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Enfermagem em CardiologiaI(3)

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AN02FREV001/REV 4.0 
 136 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ENFERMAGEM EM CARDIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 137 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ENFERMAGEM EM CARDIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 138 
 
 
MÓDULO III 
 
 
4 DOENÇAS CARDÍACAS II 
 
 
4.1 ENDOCARDITES 
 
 
Endocardite é o nome dado às afecções, infecciosas ou não, do endocárdio. 
A maioria das endocardites tem uma origem infecciosa e os micro-organismos mais 
frequentemente causadores dessa doença são: bactérias, fungos, microbactérias, 
riquetsias, clamídias, micoplasmas. Os agentes mais comuns são: estreptococos, 
estafilococos, enterococos, alguns germes gram-negativos. Também existem 
reações inflamatórias do endocárdio provocadas por doenças autoimunes, nas quais 
não encontramos um agente infeccioso na reação inflamatória do endocárdio. 
A endocardite localiza-se preferencialmente nas válvulas do coração, mas 
pode ser encontrada em qualquer parte do endocárdio, podendo ser classificada em 
aguda e subaguda. A aguda se caracteriza pela intensa toxicidade e rápida 
progressão, podendo evoluir em dias para a morte. Costuma provocar infecções a 
distância, como no cérebro, rins, pulmões, fígado, olhos. O agente etiológico mais 
comum é o estafilococos aureus. 
Já a subaguda tem a evolução mais lenta, persistindo por meses e, na 
maioria dos casos, é causada por Estreptococos viridans, enterococos, estafilococos 
coagulase negativos ou bacilos gram-negativos. A endocardite pode atingir as 
pessoas em qualquer idade e os sintomas e sinais principais são: febre de longa 
duração, suores noturnos persistentes, astenia, baço aumentado de volume, 
alterações cardíacas, como o agravamento súbito de uma doença cardíaca 
previamente existente. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 139 
 
 
O que favorece o aparecimento de endocardites 
 
 
As pessoas portadoras de lesões valvulares do coração, congênitas ou 
adquiridas são as mais propensas a apresentarem a doença. Contudo, a 
endocardite também ocorre em pessoas que não tenham lesões cardíacas. Surge 
principalmente depois de procedimentos invasivos, em que há a incursão do 
organismo, como cirurgias, extrações dentárias, colocação de sondas, manipulação 
de abscessos (espinhas ou furúnculos). Em alguns grupos, a metade dos casos 
encontrados de endocardite é em pessoas que fizeram ou fazem uso de drogas 
injetáveis. Outro grupo de pessoas seguidamente acometido de endocardite 
encontra-se entre os que foram submetidos à cirurgia cardíaca. Há trabalhos que 
relatam que até 30% das válvulas artificiais implantadas nos corações são atingidas 
por infecção. 
 
Diagnóstico 
 
O diagnóstico de endocardite é feito principalmente quando existe um alto 
índice de suspeita do médico naqueles pacientes que tenham febres prolongadas e 
sem outro diagnóstico que explique a elevação da temperatura. A história de 
procedimentos cirúrgicos, dentários e uso de drogas aumenta a suspeita. Para um 
diagnóstico de endocardite, o médico se vale de um bom exame clínico do sistema 
cardiovascular, no qual se destacam o surgimento ou a alteração em sopros 
anteriormente existentes, o aumento do baço, alterações ecocardiográficas e 
culturas do sangue. 
Atualmente, um dos exames que mais auxilia para o diagnóstico de 
endocardite é a ecografia transesofágica. Em um grande número de casos não se 
consegue obter uma cultura positiva do sangue para identificar o agente causador 
da endocardite. Nos melhores laboratórios, que tenham acesso às técnicas mais 
apuradas, em cerca de 70 a 80% dos casos em que se colhe o sangue dos 
pacientes se consegue obter culturas positivas que identifiquem o agente etiológico. 
Uma das razões para a falta de identificação está no fato da maioria dos pacientes 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 140 
estarem recebendo antibióticos administrados às cegas, isto é, sem ter um 
diagnóstico etiológico confirmado. 
 
Tratamento 
 
O tratamento é feito com antibióticos em doses generosas e durante um 
tempo prolongado, em média 30 dias. Alguns pacientes, uma vez curada a infecção 
do coração, havendo alterações severas de válvulas, devem ser submetidos à troca 
cirúrgica dessa válvula. Denomina-se de endocardite hospitalar aquela que ocorre 
em pessoas tratadas em hospital, que não foram submetidas a procedimentos sobre 
o coração, e que tendo ou não uma lesão cardíaca ou uma válvula artificial, a 
desenvolve devido ao uso de agulhas ou cateteres infectados, instrumentação ou 
cirurgia de vias urinárias ou digestivas. 
 
Micro-organismos mais frequentemente envolvidos na endocardite 
 
Estreptococcus viridans 
 
De 30 a 65% dos casos de endocardite não relacionados ao uso de drogas 
ilícitas são causados por esse agente. Ele é um habitante normal das nossas 
vias aéreas e orofaringe. Essa infecção é muito encontrada em portadores de 
lesões valvulares que foram submetidos a tratamentos dentários nos dias 
precedentes à descoberta de endocardite. 
 
Estreptococcus bovis (e outros) 
É geralmente um habitante normal do trato digestivo, estando envolvido em 
aproximadamente 27% dos casos de endocardite. É mais frequente em 
pacientes portadores de câncer ou pólipos intestinais. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 141 
 
Estreptococcus pneumoniae 
 
Embora esse germe seja muito encontrado no sangue dos portadores de 
infecções causadas por ele, só em 1 a 3% ele atinge o coração. Ocorre em 
alcoolistas e costuma estar associado à meningite e pneumonia. 
 
Enterococcus 
Em 85% dos casos de endocardite provocada pelos enterococos os 
responsáveis são e E. faecalis ou o E. faecium. São habitantes normais do 
trato digestivo e urinário e os casos de endocardite por eles causados 
costumam ser em pessoas jovens, principalmente em mulheres e homens 
idosos, como consequência da manipulações do trato genitourinário. 
 
Estafilococos 
 
O E. aureus dos coagulase positivos e o E. epidermidis entre os coagulase 
negativos são os mais encontrados em casos de endocardite provocados pelo 
uso de sondas, drenos e próteses de uso hospitalar. 
 
Fungos 
 
Os fungos podem estar envolvidos em casos de endocardite, bacteriana ou 
não, que se caracterizam por lesões vegetantes de proporções maiores, 
causando embolias. São particularmente encontrados em pacientes que 
tiveram válvulas cardíacas trocadas e em usuários de drogas ilícitas injetáveis. 
 
Endocardite não bacteriana trombótica 
 
Pode surgir em pacientes que tenham sofrido uma lesão no endocárdio e em 
portadores de doenças que se acompanham de hipercoagulabilidade do 
sangue. É mais encontrada em pessoas idosas, em portadores de doenças 
malignas, lesões de válvulas, portadores de lupus eritematoso sistêmico e em 
pacientes que tiveram cateteres implantados em procedimentos hospitalares. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 142 
Esse tipo de endocardite chega a ser detectado em 1,3% das necropsias. 
Sintomas e sinais 
 
 
Sintomas de endocardite, mais frequentes: 
Calafrios - 40 a 70%; 
Suores, principalmente noturnos - 25%; 
Emagrecimento - 25 a 35%; 
Falta de ar - 20 a 40%; 
Tosse - 25%; 
Confusão mental - 10 a 20%; 
Dores diversas - 5 a 35%. 
 
Sinais de endocardite, os mais frequentes: 
 
Febre - 80 a 90%; 
Sopro no coração - 80 a 85%; 
Mudanças dos sopros cardíacos - 10 a 40%; 
Agravamento súbito de doençacardíaca preexistente - 30%; 
Alterações neurológicas - 30 a 40%; 
Embolias arteriais ou pulmonares - 20 a 40%; 
Aumento do baço - 15 a 50%; 
Manifestações periféricas - 5 a 40% (em pele, unhas, fundo do olho). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 143 
 
 
4.2 MIOCARDIOPATIAS 
 
A miocardiopatia é um distúrbio progressivo que altera a estrutura ou 
compromete a função da parede muscular das câmaras inferiores do coração 
(ventrículos). Pode ser causada por muitas doenças conhecidas ou pode não ter 
uma causa identificável. 
 
