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BANALIZAÇÃO DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM ALGUMAS INSTITUIÇÕES NO BRASIL

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BANALIZAÇÃO DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
EM ALGUMAS INSTITUIÇÕES NO BRASIL 
 
 
 
 
Helton Ferreira do Nascimento 
1
; Raimundo Nonato de Lima 
2 
 
 
 
1 Graduando em Licenciatura em Pedagogia pela ISEPRO. 
E-mail: hfdonas@hotmail.com 
2 Graduado em Licenciatura em Pedagogia pela ISEPRO e em Serviço Social pela ULBRA e 
Especialista em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário Barão de Mauá. 
E-mail: nonato.lima96@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente estudo ocupa-se em fazer uma análise dos métodos de que se sevem algumas instituições 
fornecedoras de serviços educacionais, na área de especialização, para conquistar seus clientes, sob a 
hipótese de que esteja ocorrendo um processo de banalização dos referidos cursos. Na bibliografia 
consultada, pouco se encontrou sobre o assunto, demonstrando que o mesmo ainda não tem a atenção 
dos autores, o que não deve minimizar a importância da temática. Assim, este trabalho busca trazer 
elucidação para a problemática, e funcionar como alerta para estudantes que, em busca de crescimento 
rápido, tendem a correr para esses atalhos, esquecendo-se de que os caminhos mais curtos nem sempre 
são os melhores. Para levar a efeito a pesquisa, adotou-se o campo virtual, por meio das ofertas dos 
cursos feitas pelas instituições. A pesquisa permitiu notar que há empresas que trabalham, inclusive, 
com a venda de certificados de cursos não feitos. 
 
Palavras-chave: Banalização. Pós-graduação. Formação. 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Banalization of lato post graduate courses in some institutions in Brazil. The present study focuses 
on making an analysis of the methods that some institutions providing educational services in the area 
of specialization use to win their clients, under the hypothesis that a process of trivialization of these 
courses is taking place. In the bibliography consulted, little was found on the subject, demonstrating 
that it still does not have the attention of the authors, which should not minimize the importance of the 
theme. Thus, this work seeks to bring clarity to the problem, and serve as an alert for students who, in 
search of rapid growth, tend to run for these shortcuts, forgetting that the shortest paths are not always 
the best. To carry out the research, the virtual field was adopted, through the offerings of the courses 
made by the institutions. The research showed that there are companies that work even selling 
certificates of courses not made. 
 
Keywords: Banalization. Postgraduate studies. Formation. 
 
3 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 O presente trabalho teve a finalidade de encabeçar um estudo que foi desenvolvido 
entre instituições de ensino superior (IES), brasileiras, que ofertam cursos de pós-graduação, 
sobretudo a nível de especialização (lato sensu), a verificar o nível de qualidade e 
confiabilidade contidos nos mesmos. 
Dado a elevada importância atribuída a tais cursos, bem como o conseguinte 
crescimento da demanda por eles, têm igualmente crescido o número de instituições privadas 
que veem um mercado promissor nessa área, a tal ponto de se originar uma acirrada 
concorrência por alunos. Nessa disputa por clientes, algumas instituições apelam de modo 
doloso ao pragmatismo das pessoas, oferecendo cursos fáceis, rápidos e baratos. 
Em atenção a tal contexto, este projeto buscou trazer elucidação para a problemática, e 
funcionar como alerta para estudantes que, em busca de crescimento rápido e sem trabalho, 
tendem a migrar para esses atalhos, esquecendo-se de que os caminhos mais curtos nem 
sempre são os melhores ou os mais seguros, e que um crescimento saudável não se dá da noite 
para o dia. 
A eleição da temática decorreu ainda da observação feita ao oferecimento de muitos 
cursos de especialização que nos assediam quase diariamente, possibilitando-nos perceber um 
verdadeiro concurso, uma acirrada concorrência pela adesão dos estudantes. Nesse prospecto, 
diversas instituições oferecem muitas ‘facilidades’, ‘vantagens’, a ponto de o quesito 
qualidade da formação desses especialistas não receber a devida atenção, pondo, desta 
maneira, uma gigantesca quantidade de profissionais no mercado de trabalho que, em última 
análise podem não ser especialistas em coisa nenhuma, se olharmos para o sentido semântico 
da palavra, e as elevadas competências que se espera de alguém com semelhante formação. 
Até aqui tratando daquilo que se faz “dentro da legalidade”. Há, todavia, casos em que 
pessoas ou institutos evoluem (ou regridem) para o nível da delinquência ao forjar, comprar, 
ou vender certificações de cursos não realizados, no intuito de adquirir/fornecer títulos de 
maneira rápida e sem muito trabalho e não são poucos os que recorrem a esses métodos. 
Por conseguinte, estamos tratando de algo chocante, vergonhoso, profundamente 
injusto e, como já foi dito, em alguns casos, criminoso. Enquanto algumas pessoas e 
4 
 
