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Diferenciação sexual nos mamíferos e patologias de intersexualidade

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Diferenciação Sexual Nos Mamíferos E Patologias De 
Intersexualidade 
O processo de desenvolvimento sexual nos mamíferos se inicia no momento da 
fertilização com o estabelecimento do sexo cromossômico do zigoto e é 
determinado pela interação de genes, fatores transcricionais, hormônios e 
receptores hormonais (Domenice et al, 2002). Uma complexa cascata genica, 
que é formada por uma série de genes que interagem em diferentes momentos, 
vai realizar o desenvolvimento do tecido gonadal e a diferenciação sexual. 
O evento primário consiste na determinação do sexo gonadal que define o 
desenvolvimento da gônada embrionária indiferenciada no sentido masculino ou 
feminino. Após um período do desenvolvimento embrionário, entre o mesométrio 
e o mesentério dorsal, surgem dois espessamentos longitudinais, as cristas 
gonadais. Este espessamento é formado pela proliferação e condensação do 
epitélio celomático e do mesênquima, e a partir dessa proliferação, surgem 
cordões digitiformes, os cordões sexuais primários, que servirão de sustentáculo 
para as células que invadirão a gônada primitiva. Este fenômeno parece estar 
ligado, pelo menos em parte, a substâncias quimiotáticas liberadas por regiões 
específicas da gônada em desenvolvimento. A síntese e liberação dessas 
substâncias devem estar ligadas a expressão dos genes associados a 
cromossomos sexuais (Rodrigues,2004) 
Alguns genes são fundamentais para o processo de diferenciação gonadal e 
fenotípica. O gene SRY (Sex-Determining Region of Y Chromossome) também 
denominado TDF (Testis Determining Factor) é implicado na formação do 
testículo; as células precursoras das células de Sertoli são o primeiro tipo celular 
a expressar o SRY, elas são quem formará os cordões seminíferos e iniciarão a 
diferenciação gonadal do macho (Rodrigues, 2004). 
A diferenciação das genitálias externa e interna no sexo masculino é um 
processo dependente da produção de hormônios sexuais pelo testículo, 
enquanto que no sexo feminino esse processo independe dos hormônios 
ovarianos. Portanto a diferenciação sexual é gônada dependente apenas nos 
machos. O desenvolvimento do fenótipo masculino (incluindo descida testicular 
até a bolsa escrotal) requer a produção normal de três hormônios testiculares: 
HAM (hormônio anti-mülleriano), andrógenos e Insl3 (insulin-like factor 3 ou 
relaxinlike factor). Por outro lado, no sexo feminino, a ausência da produção 
desses hormônios determina a diferenciação sexual feminina (Domenice et al, 
2002). 
Os ductos de Wolff estarão presentes no feto a partir da terceira semana de 
gestação, e os ductos de Muller a partir da sexta semana de gestação. No feto 
feminino, os ductos de Müller se diferenciam em trompas e útero. A porção 
superior da vagina é formada pelos ductos de Müller e também de Wolff, pois na 
ausência dos ductos de Wolff ocorre atresia ou agenesia de vagina. No feto 
masculino, através da ação local da testosterona secretada pelas células de 
Leydig, a partir da oitava semana de gestação, os ductos de Wolff se diferenciam 
em epidídimo, ducto deferente e vesícula seminal e os ductos de Müller sofrem 
atrofia sob ação do hormônio anti-mülleriano (HAM), secretado pelas células de 
Sertoli (Domenice et al, 2002). 
Patologias de Intersexualidade 
A ocorrência de anormalidades na diferenciação sexual tem sido descrita em 
muitas espécies, incluindo equinos, ovinos, bovinos, suínos e humanos (Basrur 
et al., 1969; Zenteno-Ruiz, 2001). Há três aspectos para a diferenciação sexual 
no desenvolvimento embrionário e fetal: sexo cromossômico, sexo gonadal e 
sexo fenotípico. Aberrações na diferenciação podem ocorrer em qualquer 
desses três estágios (Campbell, 2004), levando ao que é conhecido como 
intersexualidade. 
