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Transcrição de DIPRI

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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
1ª aula: 16 ago
As universidades do RJ seguem mais a escola francesa. 
Nossa disciplina tem 3 a 4 objetos de estudo, a depender da escola que se segue. Para a escola francesa tem 4 objetos: Conflito de leis; conflito de jurisdição; nacionalidade e condição jurídica do estrangeiro.
Para a escola anglo-saxã, a disciplina tem 3 objetos: Conflito de leis; conflito de jurisdição; reconhecimento de decisões estrangeiras. Para os anglo-saxões o ponto central da disciplina é o conflito de leis.
Para que serve o DIPRI? Para regular as situações jur internacionais, sendo este o conceito-chave para a disciplina. Para a Profa. Cláudia Lima Marques, uma situação jur internacional é aquela que tem um elemento de estraneidade. Este é um elemento qualquer da relação jurídica que envolve mais de um ordenamento jurídico. Ex: um contrato de compra e venda de laranja entre dois países. 
No conflito de compt. verifica-se qual a autoridade judiciária se verifica o conflito de jurisdição, para depois se verificar o conflito de leis.
Para autores mais contemporâneos, como o André de Carvalho, o DIPRI é a disciplina que cuida da ‘gestão da diversidade normativa’, porque cada vez mais temos relações jurídicas que envolve elementos de estraneidade.
Noções sobre a evolução do DIPRI
Na idade média era meramente territorial, quando uma tribo entrava em contato com outra tribo. A 1ª fase de se pensar o DI era o critério do território. Aplicava-se a lei daquele território: fase territorialista. É a ideia de que a lei válida era a do território do ato-fato, é a ideia do ius imperius. 
No direito romano havia já o ius peregrinum, um corpo de norma que se aplicava ao peregrino, uma forma incipiente do DIPRI.
A forma territorialista passou a ser superada no renascimento, quando os mercadores viajavam muito para fazer comércio. Para que este funcionasse era necessário regras: lex mercatorium, para que os mercadores tivessem garantias. Daí passou-se para a fase mais subjetivista, que se fortaleceu com a formação dos estados nacionais e quando passou-se a brigar pela aplicação da lei do nacional envolvido. A lei do Estado de origem passou a vigorar mais. 
Se passou a ter tbm a contribuição dos glosadores, que passaram a produzir glosas ou comentários sobre questões internacionais.
Assim, o DIPRI por um tempo ficou sendo disputado por estas 2 correntes, até que no séc XIX começou a se estabilizar a partir de Friedrich Karl von Savigny (considerado o “Pai do DIPRI”), que escreveu várias obras, incluindo uma sobre DIPRI, passando a se dedicar a questões sobre conflitos entre leis. Savigny criou um método conflitual, daí o nome do objeto da disciplina. Foi ele quem criou uma estrutura metodológica a esta disciplina. Em um conflito int envolvendo duas empresas em um contrato comercial é preciso descobri qual é o local da “sede da relação jurídica”, pq é com base neste local que se definirá qual o direito será aplicado na resolução do conflito. Ele deu um tratamento mais científico aos conflitos, por exemplo, quando eu tenho um contrato, aplica-se o local da sede onde o contrato será cumprido, quando se trata de um casamento, o local de nascimento do nubente do sexo masculino, quando eu tenho um contrato de trabalho, o local do domicílio do empregado, e por aí vai. Por essa razão, o DIPRI moderno, esse direito de Savigny, esse direito conflitual, se tornou, em grande medida, um direito nacional, porque os Estados passaram a elaborar suas leis internas e indicar qual era a sede da relação jurídica, fazendo surgir as “regras de conexão”. 
As regras de conexão oferecem uma categoria jurídica que indica a jurisdição, indica qual é a sede, indica a capacidade. Tais regras são chamadas pelo direito internacional de “normas indiretas” ou tbm de “normas de sobredireito”. Estas normas são indiretas porque não resolvem diretamente a questão, mas apenas indicam o direito que deve ser consultado para achar a resposta. É só isso que a regra de conexão faz. No Brasil, por exemplo, é a LINDB (Lei de Introdução do Direito Brasileiro) que indica qual a regra a ser aplicada (disse para lermos essa lei). Essa questão do domicílio na nossa legislação está prevista na LINDB. 
Savigny achava que a escolha da sede seria escolhida pelos estados pela lógica, mas Savigny não acertou neste aspecto, pois sua previsão, de que os estados escolheriam um critério lógico, teria se confirmado e isso não aconteceu. Na prática, os Estados tomaram decisões políticas. Essa é uma das críticas ao método de Savigny. 