instituições fazem verdadeiros sacrifícios para oferecer ou obter uma formação de alto nível, 
outras preferem fingir que fazem ou sabem alguma coisa, mas com formação de nível 
baixíssimo, ou mesmo com títulos conquistados simplesmente por dinheiro, sem qualquer 
labor acadêmico. 
Indubitavelmente, as consequências provenientes de tal conduta são, previsivelmente 
danosas, o que pode ser constatado na existência de muitos profissionais falsos ou 
desqualificados no mercado, que maleficiam a população de diversas maneiras. O sobredito 
poderia ser largamente acrescido sem qualquer injustiça ou exagero. Entretanto, parece ser o 
suficiente para entendermos que o assunto é digno da atenção de todos que pretendem 
trabalhar na construção de um Brasil e de um mundo melhor e mais justo para todos, 
principalmente para os menos favorecidos que, no final das contas, tendem a ser também os 
mais afetados pelas atividades de empresas e pessoas mercenárias. 
De modo simples, uma questão que pode ser levantada está relacionada com a 
inquirição sobre em que estágio se encontraria o processo de banalização dos cursos de pós-
graduação lato sensu em algumas instituições no contexto educacional brasileiro, trazendo, 
assim, luz para a problemática descrita. Esta investigação parte do pressuposto que existe de 
fato um real e flagrante processo de vulgarização, empobrecimento e, em alguns casos, de 
corrupção, ligados a sistemas ou redes de cursos de pós-graduação. 
Nessa perspectiva, tencionamos pesquisar o pretenso processo de banalização em que 
podem se encontrar muitos cursos de pós-graduação lato sensu no Brasil; traçar um panorama 
histórico e evolutivo dos cursos de pós-graduação; compreender a gravidade que há em se 
abrir mão da qualidade dos cursos de especialização; e, alertar estudantes quanto ao erro e ao 
perigo de se obter títulos sem respaldo e sem a sólida fundamentação requerida de um 
“especialista”. 
Em virtude da gravidade do tema, foi tido como adequado não pesquisar direta e 
pessoalmente as instituições, a fim de que não se incorra no risco de adquirir dados 
inverídicos, ou mesmo a recusa, por parte de algumas, em participar da pesquisa, pelo receio 
de uma exposição desagradável, negativa ou vexatória, mesmo sabendo que a pesquisa se 
propõe a manter sob total sigilo as identidade dos pesquisados. 
Em virtude disso, optou-se por delinear uma busca na internet, a partir de anúncios, 
tendo sempre a cautela de guardar silêncio sobre informações de identificação de sujeitos e/ou 
instituições objeto da pesquisa, já que o propósito aqui é trabalhar uma situação e não 
5 
 
indivíduos. Quanto à base teórica, pouco se achou sobre o assunto nas literaturas disponíveis, 
dando a impressão de que o mesmo ainda não chegou a ser uma preocupação para muitos 
autores. Dessa forma, a saída foi recorrer à internet. Alguns autores, todavia, estão citados no 
texto, tais como Almeida (2017), Borba (2011), Freire (1996), Moraes (2018),
dentre outros, 
que deram alguma fundamentação para que o tema pudesse ser trabalhado. 
 