 
4.2.1 Miocardiopatia Congestiva Dilatada 
 
 
O termo miocardiopatia congestiva dilatada refere-se a um grupo de 
distúrbios cardíacos nos quais os ventrículos dilatam, mas são incapazes de 
bombear um volume de sangue suficiente que supra as demandas do organismo e 
acarretam a insuficiência cardíaca. Nos Estados Unidos, a causa identificável mais 
comum da miocardiopatia congestiva dilatada é a doença arterial coronariana 
disseminada. Essa doença arterial coronariana acarreta uma irrigação sanguínea 
inadequada ao miocárdio, a qual pode levar a uma lesão permanente. 
Como consequência, a parte do miocárdio não lesada sofre um 
espessamento para compensar a perda da função de bomba. Quando esse 
espessamento não compensa adequadamente, ocorre a miocardiopatia congestiva 
dilatada. Uma inflamação aguda do miocárdio (miocardite) por uma infecção viral 
pode enfraquecer esse músculo e causar miocardiopatia congestiva dilatada (às 
vezes denominada miocardiopatia viral). Nos Estados Unidos, a infecção pelo coxsa-
ckievírus B é a causa mais comum de miocardiopatia viral. 
Alguns distúrbios hormonais crônicos, como o diabetes e os distúrbios 
tireoideanos, podem produzir a miocardiopatia congestiva dilatada. O problema 
também pode ser causado por drogas, como o álcool e a cocaína, e por 
medicamentos, como os antidepressivos. A miocardiopatia alcoólica pode ocorrer 
após aproximadamente dez anos de consumo intenso de álcool. Raramente 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 144 
gravidez ou doenças do tecido conjuntivo, como a artrite reumatoide, podem causar 
a miocardiopatia congestiva dilatada. 
 
 
Sintomas e diagnóstico 
 
 
Os primeiros sintomas usuais da miocardiopatia congestiva dilatada – 
dificuldade respiratória durante os exercícios e cansaço fácil – são decorrentes do 
enfraquecimento da função de bomba do coração (insuficiência cardíaca). Quando a 
miocardiopatia é proveniente de uma infecção, os primeiros sintomas podem ser 
uma febre súbita e sinais similares aos do resfriado. Qualquer que seja a causa, a 
frequência cardíaca aumenta, a pressão arterial é normal ou baixa, ocorre retenção 
de líquido nos membros inferiores e no abdômen e os pulmões apresentam 
congestão líquida. 
A dilatação do coração faz com que as válvulas cardíacas abram e fechem 
inadequadamente e aquelas que permitem a passagem do sangue aos ventrículos 
(as válvulas mitral e tricúspide), frequentemente, apresentam insuficiência. Um 
fechamento valvular inadequado produz sopro, o qual pode ser auscultado pelo 
médico com o auxílio de um estetoscópio. A lesão miocárdica e a dilatação podem 
aumentar ou diminuir anormalmente o ritmo cardíaco. Essas anormalidades 
interferem ainda mais na função de bomba do coração. O diagnóstico é baseado nos 
sintomas e no exame físico. 
A eletrocardiografia (procedimento que examina a atividade elétrica do 
coração) pode revelar alterações características. A ecocardiografia (exame que 
utiliza ondas ultrassônicas para gerar uma imagem das estruturas cardíacas) e a 
ressonância magnética (RM) podem ser utilizadas para a confirmação do 
diagnóstico. Se o diagnóstico permanecer duvidoso, um cateter destinado a 
mensurar a pressão é inserido no coração para uma avaliação mais precisa. Durante 
a cateterização, uma amostra de tecido pode ser removida para ser submetida a um 
exame microscópico (biópsia), para confirmar o diagnóstico e, frequentemente, para 
detectar a causa. 
 
 
 
 
 
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 145 
 
 
Prognóstico e tratamento 
 
Cerca de 70% das pessoas com miocardiopatia congestiva dilatada morre 
nos cinco anos subsequentes ao início dos sintomas e o prognóstico piora logo que 
as paredes cardíacas tornam-se mais delgadas e a função cardíaca diminui. As 
anomalias do ritmo cardíaco também indicam um prognóstico ruim. Em geral, a 
sobrevida dos homens equivale apenas à metade do tempo de sobrevida das 
mulheres e a sobrevida dos indivíduos da etnia negra equivale à metade do tempo 
de sobrevida dos brancos. Aproximadamente 50% das mortes são súbitas, 
provavelmente em razão de uma arritmia cardíaca. 
O tratamento das causas subjacentes específicas, como o consumo abusivo 
de álcool ou uma infecção, pode prolongar a vida do paciente. Se o uso abusivo de 
bebidas alcoólicas for a causa, o paciente deve abster-se da ingestão alcoólica. Se 
uma infecção bacteriana produzir uma inflamação aguda do miocárdio, essa deve 
ser tratada com antibiótico. No indivíduo com doença arterial coronariana, a irrigação 
sanguínea deficiente pode provocar angina (dor torácica causada por uma 
cardiopatia), impondo a necessidade de um tratamento com um nitrato, um 
betabloqueador ou um bloqueador dos canais de cálcio. 
Os betabloqueadores e os bloqueadores dos canais de cálcio podem reduzir 
a força das contrações cardíacas. Medidas que auxiliam a reduzir a tensão sobre o 
coração incluem o repouso e o sono suficientes e a redução do estresse. O acúmulo 
de sangue no coração dilatado pode acarretar a formação de coágulos nas paredes 
das câmaras cardíacas. Para prevenir a sua ocorrência, geralmente são utilizadas 
drogas anticoagulantes. 
Quase todas as drogas utilizadas na prevenção de arritmias cardíacas são 
prescritas em doses pequenas e essas são ajustadas por pequenos aumentos, pois 
esses agentes podem reduzir a força das contrações cardíacas. A insuficiência 
cardíaca também é tratada com drogas como, por exemplo, um inibidor da enzima 
conversora da angiotensina e, frequentemente, um diurético. No entanto, a menos 
que a causa da miocardiopatia congestiva dilatada possa ser tratada, é provável que 
a insuficiência cardíaca acarrete a morte do paciente. Devido a esse prognóstico 
 
 
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 146 
sombrio, a miocardiopatia congestiva dilatada é a indicação mais comum para a 
realização de um transplante cardíaco. 
 
 
4.2.2 Miocardiopatia Hipertrófica 
 
 
A miocardiopatia hipertrófica é um grupo de distúrbios cardíacos 
caracterizados pelo espessamento das paredes ventriculares. A miocardiopatia 
hipertrófica pode ser um defeito congênito. Ela também pode ocorrer em adultos 
com acromegalia, um distúrbio resultante do excesso de hormônio do crescimento 
no sangue, ou em portadores de feocromocitoma, um tumor que produz adrenalina. 
Indivíduos com neurofibromatose, um distúrbio hereditário, também podem 
apresentar miocardiopatia hipertrófica. 
Geralmente, qualquer espessamento das paredes musculares do coração 
representa a reação muscular a um aumento da carga de trabalho. As causas típicas 
são a hipertensão arterial, o estreitamento da válvula aórtica (estenose aórtica) e 
outros distúrbios que aumentam a resistência à saída do coração. No entanto, os 
indivíduos com miocardiopatia hipertrófica não apresentam essas condições. 
Por outro lado, o espessamento produzido nos casos de miocardiopatia 
hipertrófica geralmente é resultante de um defeito genético hereditário. O coração 
aumenta de espessura e torna-se mais rígido do que o normal e apresenta uma 
maior resistência à entrada de sangue proveniente dos pulmões. Uma das 
consequências é a pressão retrógrada nas veias pulmonares, a qual pode acarretar 
acúmulo de líquido nos pulmões e, consequentemente, uma dificuldade respiratória 
crônica. Além disso, à medida que as paredes ventriculares aumentam de 
espessura, elas podem bloquear o fluxosanguíneo, impedindo o enchimento 
adequado do coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 147 
 
 
Sintomas e diagnóstico 
 
 
Os sintomas incluem desmaio, dor torácica, palpitações produzidas pelas 
arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca acompanhada de dificuldade respiratória. 
Em decorrência dos batimentos cardíacos irregulares, pode ocorrer a morte súbita. 
Geralmente o médico consegue diagnosticar a miocardiopatia hipertrófica por meio 
do exame físico. Por exemplo, os sons cardíacos auscultados por um estetoscópio 
costumam ser característicos. Em regra, o diagnóstico é confirmado por um 
ecocardiograma, eletrocardiograma (ECG) ou por radiografia torácica. No caso do 
médico aventar a possibilidade de uma cirurgia, pode haver necessidade de realizar 
um cateterismo cardíaco para a mensuração das pressões no interior do coração. 
 
