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• Grécia Arcaica e a Crise Agrária Para o presente resumo mostra-se necessário uma breve contextualização ao que diz respeito ao período arcaico da Grécia. Tal ciclo fora marcado historicamente pelos anos de 800 a.C à 500 a.C, que corresponderia ao terceiro período histórico da Grécia antiga, posterior ao período homérico. Tornou-se um período de extrema importância para a Grécia, principalmente porque teve nele seu desenvolvimento político, social e cultural. As melhorias citadas ocorreram como consequência das colonizações gregas, que difundiram uma pequena porcentagem de nativos pela área do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro. Graças as escavações arqueológicas, poesias e documentações desse período, observamos que o ponto chave para a evolução desse povo foi a criação da Pólis, que são as cidades estados da Grécia e que se resumem a uma “cidade autônoma politicamente” (O Mundo Antigo: Economia e Sociedade, p´. 24). Neste momento, podemos citar Atenas como a Pólis de maior excelência dentre todas as Pólis desse terceiro período que foi da Grécia Arcaica. A Grécia nesse momento padecia com problemas agrários. Sofria com escassez de territórios de plantio, más distribuições de terras férteis feitas pelos tiranos que detinham o maior poder e pelo desenvolvimento da agricultura ambiciosa, que solicitava produção da parte agrícola para comércio utilizando de mão de obra barata. Muitas dessas famílias de camponeses sofreram para sustentar suas vidas, se viram obrigados a hipotecar suas terras ou até mesmo sua pessoa em troca de empréstimo, que muitas vezes não era monetário, mas sim empréstimo em grãos, que utilizavam para se plantar em suas terras para colher do fruto e sustentar eles e suas famílias. O erro desses empréstimos é que na grande maioria das vezes os camponeses não conseguiam pagar os seus senhores, consequentemente transformando-os em hectomoro, que significava que eles eram obrigados a dar uma sexta parte de suas colheitas, e quando não conseguiam pagá-los, eles perdiam suas terras, se transformando em escravos desses senhores que continham poder político. Cresceu o numero de trabalhadores sem posses, os chamados Tetes, o que acabou sendo benéfico para a aristocracia, porém resultando em uma crise agrária difundida, definida pela concentração fundiária, o empobrecimento dos camponeses que cada vez mais eram usurpados pelos seus senhores e a expansão do trabalho compulsório. O que fez com que os Aristocratas consolidassem seu poder político e econômico, junto com as classes sociais de comerciantes e artesões urbanos, o que foi o ponto decisivo para o desenvolvimento mercantil e das cidades, entretanto mantendo a predominância da população sendo por sua vez camponesa. • Colonização Grega Pode-se afirmar que a criação da pólis foi a maior realização do período arcaico, trazendo muitas transformações na sociedade grega. Tendo o chamado “viver junto” uma criação do estatuto do cidadão, onde o mesmo precisa contribuir para que a pólis cresça, diferenciando escravo-mercadoria e o estrangeiro. Logo a democracia e a escravidão ficam em evidência neste período como duas perspectivas dependentes entre si. Além disso, é notável o conflito entre a aristocracia com o povo, pois o pequeno dono de terra não conseguia produzir o suficiente em suas terras para sustentar a sua família. Sendo assim, o mesmo pegava empréstimos exorbitantes com a aristocracia. Com a lei de escravatura por endividamento, cidadãos da pólis serviam os donos de terras para pagar suas dívidas e mesmo após sua morte, suas terras eram dividas entre seus filhos. Além do solo não ser rico em nutrientes, os terrenos ficavam cada vez menores, impossibilitando manter o sustento de suas famílias. Tendo em vista estes fatos, é possível dizer que não havia terra para todos, e para resolver este grande problema, os gregos começaram o processo de colonização. A colonização se iniciou ao oeste do Mar Mediterrâneo, onde grupos de gregos financiados pelo estado começaram a exploração, fundando novas pólis para recuperar o que foi perdido. Existia alguns tipos de colônias com nomenclaturas diferentes nesta época, a colônia mais comum era chamada Apoikia. Um grupo de colonos se estabelecia em um local para morar e conseguir seu sustento, algumas colônias escravizavam o povo da região invadida para obter mão de obra. Entretanto, as