 
 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
 
Pelo fato de a temática trabalhada nessa pesquisa não ser ainda abordada com 
frequência, são poucos os autores da literatura educacional brasileira que tratam da mesma de 
modo específico. Em decorrência disso, não são muitos os livros encontrados em nossas 
bibliotecas que tratem do assunto direta e exaustivamente. Tal fato não apequena a relevância 
da pesquisa, uma vez que se tornou comum sermos abordados por propostas de nos tornarmos 
especialistas em muitas áreas, em pouco tempo, e a baixos custos, o que deve acionar o sinal 
de alerta, levando-nos a ser mais criteriosos na hora de iniciarmos um curso dessa natureza. 
De acordo com Borba (2011, p. 158), banalizar significa “tornar banal ou comum, 
vulgarizar” e, a atitude de banalizar pode ser denominada de banalização. À primeira vista, 
não parece haver nenhum problema em que o título e a formação de especialista esteja 
comunalizada e acessível a todas as pessoas. Do ponto vista da democratização do acesso a 
esse nível de ensino pode até ser considerado muito bom. A questão, nesse caso, são os meios 
empregados para que isso aconteça, uma vez que, no final das contas, muitas instituições não 
manifestam nenhuma preocupação concernente à qualidade dos cursos, ou da formação por 
eles propostas, deixando prevalecer o desejo de auferir lucros e conquistar clientes. 
Quando se fala em educação, o fator qualidade não deve passar despercebido, pois a 
educação visa formar um cidadão capaz de atuar em meio à sociedade de maneira autônoma e 
eficiente, tanto no exercício da cidadania como para mercado de trabalho, conforme se pode 
deduzir da Constituição de 1988 no Art. 205, que diz: “A educação, direito de todos e dever 
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, 
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
6 
 
qualificação para o trabalho.” A mesma proposição está tipificada na Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação (Lei 9.394/96), com uma sensível distinção no concerne à ordem de 
prescindibilidade sobre a educação do indivíduo. Se a CF traz que a educação e dever 
primeiramente do Estado e, depois, da família, a LDB investe essa ordem, reconhecendo a 
família como primeira responsável pela educação. 
 A história da pós-graduação no Brasil tem características que lhe são próprias, que 
respondem a um momento concreto da história do ensino superior universitário no país, que 
se constituiu no processo da Reforma Universitária da década de 1960, já no contexto da 
Ditadura Militar. (ALMEIDA, 2017) A constatação de que esses cursos ganharam 
notabilidade no contexto do Regime Militar traz consigo a ideia que ainda hoje se tem, que os 
mesmos possuem a finalidade de qualificar pessoas para trabalhar em determinadas áreas de 
atuação, o que confere grande relevância a essa modalidade de ensino, visto que os 
profissionais, assim especializados, atuarão em setores importantes como Saúde e Educação. 
Tal fato eleva também a responsabilidade das instituições que formam esses profissionais. 
Entretanto, o que se percebe é que o elevado padrão de qualidade que se espera das 
escolas ofertantes de cursos de especialização, está em um processo de relativização, 
principalmente em algumas instituições da iniciativa privada, e em nome da conquista de um 
número maior de clientes. Devido à concorrência, muitas escolas procuram apresentar 
facilidades e vantagens aos alunos/clientes que envolvem redução dos preços das 
mensalidades, diminuição do período para se concluir o curso, bem como o baixíssimo grau 
de dificuldade imposto aos estudantes. Nas palavras de Cordeiro (2009, SN) 
 
O grande problema da pós-graduação no Brasil nos dias de hoje é sua banalização 
decorrente da mediocridade e corporativismo existentes no cerne da universidade 
brasileira, salvo algumas exceções. Além da mediocridade existe outro fator 
deletério: a desonestidade. 
 