Prognóstico e Tratamento 
 
Anualmente, cerca de 4% das pessoas com miocardiopatia hipertrófica 
morrem. Geralmente a morte é súbita. A morte por insuficiência cardíaca crônica é 
menos comum. Pode ser necessário o aconselhamento genético para os indivíduos 
que apresentam esse distúrbio de natureza congênita e que desejam ter filhos. O 
tratamento tem como objetivo principal a redução da resistência cardíaca à entrada 
de sangue entre os batimentos cardíacos. Administrados de forma isolada ou 
simultânea, os betabloqueadores e os bloqueadores dos canais de cálcio 
representam o principal tratamento. 
A cirurgia de remoção de parte do miocárdio melhora o refluxo do sangue do 
coração, mas essa operação é realizada apenas em indivíduos cujos sintomas são 
incapacitantes apesar da terapia medicamentosa. A cirurgia pode reduzir os 
sintomas, mas não diminui o risco de vida. Antes de qualquer tipo de tratamento 
odontológico ou qualquer procedimento cirúrgico devem ser administrados 
antibióticos para reduzir o risco de infecção do revestimento interno do coração 
(endocardite infecciosa). 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 148 
 
4.2.3 Miocardiopatia Restritiva 
 
 
A miocardiopatia restritiva é um grupo de distúrbios do miocárdio nos quais 
as paredes ventriculares enrijecem, mas não necessariamente apresentam 
espessamento, produzindo uma resistência ao enchimento normal com sangue entre 
os batimentos cardíacos. Sendo a forma menos comum de miocardiopatia, a 
miocardiopatia restritiva apresenta muitas características da miocardiopatia 
hipertrófica. Comumente, a sua causa é desconhecida. Em um de seus dois tipos 
básicos, o miocárdio é substituído gradualmente por tecido cicatricial. No outro tipo, 
ocorre infiltração de um material anormal no miocárdio como, por exemplo, glóbulos 
brancos (leucócitos). 
Outras causas de infiltração são a amiloidose e a sarcoidose. Quando o 
organismo possui uma quantidade excessiva de ferro, esse metal pode acumular-se 
no miocárdio, como ocorre na hemocromatose (sobrecarga de ferro nos tecidos). A 
causa também pode ser um tumor que invade o tecido cardíaco, porque a 
resistência cardíaca ao enchimento com sangue e a quantidade de sangue 
bombeada para fora é adequada quando o indivíduo encontra-se em repouso, mas 
não quando ele está exercitando-se. 
 
 
Sintomas e diagnóstico 
 
 
A miocardiopatia restritiva causa insuficiência cardíaca acompanhada de 
dificuldade respiratória. O diagnóstico baseia-se, em grande parte, no exame físico, 
no eletrocardiograma (ECG) e no ecocardiograma. A ressonância magnética (RM) 
pode fornecer informações adicionais sobre a estrutura do coração. Geralmente, um 
diagnóstico preciso exige um cateterismo cardíaco, para a mensuração das 
pressões, e de uma biópsia do miocárdio (remoção e exame microscópico de uma 
amostra), a qual pode permitir a identificação da substância infiltrada. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 149 
 
 
Prognóstico e tratamento 
 
 
Cerca de 70% dos indivíduos com miocardiopatia restritiva morrem nos cinco 
anos que sucedem o início dos sintomas. Para a maioria das pessoas com esse 
distúrbio não existe uma terapia satisfatória. Por exemplo, os diuréticos, que 
normalmente são utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca, podem reduzir o 
volume sanguíneo que chega ao coração, agravando o problema em vez de 
melhorá-lo. 
As drogas normalmente utilizadas em casos de insuficiência cardíaca que 
visam reduzir a carga de trabalho do coração, em geral, não ajudam, pois elas 
podem produzir uma redução excessiva da pressão arterial. Algumas vezes, a causa 
da miocardiopatia restritiva pode ser tratada para prevenir a piora da lesão cardíaca 
ou mesmo para reverter o quadro. Por exemplo, nos casos de sobrecarga de ferro, a 
remoção de sangue em intervalos regulares reduz a quantidade de ferro 
armazenado. Os indivíduos com sarcoidose podem utilizar corticosteroides. 
 
 
4.3 VALVULOPATIAS 
 
 
O coração possui quatro câmaras: duas superiores e de pequenas 
dimensões (os átrios), e duas inferiores e maiores (os ventrículos). Cada ventrículo 
possui uma válvula de entrada e uma válvula de saída, ambas unidirecionais. A 
válvula tricúspide abre-se do átrio direito para o ventrículo direito e a válvula 
pulmonar abre-se do ventrículo direito para as artérias pulmonares. A válvula mitral 
abre-se do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo e a válvula aórtica abre-se do 
ventrículo esquerdo para a aorta. 
As válvulas cardíacas podem apresentar um funcionamento deficiente, 
permitindo um vazamento (insuficiência valvular) ou uma abertura não adequada 
(estenose valvular). Qualquer um desses problemas pode interferir gravemente na 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 150 
capacidade de bombeamento de sangue do coração. Algumas vezes, uma válvula 
apresenta os dois problemas simultaneamente. 
 
 
Estenose e a Regurgitação (Insuficiência) 
 
 
As válvulas cardíacas podem funcionar mal, seja não abrindo 
adequadamente (estenose) seja permitindo o vazamento do sangue (regurgitação). 
Estas ilustrações apresentam os dois problemas na válvula mitral, embora eles 
também possam ocorrer nas demais válvulas cardíacas. 
 
 
FIGURA 29 
 
 
FONTE: Disponível em: <li 
http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_03/images/cap19_fig1.gif>. Acesso 
em: 21 mar. 2012. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 151 
 
 
4.3.1 Insuficiência Mitral 
 
 
A insuficiência mitral (incompetência mitral, regurgitação mitral) consiste no 
fluxo retrógrado de sangue através dessa válvula ao átrio esquerdo cada vez que o 
ventrículo esquerdo se contrai. Quando o ventrículo esquerdo bombeia o sangue 
para fora do coração e para o interior da aorta, ocorre um fluxo retrógrado de certa 
quantidade de sangue ao átrio esquerdo, aumentando o volume e a pressão nessa 
câmara. Por sua vez, isso aumenta a pressão no interior dos vasos que levam o 
sangue dos pulmões ao coração, resultando em um acúmulo de líquido (congestão) 
no interior dos pulmões. 
A doença reumática costumava ser a causa mais comum de insuficiência 
mitral. Atualmente, ela é rara nos países que contam com uma medicina preventiva 
de boa qualidade. Na América do Norte e na Europa Ocidental, por exemplo, o uso 
de antibióticos contra a infecção de garganta por estreptococos impede, na maioria 
dos casos, a ocorrência da moléstia reumática. Nessas regiões, a insuficiência mitral 
causada pela moléstia reumática é comum apenas em pessoas idosas que não 
foram beneficiadas pelos antibióticos durante a juventude. 
Entretanto, nos países onde a medicina preventiva é de má qualidade, a 
moléstia reumática ainda está presente, sendo uma causa comum de insuficiência 
mitral. Na América do Norte e na Europa Ocidental, uma causa mais comum de 
insuficiência mitral é o infarto do miocárdio, o qual pode lesar as estruturas de 
sustentação da válvula mitral. Outra causa é a degeneração mixomatosa, um 
distúrbio no qual a válvula torna-se gradativamente mais flácida. 
 
