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Ação Cultural - Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário

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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
AÇÃO CULTURAL: PROJETOS 
CULTURAIS E ATUAÇÃO DO 
BIBLIOTECÁRIO
Meu nome é Marco Donizete Paulino da Silva, sou Mestre e 
Doutorando em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), e Bacharel em 
Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Universidade Federal 
de São Carlos – UFSCar. Meu Trabalho de Conclusão de Curso de 
Graduação foi sobre Representação Temática, especificamente sobre o 
teatro enquanto fenômeno representado pelo sistema de Classificação 
Decimal de Dewey (CDD); minha dissertação de Mestrado investigou 
o conceito de Indexação Social no âmbito do Cinema Documentário 
e da Ciência da Informação; e minha tese de Doutorado é sobre o 
tema da Interdisciplinaridade enquanto conceito-chave no processo 
comunicacional. Espero que, por meio desta disciplina, seja possível compartilhar com vocês um 
pouco do percurso que tenho realizado até agora.
E-mail: marco_donizete@yahoo.com.br>.
Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
claretiano.edu.br/batatais
Marco Donizete Paulino da Silva
Batatais
Claretiano
2018
AÇÃO CULTURAL: PROJETOS 
CULTURAIS E ATUAÇÃO DO 
BIBLIOTECÁRIO
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma 
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o 
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação 
Educacional Claretiana.
CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia 
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori 
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia 
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo 
Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa 
Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami
Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 021.26 S581a 
 
 Silva, Marco Donizete Paulino da 
 Ação cultural : projetos culturais e atuação do bibliotecário / Marco Donizete Paulino 
 da Silva – Batatais, SP : Claretiano, 2018. 
 112 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-554-6 
 
 1. Ação cultural. 2. Diversidade cultural. 3. Espaço social. 4. Política cultural. 5. Agente 
 cultural. I. Ação cultural: projetos culturais e atuação do bibliotecário. 
 
 
 
 
 
 CDD 021.26 
 
 
 
 
 
 
 
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário 
Versão: fev./2018
Formato: 15x21 cm
Páginas: 112 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 15
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 25
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 25
5. E-REFERÊNCIA .................................................................................................. 26
UNIDADE 1 – UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS 
CULTURAIS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 29
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 29
2.1. IDENTIDADES ........................................................................................... 30
2.2. DIVERSIDADE ........................................................................................... 33
2.3. DIREITOS CULTURAIS .............................................................................. 35
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 37
3.1. IDENTIDADE ............................................................................................. 37
3.2. DIVERSIDADE ........................................................................................... 38
3.3. DIREITOS CULTURAIS .............................................................................. 39
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 40
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 41
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 42
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 43
UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O 
FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 47
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 48
2.1. POLÍTICA CULTURAL NO MUNDO E NO BRASIL .................................... 48
2.2. FINANCIAMENTO DA CULTURA ............................................................. 54
2.3. LEI ROUANET ........................................................................................... 57
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 61
3.1. POLÍTICA CULTURAL NO MUNDO E NO BRASIL .................................... 62
3.2. FINANCIAMENTO DA CULTURA ............................................................. 62
3.3. LEI ROUANET ........................................................................................... 63
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 64
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 66
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 66
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 67
UNIDADE 3 – O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A 
PROPRIEDADE INTELECTUAL: COPYRIGHT E COPYLEFT 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 71
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 72
2.1. O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL ..72
2.2. COPYRIGHT .............................................................................................. 74
2.3. COPYLEFT (SOFTWARE LIVRE) ................................................................81
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 84
3.1. O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL ..84
3.2. COPYRIGHT .............................................................................................. 84
3.3. COPYLEFT ................................................................................................. 85
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 86
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 88
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 88
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 90
UNIDADE 4 – BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: 
POLÍTICAS DE PROXIMIDADE; CONSUMO E PRÁTICAS 
CULTURAIS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 93
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 94
2.1. BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL .................................... 94
2.2. POLÍTICAS CULTURAIS DE PROXIMIDADE ............................................. 100
2.3. CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS ....................................................... 102
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 105
3.1. BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL .................................... 105
3.2. POLÍTICAS CULTURAIS DE PROXIMIDADE ............................................. 106
3.3. CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS ....................................................... 107
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 108
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 109
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 110
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 111
7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo
A disciplina “Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário” 
visa, no contexto do curso de Biblioteconomia (em sua modalidade EaD), 
ser espaço teórico-prático e reflexivo para contribuir na formação do futuro 
bibliotecário no que diz respeito à compreensão da complexidade inerente à 
construção e à atuação desse profissional em projetos culturais e ao estudo da 
sociedade e da cultura em tempos de globalização. Sua ementa se distingue 
pela abordagem de temas de grande profundidade, tais como: Identidades 
Culturais e Diversidade Cultural; Direitos Culturais; Políticas Culturais no 
Brasil; Política Cultural comparada; Políticas Públicas de incentivos à cultura 
no Brasil: a Lei Rouanet; Financiamento da Cultura; Sistema de Produção 
Cultural e outros conceitos a ele relacionados; Propriedade Intelectual, 
Copyleft e Copyright; Biblioteca em relação às Políticas Culturais no Brasil; 
Consumo Cultural, Práticas Culturais e Públicos da Cultura; Políticas Culturais 
de Proximidade; Biblioteca, Centro de Cultura e Ação Cultural; Circuito 
Cultural, Cultura e Cidade.
Nessa perspectiva, a reflexão sobre cultura e bibliotecas considera os 
múltiplos contextos a fim de que vocês (enquanto estudantes) compreendam 
os conceitos apresentados pelas bibliografias abaixo apresentadas, dentro da 
dinâmica de nossa atuação profissional.
Bibliografia Básica
CEREZUELA, D. R. Planejamento e avaliação de projetos culturais: da ideia à ação. São 
Paulo: Sesc SP, 2015.
CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.
FURTADO, C. Ensaios sobre cultura e o Ministério da Cultura. Rio de Janeiro: 
Contraponto, 2012.
8 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Bibliografia Complementar
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 19. ed. São Paulo: Companhia 
das Letras. 2016.
COELHO NETTO, J. T. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, Coleção Primeiros 
Passos, 1989.
MANGUEL, A. A biblioteca à noite. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
MILANESI, L. A casa da invenção: biblioteca, centro de cultura. 4. ed. Cotia: Ateliê 
Editorial, 2003.
É importante saber: ––––––––––––––––––––––––––––––––
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR):é o referencial teórico e prático que 
deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes 
necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os 
principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os 
procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua 
origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente 
selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou 
disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos 
Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do 
Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência 
de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto), 
como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos 
temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito 
de avaliação.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
9© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO
Prezado aluno, seja bem-vindo!
De maneira geral, estudaremos a sociedade e a cultura 
em tempos globais; sua diversidade de Identidades Culturais; o 
tema dos Direitos Culturais e das Políticas Culturais no Brasil em 
comparação com a Política Cultural de outros países; a questão 
das Leis de Financiamento (a Lei Rouanet) da Cultura, o Sistema 
de Produção Cultural e outros conceitos a ele relacionados; 
questões ligadas à noção de Propriedade Intelectual (Copyleft 
e Copyright); relações entre a biblioteca e a Política Cultural; o 
Consumo Cultural, as Práticas Culturais e os Públicos da Cultura 
(noções de alta e baixa cultura); noções de Circuito Cultural, 
Cultura e Cidade (Políticas Culturais de Proximidade).
Sugere-se que, a partir de visitas a instituições de caráter 
cultural (sejam governamentais ou não governamentais), 
bibliotecas (públicas, de acervo geral ou especializado), centros 
formais ou informais de informação (tradicionais ou inovadores, 
de produção de cultura ou de conservação, de exercício de uma 
ação cultural efetiva), observando-se características particulares 
nos processos de organização, tratamento, disponibilização e 
registro de informações, seja estabelecida uma visão mais próxima 
das realidades culturais e das exigências do desenvolvimento 
profissional para atender as demandas.
Almeja-se, por meio desta breve introdução, esclarecer 
algumas noções básicas relacionadas ao conceito de Ação 
Cultural na sociedade contemporânea, como questões voltadas 
ao planejamento e à produção de projetos culturais e às 
perspectivas de atuação do profissional bibliotecário.
