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ECG III - Síndromes Isquêmicas 1 ECG III - Síndromes Isquêmicas Padrão eletrocardiográfico de isquemia e lesão ISQUEMIA → presença inadequada do fluxo de oxigênio e sangue em determinada região do organismo. CAUSA → obstrução de um vaso que irriga o miocárdio - miocárdio fica sem nutrientes e gases. A principal causa da obstrução é a aterosclerose, mas também por meio de trombos em outros locais do corpo. GRUPOS CLÍNICOS DE ISQUEMIA MIOCÁRDICA: ANGINA ESTÁVEL → placa coronária ESTÁVEL → placa "dura", bem encapsulada, com baixo risco de ruptura; o problema resultante se restringe ao local da placa - trombo não apresenta risco de se deslocar e obstruir vasos menores. Se for em uma a. coronária, pode apresentar angina por redução do fluxo sanguíneo, mas não por obstrução. SÍNDROME CORONÁRIA AGUDA SCA → placa coronária VULNERÁVEL - "mole", passível de ruptura e de reduzir/obstruir o fluxo sanguíneo. Síndrome Coronária Aguda (SCA) Após ruptura de placa vulnerável no vaso sanguíneo, pode haver: TROMBO COM OBSTRUÇÃO PARCIAL → redução abrupta do aporte de oxigênio, mas não o suficiente para o miocárdio perder sua função - angina instável (a qualquer momento o trombo pode se movimentar; enzimas normais - miocárdio consegue trabalhar) ou IAM sem supra de ST ST não sai da linha de base; repolarização precoce = déficit de função ventricular; enzimas elevadas) - IAM sem onda Q; ambas podem apresentar depressão de ST/inversão da T 5565% ou ECG normal/inalterado 510%. TROMBO COM OBSTRUÇÃO TOTAL → redução abrupta do aporto de oxigênio e miocárdio perde sua função; IAM com supra de ST 3035%; ST sai da linha de base; repolarização precoce = déficit de função ventricular) - IAM com onda Q ou, com circulação colateral, IAM sem supra de ST (enzimas elevadas) - IAM sem onda Q. obs.: um trombo proveniente de outra parte do corpo pode obstruir vasos do coração e comprometer a irrigação sanguínea - além do risco pulmonar (embolia pulmonar). obs.: se a pessoa chega com dor no peito, deve-se pedir um ECG e a dosagem de enzimas cardíacas (indicativo de lesão miocárdica). ECG III - Síndromes Isquêmicas 2 Conceitos dos padrões eletrocardiográficos de isquemia, lesão e necrose As alterações induzidas pela oclusão de uma a. coronária dão origem aos chamados padrões eletrocardiográficos de isquemia, lesão e necrose, os quais correspondem a diferentes tipos e graus da isquemia miocárdica clínica. O padrão de isquemia altera a onda T (aumenta), o da lesão desnivela (aumenta) o segmento ST e o da necrose modifica o complexo QRS (onda Q patológica - amplitude muito maior). Se o vaso for desobstruído a tempo (reperfusão), a isquemia cessa e a onda T retorna ao normal. Se a isquemia for persistente (horas), há transição do quadro de isquemia para o de lesão (processo inflamatório associado, alteração enzimática e da maquinaria contrátil) e, se houver reperfusão, pode "empurrar o lixo inflamatório" e o paciente vir a óbito. Se a lesão for persistente, pode haver necrose, o que é irreversível e gera processo inflamatório associado. Fases do IAM Despolarização e repolarização ocorre do endocárdio ao epicárdio. NORMAL; FASE HIPERAGUDA 30 min) → isquemia subendocárdica; aumento da onda T (repolarização em sentido oposto), sem alteração da onda Q; FASE AGUDA 30min) → lesão transmural; comprometimento das regiões vizinhas aos vasos obstruídos e isquêmicos inicialmente e comprometimento de toda a parede livre (lesão transmural); região inicial com necrose e adjacentes com lesão; supra de ST (onda T muito próxima à onda Q; FASES SUBAGUDA (horas, dias, semanas) → isquemia, lesão, necrose; necrose progride para dentro da parede livre, regiões adjacentes à necrose começam a lesionar e gerar isquemia em