 
SintomasUma insuficiência mitral leve pode não produzir qualquer sintoma. O 
problema, às vezes, é identificado apenas quando o médico, auscultando o paciente 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 152 
com um estetoscópio, ouve um sopro cardíaco característico resultante do fluxo 
retrógrado do sangue que retorna ao átrio esquerdo após a contração do ventrículo 
esquerdo. Pelo fato de ser obrigado a bombear mais sangue para compensar o fluxo 
retrógrado de sangue ao átrio esquerdo, ocorre um aumento progressivo do 
ventrículo esquerdo para aumentar a força de cada batimento cardíaco. 
O ventrículo dilatado pode produzir palpitações (percepção de batimentos 
cardíacos vigorosos), particularmente quando a pessoa encontra-se em decúbito 
lateral esquerdo. O átrio esquerdo também tende a dilatar para acomodar o sangue 
adicional que retorna do ventrículo. Geralmente, um átrio muito dilatado bate 
rapidamente e com um padrão desorganizado e irregular (fibrilação atrial), o qual 
reduz a eficácia do bombeamento do coração. 
Na realidade, o átrio em fibrilação não bombeia, apenas tremula, e a 
ausência de um fluxo sanguíneo adequado permite a formação de coágulos. Se um 
desses coágulos se soltar, será bombeado para fora do coração e poderá obstruir 
uma artéria de menor calibre e pode provocar um acidente vascular cerebral ou 
outra lesão. A insuficiência grave reduz o fluxo sanguíneo anterógrado o suficiente 
para provocar uma insuficiência cardíaca, a qual pode produzir tosse, dificuldade 
respiratória durante o exercício ou esforço e edema nos membros inferiores. 
 
Diagnóstico 
 
Em geral pode-se diagnosticar uma insuficiência mitral através do sopro 
característico – um som auscultado por um estetoscópio quando o ventrículo 
esquerdo se contrai. O eletrocardiograma (ECG) e radiografias torácicas revelam se 
o ventrículo esquerdo encontra-se aumentado. O exame que fornece mais 
informações é a ecocardiografia, uma técnica de diagnóstico por imagem que utiliza 
ondas ultrassônicas. Esse exame pode gerar uma imagem de uma válvula 
defeituosa, indicando a gravidade do problema. 
 
Tratamento 
 
Se a insuficiência for grave, a válvula deverá ser reparada ou substituída 
antes que a anormalidade do ventrículo esquerdo torne-se muito importante e não 
possa ser corrigida. A cirurgia pode ter como objetivo a reparação da válvula 
 
 
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 153 
(valvuloplastia) ou a sua substituição por uma válvula mecânica ou por uma válvula 
feita parcialmente com uma válvula de porco. 
A reparação valvular elimina ou diminui a insuficiência o suficiente para que 
os sintomas se tornem toleráveis e não ocorra lesão cardíaca. Cada tipo de válvula 
substituta apresenta vantagens e desvantagens. Apesar de normalmente serem 
eficazes, as válvulas mecânicas aumentam o risco de formação de coágulos 
sanguíneos, obrigando o paciente a tomar anticoagulantes por um período 
indeterminado para que haja menor risco. 
As válvulas de porco funcionam bem e não acarretam o risco de formação 
de coágulos, mas a sua duração é menor do que a das válvulas mecânicas. Se uma 
válvula substituta apresentar defeito, ela deve ser imediatamente substituída. A 
fibrilação atrial também pode exigir tratamento medicamentoso. Drogas como os 
betabloqueadores, a digoxina e o verapamil podem reduzir a frequência cardíaca e 
ajudar no controle da fibrilação. 
As superfícies das válvulas cardíacas lesadas podem ser locais de graves 
infecções (endocardite infecciosa). Qualquer pessoa que apresente uma lesão 
valvular ou uma válvula artificial deve tomar antibióticos antes de ser submetida a 
tratamento odontológico ou procedimento cirúrgico, para evitar a ocorrência de 
processos infecciosos. 
 
 
4.3.2 Prolapso da Válvula Mitral 
 
 
No prolapso da válvula mitral ocorre uma protrusão dos folhetos da válvula 
para o interior do átrio esquerdo durante a contração ventricular, a qual, algumas 
vezes, permite o fluxo retrógrado de pequenas quantidades de sangue para o átrio. 
Cerca de 2 a 5% da população apresentam prolapso da válvula mitral. Raramente, 
essa anomalia produz problemas cardíacos graves. 
 
 
 
 
 
 
 
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 154 
 
FIGURA 30 
 
FONTE: Disponível em: < http://www.umm.edu/graphics/images/es/18148.jpg >. Acesso em: 21 mar. 
2012. 
 
 
 
Sintomas e Diagnóstico 
 
A maioria dos indivíduos com prolapso da válvula mitral não apresenta 
sintomas. No entanto, alguns deles apresentam sintomas que são difíceis de serem 
explicados baseando-se apenas no problema mecânico. Esses sintomas incluem a 
dor torácica, palpitações, enxaqueca, fadiga e tontura. Em alguns indivíduos, a 
pressão arterial cai abaixo do normal quando eles assumem a posição ortostática e, 
em outros, batimentos cardíacos discretamente irregulares produzem palpitações 
(percepção dos batimentos cardíacos). 
Diagnostica-se o distúrbio através da ausculta de um som característico 
(“clique”) por meio do estetoscópio. A insuficiência é diagnosticada através da 
ausculta de um sopro durante a contração ventricular. A ecocardiografia, uma 
técnica de diagnóstico por imagens que utiliza ultrassom, permite a visualização do 
prolapso e a determinação da gravidade de qualquer insuficiência. 
 
 
 
 
 
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 155 
 
Tratamento 
 
A maioria dos indivíduos que apresenta prolapso da válvula mitral não 
necessita de tratamento. Se o coração bater em uma frequência excessivamente 
rápida, o paciente pode utilizar um betabloqueador para diminuir a frequência 
cardíaca, as palpitações e outros sintomas. Caso o indivíduo apresente insuficiência, 
ele deve tomar antibióticos antes de procedimentos cirúrgicos ou odontológicos 
devido ao pequeno risco de infecção valvular decorrente das bactérias liberadas 
durante os mesmos. 
 
 
4.3.3. Estenose Mitral 
 
 
A estenose mitral é o estreitamento da abertura dessa válvula que aumenta 
a resistência ao fluxo sanguíneo do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo. 
Quase sempre a estenose mitral é resultante da moléstia reumática, afecção que 
atualmente é rara na América do Norte e na Europa Ocidental. Por essa razão, 
nessas partes do mundo a estenose mitral ocorre principalmente em pessoas idosas 
que apresentaram moléstia reumática durante a infância. No resto do mundo a 
moléstia reumática é comum, levando à estenose mitral em adultos, adolescentes e 
mesmo em crianças. Em geral, quando a moléstia reumática é a causa da estenose, 
os folhetos da válvula mitral tornam-se parcialmente fundidos. A estenose mitral 
também pode ser congênita. 
Lactentes que nascem com esse distúrbio raramente sobrevivem além dos 
dois anos de idade, exceto quando submetidos a uma cirurgia. Um mixoma (tumor 
não maligno localizado no átrio esquerdo) ou um coágulo sanguíneo podem obstruir 
o fluxo sanguíneo através da válvula mitral, produzindo o mesmo efeito que a 
estenose. 
 
 
 
 
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 156 
 
 
Sintomas e Diagnóstico 
 
 
Se a estenose for grave, a pressão arterial aumenta no átrio esquerdo e nas 
veias pulmonares, acarretando insuficiência cardíaca com acúmulo de líquido nos 
pulmões (edema pulmonar). Se uma mulher com estenose mitral grave engravidar 
pode ocorrer uma instalação rápida da insuficiência cardíaca. O indivíduo com 
insuficiência cardíaca apresenta cansaço fácil e dificuldade respiratória. Inicialmente 
ele pode mostrar dificuldade respiratória somente durante a atividade física. 
Posteriormente, os sintomas podem ocorrer mesmo durante o repouso. Alguns 
indivíduos respiram confortavelmente somente se ficarem recostados sobre 
travesseiros ou sentados eretos. Um rubor cor de ameixa nas regiões das 
bochechas é sugestivo de estenose mitral. 
A pressão elevada das veias pulmonares pode acarretar a ruptura venosa ou 
capilar, acarretando sangramento (discreto ou abundante) no interior dos pulmões. 
O aumento do átrio esquerdo pode levar à fibrilaçãoatrial, um batimento cardíaco 
irregular e rápido. Por meio de um estetoscópio, o médico ausculta um sopro 
cardíaco característico quando o sangue proveniente do átrio esquerdo passa 
através da válvula estenosada. Ao contrário de uma válvula normal, cuja abertura é 
silenciosa, a válvula estenosada frequentemente produz um estalido ao se abrir para 
permitir a entrada do sangue para o interior do ventrículo esquerdo. 
Geralmente o diagnóstico é confirmado pelo eletrocardiograma, de uma 
radiografia torácica que revela a dilatação atrial ou de um ecocardiograma (técnica 
de diagnóstico por imagens que utiliza ondas ultrassônicas). Algumas vezes a 
realização de um cateterismo cardíaco é necessária para se determinar a extensão 
e as características da obstrução. 
 
