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Engloba múltiplas síndromes relacionadas à isquemia miocárdica (desequilíbrio entre a demanda metabólica e o suprimento vascular de sangue oxigenado para o miocárdio) + de 90% dos casos, CI é consequência da redução do fluxo sanguíneo coronariano resultante de doença vascular aterosclerótica obstrutiva, vasoespasmo e/ou trombose; CI é sinônimo de doença arterial coronariana (DAC); CI é manifestação tardia de aterosclerose coronariana que se desenvolveu por anos no paciente; + de 400.000 mortes nos EUA e 7milhões/ano nos países desenvolvidos Resultados aumento da demanda (FC alta, hipertensão), diminuição do volume sanguíneo (hipotensão ou choque), diminuição da oxigenação (hipóxia, anóxia), redução da capacidade de transporte de oxigênio e nutrientes e diminuição da remoção de metabólitos Mecanismos de isquemia: 1. Fluxo sanguíneo coronariano reduzido: aterosclerose causa estreitamento progressivo crônico dos lúmens coronários, um processo que pode ser pontuado por ruptura aguda da placa e trombose. Algumas das causas incomuns de fluxo comprometido incluem arterite, êmbolos e hipotensão (choque) 2. Aumento da demanda miocárdica: taquicardia e hipertrofia 3. Hipóxia devido ao transporte ineficiente de oxigênio: Algumas das possíveis causas são: anemia, doença pulmonar, envenenamento por monóxido de carbono e/ou tabagismo A manifestação clínica da CI pode incluir uma ou mais das síndromes cardíacas: Angina pectoris (instável/típica, prinzmetal, instável/atípica) Infarto Agudo do Miocárdio Morte Súbita Cardíaca (MSC) Cardiopatia Isquêmica Crônica A expressão síndrome coronariana aguda é aplicada a qualquer uma das 3 manifestações terríveis da CI angina instável, IAM e MSC ANGINA PECTORIS Dor torácica intermitente causada por isquemia miocárdica transitória e reversível. A dor é precordial ou subesternal paroxística (aperto, facada) que ocorre quando a demanda cardíaca é maior que o suprimento vascular. É quando a duração e gravidade da isquemia não são suficientes para causar infarto A dor ocorre devido a liberação de adenosina, bradinicina e outras moléculas que estimulam os nervos aferentes simpáticos e vagais. Isquemia silenciosa é comum na neuropatia diabética e em pacientes geriátricos. Sinal de Levine: mão fechada colocada sobre a região esternal, sugestivo de dor torácica de origem cardíaca ANGINA ESTÁVEL OU TÍPICA Dor torácica episódica, previsível e crescente de acordo com o grau do esforço físico (diminui com repouso) ou alguma outra demanda aumentada, como taquicardia (alivia com o fármaco nitroglicerina, que é um vasodilatador). Pode irradiar para o braço esquerdo e mandíbula esquerda (dor referida). Tem duração aproximada de 2 a 15 minutos É associada à estenose crítica crônica ANGINA DE PRINZMETAL OU VARIANTE Ocorre durante o repouso e é devido ao vasoespasmo de alguma artéria coronária. Apesar de esses espasmos geralmente ocorrerem na placa aterosclerótica ou perto dela, os vasos normais também podem ser afetados. Sintomas não relacionados a esforço físico. Alivia rapidamente com vasodilatadores, como a nitroglicerina e bloqueadores de canal de cálcio. ANGINA INSTÁVEL OU EM CRESCENDO Dor cada vez mais frequente que é precipitada por esforço físico progressivamente menor ou até mesmo em repouso. É causada por ruptura da placa aterosclerótica, geralmente sem obstrução trombótica completa do vaso, acompanhada de trombose superposta. Tem duração prolongada, de mais de 20 minutos Aproximadamente metade desses pacientes tem necrose miocárdica É prenúncio de IM iminente, causado por obstrução vascular total INFARTO DO MIOCÁRDIO O famoso “ataque cardíaco”, consiste na necrose do músculo cardíaco que resulta de isquemia grave prolongada. 