10 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Como passo inicial, que será aprofundado nas unidades 
seguintes, o conceito de Ação Cultural será abordado, primeiro, 
como junção de duas noções: a da ação como ato de realização 
de algo pela intervenção da vontade humana; e a da condição da 
Cultura como uma realidade que envolve uma comunidade de 
seres pensantes. Na proposição de Coelho (2001, p. 12), nesse 
tipo de ação:
[...] o agente gera um processo, não um objeto. O objeto pode 
até resultar de todo o processo, mas não se pensou nele quandose deu início ao processo, e nisso está toda a diferença.
A intervenção humana como ação pode ser entendida pela 
ideia de que o homem, munido de vontade, interfere no mundo, 
procurando superar dificuldades concretas ou abstratas, agindo 
sobre os fenômenos que o atingem ou sobre os espaços em que 
vive, buscando atenuar ou favorecer determinada situação.
A concepção de cultura, por sua vez, é abordada pela 
consideração de que, ao trocar experiências em comum com 
outros seres, nós, seres humanos, produzimos uma realidade 
que nos une em torno de uma mesma visão ou aceitação mútua 
de visões conflitantes entre si, buscando o compartilhamento ou 
a diferenciação de grupos ou regiões.
Existem diversas abordagens sobre o conceito de cultura, 
principalmente dos pontos de vista antropológico, filosófico e 
sociológico. Na nossa perspectiva – a de profissionais que lidam 
com a realização, o registro, a divulgação e a transferência de 
objetos e informações sobre fenômenos culturais –, entendemos 
que tal variedade de pontos de vista se alimenta, cada vez mais, 
de uma realidade sociocultural dinâmica e variável que vem 
sendo amplificada, exigindo de nós, enquanto profissionais, 
11© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
uma consciência crítica que irá nos orientar sobre as decisões 
necessárias em cada situação.
Entre os problemas relacionados a essa situação de 
complexidade, podemos apontar dois bastantes contemporâneos: 
o caráter líquido das relações interpessoais, ou seja, a falta de 
estabilidade dessas relações – pelo conceito de Modernidade 
Líquida, de Bauman (2001); e as situações de grande diferenciação 
entre tradições e convenções de uma região em relação a uma 
realidade interativa e globalizada – como observado em Garcia 
Canclini (2008).
Como passos seguintes, aprofundaremos a noção de 
Cultura e Ação Cultural, e apresentaremos um breve relato do 
desenvolvimento do conceito de Ação Cultural.
O que é Cultura e Ação Cultural?
Do ponto de vista antropológico, Cultura, segundo Cunha 
(2010, p. 17):
Corresponde a todas as formas coletivas e socialmente 
arbitrárias ou artificiais com que os homens respondem às 
suas necessidades naturais [...] a palavra cultura abrange as 
relações sociais e os modos de vida material e simbólico de 
uma sociedade, incluindo características e valores econômicos, 
técnicas, estruturas políticas, comportamentos ético-morais, 
crenças, formas educativas e criações artísticas.
O autor observa que, apesar de essa definição se referir 
a um pensamento antropológico datado do século 19, ele a 
considera como a de maior abrangência. Quando, no entanto, 
Cunha (2010) apresenta uma segunda forma de abordagem da 
palavra Cultura, destacando a evolução de seu sentido semântico 
– nascido do sentido de “cultivo da terra” –, observa-se que ele 
define o conceito de Cultura como a:
12 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
[...] ação de cuidar e cultivar, não mais a terra, o campo, mas o 
espírito, o intelecto, os conhecimentos, a sensibilidade estética 
ou a memória de um fato importante e cujo feito se impôs 
como épico ou extraordinário. (p. 18).
Essa condição de metáfora pode ser considerada uma 
mudança bastante relevante para nós, bibliotecários, uma vez 
que a função de manutenção de uma memória – seja individual 
ou coletiva – é uma das bases do fazer bibliotecário. Ainda que 
baseada numa visão tradicional que considera apenas o fato 
“extraordinário”, digno de registro coletivo – ponto de vista 
até certo ponto contestado pelos campos do conhecimento da 
atualidade –, essa valorização de “cultivar” o ato de “conhecer” 
também propiciou o interesse pelas técnicas de manutenção de 
um “acervo” humano imaterial: o intelecto.
Uma última ideia de Cultura é apresentada por Cunha 
(2010, p. 20) quando este diz que:
A acepção clássica de cultura vinculou a vida coletiva à vida 
privada, ou seja, procurou estabelecer um sentido comum entre 
a sociedade e o indivíduo. Já no ambiente renascentista, as 
marcas culturais da contemplação e da ação pública passaram 
a incluir a vida ativa, isto é, o trabalho e a aplicação científica, 
fazendo com que a cultura se confundisse com uma busca de 
caráter politécnico ou enciclopédico. 
Ou seja, nessa citação, além de vincular uma noção 
sociopolítica vinda da Idade Clássica, o autor observa um sentido 
socioeconômico – uma vez que na fase do Renascimento, com o 
surgimento da imprensa de Gutemberg, segundo Burke (2003), 
acentuou-se o valor econômico da escrita e da leitura, e, em 
consequência, do conhecimento. Esse sentido socioeconômico 
passou, então, a ser cada vez mais distribuído pela estrutura das 
sociedades em construção.
13© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Tal valor, ao invés de diminuir, aumentou cada vez mais, 
propiciando, inclusive, o aparecimento do que Drucker (1999) 
e Santos e Carvalho (2009) denominam como Sociedade do 
Conhecimento, ou Sociedade da Informação.
A interação dessas três definições de cultura, ao nosso 
ver, se dá pela percepção de que, socialmente, articulamos – 
principalmente na atualidade – essas três dimensões (entre 
outras) quase sem perceber. Essa consciência no uso dessas visões, 
no entanto, é demasiada importante para que a deixemos de 
lado na preparação do bibliotecário como profissional mediador, 
não só de objetos culturais, mas também de necessidades sociais 
ligadas ao conhecimento, ou à falta deste.
A Cultura, na dimensão de componente social que sofre 
ação, pressupõe uma ideia de intervenção do homem em uma 
realidade cultural, ou seja, pela vontade de intervenção humana 
se realizam atos em prol de determinada decisão, privilegiando, 
ou não, efeitos de conservação, dinamização do registro ou da 
produção de determinada cultura. Assim, a questão de uma 
atuação bibliotecária a partir dessa constatação se estabelece 
pela consideração dessa atuação em nível de memória e 
de produção/incentivo de instrumentos e mecanismos que 
possibilitem a existência dos objetos e dos fenômenos culturais.
Evolução do conceito “Ação Cultural”
Coelho (2001, p. 10) observa que a Ação Cultural:
[...] além de definir-se como área específica de trabalho, 
ensino e pesquisa, começou a constituir-se num conjunto de 
conhecimentos e técnicas com o objetivo de administrar o 
processo cultural – ou sua ausência, como é mais comum entre 
nós... –, de modo a promover, digamos, uma distribuição mais 
equitativa da cultura, de suas apregoadas benesses. 
14 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Pensando nessa descrição de Cunha (2001) sobre o 
processo de constituição do conceito de Ação Cultural em nível 
sociopolítico, observamos uma série de eventos históricos, 
apresentados pelo autor, que propiciam a ideia de uma Ação 
Cultural exercida em vários momentos da humanidade. 
No interesse de sintetizar esse esforço de Cunha (2001), 
apresentamos a seguinte relação de datas e períodos, com suas 
respectivas características, ou justificativas básicas:
Quadro 1 Relação de datas e períodos que caracterizam, segundo 
Cunha (2001), a constituição do conceito de Ação Cultural a partir 
de eventos históricos em nível mundial.
Século VI a.C. Instituição dos concursos públicos teatrais como projeto de 
“desenvolvimento” de uma literatura dramática – uma ação 
equivalente é apontada pela construção do museu-biblioteca 
de Alexandria, visando salvaguardar os saberes da antiguidade.
Ano de 1530 Fundação do Colégio de Leitores do Reino, renomeado 
como Colégio de França, espaço em que se ministravam 
matérias disciplinares sem, no entanto, se confundir com uma 
Universidade.
De 1770-1775 Organização e exibição, pelo Vaticano, do seu próprio acervo, 
tornando públicas as visitações aos museus da Santa Fé.
1791 Instituição da “política de monumentos”, pela qual se promovia 
a transformaçãode espaços históricos – no caso o Palácio Real 
do Louvre – em museu (1793).