Prevenção e Tratamento 
 
A estenose mitral pode ser evitada com a prevenção da moléstia reumática, 
uma doença infantil que, algumas vezes, ocorre após uma infecção estreptocóccica 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 157 
da garganta. Drogas, como os betabloqueadores, a digoxina e o verapamil podem 
reduzir a frequência cardíaca e ajudar no controle da fibrilação atrial. No caso de 
insuficiência cardíaca, a digoxina também fortalece os batimentos cardíacos. 
Os diuréticos, através da redução do volume sanguíneo circulante, podem 
diminuir a pressão arterial nos pulmões. Se o tratamento medicamentoso não 
produzir redução dos sintomas de maneira satisfatória pode ser necessária a 
reparação ou a substituição da válvula. A abertura da válvula pode simplesmente ser 
aumentada através de um procedimento denominado valvuloplastia com cateter com 
balão. Nesse procedimento, um cateter que possui um balão na sua extremidade é 
introduzido através de uma veia e é dirigido ao coração. Quando o cateter estiver 
localizado na válvula, o balão é insuflado, afastando os folhetos valvulares nos locais 
de fusão. 
Opcionalmente o paciente é submetido a uma cirurgia de separação dos 
folhetos fundidos. Se a válvula apresentar uma lesão importante, ela poderá ser 
substituída cirurgicamente por uma válvula mecânica ou por uma válvula 
parcialmente produzida a partir de uma válvula de porco. Os indivíduos com 
estenose mitral são tratados com antibióticos antes de qualquer procedimento 
cirúrgico ou odontológico para reduzir o risco de infecção da válvula cardíaca. 
 
 
4.3.4 Insuficiência Aórtica 
 
 
A insuficiência aórtica (incompetência ou regurgitação aórtica) é o refluxo de 
sangue através da válvula aórtica toda vez que o ventrículo esquerdo relaxa. Na 
América do Norte e na Europa Ocidental as causas mais comuns costumavam ser a 
moléstia reumática e a sífilis. Atualmente ambas são raras, graças ao uso 
disseminado de antibióticos. Em outras regiões, a lesão valvular causada pela 
moléstia reumática ainda é comum. 
Além dessas infecções, a causa mais comum de insuficiência aórtica é o 
enfraquecimento do material valvular, normalmente fibroso e resistente, devido a 
uma degeneração mixomatosa, a um defeito congênito ou a fatores desconhecidos. 
A degeneração mixomatosa é um distúrbio hereditário do tecido conjuntivo que 
 
 
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 158 
enfraquece o tecido valvular cardíaco, o que permite sua distensão anormal e, 
raramente, o seu rompimento. Outras causas são as infecções bacterianas ou uma 
lesão. Cerca de 2% dos meninos e 1% das meninas nasce com uma válvula aórtica 
contendo dois folhetos em vez dos três habituais, o que pode causar insuficiência 
leve. 
 
Sintomas e Diagnóstico 
 
Uma insuficiência aórtica leve não produz sintomas além de um sopro 
cardíaco característico, o qual pode ser auscultado por meio de um estetoscópio em 
cada relaxamento do ventrículo esquerdo. No caso de uma insuficiência grave, o 
ventrículo esquerdo recebe uma quantidade de sangue cada vez maior, o que 
acarreta a dilatação do ventrículo e, finalmente, a insuficiência cardíaca. 
A insuficiência cardíaca produz dificuldade respiratória ao esforço ou em 
decúbito dorsal, especialmente à noite. A posição sentada permite a drenagem do 
líquido da parte superior dos pulmões e restauração da respiração normal. O 
indivíduo também pode apresentar palpitações (percepção dos batimentos cardíacos 
vigorosos), as quais são causadas por contrações fortes do ventrículo aumentado. 
Podem ocorrer dores torácicas, especialmente durante a noite. Geralmente o 
diagnóstico é estabelecido após auscultar o sopro característico, além dos outros 
sinais de insuficiência aórtica observados durante o exame físico (como certas 
anormalidades do pulso) e da presença de dilatação cardíaca nas radiografias. Um 
eletrocardiograma (ECG) pode revelar alterações do ritmo cardíaco e sinais de 
dilatação do ventrículo esquerdo. A ecocardiografia pode gerar uma imagem da 
válvula defeituosa, indicando a gravidade do problema. 
 
Tratamento 
 
Antibióticos são administrados antes de procedimentos odontológicos ou 
cirúrgicos para impedir infecção da válvula cardíaca lesada. Essa precaução é 
tomada mesmo nos casos de insuficiência aórtica leve. O indivíduo que apresenta 
sintomas de insuficiência cardíaca deve ser submetido à cirurgia antes que ocorra 
uma lesão irreversível do ventrículo esquerdo. 
 
 
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 159 
Nas semanas que antecedem a cirurgia a insuficiência cardíaca é tratada 
com digoxina e inibidores da enzima conversora da angiotensina ou com outras 
drogas que produzem dilatação dos vasos sanguíneos e redução do trabalho 
cardíaco. Em geral a válvula é substituída por uma válvula mecânica ou por uma 
válvula parcialmente produzida a partir de uma válvula de porco. 
 
 
4.3.5 Estenose Aórtica 
 
 
A estenose aórtica é o estreitamento da abertura dessa válvula que aumenta 
a resistência ao fluxo sanguíneo do ventrículo esquerdo para a aorta. Na América do 
Norte e na Europa Ocidental a estenose aórtica é uma doença típica de pessoas 
idosas – resultante da cicatrização e do acúmulo de cálcio nos folhetos da válvula. 
Por essa razão, a estenose aórtica inicia-se após os 60 anos de idade. 
No entanto, ela comumente não produz sintomas até os 70 ou 80 anos. A 
estenose aórtica também pode ser decorrente da moléstia reumática contraída na 
infância. Quando essa é a causa, a estenose aórtica geralmente é acompanhada por 
um distúrbio da válvula mitral, produzindo estenose, insuficiência ou ambas. 
 
 
FIGURA 31 
 
 
FONTE: Disponível em: < http://www.cfcp.com.br/a/arquivos/Fotos/estenose_aortica.png >. Acesso 
em: 21 mar. 2012. 
 
 
 
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 160 
 
Em indivíduos jovens, a causa mais comum é um defeito congênito. A 
válvula aórtica estenosada pode não ser um problema durante a infância, tornando-
se, no entanto, problemática na idade adulta. A válvula permanece do mesmo 
tamanho à medida que o coração aumenta e tenta bombear volumes maiores de 
sangue através da válvula pequena. A válvula pode apresentar apenas dois folhetos, 
em vez dos três habituais, ou uma forma anormal, em funil. Com o passar dos anos 
a abertura dessa válvula frequentemente torna-se rígida e estreitada devido ao 
acúmulo de depósitos de cálcio. 
 