Os benefícios advindos de uma certificação a nível de especialização são atraentes aos 
estudantes. É um requisito para lecionar na educação superior, como determina o art. 66 da 
LDB: “A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-
graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.” Além do que, traz a 
possibilidade de melhoramento salarial, de acordo com o Plano de Cargos e Salários da 
instituição à qual se presta serviço; soma pontos numa prova de títulos, o que pode ser visto 
em todos os editais de concursos e testes seletivos; e, já não é tanto, mas, noutro tempo, dava 
7 
 
bastante status. Devido à decadência qualitativa, o autor deste estudo já ouviu, em uma 
discussão, mesmo numa turma de pós-graduação, que os especialistas de hoje bem podem 
equiparar-se, ou até inferiorizarem-se aos técnicos do passado. Em grande parte, tal afirmação 
se deve exatamente ao que se pressupõe de um fatídico processo de banalização. 
É bem verdade que semelhante situação decorre, em grande parte, do não 
cumprimento das prescrições legais, pois, de conformidade com a própria LDB, em seu Art. 
62-A e parágrafo único: 
 
LDB Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art. 61 
far-se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou 
superior, incluindo habilitações tecnológicas. 
Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que se 
refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior, 
incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou 
tecnológicos e de pós-graduação. 
 
Olhando com atenção, é possível perceber que esse trecho da Lei não se refere 
diretamente a pessoas desvinculadas dos sistemas ou redes de ensino, mas àquelas que já 
estão inseridas nos mesmos, mas, pensando de outra maneira, os indivíduos que estão em 
processo de formação magisterial, muito embora não façam parte, pelo menos ainda, das 
redes de ensino, ainda assim podem ser vistos com profissionais da educação, cuja formação 
está em processo, como sempre estará. “Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um 
ser condicionado, mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele.” 
(FREIRE, 1996, p. 29) 
Inegavelmente, a democratização do acesso aos níveis de ensino mais elevados tem 
sido um objetivo buscado com afinco pelos governos e instituições, pois, de acordo com 
Moraes (2018), há hoje, no Brasil mais de 4.000 programas de pós-graduação, de sorte que, 
segundo ele, a preocupação do Ministério da Educação já não é com a quantidade, mas com a 
qualidade dos cursos oferecidos no que veio a ser o ‘mercado educacional’. E é exatamente 
com essa preocupação que lida este trabalho, para que a quantidade não venha a sobrepujar a 
qualidade nos cursos de especialização. 
 
3 A EXPERIÊNCIA DA PESQUISA 
 
8 
 
Como já foi dito, em decorrência do agravamento do tema, foi tido como adequado 
não pesquisar direta e presencialmente às instituições, a fim de que não se incorresse no risco 
de adquirir dados camuflados, ou mesmo a desistência, por parte de algumas, em participar da 
pesquisa, pelo receio de uma exposição desagradável, negativa ou vexatória, mesmo sabendo 
que a pesquisa se propunha a manter sob total sigilo as identidade dos pesquisados. 
Em virtude disso, optou-se por delinear uma busca na internet, através de anúncios, 
tendo sempre a cautela de guardar silêncio sobre informações de identificação de sujeitos e/ou 
instituições objeto da pesquisa, já que o propósito aqui é trabalhar uma situação e não pessoas. 
A pesquisa é bibliográfica e de campo (campo virtual), e descritiva e levou em conta, 
sobretudo, aspectos qualitativos. 
 
3.1 Levantamento de bibliografia 
 
Nessa parte da
pesquisa, procuramos primar pela comprobabilidade das informações 
coletadas, a fidedignidade das fontes, ainda que, em sua maior parte, extraídas da internet. 
Para tanto foram lidos quantos textos tornaram-se possíveis, mas citamos no referencial 
somente os que fizeram jus a isso. 
Os posicionamentos dos autores foram ordenados da maneira mais coerente e linear 
possível, a ver se os objetivos para essa fase poderiam ser alcançados, no que diz respeito ao 
processo de banalização dos cursos de pós-graduação lato sensu dentro de algumas 
instituições. 
 