Um aspecto importante na consolidação dos projetos 
de Ação Cultural, tendo como parâmetro a questão do 
financiamento, pode ser observado pela prática do mecenato 
(prática de encomenda e/ou contratação de artistas, por parte 
de uma classe abastada), que, no período da Renascença, foi 
essencial para a produção e manutenção de obras artísticas, 
15© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
ainda hoje consideradas imortais (Shakespeare e Michelangelo 
como os mais conhecidos).
Se conciliarmos ainda, nessa dinamização, a estabilização 
do capitalismo como forma de estruturação sociopolítica, ainda 
que a reconheçamos – conforme descreve Santos (2001) – como 
um processo evolutivo conturbado do modelo de sociedade 
capitalista, observamos que os objetos e fenômenos culturais 
passaram também a ser valorizados por outras qualidades além 
das estéticas.
O valor econômico da arte ganhou um status relativo, 
condicionado a outros elementos que não são apenas os 
de estilo, originalidade ou perícia técnica para a produção-
execução da arte, mas também pela consideração de questões 
menos artísticas: considerando outros elementos que chegam a 
caracterizar os objetos artísticos enquanto produto de mercado.
Todas essas questões (ainda que entrelaçadas ao conceito 
de Ação Cultural) serão abordadas de maneira menos explícita 
no decorrer das unidades apresentadas a seguir, buscando-se 
esclarecer seus laços de parentesco ou repercussão. Alguns dos 
conceitos utilizados ao longo dessa nossa narrativa (apresentados 
com iniciais em maiúsculo no corpo do texto) foram organizados 
e definidos no instrumento apresentado na próxima seção: 
Glossário de Conceitos.
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida 
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom 
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados. A maior parte das definições 
16 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
se deu pelo Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia 
(CUNHA; CAVALCANTI, 2008).
1) Ação Cultural: “conjunto de procedimentos, 
envolvendo recursos humanos e materiais, que visam 
pôr em prática os objetivos de uma determinada 
política cultural” (COE, 1997, p. 32 apud CUNHA; 
CAVALCANTI, 2008, p. 2).
2) Agente Cultural: “aquele que, sem ser necessariamente 
um produtor cultural ele mesmo, envolve-se com 
a administração das artes e da Cultura, criando as 
condições para que outros criem ou inventem seus 
próprios fins culturais. Atua, frequentemente, embora 
não exclusivamente, na área da difusão, portanto 
mais junto ao público do que o produtor cultural. 
Organiza exposições, mostras e palestras, prepara 
catálogos e folhetos, realiza pesquisas de tendências, 
estimula indivíduos e grupos para a autoexpressão, 
faz, enfim, a ponte entre a produção cultural e seus 
possíveis públicos. Em 1995, com a aceitação legal 
de sua figura, antes velada, passou-se, também no 
Brasil, a chamar de agente cultural a quem encontra 
patrocinadores para um projeto cultural pronto” 
(COE, 1997, p. 42 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, 
p. 8). 
3) Capital Cultural: “[...] o conjunto dos instrumentos 
de apropriação dos bens simbólicos. Sob esse aspec-
to, considerando-se a questão do ponto de vista do 
consumo cultural – um dos modos de apropriação 
dos bens simbólicos –, a alfabetização integra o ca-
pital cultural ou o capital simbólico de um indivíduo 
17© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
tanto quanto sua educação em geral e seu treina-
mento para apreciar a música, a pintura, o cinema ou 
qualquer outra modalidade cultural.” (COELHO, 1997, 
p. 84).
4) Ciberespaço: 1. Espaço-tempo eletrônico criado pelas 
redes de comunicação e computadores multimídia. 2. 
Termo criado por William Gibson, em Neuromancer 
(1984), para descrever o mundo e a sociedade que se 
reúne ao redor do computador. (CUNHA; CAVALCAN-
TI, 2008, p. 80).
5) Cidadania Social: “[...] conquista de significativos di-
reitos sociais, no domínio das relações de trabalho, 
da segurança social, da saúde, da educação e da ha-
bitação por parte das classes trabalhadoras das socie-
dades centrais [...]” (SANTOS, 2001, p. 243).
6) Cidadão: Substantivo considerado a partir do concei-
to de Cidadania Social.
7) Copyleft: “a permissão para copiar livremente um 
programa de computador. Ant: Copyright. <=> direito 
autoral” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 109).
8) Copyright: Termo em inglês para designar Direito 
Autoral.
9) Creative Commons: “[...] criado em 2002 por Lawrence 
Lessig como uma reação contra a extensão do 
período de direitos autorais personificada no Digital 
Millenium Copyright Act e em outra legislação apoiada 
no Centro de Domínio Público, sediada na Stanford 
Law School. A organização sem fins lucrativos aspira 
usar direitos privados de criar mercadorias públicas, 
protegendo trabalho, estimulando uso e construindo 
18 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
uma camada de direitos autorais razoáveis, flexíveis 
e regras restritivas.” (PRYTHERCH, 1995 apud NORTE, 
2010, p. 16)
10) Cultura Digital: “novas formas de expressão induzidas 
pelas tecnologias digitais e pela internet, que mudam 
os papéis das instituições culturais e o próprio 
conceito de cultura” (APD, 2005 apud CUNHA; 
CAVALCANTI, 2008, p. 112).
11) Direito Autoral: “1. Valor que se cobra pelo uso de 
marca comercial ou industrial, patente, assistência 
técnica ou científica. 2. Percentagem paga ao autor 
pela venda de suas obras. No Brasil, o autor geralmente 
recebe da editora, ou da organização detentora dos 
seus direitos autorais, 10% do preço final, ou preço 
de capa, cobrado quando da comercialização do 
produto.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 127).
12) Globalização: “[...] o processo de globalização 
da economia, ao qual se associa o fenômeno da 
globalização cultural, está em curso pelo menos desde 
a época das grandes viagens marítimas no século 
XVI, de que resultou a colonização das Américas; 
sua intensificação potencializada deu-se após a 
Segunda Guerra Mundial e, de modo mais específico, 
nas duas últimas décadas – em particular graças 
ao aperfeiçoamento dos meios de comunicação 
de massa e da informática. Mesmo não estando 
esse processo ainda plenamente configurado, uma 
vez que subsistem centros de decisão nacionais e 
regionais, a globalização da economia caracteriza-se 
pela predominância das empresas multinacionais, 
aquelas com atividades.” (COELHO, 1997, p. 182).
19© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
13) Identidade Cultural: “[...] sistema de representação 
(elementos de simbolização e procedimentos de 
encenação desses elementos) das relações entre os 
indivíduos e os grupos e entre estes e seu território 
de reprodução e produção, seu meio, seu espaço e 
seu tempo. No núcleo duro da identidade cultural – 
aquele que menos se desbasta através dos tempos, 
mesmo nas situações de distanciamento do território 
original –, aparecem a tradição oral (língua, língua 
sagrada, língua sagrada secreta, narrativas, canções), 
a religião (mitos e ritos coletivos, de que são exemplos 
as peregrinações ou a absorção de drogas sagradas) 
e comportamentos coletivos formalizados. Como 
extensões desse núcleo duro, surgem os ritos profanos 
(carnaval, manifestações folclóricas diversas), 
comportamentos informalmente ritualizados (ir à 
praia, frequentar espetáculos esportivos) e as diversas 
manifestações artísticas.” (COELHO, 1997, p. 200).
14) Instituição Cultural: Estrutura relativamente estável 
voltada para a regulação das relações de produção, 
circulação, troca e uso ou consumo da cultura 
(ministérios e secretarias da cultura, museus, 
bibliotecas, centros de cultura,etc.). Essa regulação, 
nas instituições, se faz por meio de códigos de conduta 
ou de normas jurídicas. (COELHO, 1997, p. 219).
15) Interdisciplinaridade: Prática que: “[...] requer não 
apenas especialistas nas diversas áreas envolvidas 
(e nunca será demais ressaltar o papel que a 
competência representa aqui), mas, acima de tudo, 
um projeto que coordene as atividades, para o qual 
convirjam as ações, e que tenha sido elaborado para 
20 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
ser posto efetivamente em prática. Sem projeto não 
há interdisciplinaridade. Sem projeto não há ação 
cultural.” (COELHO, 2001, p. 68).
16) Mercado Simbólico: “Designa tanto o conjunto de 
operações de compra e venda de obras de cultura 
e de arte, especificamente (realizadas em galerias, 
livrarias, bilheterias de cinema, bancas de jornais, 
lojas de discos), como o universo global por onde 
circulam, são produzidas e consumidas as obras de 
cultura e arte – nesse caso, também instituições 
como os museus integram esse mercado.” (COELHO, 
1997, p. 250).