Sintomas e Diagnóstico 
 
A parede do ventrículo esquerdo espessa à medida que o ventrículo tenta 
bombear um volume sanguíneo suficiente através da válvula aórtica estenosada e o 
miocárdio aumentado exige um maior suprimento sanguíneo das artérias coronárias. 
Finalmente, o suprimento sanguíneo torna-se insuficiente, produzindo dor torácica 
(angina) ao esforço. Essa irrigação insuficiente pode lesar o miocárdio e, 
consequentemente, o volume sanguíneo originário do coração torna-se inadequado 
para as necessidades do organismo. 
A insuficiência cardíaca resultante acarreta fadiga e dificuldade respiratória 
ao esforço. O indivíduo com estenose aórtica grave pode desmaiar durante o 
esforço, pois a válvula estenosada impede que o ventrículo bombeie sangue 
suficiente para as artériasdos músculos, os quais dilataram para receber mais 
sangue rico em oxigênio. Geralmente o médico baseia o diagnóstico em um sopro 
cardíaco característico (auscultado por um estetoscópio), em anormalidades do 
pulso, em anormalidades reveladas no eletrocardiograma (ECG) e no espessamento 
da parede cardíaca, desvendado por meio da radiografia torácica. 
Para a identificação da causa e a de terminação da gravidade da estenose 
em indivíduos que apresentam angina, dificuldade respiratória ou desmaios, a 
ecocardiografia (técnica de diagnóstico por imagem utilizando ondas ultrassônicas) 
e, possivelmente, o cateterismo cardíaco podem ser utilizados. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 161 
 
 
Tratamento 
 
Em qualquer adulto que apresente desmaios, angina e dificuldade 
respiratória ao esforço provocado por uma estenose aórtica é realizada a 
substituição cirúrgica da mesma, de preferência antes que ocorra uma lesão 
irreparável do ventrículo esquerdo. A válvula substituta pode ser uma válvula 
mecânica ou uma válvula parcialmente produzida a partir de uma válvula de porco. 
Qualquer indivíduo com implante valvular deve tomar antibióticos antes de ser 
submetido a procedimentos odontológicos ou cirúrgicos para evitar uma infecção da 
válvula cardíaca. 
Em crianças, caso a estenose seja grave, a cirurgia pode ser realizada 
mesmo antes que haja manifestação dos sintomas. O tratamento precoce é 
importante porque a morte súbita pode ocorrer antes do surgimento dos sintomas. 
Para crianças, as alterações efetivas e seguras à cirurgia de substituição da válvula 
são a reparação cirúrgica da válvula e a valvuloplastia com cateter com balão, na 
qual um cateter é inserido na válvula e o balão localizado em sua extremidade é 
insuflado para expandir a abertura valvular. 
A valvuloplastia é também utilizada em pacientes idosos e frágeis, os quais 
não suportariam uma cirurgia, embora exista a tendência de reincidência da 
estenose. No entanto, geralmente a substituição da válvula lesada é o melhor 
tratamento para adultos de todas as idades e seu prognóstico é excelente. 
 
 
4.3.6 Insuficiência Tricúspide 
 
 
A insuficiência tricúspide (incompetência ou regurgitação da válvula 
tricúspide) consiste no refluxo sanguíneo através da válvula tricúspide em cada 
contração do ventrículo direito. No caso da insuficiência tricúspide, o ventrículo 
direito ao contrair não apenas bombeia o sangue para os pulmões, mas também 
envia certa quantidade de sangue de volta ao átrio direito. A insuficiência valvular 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 162 
aumenta a pressão no átrio direito, fazendo com que ele dilate. Essa pressão 
elevada é transmitida para as veias que desembocam no átrio, produzindo uma 
resistência ao fluxo sanguíneo proveniente do corpo em direção ao coração. 
A causa mais usual da insuficiência tricúspide é a resistência ao efluxo do 
sangue proveniente do ventrículo direito, a qual é produzida por uma doença 
pulmonar grave ou por um estreitamento da válvula pulmonar (estenose pulmonar). 
Como mecanismo de compensação, o ventrículo direito aumenta para bombear com 
mais força e ocorre uma dilatação da abertura valvular. 
 
Sintomas e Diagnóstico 
 
Além dos sintomas vagos, como a fraqueza e a fadiga decorrentes de um 
baixo débito sanguíneo do coração, os únicos sintomas geralmente são um 
desconforto na região superior direita do abdômen, em virtude do aumento do 
fígado, e pulsações na região do pescoço. Esses sintomas são decorrentes do fluxo 
retrógrado do sangue para as veias. A dilatação do átrio direito pode acarretar 
fibrilação atrial – batimentos cardíacos rápidos e irregulares. Finalmente ocorre a 
insuficiência cardíaca e a retenção líquida, principalmente nos membros inferiores. O 
diagnóstico é baseado no histórico clínico do indivíduo e no exame físico, no 
eletrocardiograma (ECG) e na radiografia torácica. 
A insuficiência valvular produz um sopro que pode ser auscultado pelo 
médico por meio de um estetoscópio. A ecocardiografia pode gerar uma imagem do 
refluxo, indicando sua gravidade. 
 
Tratamento 
 
Geralmente a insuficiência tricúspide em si requer pouco ou nenhum 
tratamento. No entanto, a doença pulmonar ou a valvulopatia pulmonar subjacente 
pode exigir tratamento. Problemas como as arritmias cardíacas e a insuficiência 
cardíaca comumente são tratadas sem que haja necessidade de cirurgia da válvula 
tricúspide. 
 
 
 
 
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 163 
 
 
4.3.7 Estenose Tricúspide 
 
 
A estenose tricúspide é um estreitamento da abertura dessa válvula, o qual 
aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo proveniente do átrio direito em direção ao 
ventrículo direito. No decorrer do tempo a estenose tricúspide produz dilatação do 
átrio direito e diminuição do ventrículo direito. O volume de sangue que retorna ao 
coração diminui e a pressão sobre as veias que conduzem o sangue de volta ao 
coração aumenta. Praticamente todos os casos são causados pela moléstia 
reumática, a qual se tornou rara na América do Norte e na Europa Ocidental. 
Raramente, a causa é um tumor no átrio direito, uma doença do tecido conjuntivo 
ou, ainda mais raramente, um defeito congênito. 
 
Sintomas, Diagnóstico e Tratamento 
 
Geralmente os sintomas são leves. O indivíduo pode apresentar palpitações 
(percepção dos batimentos cardíacos), uma tremulação desconfortável no pescoço e 
apresentar fadiga. Ele pode apresentar um desconforto abdominal se o aumento da 
pressão venosa acarretar aumento do fígado. Com o auxílio de um estetoscópio 
pode-se auscultar o sopro da estenose tricúspide. A radiografia torácica pode revelar 
dilatação do átrio direito e o ecocardiograma revela uma imagem da estenose, 
indicando sua gravidade. Eletrocardiograma (ECG) mostra alterações sugestivas de 
sobrecarga do átrio direito. Raramente a estenose tricúspide é suficientemente grave 
a ponto de exigir uma reparação cirúrgica. 
 
 
4.3.8 Estenose Pulmonar 
 
 
A estenose pulmonar é o estreitamento da abertura dessa válvula, o qual 
aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo proveniente do ventrículo direito para as 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 164 
artérias pulmonares. A estenose pulmonar, a qual é rara em adultos, geralmente é 
um defeito congênito. 
 
 
4.4 FEBRE REUMÁTICA 
 
 
Doença inflamatória que ocorre após um episódio de amigdalite bacteriana 
tratada inadequadamente – pode atingir as articulações, o coração e o cérebro, 
deixando sequelas cardíacas graves, com consequências por toda a vida e podendo 
levar à morte. A doença ocorre em surtos, se não for prevenida, e a cada surto 
aumenta a chance de ocorrerem lesões cardíacas graves. Continua sendo a 
principal causa de doença cardíaca adquirida em crianças e adultos jovens em todo 
o mundo, mas é também a cardiopatia de mais fácil prevenção. É uma doença que 
acomete principalmente crianças de 5 a 15 anos, de baixo nível socioeconômico, 
que vivem em aglomerações urbanas. 
Embora seja uma doença de ocorrência universal, a distribuição da febre 
reumática no mundo reflete o padrão da desigualdade social, com manutenção de 
índices elevados em países em desenvolvimento, chegando a atingir 1% das 
crianças em idade escolar, e redução progressiva em países desenvolvidos, onde a 
incidência é mínima, ocorrendo por vezes em surtos isolados. 
 
Principais Sintomas da Infecção na Garganta (Amigdalite) Bacteriana 
 
Não é toda Infecção na garganta que pode causar a febre reumática, 
somente aquelas causadas por uma bactéria chamada Streptococcus Beta 
hemolítico do grupo A (ou Streptococcus pyogenes). 
 
Os sintomas desse tipo de amigdalite são os seguintes: 
Febre alta; 
Dor de garganta muito forte; 
Placas de pus nas amígdalas; 
Caroço inchado e dolorido no pescoço (Gânglio). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 165 
 
 Tratamento da Amigdalite Bacteriana 
 
O tratamento mais indicado é o uso da penicilina benzatina injetávelem 
dose única ou antibiótico oral, por 10 dias, de acordo com o critério do médico. Se a 
amigdalite bacteriana for bem tratada, a criança não terá febre reumática. 
 
