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DAVID CICLO 02

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Discente: David Andrade Britto 
RA: 8132240 
Pólo: Licenciatura em Educação Física 
Disciplina: Fundamentos da Educação 
Tutor: Maria Cecília de Oliveira Adão 
Tema: A educação dos Sofistas 
 
Ao observamos o desenvolvimento da cultura grega, devemos dar importante 
destaque para o lugar que a religião ocupou. Em âmbito geral, os gregos eram 
politeístas, sendo cada um de seus deuses portadores de poderes sobrenaturais e 
conhecidos por seus comportamentos de traço visivelmente humano. Muitas destas 
divindades eram relacionadas a uma série de histórias que teriam por função explicar 
vários dados da realidade. Foi a partir desse costume que temos o surgimento da 
mitologia grega. A educação homérica consistia principalmente em perseguir esse 
ideal guerreiro. Quando o jovem procurava ser igual ao herói representado e almejava 
ter as mesmas virtudes de que esse herói era portador, ele era educado, 
a educação tinha como objetivo a formação do nobre e visava o preparo para Guerra 
e para a capacidade de falar com facilidade, elas eram ministradas nos palácios, 
através de exercícios físicos, manejamento de armas, músicas, dança e cânticos. 
De acordo com Nunes (2017) “A Paideia grega configura uma vibrante forma de 
entender e de organizar a sociedade e a cultura humana”. 
Para investigarmos a gênese da educação grega, precisaremos compreender a tradição 
mitológica do período homérico (século XV a VIII a.C.), no qual emerge o ideal de 
homem grego, através da compreensão do conceito de aretê. 
 Para compreendermos a emergência de uma filosofia na pólis de Atenas, 
durante o século V a.C., devemos nos ater as diferenças de explicação da realidade 
concebidas pelos sofistas e a filosofia de Sócrates e Platão, principalmente. Os 
Sofistas eram considerados mestres da retórica e oratória. Eles tinham o objetivo de 
formar cidadãos para a participação política. Porém, os sofistas não formaram uma 
 
 
escola ou um grupo homogêneo, mesmo que muitos estudiosos da história da filosofia 
considerem os sofistas como os primeiros educadores na Grécia antiga. 
Os sofistas mais conhecidos foram Protágoras de Abdera (490 - 421 a.C.), Górgias 
de Leontinos (487 - 380 a. C.) Hípias de Elis, Licofron, Pródicos, que inclusive teria 
sido mestre de Sócrates. 
O pensamento sofista se fundamenta no humanismo, na subjetividade e no 
relativismo, por meio de uma concepção filosófica segundo a qual o conhecimento é 
relativo a experiência humana concreta do real, e a verdade resultado apenas de 
nossas opiniões sobre as coisas e do consenso que se forma em torno disso. A verdade 
é, portanto, múltipla, relativa e mutável. Por fim, o pensamento sofista valoriza o 
conhecimento produzido a partir da interpretação subjetiva do real e a Paideia sofista 
tinha como objetivo vender a educação para formar cidadãos que pudessem participar 
a política. 
A sofística constituiu um fenômeno com um alto significado na história da educação, 
pois foi com os sofistas que a paidéia ganhou um sentido e um significado mais 
profundo, isto é, a educação passou a ser tratada de forma mais consciente e racional 
e trouxe grandes contribuições para a educação, tal como os próprios fundamentos da 
pedagogia moderna 
A educação na antiga Grécia possuía um sistema de escolas primárias. Estas eram 
divididas em três partes, e tinha um professor adequado para cada ensino devido. Os 
que cuidavam das práticas esportivas e da educação física, se chamavam paidotribês; 
os que cuidavam da educação musical, eram chamados de citharistês; enquanto os 
que cuidavam da literatura e da escrita gramatical se denominavam grammatistês, 
onde os poetas Homero e Hesíodo, entre tantos outros, eram abordados devido sua 
grande sabedoria. Este ensino era comum a qualquer indivíduo, antes de partir para 
os ensinamentos sofísticos. Nessa perspectiva, o objetivo da formação do homem 
grego era alcançar a arete, que desde o início de sua concepção esteve estreitamente 
ligada à questão da educação, embora no decorrer da história tenha sofrido mudanças 
em seu significado. Nesse período, nasce o problema que deveria ocupar o 
pensamento da época, a saber, como alcançar a arete através da educação. 
 