17) Mercado: “grupo de compradores reais ou potenciais 
de um produto ou serviço.” (CUNHA; CAVALCANTI, 
2008, p. 245).
18) Metáfora: “emprego de uma palavra concreta 
para exprimir uma noção abstrata, na ausência 
de todo elemento que introduz formalmente uma 
comparação.” (DUB, 1995, p. 411 apud CUNHA; 
CAVALCANTI, 2008, p. 247)
19) Momento Ontológico: Espaço temporal relativo 
ao emprego da Ontologia como instrumento de 
orientação de definição conceitual.
20) Multiculturalismo: “De uso corrente a partir da 
década de 80, em particular nos EUA e na Europa, 
indica preferencialmente um novo modo de interação 
entre grupos étnicos e, em sentido amplo, entre 
culturas distintas pela orientação religiosa, pelo 
sexo, pelas preferências sexuais etc. Sob o aspecto 
étnico, o multiculturalismo apresenta-se como lutas 
21© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
de minorias raciais por uma política de igualdade de 
oportunidades e é um herdeiro dos movimentos dos 
anos 60 nos EUA.” (COELHO, 1997, p. 262).
21) Ontologia: “especificação de uma conceitualização, 
podendo incluir a descrição de objetos, conceitos e 
outras entidades num contexto ou parte dele, bem 
como as relações entre eles. Fornece significado para 
descrever explicitamente uma conceituação atrás 
de um conhecimento representado em uma base de 
conhecimento.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 268)
22) Open Access: “[...] diz-se do acesso à literatura 
técnico-científica que estará disponibilizada na 
internet, sendo permitido a qualquer usuário ler, 
copiar, distribuir, imprimir, fazer buscas e fazer 
hipervínculo aos textos completos desses artigos. 
O usuário levará em conta que o autor do texto é o 
detentor dos direitos autorais e que deverá receber 
a devida citação.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 4).
23) Pluralismo Cultural: “Verifica-se uma tendência para 
definir pluralismo cultural como a convivência, no 
mesmo nível de igualdade e na mesma dimensão 
espaçotemporal, de diferentes modos culturais: 
modos eruditos ao lado de populares, modos de 
minorias étnicas ao lado das tendências dominantes 
etc.” (COELHO, 1997, p. 291).
24) Política Cultural: “[...] programa de intervenções 
realizadas pelo Estado, instituições civis, entidades 
privadas ou grupos comunitários com o objetivo de 
satisfazer as necessidades culturais da população e 
promover o desenvolvimento de suas representações 
simbólicas. Sob esse entendimento imediato, a 
22 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
política cultural apresenta-se assim como o conjunto 
de iniciativas, tomadas por esses agentes, visando 
promover a produção, a distribuição e o uso da 
cultura, a preservação e divulgação do patrimônio 
histórico e o ordenamento do aparelho burocrático 
por elas responsável.” (COELHO, 1997, p. 292).
25) Prática Cultural: “Em sentido amplo, dá-se o nome 
de prática cultural a toda atividade de produção e 
recepção cultural: escrever, compor, pintar e dançar; 
são, sob esse ângulo, práticas culturais tanto quanto 
frequentar teatro, cinema, concertos etc. Numa 
acepção mais radical, são consideradas práticas 
culturais as atividades relacionadas com a produção 
cultural propriamente dita.” (COELHO, 1997, p. 312).
26) Produto Cultural: “Tratados regionais de integração 
econômica e cultural definem os produtos culturais 
como aqueles que expressam ideias, valores, 
atitudes e criatividade artística e que oferecem 
entretenimento, informação ou análise sobre o 
presente, o passado (historiografia) ou o futuro 
(prospectiva, cálculo de probabilidade, intuição), quer 
tenham origem popular (artesanato), quer se tratem 
de produtos massivos (discos de música popular, 
jornais, histórias em quadrinhos), quer circulem 
por público mais limitado (livros de poesia, discos 
e CDs de música erudita, pinturas). Embora dessa 
definição participem conceitos vagos, como ‘Ideias’ 
e ‘criatividade artística’, ela exprime um consenso 
sobre a natureza dos produtos culturais.” (COELHO, 
1997, p. 317).
23© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
27) Produto de Mercado: “qualquer coisa oferecida a um 
mercado para aquisição, atenção, uso ou consumo, 
a qual possa satisfazer uma necessidade ou desejo.” 
(TAR, 2001, p. 320 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, 
p. 294).
28) Propriedade Cultural: “[...] expressão genérica 
que cobre duas situações jurídicas distintas: a) a 
propriedade, por uma pessoa física ou jurídica, 
de um produto ou bem cultural de autoria de uma 
segunda pessoa; b) a propriedade, pelo autor, de sua 
própria obra – também conhecida como propriedade 
intelectual ou direito autoral.” (COELHO, 1997, p. 
318).
29) Sentido Semântico: “3. Significação que toma a 
palavra num texto: fundamental (ex.: aquele anjo 
é barroco), ou acessória (ex.: és um anjo); concreta 
(ex.: margem do rio), ou abstrata (ex.: à margem da 
vida); própria (ex.: laranja madura), ou figurada (ex.: 
homem maduro).” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 
331).
30) Sistema de Produção Cultural: “[...] a análise da 
dinâmica cultural a partir de quatro estágios ou fases: 
1. a fase da produção propriamente dita do objeto 
cultural (preparação do roteiro, filmagem, montagem 
de um filme; impressão de um livro; montagem 
de uma peça teatral; realização de um desfile de 
carnaval); 2. a distribuição desse produto a seus 
consumidores finais ou aos intermediários que, num 
segundo momento, permitirão o acesso ao produto 
por parte dos consumidores interessados (distribuição 
do filme pronto às salas de exibição; distribuição do 
24 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
livro às livrarias e aos pontos de venda); 3. a troca ou 
permuta do direito de acesso ao produto cultural por 
um valor em moeda; 4. o uso: momento da exposição 
direta do produto cultural àqueles a quem se destina 
e de sua apropriação por parte do público.” (COELHO, 
1997, p. 344).
31) Sociedade da Informação: “2. Conglomerado humano 
cujas ações de sobrevivência e desenvolvimento 
se baseiam em criação, uso, armazenamento e 
disseminação intensa dos recursos de informação 
e do conhecimento, mediados pelas tecnologias da 
informação e comunicação.” (CUNHA; CAVALCANTI, 
2008, p. 347). 
32) Sociedade do Conhecimento: “1. Termo cunhado 
por Peter Drucker para se referir à sociedade 
cujo desenvolvimento é realizado pelo valor dos 
conhecimentos e dos saberes dos membros que a 
compõem.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 348).
33) Teoria dos Sistemas: “[...] disciplina lógico-
matemática, cujo conteúdo é a formulação e 
derivação dos princípios válidos para os sistemas em 
geral.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 359)
34) Terminologia: “3. Conjunto de termos que representa 
o sistema de conceitos de uma área específica do 
conhecimento.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 360).25© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE
Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do 
Bibliotecário.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
COELHO, T. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 2001.
_______. Dicionário crítico de política cultural: cultura e imaginário. São Paulo: 
Iluminuras, 1997.
CUNHA, M. B. da.; CAVALCANTI, C. R. de O. Dicionário de biblioteconomia e arquivologia. 
Brasília: Briquet de Lemos, 2008.
CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.
DRUCKER,P. F. Sociedade pós-capitalista. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
NORTE, M. B. Glossário de termos técnicos em ciência da informação: Inglês/português. 
São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2010.
26 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: 
Cortez, 2001.
SANTOS, P. L. V. A. C.; CARVALHO, A. M. G. Sociedade da informação: avanços e 
retrocessos no acesso e no uso da informação. Informação & Sociedade, João Pessoa, 
v. 19, n. 1, p. 45-55, jan./abr. 2009.
5. E-REFERÊNCIA
GARCIA CANCLINI, N. Leitores, espectadores e internautas. Tradução Ana Goldberger. 
São Paulo: Iluminuras, 2008. Disponível em: <http://d3nv1jy4u7zmsc.cloudfront.net/
wp-content/uploads/itau_pdf/000726.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2017.
27
UNIDADE 1
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE 
E DIREITOS CULTURAIS
Objetivos
• Apresentar o conceito de Identidade Cultural.
• Fazer perceber os diversos níveis de Identidade Cultural.
• Problematizar as definições de Identidades Culturais.
• Fazer perceber as exigências de atuação do bibliotecário no campo cultural.