adjacentes a ela; inversão da onda T e onda Q patológica (amplitude muito maior); FASE CRÔNICA (meses/anos) → necrose (total); sem alteração eletrocardiográfica, devido à adaptação do miocárdio e trabalho de regiões adjacentes para compensar; depende da derivação - se medir mais parede livre (onde tem menos lesão), ECG fica normal. A. coronária descendente ECG III - Síndromes Isquêmicas 3 Atrasos na repolarização ventricular - alterações na onda T Normalmente, a despolarização e a repolarização ocorrem do endocárdio para o epicárdio, sentido do VETOR DA T DE REPOLARIZAÇÃO. ISQUEMIA SUBEPICÁRDICA E TRANSMURAL INVERSÃO DO VETOR DA T → região morta do epicárdio não despolariza e nem repolariza (sempre negativa), logo o dipolo inverte, por que a depolarização e a repolarização ocorrem do epicárdio para o endocário) = INVERSÃO A ONDA T. ISQUEMIA SUBENDOCÁRDICA VETOR DA ONDA T NORMAL → região morta do endocárdio não despolariza (sempre negativa) e as cargas positivas se concentram no epicárdio, logo, a repolarização começa mais próxima do epicárdio (com concentração de cargas +) e demora mais (demora para atravessar a região morte), o que gera uma ONDA T ALTA E ALARGADA. EXEMPLO: ECG III - Síndromes Isquêmicas 4 ONDA T INVERTIDA E AUMENTO DA AMPLITUDE SUPRA DE ST ONDA Q PATOLÓGICA Mais perceptíveis no plano horizontal, pois apresenta pontos específicos, onde, geralmente, ocorrem IAM. Padrão de lesão: alterações ultraestruturais - desnivelamento do segmento ST DESNIVELAMENTO DO ST= descompasso entre o despolarizar e o repolarizar; não reflete tempo. Pode ser SUPRA DESNIVELAMENTO DO ST/ELEVAÇÃO DO ST/SUPRA DE ST (repolarização precoce) ou INFRA DESNIVELAMENTO DO ST/DEPRESSÃO DE ST/INFRA DE ST (repolarização tardia) - o que muda é o posicionamento do eletrodo. LESÃO SUBEPICÁRDICA E TRANSMURAL Vetor de despolarização/repolarização normal (endocárdio → epicárdio), porém a região epicárdica apresenta lesão (sempre positiva). SUPRA DE ST → repolarização ocorre antes da despolarização terminar; aVF → repolarização adiantada"; registra o lado de lesão (positivo na repolarização), que adianta a repolarização e, logo, apresenta SUPRA DE ST. aVL → "repolarização atrasada"; registra o lado sem lesão (negativo na repolarização), que retarda a repolarização QRS ultrapassa a linha de base) e, logo, apresenta INFRA DE ST. Ambos representam o descompasso entre despolarização e repolarização. LESÃO SUBENDOCÁRDICA INFRA DESNIVELAMENTO DO ST/DEPRESSÃO DE ST/INFRA DE ST → lesão no endocárdio, há inversão do vetor de repolarização; aVF → repolarização tardia, devido à demora da repolarização pela região lesada. obs.: aVL captaria região lesada. ECG III - Síndromes Isquêmicas 5 obs.: a elevação do segmento ST está associada a IAM em até 80% dos casos, significando, portanto, uma situação de alto risco para morte súbita por fibrilação ventricular. EXEMPLO: Padrão eletrocardiográfico de necrose A necrose é a expressão máxima da DAC (doença arterial coronariana) e caracteriza-se por apresentar alterações morfológicas ultraestruturais irreversíveis. O tecido necrótico é incapaz de se despolarizar, funcionando apenas como (excelente) condutor do estímulo gerado em regiões próximas normais - recebem voltagens maiores do que o normal. A necrose reflete-se no ECG por alterações no complexo QRS (aumento da amplitude). Critérios diagnósticos de Ondas Q Patológicas ECG III - Síndromes Isquêmicas 6 A onda Q patológica, um sinal clássico de necrose miocárdica, caracteriza-se por: DURAÇÃO ≥ 0,04s (complexo QRS mais alargado)!!! VOLTAGEM ≥ 25% da R que a segue Esses critérios não são válidos para as derivações D3, aVR e V1, que não estão voltadas diretamente para a massa ventricular esquerda. EXEMPLO:
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