O DIPRI pós-moderno ou contemporâneo não é mais o DIPRI puro do século XIX. O que se entende hoje como DIPRI pós-moderno é que ele não é mais o DIPRI puro, com regras de conexão, como no séc XIX. O autor alemão, Erik Jayme, aponta alguns aspectos do DIPRI pós-moderno, tais como:
· O DIPRI passa a ser cada vez mais internacional. Hoje em dia muitos dos assuntos típicos do DIPRI, que eram regidos pelo dir interno, passaram a ser regidos pelo dir internacional (tratados e convenções). O Brasil a partir do ano 2000 passou a participar de Haia, em assuntos como direito do consumidor (compra pela internet), casamento, filiação, etc. 
· O DIPRI abandona em certa medida o método conflitual (indireto) e passa a seguir normas diretas (convenções), exemplo: a validade do casamento será regido pela lei que priorize a manutenção da validade; o direito a receber alimentos no exterior será regido sempre que existir uma relação de filiação (não se aplica mais a regra do domicílio do credor). 
· O DIPRI passa a ser mais narrativo, porque incorpora valores (princípios), como a valorização da família, os necessitados, etc, deixando de ser mais frio e científico.
Atualmente no Brasil, vivemos entre os dois momentos, das regras de conexão de Savigny, mas algumas vezes se recorre ao DIPRI pós-moderno (convenções), mas algumas questões, como casamento, aplicamos o CC e a LINDB.
Princípios relacionados ao exercício da jurisdição internacional:
O CC16 usava a expressão “compt. internac”, mas o CC02 passou a adotar o nome “Dos limites ao exercício à jurisdição brasileira”. 
Por que está errado falar em compt. do dir internacional? Pq compt tem a ver com repartição de jurisdição, mas se falarmos em compt. int não tem como repartir jurisdição no âmbito internacional. Por essa razão temos que saber o limite da jurisdição do juiz brasileiro.
A doutrina comparada de dir internacional menciona 3 princípios relacionados à jurisdição:
Unilateralidade: como a jurisdição é um desdobramento da soberania, as regras de jurisdição só podem ser determinadas unilateralmente pelo direito brasileiro e só podem ser aplicadas no Brasil. Cada estado é livre para determinar, unilateralmente, as hipóteses em que seus juízes podem julgar lides envolvendo estrangeiros. Decorre da soberania.
Eficiência: probabilidade da sentença ser aplicada no outro país. 
Submissão: se as partes acordarem sobre uma questão que foi submetida, as partes podem acordarem de se submeter à jurisdição do outro país, caso queiram. 
A conjugação destes princípios vai levar a alguns critérios para definir a jurisdição.
Critérios escolhidos pelos Estados para definir a jurisdição:
Critério Territorial: exemplo, imóveis situados no Brasil são de compt. do juiz brasileiro.
Critério Pessoal/Subjetivo: um juiz francês pode julgar um caso envolvendo um cidadão francês no Brasil, como autor ou como réu.
Critério Patrimonial: exemplo, o art 23 do Código de Proc Civil alemão diz que o juiz alemão tem compt. para julgar qualquer ação de pessoa que tenha patrimônio na Alemanha, como a existência de um dinheiro na conta corrente de um banco na Alemanha. 
Critério Universal: a lei do país determina que o seu juiz tem compt. para julgar qualquer ação em qualquer parte do mundo: jurisdição universal. Ex: a Bélgica e os EUA tem estas leis. Os EUA tem as leis ATS (Leis sobre danos estrangeiros). 
Existem outros critérios e que podem ser combinados.
2ª aula: 3016 ago: Alcance e Limites da Jurisdição Internacional
1. JurisdiçãoConcorrente vc Jurisdição Exclusiva: 
Lembrou o Princípio da Unilateralidade, visto na 1ª aula, pelo qual cada Estado é livre para determinar as regras de julgamento, decorrente de sua soberania. 
Jurisdição concorrente: uma lide internacional pode ser julgada pelo juiz brasileiro ou pelo juiz de um outro Estado. Arts 21 e 22 NCPC.
Jurisdição Exclusiva: a regra aqui é que a decisão do juiz estrangeiro não produzirá efeitos no Brasil. Arts 23 NCPC. Isso não impede que o juiz de outro Estado julgue a ação, mas não produzirá efeitos, eficácia no Brasil.
As hipóteses de compet concorrente ou exclusiva está nos arts 21 a 23 NCPC, principalmente no caput de cada artigo. 
Art. 21.  Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; o que interessa aqui é o DOMICÍLIO do réu. Ex: se um francês tiver domicílio no Brasil é o que importa e o juiz bras vai julgar a ação. É a regra mais antiga regra de conexão.
O que é “domicílio”? para fins de fixação de foro compt, domicílio é o que está definido nos arts 70 a 72 do CC. 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; não importa onde o réu tem domicílio fixo, basta que a obrigação, que fundamenta a ação, devesse ser cumprida no Brasil. Logo, é possível que um juiz brasileiro venha a julga um réu estrangeiro e que viva em outro pais. 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Aqui independe na nacionalidade ou domicílio do réu. O juiz brasileiro vai julgar a ação. 