1,5 milhão de pessoas nos EUA, sendo que 1/3 morre antes de chegar ao hospital; 10% < 40 anos; 45% < 65 anos; sem diferenciação entre negros e brancos; homens> mulheres (durante a vida reprodutora), porém a menopausa e a diminuição de estrógeno aumentam o risco de cardiopatia isquêmica, sendo a principal causa de morte em mulheres idosas. Aterosclerose é a principal causa subjacente. A maior parte dos IMs é causada por trombose aguda de uma artéria coronária. Patogênese: Oclusão arterial coronariana: hemorragia intraplaca erosão da placa ruptura com trombose sobreposta vasoespasmo (causado por tromboxano A2, ADP e serotonina liberados por plaquetas) embolização da circulação coronária (FA, endocardite) isquemia sem aterosclerose e trombose coronariana detectáveis (devido a distúrbios em pequenas arteríolas intramiocárdicas, como vasculite, deposição de amieloide ou doença falciforme) o Em alguns casos de infartos subendocárdicos os trombos podem estar ausentes, após embolização da circulação coronária, levando a perfusão marginal do coração e depois a necrose isquêmica do miocárdio distal aos vasos epicárdicos. Resposta do miocárdio à isquemia: isquemia grave queda do nível de ATP e acúmulo de metabólitos nocivos (ácido lático) perda da contratilidade em 60sinsuficiência miocárdica alterações ultraestruturais (relaxamento de miofibrilas, depleção do glicogênio e tumefação celular e mitocondrial) (primeiras alterações são reversíveis). Privação completa do fluxo por 20 a 40 min leva a lesão irreversível e morte de miócitos, levando a necrose por coagulação. Comprometimento grave, mas sem bloqueio completo por períodos longos (2 a 4 hrs), também causa danos irreversíveis. A necrose é completa dentro de 6 horas de isquemia severa, porém com extensa circulação colateral coronária, a necrose pode ocorrer em um período mais prolongado (>12hrs). Se o fluxo for restaurado antes que ocorra uma lesão irreversível, a viabilidade das células pode ser preservada, apesar de a reperfusão também poder ter efeitos nocivos. No entanto, mesmo quando o fluxo é reestabelecido a tempo, no estado pós- isquêmico o miocárdio permanece bastante disfuncional durante alguns dias, uma vez que as alterações bioquímicas persistentes levam a um estado não contrátil (miocárdio atordoado pode causar IC transitória) A IC contribui para aparecimento de arritmias, por causar instabilidade elétrica (irritabilidade miocárdica) nas regiões isquêmicas. Morte súbita nos casos de IC resultam de FV por irritabilidade miocárdica. Lesão irreversível ocorre primeiro na zona subendocárdica, pois é a última a receber suprimento sanguíneo e também por estar sob altas pressões intramurais. Quando a isquemia é prolongada a onda de morte celular é deslocada para outras regiões e atingindo extensão total em aproximadamente 6hrs. O infarto pode atingir toda a espessura da parede infarto transmural Localização, tamanho e características morfológicas dependem do IAM dependem de: Local, intensidade e taxa de desenvolvimento obstruções (aterosclerose e trombose) Tamanho do leito irrigado pelos vasos obstruídos Duração da oclusão Necessidades metabólicas e de oxigênio do miocárdio Quantidade de vasos colaterais Presença, local e intensidade de espasmos arteriais coronarianos Outros fatores (FC, ritmo cardíaco, oxigenação) Frequência da coronária afetada e local da lesão: Descendente Anterior Esquerda (DAE): causa de 40-50% dos IMs; área de infarto envolve a parede anterior do VE, próximo ao ápice, também a parte anterior do septo ventricular e o ápice de modo circular Artéria Coronária Direita (ACD): causa de 30-40% dos IMs; área do infarto envolve a parede inferior/posterior do VE, também a parte posterior do septo ventricular e a parede livre inferior/posterior do VD Circunflexa Esquerda (CE): causa de 15- 20% dos IMs; área de infarto envolve a parede lateral do VE, com exceção do ápice Por convenção, a artéria coronária que dá origem à artéria descendente posterior e, portanto, irriga oterço posterior do septo é considerada o “vaso dominante” Coração com vaso dominante direito lesão isquêmica no ventrículo esquerdo Coração com vaso dominante esquerdo lesão em todo o ventrículo esquerdo e o septo Às vezes, as obstruções coronarianas são encontradas na artéria coronária principal es- querda, lesão apelidada de “fazedora de viúvas”, pois uma grande área do miocárdio é irrigada por esse vaso e sua oclusão normalmente é fatal. Padrões de infarto: dependem do tamanho do vaso envolvido e do grau de circulação colateral Transmurais: espessura total da parede ventricular é atingida pela oclusão de vasos epicárdicos (maioria na distribuição de uma única artéria); combinação de aterosclerose crônica+trombose