3.2 Trabalho de campo 
 
A atividade campal (ainda que o campo aqui foi virtual), constou da seleção de 
algumas instituições ofertantes de cursos de especialização, as quais receberam nomes de 
pesquisa tais como ‘pesquisado(a)’ ou ‘participante’, o que propõe resguardar o identidade do 
ente pesquisado, bem como foi também mantido em sigilo a localização exata do pesquisado, 
fazendo-se alusão somente ao país em o mesmo se encontra, no caso, o Brasil. 
9 
 
É oportuno esclarecer também que foram analisadas propagandas de instituições 
oriundas de vários estados da Federação, mas que somente foram selecionadas algumas, as 
quais serviram como amostra da situação em que as mesmas se encontram em relação ao tema 
proposto. 
 
4 RESULTADOS 
 
Os dados desta investigação foram extraídos basicamente da internet, das divulgações 
feitas pelas próprias instituições e que são veiculadas na grande rede, sendo, portanto, 
procedente de fontes públicas que evidenciam apenas as atividades que são feitas 
publicamente, ainda que se presuma que os acordos que mais evidenciam o processo de 
vulgarização, de que trata estre trabalho, são feitos nos bastidores, não vindo a público, pelo 
menos não normalmente. Na busca por informações nos deparamos também com muitos 
anúncios de compra e venda de certificados. 
Houve uma dificuldade adicional para a pesquisa, visto que as instituições, sentindo, 
talvez, a incompatibilidade de suas ações, não estão mais expondo suas ‘vantagens’ de forma 
explicita, mas pedem os dados e contato dos interessados, para que então, procedam uma 
possível negociação dos cursos ou dos certificado, o que nos constrangeu a fazer alguns 
ajustes na metodologia, inclusive no que concerne à apresentação destes resultados. 
A IP1 (instituição pesquisada 1), apresenta a proposta de que se curse uma 
especialização em apenas 3 meses, se o pagamento for feito à vista, e 4 meses ou mais com 
outras formas de pagamento. A referida instituição apresenta outras ‘vantagens’: 
 
Além de concluir a Pós ou MBA do ‘IP1’ em um curtíssimo espaço de tempo e não 
precisar comprometer os demais meses do ano com o estudo, a vantagem é a 
possibilidade de conquistar uma promoção no trabalho e/ou ganhar um aumento de 
salário em menor prazo. Outra situação é que muitos órgãos públicos concedem 
adicional ao salário ou classificam melhor o candidato que possui curso de pós-
graduação no currículo. Principalmente certos cargos da área de Educação que 
exigem do candidato a especialização para o candidato tomar posse. Por isso, a Pós 
intensiva é a melhor resposta para quem necessita rapidamente da titulação, de um 
aumento de salário ou de um melhor posicionamento no mercado. (dados da 
pesquisa) 
 
Na prática, o que pode ocorrer é que essas instituições oferecem os cursos com tão 
pequena duração, sob a alegação que a complementação das horas/aula são completadas ou 
10 
 
totalmente cumpridas em atividades realizadas exclusivamente pelos alunos, o que permite 
aos mesmos se valer de quaisquer meios para fazer as tarefas propostas, como ‘cola da 
internet’ ou a contratação de trabalhos prontos. Entretanto, existe uma quantidade mínima de 
horas estabelecida por lei e que devem ser utilizadas com os estudos. De acordo com o 
Ministério da Educação: 
 
Os cursos devem ter duração mínima de 360 (trezentos e sessenta) horas, nestas não 
computado o tempo de estudo individual ou em grupo, sem assistência docente, e o 
reservado, obrigatoriamente, para elaboração de monografia ou trabalho de 
conclusão de curso. A duração poderá ser ampliada de acordo com o projeto 
pedagógico do curso e o seu objeto específico. O interessado deve sempre solicitar o 
projeto pedagógico do curso; (Portal do MEC) 
 