Parágrafo único.  Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
A dificuldade aqui é quando ocorre oco dano transnacional plurilocalizado, é o caso das “caso das minas de potássio da Alsácia”, uma região do nordeste da França, com fronteira com a Bélgica e a Alemanha. As minas de potássio ocorreu um vazamento de subst. Tóxica que poluiu o rio Remo, causando dano ambiental para vários países. Uma ONG acusou a França e o caso foi julgado pelo tribunal da União Europeia, que resolveu que todos os países envolvidos tinham competência para julgar o caso, desde a França, onde o fato aconteceu, tem competência integral para julgar a extensão dos danos causados, enquanto os demais países têm compt. para julgar os danos sofridos nos seus países. Logo, que vai variar é a extensão da competência.
Outro caso que ficou famoso foi o da Fiona Sharon, uma inglesa que fez topless em uma praia da Europa. Tiraram uma foto dela que circulou em vários tabloides da Europa, inclusive no Chile. Ela ingressou com uma ação pedindo danos à imagem. Novamente o tribunal da EU afirmou que todos os Estados onde a foto dela foi divulgada teriam compt para julgar o caso, e da mesma forma, a compet foi repartida de acordo com a extensão do dano sofrido.
No Brasil, temos o caso do RESP 1.168.547 / 2010, no qual uma brasileira foi contratada por uma empresa espanhola, com sede na Espanha para prestar serviços na Espanha. No contrato havia uma cláusula de eleição de foro (tribunal de Madri). O serviço era de dançarina de uma boate na Espanha. Tempos depois, após o fim do contrato, foi veiculada na impressa espanhola fotos dela. Ela processou a empresa espanhola no por danos à imagem. Do que vimos até agora: o réu não tinha domicílio no Brasil, a obrigação não tinha que ser cumprida no Brasil; a ação não se originou de ato/fato ocorrido no BR; não era relativa à partilha e nem a imóveis. Logo, o RESP não se enquadrava e nenhum dos casos de regra de conexão. Este é um caso típico de “danos transnacionais plurilocalizados”, pelo fato de a sua imagem ter sido publicada aqui no Brasil e, consequentemente, os danos terem sido sentidos tbm aqui. O STJ considerou que quando imagens são publicadas na internet e sentidas aqui, os tribunais brasileiros também terão compt. para julgar a demanda. Logo, o STJ fez foi expandir a competência. 
Uma novidade trazida pelo NCPC foi a inclusão do art 22, que criou novas hipóteses de compt, que tbm são hipóteses de compt. concorrentes.
Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando: 
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; com base no autor na ação de alimentos. Fundamento: ampliar as possibilidades de ação de cobrança aqui no Brasil; ou ainda, basta que o devedor tenha mera residência no Brasil para que a autoridade brasileira possa julgar
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; o fundamento aqui é que basta que o devedor tenha bens no Brasil para que a cobrança não resulte em infrutífera.
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; a ideia é mais ampla pq inclui a hipótese de residência, não interessando a nacionalidade.
Citou o exemplo de uma idosa que fez um cruzeiro internacional e caiu e quebrou a bacia e processou a empresa de navio no Estado onde tinha domicílio. A ação foi extinta por causa da eleição de foro que havia no verso do bilhete (contrato por adesão). A decisão da corte americana é que ela tinha que obedecer a cláusula da eleição de foro.
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Art. 12, LINDB. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil.
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.
Código Civil: definição de domicílio para a lei brasileira é o que está nos artigos abaixo do CC.
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
E o que é domicílio em relação à PJ? Temos que analisar se a empresa tem ou não domicílio no Brasil. Temos que distinguir a figura das subsidiárias e das filiais. A subsidiária pertence a ojtra empresa, tem autonomia, como a Braspetrus, cujo ocapital é da Petrobras, mas a Braspetrus tem autonomia. Quando uma empresa estrangeira controla uma subs no Brasil, esta subsidiária é uma empresa brasileira pq foi constituída no Brasil (art 1126 CC). Diferente hipótese é quando uma empresa estrangeira se estabelece no Brasil por meio de uma sucursal da empresa estrangeira. Quem dá permissão para funcionar no Brasil dada pelo Ministério do desenvolvimento, Ind e Comércio (MDIC), sem precisar constituir uma sucursal no Brasil. Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração (c/c art 21, PU NCPC).