 
Foi das profundas necessidades que nasceu a idéia de educação humana, a qual visava 
o desenvolvimento do espírito humano, fazendo crescer suas potencialidades para 
reestruturar um Estado decaído. Os sofistas, sendo espectadores desse cenário, não 
deixaram de se ocupar da grande tarefa de educar. Mas o objetivo da educação 
sofistica, não era educar o povo, isto é, a massa, mas sim, educar os nobres que 
desejavam se formar para política e se tornar um dos dirigentes do Estado, uma vez 
que a democracia havia se estabelecido. Neste novo estado democrata, as assembléias 
públicas e a liberdade da palavra se tornaram indispensáveis, logo, se constata a 
importância de saber orar, falar bem e com eloquência. Igualmente, a educação, que 
era direcionada para os grandes chefes, deveria se basear na eloquência. Neste 
sentido, a faculdade da oratória aparece como um ponto fundamental para a emissão 
de palavras decisivas e bem organizadas logicamente. 
De modo semelhante, Platão (1990) em A República, mostra que a organização social 
deveria ser baseada em três classes sociais, a saber, a classe dos artífices onde a 
virtude que lhes cabe por natureza é a temperança. No entanto, nem todos os cidadãos 
no processo educacional estabelecido pelo Estado mostrariam desenvolvimento 
semelhante. E esse desenvolvimento revelaria a essência metafísica de certas 
características do caráter e as possibilidades de cada indivíduo que se adequaria ao 
sistema de governo. 
O aparecimento dos sofistas foi resultado de profunda crise do mundo grego motivada 
por circunstâncias internas e externas. Ao se aprofundarem os conhecimentos sobre 
as civilizações orientais, surgiram novos horizontes e se incentivou o intercâmbio 
cultural. 
A sofística não foi um fenômeno científico, mas uma invasão do espírito grego sobre 
os problemas práticos que surgiram, sobretudo de problemas pedagógicos e sociais, 
decorrentes de um Estado economicamente e socialmente decaído. Com efeito, os 
sofistas foram considerados os fundadores da ciência da educação porque foram eles 
que estabeleceram a fundamentação prática e teórica da pedagogia, seguida ainda nos 
dias de hoje. Infelizmente, todos os documentos reais e prováveis sobre os sofistas 
foram perdidos no tempo. Os escritos gramaticais, os escritos peripatéticos e 
 
 
alexandrinos, tal como os escritos sobre retórica, se desfizeram no tempo. Portanto, 
diante desta carência de documentação, todo juízo a respeito do movimento sofista 
na antiga Grécia deve ter sempre em vista e em consideração suas influências sobre 
o mundo contemporâneo e sua posterioridade. 
 
 
 
 
2. Referências Bibliográficas 
NUNES, César. Platão e a dialética entre a filosofia do amor e amor à filosofia. 
Campinas, SP: Librum Editora e Editora Brasílica, 2017, 
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. 6.ed. São Paulo: Editora 
WMF Martins Fontes, 2013 
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a 
Wittgenstein. 12.ed – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008 
FERNANDES, Sergio Augusto Franco. “Filósofos x Sofistas: A diferença entre 
verdade e opinião”. In: Suplemento Cultural, Jornal A Tarde. Salvador-Bahia, 1992. 
GHIRALDELLI, Paulo. Filosofia da Educação. 1. ed. São Paulo: Ed. ática, 2006.

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