 
O que está sendo observado aqui não é apenas a questão da legalidade ou não das 
atividades da empresa, mas que tipo de especialista se pode preparar, usando as próprias 
palavras da IP1, “em um curtíssimo espaço de tempo”. Ainda mais com as vantagens que se 
buscam, onde nada se fala de aumento na qualidade do serviço prestado por esse profissional. 
Na IP2, as propostas são semelhantes: conclusão em até 3 meses, prestações a partir de 
R$ 89,00 (a IP anterior não apresentou o valor do curso), certificado reconhecido pelo MEC 
(Dados da pesquisa). As motivações para se fazer os cursos são basicamente as mesmas para 
todas as instituições, sempre algo relacionado aquisição de títulos, promoções no trabalho, 
gratificação salarial, o que menos importa é a qualificação profissional. Sem dúvidas, tudo 
isso que é apresentado como incentivo a cursar uma pós é muito proveitoso. Porém, seria o 
pragmatismo e conveniência financeira as únicas razões pelas quais alguém poderia aderir a 
uma especialização? 
 
Em atmosfera de intenso debate quanto ao papel e às finalidades da pós-graduação e 
da qualidade de suas propostas acadêmicas, num tempo em que se demanda desses 
cursos que respondam à grande variedade de desafios sociais, tecnológicos, políticos 
e ecológicos, é de grande importância refletir sobre as condições atuais e o futuro 
desejável para os mesmos. (GATTI, 2001, p. 110,111) 
 
 Em semelhante contexto, como se pode notar, começa-se até a cogitar sobre a 
finalidade dos cursos de pós-graduação, visto que são grandes as exigências sobre os mesmos 
em diversos aspectos. É evidente que os referidos cursos têm a sua relevância, o que está em 
debate não é isso, mas os rumos que estão tomando diante da mercantilização exacerbada 
desses bens educacionais. 
11 
 
Por semelhante modo às IPs anteriores, ocorre com a IP3 que apresenta como 
vantagens: “Conclua seu curso a partir de 4 meses; Pós-Graduação 100% online; cursos a 
partir de 89 R$/mês; Faculdade reconhecida pelo MEC” (Dados da pesquisa). Em muitos 
casos, há a possibilidade de supor que tais empresas tem uma proposta para conseguir a 
aprovação e reconhecimento do MEC e outra para atrair a adesão dos clientes, o que confirma 
a hipótese desta pesquisa, que assevera a desvenciliação do controle de qualidade em nome da 
obtenção de lucros. Em algumas a opcionalidade ou a desnecessidade da produção de um 
TCC é uma das atrações para os estudantes. 
Devido ao fato de as instituições apresentarem basicamente as mesmas propostas, com 
poucas diferenças, julgou-se suficiente que apenas três fossem tomadas como amostra. 
Reafirmando em todo caso, que essa não é a situação de todas as instituições localizadas, mas 
sim daquelas que, no afã de ganhar mais, financeiramente falado, flexibilizam as regras de 
modo exorbitante para atrair os que buscam algo mais fácil e efetivo. 
E, como já mencionado, nos deparamos com muitas organizações que, de modo 
aberto, extrapolam todos os limites de facilitação para os clientes, oferecendo certificados 
prontos e sem a necessidade de assistir sequer uma aula, o que se constitui crime, visto que a 
lei não permite esse tipo de comercio, que aqui poderia ser denominado de “tráfico de 
certificados”. A seguir temos a propaganda de uma dessas entidades virtuais: 
 
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finais de conclusão do curso devidamente publicados no Diário Oficial da União 
(D.O.U). Escolha a data retroativa ou atual de conclusão do seu curso e desfrute de 
todos os benefícios e prerrogativas de um formado. (Dados da pesquisa) 
 
 
 É evidente, todavia, que tal prática não possui amparo jurídico, sendo, portanto, ilegal. 
Assim, as pessoas ou empresas que incorrerem em semelhantes atos estão passíveis de sofrer 
sanções legais, o que, de acordo com Martins (2018), está tipificado no Código Penal, 
inclusive com reclusão, e também multa. Nas palavras desse articulista: 
 