• Relacionar Direitos Culturais com ações de promoção das Identidades 
Culturais.
Conteúdos 
• Noções do conceito de Identidade. 
• Influências definidoras das Identidades em nível social.
• Noções de Direitos Culturais e exigências da atuação do bibliotecário.
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; 
busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências 
bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, 
na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para 
o seu crescimento intelectual.
28 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
2) Busque identificar os principais conceitos apresentados e siga a linha 
gradativa dos assuntos.
3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no 
Conteúdo Digital Integrador. 
29© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
1. INTRODUÇÃO
Então? Que tal darmos início aos estudos de nossa primeira 
unidade? Prontos?
Nesta unidade, trataremos de temáticas relacionadas com a 
questão das Identidades, considerando o impacto desse conceito 
nas relações sociais, sendo, portanto, bastante impactante 
também em nossa atribuição profissional de organizar tanto 
as ações de registro quanto as de promoção de fenômenos e 
objetos de interesse a tais identidades. Nosso enfoque, nas 
unidades seguintes, será dado sobre os elementos exigidos na 
preparação de Projetos de Intervenção Cultural.
Para tanto, observaremos os elementos que fazem parte 
da construção dessas identidades, os elementos políticos ou 
sociais que repercutem em sua constituição, as modalidades 
de tipologias (terminologias determinadas pelos princípios de 
campos específicos do conhecimento) e os espaços em que 
tais denominações circulam (o caráter interdisciplinar desse 
movimento de disseminação promovido pela internet ou pelas 
Tecnologias de Comunicação e Informação – TICs).
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma 
sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 
integral, consideramos necessário o aprofundamento desses 
conteúdos pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador.
30 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
2.1. IDENTIDADES
Quando consideramos a execução de uma Ação Cultural 
de maneira reflexiva, percebemos que tudo que fizermos para 
sermos eficientes no processo de produção dessa ação deverá 
repercutir os interesses do grupo em que se origina ou para o 
qual se destina essa ação, ou seja, o objetivo da Ação Cultural 
deve estar contextualizado.
Se nos orientarmos pelo pensamento de Bourdieu (2001), 
teremos como princípio a ideia de que uma coletividade 
socialmente estabelecida, com suas noções de espaços de 
atuação e de agentes de promoção desses espaços, conforme 
o próprio desenvolvimento de sua consciência de articulação, 
retém o “poder” de decisão (ou ambiciona retê-lo) em torno dos 
interesses próprios.
Essa questão, a nosso ver, está bastante enraizada na 
noção de Identidade desses grupos de indivíduos e, portanto 
(considerando que a sociedade possui uma variedade de perfis 
ou qualidades), também em uma variada gama de características 
que determinam uma decisão em torno de um assunto em vez 
de outra. A naturalização desse fenômeno de determinação 
de valores positivos ou negativos em razão de uma maioria 
com poder decisório é, pois, uma das questões abordadas por 
Bourdieu (1989) em sua teoria sobre o Capital Simbólico, capital 
este constituído de:
Todas as manifestações do reconhecimento social [...] todas as 
formas do ser percebido que tornam conhecido o ser social, 
visível (dotado de visibility), célebre (ou celebrado), admirado, 
citado, convidado, amado etc. [...] (BOURDIEU, 1989, p. 295).
31© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
A Cultura, no entender do teórico francês, é essa rede 
de interesses que se move conforme a ordenação de valores 
simbólicos no campo da comunicação social. Nesse campo, 
o espaço social de articulação dos grupos tem como agentes 
indivíduos socialmente relacionados com seus valores de classe 
ou ideologia.
A partir disso, os conceitos de Espaço Social e Agente Social 
tornam-se essenciais às premissas que estabelecem valores de 
pertinência, ou não, do que faz parte de uma boa cultura ou de 
uma má cultura, ou, em termos mais recorrentes, uma Cultura 
Popular ou uma Cultura Erudita, ou, ainda, uma Alta Cultura e 
uma Baixa Cultura. Todas essas denominações são baseadas nos 
critérios socialmente regulados pelo poder simbólico de uma 
“dominação”.
Isso é importante para que se observe que a questão 
dos Direitos Culturais esbarra (quando negligenciados) nessas 
condições de “negociação” social. Ou seja, grupos sociais 
culturalmente – e, às vezes, também economicamente 
– identificados por características minoritárias ou sem 
representação social forte acabam por serem excluídos ou pouco 
considerados nas decisões de manutenção ou projeção de suas 
manifestações, tradições ou convenções culturais.
O principal aspecto desafiador para a superação das 
deficiências de implantação de uma Ação Cultural eficientemente 
democrática, em relação ao seu acesso e à sua absorção, a nosso 
ver, reside na problemática apontada por Bauman (2001, 2003) 
na questão de falta de estabilidade das relações sociais em uma 
sociedade denominada pelo autor como de caráter líquido – 
pelo conceito de Modernidade Líquida.
32 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
Nesse sentido, a partir do conceito de ModernidadeLíquida, é possível compreender um grau acentuado de “fluidez” 
do que se poderia chamar de Identidades Sociais – o mesmo 
processo (de um ponto de vista histórico) é apresentado por 
Santos (2001) ao tratar das variadas formas com que as “classes 
sociais” se comportaram a partir da segunda metade do século 
20. Sem dúvida, tanto Bauman quanto Santos, nos respectivos 
trabalhos citados, problematizam essa questão da Identidade 
oferecendo perspectivas questionadoras desses conceitos em 
uma sociedade dinâmica como a nossa (em ajuste contínuo de 
prioridades).
Tipologias e campos
Se analisarmos, histórica e sociologicamente, a noção 
de Identidade sempre existiu nas sociedades. No entanto, sua 
definição evoluiu ao longo dos séculos, absorvendo traços 
ou predicados (qualidades) de campos de conhecimento que 
influíram determinantemente para suas distinções.
Consideramos a noção de Ser Humano a partir de sua 
qualidade substantiva, que, na Idade Clássica (período da Grécia 
antiga), pela abordagem filosófica, tendo Aristóteles (1984) 
como base, a percepção do mundo constituía o “ente” como 
experiência da consciência de si em relação ao que se percebia 
como existência.
O homem será, no entanto, considerado (séculos 
depois) de um ponto de vista psicológico, sendo definido por 
características relacionadas ao seu caráter subjetivo, como 
sujeito de ações conscientes e inconscientes determinadas pela 
relação conflituosa entre os elementos internos e externos a 
uma personalidade. A base da teoria de Representações Sociais 
33© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
de Goffman (1985) é, pois, essa situação entre uma noção de 
sujeito e de meio externo.
Abordando a questão do ser de um ponto de vista 
sociológico, podemos utilizar as observações de Bourdieu (2001), 
considerando o homem na perspectiva de Indivíduo (ser em uma 
ordem social), ou ainda, nas considerações de Santos (2001), 
podemos dividir o conceito de Indivíduo em outra dimensão, a 
de Cidadão (em uma ordem mais política).
Com as leituras propostas no Tópico 3.1, você poderá 
acompanhar as influências dos laços sociais na construção de 
identidades. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize 
as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.
2.2. DIVERSIDADE
Se correlacionarmos essas questões de campos de 
conhecimentos e suas definições “territoriais” de conceitos – 
definições baseadas numa Teoria Geral de Terminologia, teoria 
desenvolvida por Eugen Wüster (1898-1977), pela qual os termos 
são demarcações de campos especializados do conhecimento 
–, verificamos que, se não são totalmente contrárias à ideia de 
Interdisciplinaridade, são, pelo menos, grandes dificultadores 
do entendimento mútuo quando são exigidas interações entre 
campos disciplinares.
Isso porque, antes da revolução tecnológica promovida 
pela inserção das TICs como recursos facilitadores dos processos 
de comunicação e pela dinamização desses processos por meio 
da aceleração de transferência de informações, a questão de 
domínios fechados de conhecimento (territórios) se tornou 
discutível pela situação de compartilhamento em rede, por meio 
34 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
da web, ambiente em que não há uma divisão rígida de espaços 
disciplinares e conteúdos. Essa delimitação do conhecimento 
pela linguagem especializada “restrita” se torna incoerente, 
senão impraticável, pois, cada vez mais, o leigo acessa, por meio 
da internet, conhecimentos variados.
Pensemos que a complexa rede de termos estabelecida pela 
troca dinâmica de informações na web não se limita pela questão 
espacial (a troca de mensagens acontece entre as mais diversas 
partes do globo), nem por categorias-padrão de usuários, pois 
o acesso, em sua maior parte, não está determinado pelo nível 
de conhecimento especializado do usuário. Nessa perspectiva, 
como dito anteriormente, o leigo avança no território web.