Apoikia eram cidades independentes, mesmo mantendo laços culturais com suas metrópoles. Outro tipo de colônia famosa neste período, foi a Emporion. Com o objetivo diferente da anterior, esta era focada em adquirir recursos para os gregos em sua terral natal, como por exemplo o metal, um dos minérios mais utilizados pela pólis. Esta geralmente era definida como entreposto comercial entre gregos e bárbaros, tendo como maior objetivo suprir a falta de recursos que as terras gregas proviam. Sendo assim, muitos autores concordam que a política de colonização ajudou os gregos a superarem os problemas que a partilha de terra causava. • Reformas de Sólon O século VII foi marcado por um contexto social, econômico e político conflituoso, onde o expansionismo colonial não foi suficiente para resolver os problemas sociais internos da pólis. Marcia Beatriz B. Florenzano relata, que os atenienses recorreram a figura de um aristocrata, Sólon, (Atenas, ≅ 638 a. C – 558 a. C), para resolve-los. Uma das medidas tomadas por Sólon foi abolir a escravidão por dívida, que, outrora, fora acentuada juntamente com o processo de concentração de terras e dominação econômica por parte da aristocracia agrária. Logo, os hectomoro, que não conseguiram pagar os empréstimos concedidos pelas elites agrárias, tiveram as suas dívidas perdoadas, e os que foram vendidos como escravos, em tese, puderam retornar para Atenas. A sociedade ateniense passou a ser dividida em quatro classes tendo estratificação baseada no valor quantitativo em bens agrícolas, e não mais com base na classe social de nascimento. Outro conceito relacionado as reformas, como está presente no texto de Jean Pierre Vernat, é a ideia de que um ato praticado contra alguém, não fere somente a vítima, mas também toda a sociedade. Diz Vernant ´´[...], Sólon dá a cada um o direito de intervir em favor de quem quer que seja lesado e de punir a adikia, sem ser pessoalmente sua vítima``. E esta afirmação conversa com a conclusão de Maria Beatriz B. Florenzano que afirma: ´´O que parece mais razoável concluir e que as reformas de Sólon permitiram um avanço muito grande da noção de comunidade[...]``. Estas reformas, inclusive, foram importantes para fortalecer a ´´posição dos pequenos camponeses``, entretendo, nas palavras de Maria Beatriz, ´´sem, contudo, romper com o poder exercido pela aristocracia proprietária``. Sólon não realizou reforma agrária em Atenas, pois o próprio observava que as suas reformas foram guiadas pela justiça, ou pela virtude de não se cometer excessos contra nenhuma das partes, não favorecendo nem os comuns, nem prejudicando os poderosos, e vice-versa. Afirmou Sólon que, segundo como a autora acima apresentada relata: ´´Protegi ambos os lados com um forte escudo, não permitindo que nenhum triunfasse injustamente``. Neste sentido, Jean Pierre Vernant também diz que: ´´Sólon põe-se como árbitro, como mediador, como reconciliador`` atuando como uma mola, comprimida violentamente por duas bordas, enquanto tenta estabiliza-las, ´´À sophrosyne``, segue Jean Pierre, ´´virtude do justo meio, corresponde a imagem de uma ordem política que impõe um equilíbrio a forças contrárias [...]``. Porém o próprio autor francês observa que Sólon havia se recusado em dividir as terras férteis da Polis, conservando os privilégios da aristocracia ateniense quanto a posse integral de sua área agricultável. As reformas constitucionais de Sólon, segundo Jean Pierre Vernant: ´´[...] criam um espaçopara a igualdade, a isotes, que já aparece como um dos fundamentos da nova concepção de ordem``. Neste sentido a igualdade é associada também a hierarquia, ou seja, cada corpo do organismo social possui a quantidade de poder que lhe é necessário. Continuando a análise, Vernant apresenta que: ´´A demos, dirá Sólon, dei tanto kratos (ou geras) quanto era suficiente, sem nada suprimir nem acrescentar à sua timé``. Então mesmo as ações de Sólon tenham sido necessárias para realizar transformações nas estruturas sociais gregas, o escudo de poder da aristocracia ateniense pode ter sido levemente arranhado, porém não foi profundamente comprometido. Entretanto, Jean-Pierre Vernant observa que a igualdade está manifestada ´´[...] no fato de que a lei, que agora foi fixada, é a mesma para todos os cidadãos e que todos podem fazer parte dos tribunais como da assembleia``. Estas reformas estruturais em Atenas, aliadas medias praticadas por seguintes ao período