aguda; elevação de segmento ST (IMEST), onda Q negativa e menor amplitude de onda R Subendocárdicos: limita-se a 30-50% da parede interna do ventrículo causados por lise de uma oclusão trombótica antes do infarto transmural ou diminuição transitória do suprimento de O2 ou aumento de sua demanda; podem atingir mais território do que o perfundido por uma única coronária; sem elevação de ST ou Q Microinfarto multifocal: ocorre quando há microembolização de pequenos vasos, vasculite ou espasmo vascular (elevação de catecolaminas endógenas, como epinefrina, ou exógenas, como cocaína); sem alterações específicas e silenciosos no ECG (dependendo de sua extensão) REPERFUSÃO Reestabelecimento do fluxo o mais rápido possível para restaurar a viabilidade dos miócitos. Obtida por trombólise, dissolução do trombo pelo ativador tecidual do plasminogênio, angioplastia ou cirurgia de revascularização. Dependendo do tempo e do tamanho da isquemia, pode acontecer o chamado miocárdio atordoado (1 a 2 dias). Miocárdio de reperfusão geralmente é hemorrágico, devido a lesão vascular isquêmica. Miócitos irreversivelmente lesados, quando reperfundidos também mostram necrose da banda de contração devido à sobrecarga de cálcio. A lesão por reperfusão é um dano local maior do que o já existente, ocorre devido a disfunção mitocondrial (tumefação mitocondrial), hipercontratura dos miócitos, alteração de proteínas e fosfolipídios de membrana por radicais livres, ao aumento do recrutamento de células inflamatórias e lesão microvascular (ativação de plaquetas). A reperfusão pode salvar as células com lesão reversível, mas também pode alterar a morfologia das células com lesão irreversível. MARCADORES DE LESÃO Início do infarto do miocárdio membrana plasmática de miócitos necróticos torna-se perfurada moléculas vazam para fora da células e chegam à circulação essas moléculas podem ser usadas como biomarcadores para o diagnóstico Quais são essas células? Mioglobina, troponinas cardíacas T e I (TnT, TnI), creatina cinase miocárdica (CK-MB) e lactato desidrogenase TnT e TnI: detectáveis na circulação de 2- 4hrs após o IAM atingindo o nível máximo em 48hrs e continuam elevados por 7-10 dias, devido a esse tempo de permanência é considerado o melhor marcador sensível a IM. Caso ocorra reperfusão, atinge níveis máximos mais cedo devido a remoção da enzima do tecido necrosado. CK-MB: detectáveis de 2-4hrs após o IM, atingindo o pico máximo em 24-48hrs e volta ao normal em 72hrs. CK total não é marcador confiável, CK-MB é. Caso ocorra reperfusão, atinge níveis máximos mais cedo devido a remoção da enzima do tecido necrosado. CONSEQUÊNCIAS E COMPLICAÇÕES Disfunção contrátil: afeta função de bombeamento de VE, gerando hipotensão, congestão e edema pulmonar; choque cardiogênico é a falência grave da bomba (10-15% dos casos; perda de massa ventricular esquerda >40%; taxa de mortalidade de 70%) Arritmias: irritabilidade miocárdica e distúrbios de condução que geram morte súbita; IMEST; FV Ruptura ventricular: 1-5% dos IMs transmurais; fatal; primeiros 10 dias; causa hemopericárdio, tamponamento pericárdico e shunt da esquerda para a direita com sobrecarga de volume no lado direito Infarto do músculo papilar: causam regurgitação mitral pós-infarto (sopro) Pericardite fibrinosa (síndrome de Dressler): 2 a 3 dias após IM transmural; causa derrame e lesão construtiva Trombose mural adjacente a uma área não contrátil: causa embolização periférica Alongamento de uma grande área de infarto transmural (expansão): causa aneurisma ventricular Hipertrofia e dilatação (remodelação ventricular) do miocárdio adjacente: inicialmente é hemodinamicamente benéfico, porém podem se tornar substratos para aneurismas ou para áreas de isquemia secundária e arritmia PROGNÓSTICO Maioria dos IMs transmurais afetam VE, apenas 15% afetam VE (infartos do VE póstero-inferior) Infarto de VD isolado ocorre em 1-3% dos casos 50% dos óbitos por IM ocorre na primeira hora, antes de chegar ao hospital Mortalidade de 30% no primeiro ano após o IM, com aumento de 3-4% por ano a partir dai Prognóstico a longo prazo depende do que restou da função de VE e da extensão das obstruções vasculares restantes
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