O mais normal hoje em dia são as multinacionais se estabelecerem no Brasil como uma subsidiária brasileira, ex., Coca-cola do Brasil S/A. Se precisar processar esta empresa estrangeira? Ver art 75, par 2º CC:
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Por este dispositivo considera-se domiciliada no Brasil a PJ. Qual a consequência disso? Significa que eventualmente um ato praticado lá na sede,no país estrangeiro, o juiz brasileiro poderá julgar o caso aqui no Brasil. Ex: Panasonic do Brasil, caso do brasileiro que estava de férias em Miami, e lá comprou uma filmadora e depois esta deu defeito aqui no Brasil. Ele vou reclamar para a Panasonic do Brasil, que disse que não tinha relação jurídica com o vendedor. O caso é o Resp. 63981/2000. O STJ deu ganho de causa ao consumidor. Olhar a ementa deste julgado. Atualmente pela letra da lei, qualquer consumidor brasileiro pode processar qualquer fornecedor estrangeiro que tenha vendido para um consumidor brasileiro domiciliado no Brasil, desde que exista uma sucursal da empresa no Brasil. O Ely não concorda com isso, porque estamos diante de um caso de uma multinacional que nem mesmo tem filial ou sucursal no Brasil. O que isso quer dizer que quem vende um produto para qualquer brasileiro no estrangeiro, vai ter que se submeter às leis brasileiras.
Jurisdição Exclusiva:
Art. 23 NCPC.  Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: c/c art 12, par 1º, LINDB.
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; quais ações estão incluídas no termo “relativas a imóveis”? o legislador não esclareceu e várias ações surgiram. O RE 90.961/79 esclareceu que o termo em questão está relacionado somente a bens imóveis. Outros bens têm apenas compt. concorrente. 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; tanto partilha intervivos como causa mortis, tanto bens móveis como imóveis. 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
SEC – Sentença Estrangeira Contestada 5822 do STJ 2002. o STJ responder que pode homologar sentença estrangeira de divórcio que partilha bens no Brasil quando as partes dispõe sobre partilha (quando há acordo). 
E para partilha causa mortis, pode? Sim, nas seguintes condições (SEC 1.304/08 STJ): 1. se não houver desacordo entre os herdeiros; 2. Que a divisão que consta na sentença a ser homologada seja a que consta na disposição de última vontade. Mas hoje pelo NCPC, se houver uma acordo de partilha de testamento feito no estrangeiro, o acordo entre herdeiros tem que ser submetido exclusivamente pelo juiz brasileiro, ele nem mesmo homologaria a sentença estrangeira. 
Quanto existir uma pluralidade de juízo sucessório: se uma partilha feita no estrangeiro privilegiar, por exemplo, o filho mais velho, deve o juiz brasileiro compensar a partilha aqui o Brasil? Ver os seguintes recursos, mas o entendimento de hj é que, se o legislador não quis prever a compensação na lei, não há o que falar em compensação.
Resp 99230/84; Resp 397769/02 – caso Jânio Quadros; Resp 37365; Resp 1.362.499 – manifestação contra a compensação.
Resp 275985; Resp 1.410.958/14: nestes recursos o STJ se mostrou favorável à compensação. 
É possível que as partes possam escolher foro internacionalmente? Até 2015 essa questão tinha sido enfrentada pelo STJ e STF 8 vezes, sendo 4 favorável e 4 contra. Com o NCPC o legislador tentou resolver essa questão nos arts 22, III e art 25. A partir do NCPC ficou claro que é possível. Ficou em 2 dispositivos pq o legislador dividiu os efeitos. O positivo de criar jurisdição, ou negativo, afastamento da jurisdição brasileira (art 25).
Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Art. 25.  Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.
§ 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo.
É preciso que no contrato se coloque na cláusula de eleição, que esta se dará de forma exclusiva. Outra coisa que tem que se observar é nas hipóteses de compt. exclusiva se optar por eleição de foro, como por ex., no caso de bens imóveis situados no Brasil.
A eleição de foro tem natureza jur de um acordo de vontade. Tem duas características importantes: 1. a nulidade da cláusula não necessariamente se estenderá para o contrato principal; 2. eu posso escolher uma lei diferente daquela escolhida para reger o contrato principal; 3. Eu posso restringir na cláusula uma extensão subjetiva maior ou menor do que a do contrato principal.
Taxatividade das hipóteses: 
As hipóteses do CPC são taxativas ou existem outras hipóteses? Se o juiz brasileiro não conseguir resolver resolver uma causa pelos artigos do NCPC, ele não pode usar outras fontes. Se utilizar outras hipóteses ele estaria violando a lei brasileira (posição minoritária) - Resp 2170 STJ. A posição hoje maioritária pode ser encontrada no RO 64/2008 STJ. É hoje citado como o principal precedente pela doutrina majoritária, que defende a não exaustividade do rol de hipóteses de compt. do juiz brasileiro, servindo não só para ampliar o rol de hipóteses concorrentes, como de hip exclusivas. Outro fundamento que tbm sustenta a ideia de que o rol não é taxativos, são os tratados e convenções internacionais, pois estes tbm trazem hipóteses de compt. concorrente.

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