introdução ao Estudo do 
Direito, a justiça, seguindo a linha traçada por Aristóteles, classificando 
da mesma forma, em justiça comutativa e distributiva, e destacando a 
importância da equidade na plena realização do Direito.

Continue navegando