 
Entretanto, comprar um diploma falso, além de representar um problema moral, 
também é crime e está tipificado nos artigos 297 e 304 do Código Penal Brasileiro, 
de modo que, responde pela mesma pena tanto aquele que fabrica o diploma falso, 
quanto aquele que faz uso do documento. (MARTINS, 2018, SN) 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10600423/artigo-297-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10599626/artigo-304-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
12 
 
 
 
No ‘trabalho de campo’, também foram encontrados mandados de prisões expedidos a 
desfavor de pessoas que compunham empresas de comercialização de certificados 
falsificados, por crimes como estelionato e formação de quadrilha. Tal conjuntura mostra a 
possibilidade de que haja uma grande quantidade de indivíduos gozando de títulos e 
prerrogativas, e mesmo exercendo mandatos com base e documentos falsos e formação que 
não obteve, o que, dependendo da área de atuação, pode pôr em risco até a integridade física 
das pessoas. (Dados da pesquisa) 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Na realização deste trabalho, as atividades de campo não foram como se projetou, com 
a fluidez que se esperava, visto que as empresas, objeto da pesquisa, não estão mais dispondo 
muitos dados na internet, talvez por admitir que suas propostas são incompatíveis com a 
seriedade e rigor que se espera de uma IES, frente à responsabilidade que assumem para com 
a população e a sociedade como um todo. Seria necessário fazer um cadastro em cada uma, 
nos fazendo passar por clientes, ação que poderia ser realizada, mas que optamos por evitar. 
Mesmo assim, algumas mantiveram suas propostas à amostra, pelo menos em parte, o 
que possibilitou a realização da pesquisa, de modo que os objetivos da mesma foram atingidos 
e a hipótese levantada achou-se verdadeira, pois as empresas IPs (instituições pesquisadas) 
demonstraram disposição para fazer muitas concessões sob a necessidade de conquistar 
clientes. 
Daí, como pode ser percebido, a tais instituições convém rever suas políticas e valores, 
a saber até que ponto se deve facilitar a aquisição de um título de especialista e, como se sabe 
que a tendência do erro e crescer, compete as autoridades do campo educacional aumentar a 
vigilância sobre as empresas credenciadas, a fim de que possa haver consonância entre o 
compromisso assumido com a lei e as propostas apresentadas aos estudantes/clientes. 
Em todo caso, verificou-se a existência fatídica de um processo de banalização dos 
cursos de pós-graduação em algumas instituições e que, se não houver um reencaminhamento, 
a tendência é que o número das mesmas aumente, levando inclusive outras a fazer adesão a tal 
atitude como uma maneira de manter-se no mercado, o que, no final das contas, seria mais 
13 
 
golpe na qualidade do sistema educacional brasileiro. Sendo um estudo bastante importante e 
polemico no meio acadêmico, se faz necessário novos estudos mais aprofundados para uma 
maior analise da temática em questão, para que se possa dar maior visibilidade a essa 
problemática educacional no Brasil. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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MORAES, Fernando Tadeu. Por que morre um curso de pós-graduação na melhor universidade 
do país? Folha de São Paulo (site), 2018. Disponível em < 
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/03/por-que-morre-um-curso-de-pos-graduacao-na-
melhor-universidade-do-pais.shtml> Consulta em 30/08/2019. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm
http://portal.mec.gov.br/pos-graduacao
http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/32116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm
https://www.ime.usp.br/~abe/lista/msg03645.html
https://magalhaesmartins.jusbrasil.com.br/artigos/608964482/e-crime-comprar-diploma-universitario-ou-de-pos-graduacao
https://magalhaesmartins.jusbrasil.com.br/artigos/608964482/e-crime-comprar-diploma-universitario-ou-de-pos-graduacao
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/03/por-que-morre-um-curso-de-pos-graduacao-na-melhor-universidade-do-pais.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/03/por-que-morre-um-curso-de-pos-graduacao-na-melhor-universidade-do-pais.shtml

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