Principais sintomas da Febre Reumática 
- Os primeiros sintomas em geral são febre, edema e dores nas articulações 
(principalmente joelhos, cotovelos e tornozelos) cerca de duas semanas após uma 
infecção de garganta mal curada; 
- Muitas vezes a criança não consegue andar por causa da dor; 
- Quando atinge o coração, o paciente, em geral, sente cansaço constante, falta de 
ar e a sensação de coração disparado. 
 
Tratamento da Febre Reumática 
 
A partir do diagnóstico da doença é necessário usar anti-inflamatórios e 
tomar uma injeção intramuscular de penicilina benzatina em intervalos de até 21 
dias, de acordo com o critério do seu médico para evitar novos episódios de 
amidalite bacteriana. A duração da profilaxia (tratamento com a penicilina) depende 
da gravidade da lesão cardíaca, e deve ser realizada no mínimo até os 25 anos. 
Interrompê-lo poderá ocasionar danos irreversíveis ao coração. 
 
 
4.5 PERICARDITES 
 
 
O pericárdio é composto de duas camadas de um tecido fibroso pouco 
distensível. Dessas camadas, a interna, denominada de visceral está aderida e 
praticamente fazendo parte do coração. A outra, a externa, denominada parietal, 
está em volta dessa primeira. Elas estão separadas por um espaço virtual que 
contém uma pequena quantidade de líquido. Essa segunda camada mantém o 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 166 
coração fixado no seu lugar dentro do tórax e evita o contato direto do coração com 
as estruturas vizinhas. Quando o pericárdio está inflamado ou infectado dizemos 
haver uma pericardite que pode ser um dos tipos de pericardite abaixo descritos. 
 
 
FIGURA 32 
 
 
FONTE: Disponível em: < http://www.cfcp.com.br/a/arquivos/Fotos/pericardite.bmp >. Acesso em: 21 
mar. 2012. 
 
 
4.5.1 Pericardite Aguda 
 
 
A pericardite aguda é uma inflamação do pericárdio que apresenta um início 
súbito e que é frequentemente dolorosa. A inflamação faz com que o líquido 
(plasma) e os produtos do sangue (como fibrina, eritrócitos e leucócitos) depositem-
se no espaço pericárdico. A pericardite aguda possui muitas causas, desde 
infecções virais (as quais podem ser dolorosas, mas de breve duração e, em geral, 
não produzem efeitos duradouros) até o câncer, o qual é potencialmente letal. 
Outras causas incluem a AIDS, infarto do miocárdio, cirurgia cardíaca, lúpus 
eritematoso sistêmico, doença reumatoide, insuficiência renal, lesões, radioterapia e 
escape de sangue de um aneurisma da aorta (dilatação da aorta com 
enfraquecimento de sua parede). A pericardite aguda também pode ser um efeito 
colateral de certas drogas, como anticoagulantes, penicilina, procainamida, fenitoína 
e fenilbutazona. 
 
 
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 167 
 
 
4.5.2 Pericardite Viral 
 
 
Pode ser causada por diversos vírus, as coxsaquieviroses, os ecovírus e os 
vírus da gripe, da varicela, hepatite, caxumba e HIV, são os mais frequentes. A 
doença atinge mais a homens com menos de 50 anos, principalmente depois de 
doenças infecciosas das vias aéreas superiores. O diagnóstico geralmente é feito 
em bases clínicas. Em alguns casos o derrame entre as duas camadas do pericárdio 
pode ser de proporções maiores, provocando o tamponamento cardíaco. Em raros 
casos a doença torna-se crônica, podendo resultar em pericardite constritiva, que 
pela retração cicatricial do pericárdio provoca o encarceramento do coração. Nessa 
situação há necessidade de operar, retirando-se o pericárdio em torno do coração. 
Os casos mais benignos são tratados com aspirina ou outro anti-inflamatório. Em 
raros pacientes, que não respondem ao tratamento, os corticosteroides podem ser 
usados. 
 
 
4.5.3 Pericardite Tuberculosa 
 
 
É rara nos países desenvolvidos e comum em outras áreas. Atinge o 
pericárdio diretamente via linfática ou por disseminação hematógena. Pode haver 
comprometimento ou não do pulmão, contudo o derrame pleural frequentemente 
acompanha a pericardite. O desenvolvimento da doença costuma ser subagudo, 
com o paciente apresentando cansaço, febre e suores noturnos. 
O diagnóstico não é fácil, havendo suspeita de evidência do bacilo álcool-
ácido resistente (BAAR) em outras partes do doente. A positividade do BAAR no 
líquido retirado do saco pericárdico é muito baixa, do mesmo modo que o é no tecido 
biopsiado. Alguns pacientes que não respondem bem ao tratamento conservador 
antituberculose necessitam ser operados para retirarem o pericárdio. 
 
 
 
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 168 
 
4.5.4 Pericardite Urêmica 
 
 
Pacientes com insuficiência renal podem apresentar pericardite. Os sintomas 
são semelhantes às outras pericardites, mas geralmente se acompanham das 
manifestações metabólicas decorrentes da uremia. Muitas vezes, a pericardite 
urêmica é diagnosticada pela dor pré-cordial apresentada pelos pacientes. O 
tratamento é o da doença básica que levou a pessoa à insuficiência renal ou a 
terapêutica da remissão isoladamente. 
 
 
4.5.5 Pericardite Neoplásica 
 
 
A disseminação de um câncer adjacente de pulmão ou de mama, a 
disseminação de um carcinoma de rim, linfomas que envolvem o pericárdio e outros 
cânceres podem causar um derrame pericárdico e tamponamento do coração. Em 
geral não há muitos sintomas e os que existem podem ser atribuídos à doença 
básica com suas repercussões hemodinâmicas. O diagnóstico pode ser 
particularmente difícil se o paciente foi submetido a radioterapia em uma área que 
abrangeu o pericárdio. O prognóstico para pericardite neoplásica é mau, geralmente 
o paciente morre antes de um ano. 
Do tratamento cirúrgico faz parte a abertura de uma janela no pericárdio 
para drenar o líquido ou a pericardiectomia. Também se tenta a instilação de 
tetraciclina no saco pericárdico, o que em alguns casos evita a recidiva do derrame. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4.5.6 Pericardite Pós-radiação 
 
 
A irradiação que atinge a área cardíaca pode desencadear uma reação 
fibrótica que se apresenta com uma pericardite subaguda ou constritiva. Ela pode 
aparecer dentro de um ano depois da irradiação, mas há casos em que surgiu anos 
depois. A solução muitas vezes é cirúrgica. 
 
 
4.5.7 Pericardite Pós-infarto do Miocárdio 
 
 
É uma complicação do infarto agudo do miocárdio que aparece de 3 a 5 dias 
depois de um infarto transmural. O sintoma é de dor pré-cordial recorrente, 
geralmente atribuída ao próprio infarto. No eletrocardiograma aparecem mudanças 
confundíveis com alterações isquêmicas. Grandes derrames são raros. Muitas 
vezes, pode-se auscultar um atrito pericárdico. 
A síndrome de Dressler (SD) é uma pericardite que ocorre semanas ou 
meses depois do infarto ou depois de cirurgias cardíacas. Pode ser recorrente e é 
provavelmente uma resposta autoimune. Manifesta-se por febre, dor, mal-estar 
leucocitose e hemossedimentação elevada. O derrame pericárdico pode ser grande 
na síndrome de Dressler que ocorre depois de infarto e não depois de cirurgias 
cardíacas. Pode haver resposta terapêutica com o uso de anti-inflamatórios. 
 
 
4.5.8 Pericardites Mais Raras 
 
 
São as atribuídas ao uso de medicamentos como o minoxidil e a penicilina. 
Podem ocorrer também nos pacientes com mixedema (Hipotireoidismo), lúpus 
eritematoso e artrite reumatoide. 
 
 
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4.5.9 Pericardite Constritiva 
 
 
A inflamação do pericárdio pode levar ao seu espessamento e diminuição da 
distensibilidade por fibrose e por aderência ao coração, dificultando o enchimento do 
coração durante a diástole. Isso dificulta o retorno do sangue ao coração. Pode 
seguir-se a uma pericardite de qualquer etiologia. Atualmente é mais frequente nas 
pericardites pós-irradiação e depois de cirurgias cardíacas. 
Os principaissintomas são fadiga progressiva, falta de ar, fraqueza, edema, 
congestão do fígado e ascite. O que chama mais a atenção nesses pacientes é a 
distensão persistente das veias do pescoço, mesmo com a pessoa em pé ou 
inspirando fundo. Para confirmarmos o diagnóstico, o Raio-X geralmente mostra um 
coração de tamanho normal e só é útil se mostrar calcificações. O ecocardiograma 
pode indicar o pericárdio espessado e cavidades cardíacas pequenas. A tomografia 
e a ressonância magnética podem expor melhor as alterações já mostradas no 
ecocardiograma. O tratamento inclui o uso de diuréticos e a remoção cirúrgica do 
pericárdio. A mortalidade dessa operação é alta. 
 