de Sólon, como Pisístratos, possibilitaram que Atenas adentrasse no regime democrático, com o enfraquecimento da Aristocracia. • Exemplos de Helenização na parte Oriental do Império Romano O Helenismo pode se dar pela fusão de elementos gregos e orientais (região do oriente próximo), na cultura e política do povo. Essas características helenas podem ser encontradas na parte oriental do Império Romano, em regiões como a Grécia, Ásia Menor, Síria, Judéia e Egito. Essa mescla de diferentes aspectos culturais fizeram com que o território do Império Romano tanto a parte ocidental numa quantidade menor, do que na região oriental onde esses elementos identitários dos povos helenos eram mais presentes. Como exemplos dos elementos gregos na região compreendida pelo oriente do Império, podemos citar, a Mitologia, Arquitetura, indumentária, Filosofia, Língua, entre outros tipos. Esses exemplos se devem a essa mescla de culturas, na parte Oriental era bem mais proeminente, como a Arquitetura, inspirada na arte clássica e ela ia além dos templos, como outras construções e grandes monumentos. A arquitetura helenística ficou bastante conhecida com um de seus grandes feitos, como a biblioteca de Alexandre e também com construções localizadas na Judeia e em Jerusalém. Na Filosofia, o Estoicismo foi uma linha de pensamento muito presente como elemento de helenização no Oriente. Essa filosofia representava a ação da razão pela emoção, o estoicismo pregava uma vida baseada nos princípios filosóficos que ordenavam todo o cosmos e o destino dos homens de acordo com as leis da natureza (Mesquita, 2016, p.1). Para a Mitologia e a religião, como visto no slide, há presença de fontes iconográficas que apresentam o hibridismo heleno e alguns elementos do povo e mitologia egípcia, essa união de culturas se mostra algo de bastante relevância no que se refere aos processos de helenização do Império Romano em território Oriental. Agathós Daimõn, por exemplo, foi uma divindade egípcia que possuiu nome grego e o seu significado é o ´´ bom demônio, bom deus. `` Em várias iconografias apresentadas no slide, mostram moedas de Alexandre da Macedônia, comprovando o hibridismo que é a mistura da cultura grega com a oriental. Alexandre é representado junto com a figura de um elefante representando sua vitória nas índias. Outra moeda mostra Alexandre sendo associado ao deus faraônico Amon. A língua Grega, um dos elementos mais importantes, pois é a forma de comunicação entre os povos, além de demonstração da forte cultura helena presente no Império Romano. Junto com a Língua, o Direito Grego torna-se algo de importância nos processos políticos e comerciais nos territórios que compreendiam o Império Romano, tanto na parte do Ocidente, quanto no Oriente. A indumentária, que são as roupas representadas em várias imagens, e para diferenciá-los as roupas que batiam nos pés eram grega/romana e até os joelhos egípcias, na cultura material os objetos da cultura grega, são objetos que possui a cultura grega refletida neles como por exemplo, colunas, vasos, coroa de louros entre outros. O estudo do direito se deve a polis (Atenas) onde melhor se desenvolveu o direito e a democracia, atingindo sua perfeita forma quanto a legislação ao processo. Essas características, até aqui citadas, vão de acordo com os exemplos que se pode encontrar através das historiografias sobre o processo helenístico. Além dos escritos, fontes iconográficas, como as apresentadas no slide, ajudam na compreensão da fusão das culturas orientais e grega, ajudando na identificação e história dos povos helenos. • A Formação do Império Ateniense De acordo com o autor Norberto Luiz Guarinello, o processo de expansão do Império Ateniense estão ligadas as guerras greco-pérsicas e a evolução da democracia de Atenas no sec. V a.C. Após a derrota dos Persas na Batalha de Salamina, Atenas cria um interesse em formar seu próprio Império, para ganhar mais força contra Esparta. Aproveitando esse revés, é criada uma aliança militar de cidades-estados sobre o comando de Atenas, que recebe o nome de Liga de Delos. Apesar do comando ateniense, essa liga não surgiu por uma ideia de domínio, e sim uma ideia de autonomia de seus participantes. O objetivo principal da Liga era eliminar do Mar Egeu a frota naval fenícia, que representava os persas; libertar as cidades-estados gregas que ainda estavam sobre o domínio persa, na Jônia e se ressarcir do prejuízo