Em nível espacial, podem ocorrer, portanto, troca de 
mensagens tanto na ordem Global (planeta), quanto na 
ordem Nacional (interna às nações), Regional (em localidades 
específicas), ou, ainda, nas mais variadas combinações entre 
tais ordens. Ou seja, se antes a questão da complexidade se 
apresentava em uma situação “territorial disciplinar” e localizada, 
agora ela se expande além das categorias culturais de campos e 
de regiões geográficas.
Nosso grande desafio enquanto Agente Cultural é, nesse 
cenário cada vez mais expandido, conseguir compatibilizar essa 
aparente desintegração de identidades em uma condição de 
comunicação efetiva em relações indivíduo-indivíduo, indivíduo-
grupo, grupo-grupo, e assim por diante, com interações que 
permitam tanto o entendimento mútuo quanto a produção de 
um consenso em torno das diferenciações do outro e de si mesmo 
de maneira, se não harmoniosa, ao menos não conflituosa. Ou 
seja, sugere-se compatibilizar os interesses de grupos em relação 
às variadas noções de Cultura.
Em nosso exercício profissional, tenderíamos a 
35© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
compreender primeiro o que “é” a Cultura do grupo atendido 
e seu contexto, para depois lançarmos mão dos recursos e dos 
planejamentos exigidos para a realização das Ações Culturais 
objetivadas no Projeto a ser desenvolvido, com o consequente 
registro/armazenamento dos eventos produzidos com o fim de 
fortalecer a memória coletiva daquela comunidade.
As leituras indicadas no Tópico 3.2 tratam do fenômeno 
da Identidade no contexto contemporâneo e de sua dinâmica 
local-global. Neste momento, você deve realizar essas leituras 
para aprofundar o tema abordado.
2.3. DIREITOS CULTURAIS
Cunha (2010, p. 100) afirma que um dos impactos da 
Globalização foi o de acentuar o aspecto de mundialização do 
capitalismo, em que:
[...] os vínculos com as relações internas de um país tornaram-se 
ainda mais frouxos, o que também se revela no descompromisso 
com seus trabalhadores, pensados e tratados não mais como 
classe [...] sujeitos políticos [...], mas como consumidores [...].
Paralelamente, tais indivíduos (desvalorizados 
politicamente), no movimento de descoberta de direitos não tão 
“universais” por outros grupos, são colocados à margem, tendo 
como competidores “[...] comunidades especiais, as quais, por 
sua vez, reivindicam direitos agora culturais, que constituem, 
igualmente, o conteúdo do multiculturalismo.” (CUNHA, 2010, 
p. 100, grifo do autor).Uma das primeiras manifestações de 
defesa desses direitos, apontado pelo autor, foi o movimento 
dos Direitos Civis, nos Estados Unidos, nos anos de 1960, em que 
se combatia a segregação racial, então permitida no país.
36 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
A questão dessa dinâmica de acentuação da diferença 
do outro como traço a ser defendido, e como direito a ser 
respeitado, ao mesmo tempo que tenta sanar ou diminuir 
injustiças sociais também impele para o confronto ou, pelo 
menos, para o enfrentamento com as opiniões contrárias, uma 
vez que repercute na noção de igualdade ou da universalidade 
dos direitos numa Sociedade Democrática.
Se, voltando a Bourdieu (2001), encararmos a Naturalização 
dos processos e dos valores sociais, tendo como base as 
considerações de Cunha (2010) em torno da sua abordagem de 
Grupos Sociais (coletividades diferenciadas entre si), vemos que, 
como conclusão: “[...] os grupos devem ter um significado político 
e uma representação corporativa [...] capazes de “desmascarar 
ilusões universalistas.” (BOURDIEU, 2001, p. 104).
Nessa perspectiva, o conceito de Dialogismo aparece 
como capacidade ou exercício de diálogo entre partes que 
disputam ou argumentam acerca de temas de interesse mútuo, 
resultandodessa premissa que o Direito Cultural tem como 
apoio de sua efetivação o processo dialógico, de que derivam 
tanto o reconhecimento quanto a aceitação mútua das partes 
envolvidas.
Enfatizando essa questão de democratização no embate 
com a realidade dos Direitos Culturais, tendo o conceito de Ação 
Cultural o sentido de instrumento de consolidação e proteção 
dos conhecimentos e tradições específicas, a Ação Cultural 
passou a significar “educação popular”, segundo a qual: “[...] o 
povo deveria ser estimulado a romper com o torpor intelectual 
e apropriar-se das ferramentas do pensamento crítico.” (CUNHA, 
2010, p. 38).
37© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
Garcia Canclini (1990; 2008), teórico argentino 
contemporâneo, traz algumas reflexões interessantes a respeito 
da dinâmica cultural das sociedades contemporâneas, sobretudo 
quando essa dinâmica está relacionada com a questão da 
internet, considerada um dos territórios-fenômenos promotores 
de acesso democrático à informação.
Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas 
no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.3 
para compreender como as relações do trabalho bibliotecário se 
dão na questão das Identidades Culturais e suas relações com os 
Direitos Culturais.
Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. 
•	 Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone 
Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível 
de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo 
(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a 
lista de vídeos.
•	 Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: 
Ação Cultural – Vídeos Complementares – Complementar 1. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR
O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição 
necessária e indispensável para você compreender integralmente 
os conteúdos apresentados nesta unidade.
3.1. IDENTIDADE
O processo de construção da noção de Identidade, no 
contexto da modernidade, é uma das principais considerações na 
38 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
atuação do bibliotecário enquanto agente de uma Ação Cultural 
eficiente. Buscando-se promover um aprofundamento sobre 
essa perspectiva, a seguir são apresentados textos que devem 
ser lidos complementarmente.
• BAUMAN, Z. Relato de um encontro com Zygmunt 
Bauman. Entrevista a Mário Mazzilli. Café Filosófico. 
2017. Disponível em: <http://www.institutocpfl.org.
br/2017/01/16/relato-de-um-encontro-com-zygmunt-
bauman-por-mario-mazzilli/>. Acesso em: 13 ago. 2017.
• FREIRE, I. M. Acesso à informação e identidade cultural: 
entre o global e o local. Ciência da Informação, Brasília, 
v. 35, n. 2, p. 58-67, maio/ago., 2006. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v35n2/a07v35n2.
pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.
• MIRANDA, A. Sociedade da informação: globalização, 
identidade cultural e conteúdos. Ciência da Informação, 
Brasília, v. 29, n. 2, p. 78-88, maio/ago., 2000. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a10v29n2>. 
Acesso em: 12 ago. 2017.
3.2. DIVERSIDADE
O conceito de Sociedade de Informação é um tema 
transversal à nossa realidade, por isso, sua abordagem por 
outros autores foi considerada relevante para a percepção dos 
elementos contemporâneos em que o Indivíduo, socialmente 
localizado, está inserido, principalmente quando se relaciona 
com questões de Direito Cultural.
Dessa maneira, a seguir são listados alguns autores que se 
debruçaram sobre tais assuntos.
39© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
• CARVALHO, I. C. L.; KANISKI, A. L. A sociedade do 
conhecimento e o acesso à informação: para que e para 
quem? Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 33-
39, set./dez., 2000. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/ci/v29n3/a04v29n3>. Acesso em: 12 ago. 2017.
• SCHÜLER, F. O que consideramos uma sociedade 
justa? Café Filosófico. 2017. Disponível em:<http://
www.institutocpfl.org.br/2017/07/25/na-tv-fernando-
schuler-fala-sobre-o-conceito-de-justica/>. Acesso em: 
12 ago. 2017. 
• WERTHEIN, J. A sociedade da informação e seus 
desafios. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 
71-77, maio/ago., 2000. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/%0D/ci/v29n2/a09v29n2.pdf>. Acesso 
em: 12 ago. 2017.
3.3. DIREITOS CULTURAIS
Os princípios de Ação Cultural foram abordados ao longo 
desta unidade. Neste subtópico, é sugerida a leitura de alguns 
autores que elaboram o tema de maneira a torná-lo mais 
amplificado tanto teórica quanto historicamente.
• CAVALCANTI, I. B.; ARAÚJO, C. S.; DUARTE, E. N. O 
bibliotecário e as ações culturais: um campo de atuação. 
Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 1, p. 21-34, 2015. 
Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/
biblio/article/view/16626/14651>. Acesso em: 12 ago. 
2017.
• FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de 
ação cultural. Revista da Escola de Biblioteconomia da 
40 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
UFMG, v. 12, n. 2, p. 145-169, 1983. Disponível em: 
<http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/index.php/article/
download/15776>. Acesso em: 12 ago. 2017.
• SANCHES, G. A. R.; RIO, S. F. do. Mediação da informação 
no fazer do bibliotecário e seu processo em bibliotecas 
universitárias no âmbito das ações culturais. In CID: 
Revista de Ciência da Informação e Documentação, 
Ribeirão Preto, v. 1, n. 2, p. 103-121, jul./dez., 2010. 
Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/incid/
article/view/42323/45994>. Acesso em: 12 ago. 2017.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para 
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em 
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos 
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Considerando o pensamento de Bourdieu (2001), os conceitos de Espaço 
Social e Agente Social são essenciais a premissas que estabelecem valores 
de pertinência, ou não, sobre o que faz parte de: 
a) a) uma boa cultura ou de uma má cultura.
b) b) uma Cultura Popular ou de uma Baixa Cultura.
c) c) uma Cultura Erudita ou de uma Alta Cultura.
d) d) uma Cultura Excêntrica ou de uma Cultura Ordinária.
2) O conceito de Identidade pode ser compreendido por meio de campos do 
conhecimento que:
a) a) ignoram os indivíduos e suas noções de valor econômico.
b) b) estabelecem seus sentidos pela consideração de nexos psicológicos.
c) c) determinam seus sentidos por meio de uma terminologia 
especializada.
d) d) julgam seus contribuintes segundo os interesses em pauta.
41© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
3) Quais são os direitos, segundo Cunha (2010), considerados como conteú-
dos do Multiculturalismo?
a) Os direitos constitucionais.
b) Os direitos democráticos.
c) Os direitos à informação.
d) Os direitos culturais.
4) Tente explicar a citação a seguir: “[...] o povo deveria ser estimulado a 
romper com o torpor intelectual e apropriar-se das ferramentas do pensa-
mento crítico.” (CUNHA, 2010, p. 38).
Gabarito 
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões 
autoavaliativas propostas:
1) a.
2) c. 
3) d.
4) Espera-se que você consiga relacionar a questão educacional envolvida na 
afirmação. 
5. CONSIDERAÇÕES
Ao chegarmos ao final desta unidade, esperamos que você 
tenha adquirido noções mais claras sobre o que são Identidades 
Culturais e quais são os mecanismos sociais que influenciam em 
sua definição e articulação.
Também se supõe que você adquira a consciênciade que, 
enquanto profissional bibliotecário envolvido na elaboração de 
ações que auxiliam na proteção e promoção dos valores culturais 
existentes nos seus espaços de atuação – valores que garantam o 
42 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
exercício dos direitos culturais com justiça social –, você recorra 
a estratégias de conciliação entre a diversidade de visões sobre 
os mais variados temas.
A complexidade existente nessa condição de atributo 
comum (e tão particular a cada indivíduo) garante às Identidades 
e aos Direitos Culturais um interesse valioso no movimento de 
democratização do conhecimento e, também, na combinação de 
noções e opiniões nem sempre harmoniosas entre si.
Provocar e estabelecer um diálogo produtivo entre os 
setores financiadores da Cultura (sejam públicos ou privados) 
são tarefas consideradas essenciais para o desenvolvimento da 
cultura, tendo como objetivo a promoção de uma sociedade 
melhor e, eficientemente, mais justa.
Não deixe de tomar contato com os materiais indicados 
nos Conteúdos Digitais Integradores. Na próxima seção, Unidade 
2, abordaremos o tema das Políticas Culturais e das Leis de 
Incentivo e Financiamento à Cultura (em especial a Lei Rouanet). 
Até lá!
6. E-REFERÊNCIAS
BAUMAN, Z. Relato de um encontro com Zygmunt Bauman. Entrevista a Mário Mazzilli. 
Café Filosófico. 2017. Disponível em: <http://www.institutocpfl.org.br/2017/01/16/
relato-de-um-encontro-com-zygmunt-bauman-por-mario-mazzilli/>. Acesso em: 13 
ago. 2017. 
CARVALHO, I. C. L.; KANISKI, A.L. A sociedade do conhecimento e o acesso à informação: 
para que e para quem? Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 33-39, set./dez., 
2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n3/a04v29n3>. Acesso em: 12 
ago. 2017.
CAVALCANTI, I. B.; ARAÚJO, C. S; DUARTE, E. N. O bibliotecário e as ações culturais: um 
campo de atuação. Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 1, p. 21-34, 2015. Disponível em: 
43© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
http://periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/view/16626/14651 . Acesso em: 
12 ago. 2017
FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de ação cultural. Revista da Escola 
de Biblioteconomia da UFMG, v. 12, n. 2, p. 145-169, 1983. Disponível em: <http://
basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/index.php/article/download/15776>. Acesso em: 12 ago. 
2017.
FREIRE, I. M. Acesso à informação e identidade cultural: entre o global e o local. Ciência 
da Informação, Brasília, v. 35, n. 2, p. 58-67, maio/ago., 2006. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v35n2/a07v35n2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.
MIRANDA, A. Sociedade da informação: globalização, identidade cultural e conteúdos. 
Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 78-88, maio/ago., 2000. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a10v29n2>. Acesso em: 12 ago. 2017.
GARCIA CANCLINI, Néstor. Leitores, espectadores e internautas. Tradução de Ana 
Goldberger. São Paulo: Iluminuras, 2008. Disponível em: http://d3nv1jy4u7zmsc.
cloudfront.net/wp-content/uploads/itau_pdf/000726.pdf. Acesso em: 12 ago. 2017.
SANCHES, Gisele A. Ribeiro; RIO, Sinomar Ferreira do. Mediação da informação no 
fazer do bibliotecário e seu processo em bibliotecas universitárias no âmbito das ações 
culturais. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, Ribeirão Preto, v. 
1, n. 2, p. 103-121, jul./dez., 2010. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/incid/
article/view/42323/45994 . Acesso em: 12 ago. 2017.
SCHÜLER, Fernando. O que consideramos uma sociedade justa? Café Filosófico. 2017. 
Disponível em: http://www.institutocpfl.org.br/2017/07/25/na-tv-fernando-schuler-
fala-sobre-o-conceito-de-justica/ . Acesso em: 12 ago. 2017. [50 min.].
WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da Informação, 
Brasília, v. 29, n. 2, p. 71-77, maio/ago., 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/
pdf/%0D/ci/v29n2/a09v29n2.pdf . Acesso em: 12 ago. 2017.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES. A metafísica. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 
1984.
BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Tradução de Plínio 
Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
______. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BOURDIEU, P. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
44 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS
______. O poder simbólico. Lisboa: DIFEL, 1989.
CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.
GARCIA CANCLINI, N. Culturas híbridas: estrategias para entrar y salir de la modernidad. 
Miguel Hidalgo: Grijalbo, 1990.
GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Tradução de Maria Célia Santos 
Raposo. Petrópolis: Vozes, 1985.
45
POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO 
BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA 
E SUAS LEIS
Objetivos 
• Apresentar o conceito de Política Cultural.
• Fazer conhecer os principais movimentos de estabelecimento de Políticas 
Culturais no mundo e no Brasil.
• Apresentar as características e exigências dos instrumentos de 
financiamento das Ações Culturais no Brasil
• Promover a aquisição de noções sobre a Lei Rouanet: funcionamento e 
características.
Conteúdos 
• Noções do conceito Política Cultural. 
• Histórico de desenvolvimento do conceito de Política Cultural em nível 
internacional e nacional.
• Noções básicas sobre as Leis de Financiamento da Cultura (Lei Rouanet 
entre elas).
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo deste material didático; busque outras 
informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas 
UNIDADE 2
46 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS 
LEIS
apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade 
EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu 
crescimento intelectual.
2) Busque identificar os principais conceitos apresentados e siga a linha 
gradativa dos assuntos.
3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no 
Conteúdo Digital Integrador. 
47© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS 
LEIS
1. INTRODUÇÃO
De uma maneira geral, ao falarmos de Políticas Públicas, 
já se estabelece uma relação direta entre movimentos de 
manutenção e proteção da Cultura por meio de instrumentos 
institucionais ligados ao Estado (vínculo direto com a ideia de 
setor ou órgão público). Cunha (2010, p. 81) define Política 
Cultural como:
[...] o conjunto de intervenções e decisões dos poderes públicos 
por meio de programas e atividades artístico-intelectuais ou 
genericamente simbólicas de uma sociedade, conduzido em 
nome do interesse geral ou do bem comum de uma coletividade, 
embora desse âmbito se encontre habitualmente excluída (mas 
nem sempre) a política de educação ou de ensinos formais. 