 
4.5.10 Tamponamento Cardíaco: a Complicação Mais Grave da Pericardite 
 
 
Em geral, o tamponamento é decorrente do acúmulo de líquido ou do 
sangramento no pericárdio, como consequência de um tumor, de uma lesão ou de 
uma cirurgia. Infecções virais e bacterianas e a insuficiência renal são outras causas 
comuns. A pressão arterial pode cair bruscamente, atingindo níveis anormalmente 
baixos durante a inspiração. Para confirmar o diagnóstico, o médico utiliza a 
ecocardiografia (procedimento que utiliza ondas ultrassônicas para gerar uma 
imagem do coração). Frequentemente o tamponamento cardíaco representa uma 
emergência médica. O distúrbio é imediatamente tratado por meio da drenagem 
 
 
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cirúrgica ou da punção do pericárdio com uma agulha longa para remoção de líquido 
e redução da pressão. 
O médico utiliza um anestésico local para impedir que o paciente sinta dor 
durante a introdução da agulha através da parede torácica. Quando possível, a 
remoção do líquido é realizada com monitorização ecocardiográfica. No caso de 
uma pericardite de origem desconhecida pode-se drenar cirurgicamente o pericárdio, 
coletando uma amostra para auxiliar na determinação do diagnóstico. Depois de a 
pressão ser aliviada, o paciente comumente é mantido hospitalizado como medida 
de prevenção da recorrência do tamponamento. 
 
 
4.6 TUMORES CARDÍACOS 
 
 
É denominado tumor qualquer tipo de crescimento anormal, seja ele 
canceroso (maligno) ou não canceroso (benigno). Os tumores originários do coração 
são denominados tumores primários e podem ocorrer em qualquer um de seus 
tecidos. Eles podem ser cancerosos ou não cancerosos e são raros. Os tumores 
secundários originam- se em alguma outra parte do corpo – geralmente no pulmão, 
na mama, no sangue ou na pele – e, em seguida, disseminam-se (produzem 
metástases) ao coração. 
Eles sempre são cancerosos. Os tumores secundários são 34 vezes mais 
comuns que os primários, mas, ainda assim, são considerados incomuns. Os 
tumores cardíacos podem não provocar sintomas ou podem produzir uma disfunção 
cardíaca potencialmente letal, simulando outras cardiopatias. Exemplos de tais 
disfunções incluem a insuficiência cardíaca súbita, o surgimento abrupto de arritmias 
e uma queda súbita da pressão arterial decorrente do sangramento no pericárdio (a 
membrana que envolve o coração). 
Os tumores cardíacos são de difícil diagnóstico, tanto por serem 
relativamente incomuns, quanto pelo fato de seus sintomas serem semelhantes aos 
de muitos outros distúrbios. Para chegar ao diagnóstico é necessário que o médico 
tenha indícios de sua presença. Por exemplo, se um indivíduo apresenta um câncer 
em qualquer outra região do corpo, mas procura auxílio médico por causa de 
 
 
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sintomas relacionados à disfunção cardíaca, o profissional pode suspeitar da 
presença de um tumor cardíaco. 
 
 
4.6.1 Mixomas 
 
 
O mixoma é um tumor não canceroso e, geralmente, apresenta uma forma 
irregular e uma consistência gelatinosa. Metade de todos os tumores cardíacos 
primários são mixomas. Três quartos dos mixomas localizam-se no átrio esquerdo, a 
câmara do coração que recebe o sangue rico em oxigênio proveniente dos pulmões. 
Geralmente os mixomas do átrio esquerdo originam-se de um pedículo e podem 
oscilar livremente com o fluxo sanguíneo, igual a uma bola fixada a um fio. Ao 
oscilarem, os mixomas podem mover-se para dentro e para fora da válvula mitral 
próxima – a via entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo. 
Essa oscilação pode obstruir e desobstruir a válvula continuamente, de 
modo que o fluxo sanguíneo é interrompido e reiniciado de forma intermitente. Na 
posição ortostática o indivíduo pode apresentar desmaios ou episódios de congestão 
pulmonar e de dificuldade respiratória, pois a força da gravidade faz com que o 
tumor se mova para baixo, até a abertura da válvula. O decúbito diminui os 
sintomas. 
O tumor pode lesar a válvula mitral e, consequentemente, ocorre um refluxo 
de sangue por essa abertura, com a produção de um sopro cardíaco que o médico 
ausculta com o auxílio de um estetoscópio. Baseando-se nas características do 
sopro cardíaco, o médico considera se o sopro é resultante de um refluxo causado 
por uma lesão decorrente do tumor, de uma causa rara ou de uma causa mais 
comum como, por exemplo, a cardiopatia reumática. 
Fragmentos de um mixoma ou coágulos sanguíneos que se formam na 
superfície do mixoma podem soltar-se, circularem até outros órgãos e obstruir os 
vasos sanguíneos nesses locais. Os sintomas dependem do vaso obstruído: a 
obstrução de um vaso sanguíneo cerebral pode causar um acidente vascular 
cerebral; a obstrução de um vaso pulmonar pode acarretar dor e expectoração 
sanguinolenta. Outros sintomas de mixomas incluem a febre, perda de peso, dedos 
das mãos e dos pés frios e doloridos ao serem expostos à baixa temperatura 
 
 
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(fenômeno de Raynaud), anemia, contagem baixa de plaquetas (pois as plaquetas 
estão envolvidas na coagulação sanguínea) e sintomas sugestivos de infecção 
grave. 
Um mixoma no átrio esquerdo pode crescer a partir de um pedículo, 
oscilando livremente com o fluxo sanguíneo. Ao oscilar, o mixoma pode entrar e sair 
da válvula mitral próxima – a via de passagem entre o átrio esquerdo e o ventrículo 
esquerdo obstruindo o fluxo sanguíneo do coração. 
 
 
4.6.2 Outros Tumores Primários 
 
 
Os tumores cardíacos não cancerosos menos comuns, como os fibromas e 
os rabdomiomas, podem crescer diretamente a partir das células do tecido fibroso 
do coração e das células do miocárdio. Os rabdomiomas, o segundo tipo mais 
comum de tumor primário, desenvolvem-se na infância ou na pré-adolescência, 
geralmente associados a uma rara doença infantil denominada esclerose tuberosa. 
Outros tumores cardíacos primários, como os cancerosos primários, são 
extremamente raros e, para eles, não existe um tratamento satisfatório. 
As crianças que apresentam esses tumores apresentam uma expectativa de 
vida inferior a um ano. Vários exames são utilizados no diagnóstico dos tumores 
cardíacos. Com frequência, para o delineamento dos tumores usa-se a 
ecocardiografia (exame que utiliza ondas ultrassônicas para investigar as estruturas 
internas do coração). As ondas ultrassônicas podem atravessar a parede torácica ou 
o lado interno do esôfago (procedimento chamado ecocardiografia transesofagiana). 
Um cateter inserido por uma veia até o coração pode ser utilizado para 
injetar substâncias que delineiem um tumor cardíaco nas radiografias; mas esse 
procedimento é menos frequentemente necessário. A tomografia computadorizada 
(TC) e imagens por ressonância magnética (RM) também são utilizadas. Se for 
detectado um tumor, uma pequena amostra poderá ser removida por meio de um 
cateter especial; a amostra será, então, utilizada para identificar o tipo de tumor, o 
que ajudará na seleção do tratamento adequado. 
 
 
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Um tumor cardíaco primário não canceroso isolado pode ser removido por 
cirurgia, o que, em geral, cura o paciente. Os médicos não costumam tratar tumores 
primários quando existem diversos presentes, nem tratam de tumores que sãotão 
grandes a ponto de impossibilitar a remoção. Tumores cancerosos primários e 
secundários são incuráveis; apenas seus sintomas podem ser tratados. 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO III

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