causado pela invasão. Vale lembrar ainda, que todas as cidades-estados tinham o mesmo poder de Atenas. Sendo assim, foi criado um conselho federal das cidades aliadas, onde Atenas tinha um papel importante, mas não exclusivo. Esse conselho foi criado na Ilha de Delos para poder ser a liderança da Liga. As maiores cidades aliadas, deviam contribuir com navios de guerra e soldados, e as cidades menores, contribuíam com tributo (dinheiro) para o tesouro da Ilha de Delos, sendo esse, administrado por magistrados atenienses. Os mesmos anotavam os tributos recebido em pedras duras (escrita epigráfica), e esses textos duraram para sempre. A Liga consegue enfim expulsar a marinha persa (armada fenícia) do Mar Egeu e combater a pirataria que prejudicava o comércio marítimo do mesmo. Apesar de ser uma aliança igualitária, o poder executivo se concentrava nas mãos de Atenas, e isso fez com que os benefícios das ações militares fossem direcionados para os atenienses, havendo então uma exploração por parte de Atenas com os membros da Liga. Os atenienses, então, começam a controlar o tesouro, e passam a ter poder sobre todas as outras cidades. Como citado acima, Atenas tinha o controle executivo da liga com absolvição do conselho federal e com o acesso ao tesouro da liga, logo veio a estipulação de tributos a cidade de Atenas e controle econômico através da validação apenas da moeda cunhada da cidade de Atenas, causando um golpe ideológico fortíssimo as outras cidades agora subjugadas. A consolidação do Império ateniense se deu principalmente com a absolvição do conselho federal que tinha poder decisório junto à aliança de Delos, e transferindo esse poder para o demos de Atenas. Ao se deparar com a situação, a cidade de Naxos (uma das mais importantes para a Liga), decide sair, mas é impedida, e como punição, tem seus muros destruídos e seus navios de guerra entregues para Atenas e seus aliados. A partir de 462 a.C., a Liga se sentiu forte o suficiente para iniciar uma política militar agressiva e enviou uma frota para o Egito a fim de ajuda-los contra o Rei Persa, porem o exército ateniense é quase destruído pela sua frota. Após a derrota, a Liga assina um tratado de paz com o rei persa. Chamado de Paz de Cálias, o tratado pôs um fim nas indiferenças entre o Império Oriental e a Aliança Grega. Logo, a Liga não possuía mais razãopara existir, já que seu foco inicial era derrotar o Império Persa. Com uma diminuição significativa da autonomia das cidades para com Atenas, foi criado a clerúquias nas cidades-estados, que funcionava como uma válvula de escape para alguns atenienses, pois eram colônias com melhores territórios agrícolas. Sendo assim, eles viviam em outras cidades sem precisar entrar de corpo na sociedade, e continuavam com sua identidade ateniense. Segundo Guarinello, partir deste momento, a antiga aliança se torna um meio de exploração sobre uma grande região. Atenas passa a ser um sistema de poder bem mais firme do que a sua liderança na Liga, e os seus aliados passam a ser descritos apenas como súditos, e a Assembleia de Atenas se torna o principal poder decisório da cidade. Ela fundou 5 regiões: Jônia, Cária, Cícladas e Bósforo. O tesouro federal, agora concentrado todo em Atenas, passa a ser o principal fundo econômico da cidade. A fusão permitiu que os atenienses usassem o tributo de maneira ilimitada, sem se importar com seus aliados. Assegurando seu poder, Atenas obrigou as cidades aliadas jurarem fidelidade e obediência a eles, tornando-se, assim, um sistema imperialista explorador de suas regiões. O império garante o controle dos procedimentos legais e o domínio dos mecanismos de coação direta, obrigando as cidades a usarem suas moedas, usando os tributos recebidos para realizar festas Dionisíacas, e os obrigando a doar oferendas para a deusa Atenas. Assim, em cerca de 40 anos, se consolidou um grande Império, que caí apenas com a sua derrota na Guerra do Peloponeso, em 404 a.C. BIBLIOGRAFIA • FLORENZANO, M. B. B.; (1998), “O mundo Antigo: Econômico e Sociedade.” – Editora Brasiliense, 1998. • TRABULSI, J. A. D.; (1984), “Crise Social, tirania e discussão do dionismo na Grécia Arcaica” - Universalidade Federal de Ouro Preto- Mariana, 1994 • TUNES, C. M. M.; (2011), “Grécia Época Arcaica” - http://historia1ano.blogspot.com/2011/05/23-grecia-epoca-arcaica.html. Acesso em: 12 de março de 2021. • VERNAT, P. 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