Dessa maneira, na introdução da unidade anterior, 
percebe-se que os eventos dos festivais na Grécia antiga 
ou mesmo os estatutos ou leis lançados durante o regime 
monárquico, tais como os de licença de exploração de obras 
intelectuais na Inglaterra do século 17 (BURKE, 2003), são 
interferências do poder governamental no processo de 
dinamização da Cultura, do que advém que a ideia central de 
Política Cultural é uma realidade existente há muito tempo nas 
sociedades ocidentais.
Entre os objetivos desta unidade, está o de estabelecer de 
maneira mais clara essa relação no desenvolvimento histórico 
do conceito, sem, no entanto, nos prendermos às datas (ainda 
que elas sejam um dado interessantede exploração), tentando 
estabelecer algum nexo causal entre os eventos historicamente 
localizados e as exigências de um interesse de comprometimento 
do Estado – ou do poder governamental – em manter uma série 
de ações em favor de determinada expressão cultural.
48 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS 
LEIS
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma 
sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 
integral, consideramos necessário o aprofundamento desses 
conteúdos pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador.
2.1. POLÍTICA CULTURAL NO MUNDO E NO BRASIL
Em um sentido lato, Política Cultural, segundo Cunha 
(2010), abrange questões jurídicas relacionadas à proteção de 
bens ou atividades, ou define: como se deve exercer a ação 
(princípios, regras e métodos) ou seu gerenciamento; quem dela 
se deve encarregar; o que, por meio dela, estaria relacionado à 
manutenção ou difusão.
Para entrarmos na questão dos organismos internacionais 
– Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e 
Cultura (UNESCO) e Organização das Nações Unidas (ONU) entre 
eles – como promotores de uma Política Cultural eficiente, cabe 
averiguar, primeiramente, os contextos de sua origem. Segundo 
Cunha (2010, p. 96), tais contextos se deram em meio à:
[...] prosperidade econômica do pós-guerra, incluindo-se a 
revalorização de expressões nacionalista em países recém-saídos 
da colonização ou integrantes do então chamado ‘terceiro mundo’ 
[...].
Esses organismos são citados pelo autor ao se referir a 
duas produções deles – primeiro, pela Declaração dos Direitos 
do Homem e, depois, pelo documento Problemas e Perspectivas. 
Os trechos selecionados por Cunha (2010) ressaltam direitos 
estabelecidos ao homem quanto ao desenvolvimento de seu 
sentimento de comunidade, ao acesso à arte e aos benefícios 
49© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS 
LEIS
científicos, assim como ao desenvolvimento de seu potencial 
cognitivo, cultural, coletivo e ambiental. Segundo o autor:
[...] a existência de uma política cultural – desde que coerente, 
ampla e eficaz – constitui uma forma de expansão de 
conhecimentos e de práticas simbólicas, de integração social e 
de exercício de cidadania. (p. 96).
No que diz respeito aos modelos de aplicação de Políticas 
Culturais pelo Estado, Cunha (2010) reconhece uma variedade de 
orientações, apresentadas, de forma contraposta, nas seguintes 
condições: de forte intervenção ou de fraco comprometimento 
(respectivamente, dirigistas ou liberais); nacionalistas ou 
cosmopolitas; gradualistas ou revolucionárias; elitistas ou 
populistas; tradicionalistas ou modernistas.
Por fim, parafraseando Hillman-Chartrand (1989), 
Cunha (2010) apresenta quatro tipos de Políticas Públicas: 
a do Estado-facilitador (que financia por meio de “recursos 
indiretos”), típico dos Estados Unidos; a do Estado-mecenas 
(que financia por meio de recursos próprios), com exemplos 
como os da Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia; a do Estado-
arquiteto (que orienta o uso de recursos por meio de estruturas 
próprias), típico da maior parte dos países europeus e latino-
americanos; e a do Estado-engenheiro (Estado-autoritário, 
aquele que domina a vida cultural do país), característico das 
ditaduras e comunidades fundamentalistas e teocráticas.
Construção histórica do conceito de Política Cultural: Rússia, 
França e Brasil
Convém assinalarmos que o recorte sobre esses três países 
foi realizado por Cunha (2010) e, nesse sentido, observamos 
uma tentativa de descrição de características específicas a cada 
50 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS 
LEIS
um deles, que, na intenção de síntese e interesse didático, serão 
apresentadas no Quadro 1 (comparando as propostas da Rússia 
e da França) e, depois, rediscutidas em relação às propostas do 
Brasil.
Quadro 1 Acontecimentos relacionados ao conceito de Política 
Cultural na Rússia e na França.
País Ano Acontecimento Interesse/função/setor
Rússia 1917
1921
Institui-se o 
Comissariado da 
Instrução Popular 
(Narkompros).
Encontro do Partido 
Bolchevique que 
apresentou críticas 
ao Narkompros
Alfabetização e Educação em níveis: 
científico, tecnológico e artístico 
(dramaturgia, música, literatura, 
espaços históricos, bibliotecas, 
academias de arte plásticas e gráficas, 
fotografia, cinema).
Programa de Organização do 
Proletariado (Proletkult).
Programa de apresentações artísticas 
ambulantes (Agitprop).
Em nível educacional: Escola Única 
de Trabalho (ensino inicialmente 
politécnico e gradualmente 
especializado).
Reformulação do órgão em setores de: 
- Educação Profissionalizante;
- Socioescolar;
- Política educacional; e
- Colegiado acadêmico.
51© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS 
LEIS
França 1932
1946
1959
1960
Secretaria de Estado 
das Belas-Artes 
(mais tarde, 1945, 
Direção Geral das 
Artes e das Letras
Nova Constituição
Instalação da V 
República Francesa 
(Ministério de 
Assuntos Culturais)
Política das Casas da 
Cultura
- Escola Nacional Superior de 
Belas-Artes;
- Conservatório Nacional de Música;
-Escola Nacional Superior de Artes 
Decorativas.
Declaração expressa do Estado como 
responsável pela garantia de acesso 
dos cidadãos à Cultura
Aspectos dominantes:
- Intenção ideológica clara;
- Filosofia de apoio seletivo do Estado à 
criação artístico-profissional;
- Autonomia orçamentária, 
administrativa e operacional.
Proposta, relativamente inovadora, em 
que se procurava estimular a produção 
com aposta no profissionalismo e na 
alta qualidade artística.
Fonte: adaptado de Cunha (2010).
52 © AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS 
LEIS
Pode-se perceber que cada realidade nacional caracterizou 
um tipo de iniciativa governamental. Na Rússia, por exemplo, 
observa-se que a cristalização da estrutura russa pelo regime 
socialista estabeleceu as bases de condução de sua Política 
Cultural, mantendo-se, no entanto, os princípios básicos que 
delinearam o conceito, estabelecendo-se por meio de interesses 
e setores burocráticos de controle das ações. As decisões, em 
si, não são democráticas, mas de setores ou departamentos 
institucionais ligados ao propositor (o Estado), que procura 
“capacitar” seu cidadão a ocupar papéis e categorias profissionais 
na estrutura do país.
Na França, por sua vez, o caráter inicial é de se pautar 
pelo valor da Arte Erudita (Alta Cultura), constituindo-se, 
progressivamente, pela ideia da arte como um produto de 
mercado, passível de se manter por meio de sua qualidade 
artística. O Estado financia, mas também estimula o 
desenvolvimento de um perfil mais autossustentável para os 
agentes do setor, a partir do que, a nosso ver, derivaram (na 
década de 1970) apelos de “Indústria Cultural”, “Marketing 
Cultural” e “Subvenção Artística”.
Se elaborarmos, pela descrição de Cunha (2010), uma lista 
cronológica de eventos que fortaleceram o conceito de Política 
Cultural no Brasil, obtém-se a seguinte ordem, representada 
pelo Quadro 2:
53© AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO 
UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS 
LEIS
Quadro 2 Acontecimentos relacionados ao fortalecimento do 
conceito de Política Cultural no Brasil.
Data Acontecimento
1930
Foi instituído o Ministério da Educação e Saúde Pública, como um dos 
símbolos da Política Cultural do movimento revolucionário, composto

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