Hermafroditismo 
Hermafrodita é o indivíduo que apresenta os dois sexos distintos anatômica e 
funcionalmente. Hermafroditismo verdadeiro é definido pela presença de tecidos 
ovariano e testicular no mesmo indivíduo, em gônadas separadas ou em uma 
só, chamada ovotestis (Campbell, 2004). Durante a vida intrauterina, a presença 
de tecidos ovariano e testicular, ambos com sua produção hormonal, resulta em 
diferenciação anormal das genitálias interna e externa (Zenteno-Ruiz et al., 
2001). As vias genitais externas são quase sempre femininas, com vulva 
rudimentar e clitóris hipertrofiado. 
Já o pseudo-hermafrodita é o indivíduo que apresenta apenas uma das gônadas 
(masculina ou feminina) com características secundárias e genitália externa do 
outro sexo, sendo o pseudo-hermafroditismo macho o tipo mais comum de 
intersexualidade que ocorre nos animais domésticos (Bugno et al., 2008). A 
teoria mais aceita é que essa anomalia seja causada pela translocação do gene 
SRY para o cromossomo X, promovendo, assim, o desenvolvimento testicular 
em indivíduos XX. Outros acreditam que existam genes para o desenvolvimento 
testicular presentes no cromossomo X, que normalmente permanecem 
inativados. (Campbell, 2004). 
Criptorquidismo 
Criptorquidia é o descenso testicular anormal levando à retenção uni ou bilateral 
das gônadas em qualquer lugar ao longo do seu trajeto, desde caudal aos rins a 
caudal ao escroto, incluindo logo na entrada do anel inguinal ou imediatamente 
fora, mas não dentro do escroto (Carlton e McGavin, 1998), e em alguns casos 
pode estar associado a outras anormalidades genitais. 
Os genes relacionados com a ocorrência do criptorquidismo ainda não estão 
completamente descritos, entretanto Basrur e Basrur (2004) afirmaram que uma 
mutação no gene que codifica a formação das células de Leydig pode estar 
relacionada com a interrupção da descida testicular e relataram ainda que a 
anomalia já foi descrita como característica autossômica, podendo ser 
manifestada também devido à mutação de dois genes provavelmente 
localizados no cromossomo sexual. 
 
REFERENCIAS 
BASRUR PK, KANAGAWA H, GILMAN JP. An equine intersex unilateral gonadal 
agenesis. Can J Comp Med, v.33, p.297-306, 1969. 
BASRUR PK, BASRUR VR. Genes in genital malformations and male 
reproductive health. Anim Reprod, v.1, p.64- 85, 2004. 
BUGNO M, ZABEK T, GOLONKA P, PIENKOWSKA-SCHELLIN A, SCHELLING 
C, SLOTA E. A case of an intersex horse with 63,X/64,XX/65,XX,del(Y)(q?) 
karyotype. Cytogenet Genome Res, v.120, p.123-126, 2008 
CAMPBELL M. A case of male pseudohermaphroditism in a horse: Senior 
seminar paper. Ithaca, NY: Cornell University College of Veterinary Medicine, 
2004. 
CARLTON WW, MCGAVIN MD. Patologia veterinária e especial de Thomson. 2. 
ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998, 672p. 
DOMENICE et al. Aspectos Moleculares da Determinação e Diferenciação 
Sexual. Arquivo Brasileiro Endocrinologia & Metabologia, vol 46, nº 4, agosto, 
2002. 
RODRIGUES, R. Determinação Sexual e Diferenciação Sexual No Embrião e No 
Feto. Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul, 2004. 
ZENTENO-RUIZ. JC, KOFMAN-ALFARO. S, MÉNDEZ. JP. 46, XX sex reversal. 
Arch Med Res, v.32, p.559-566, 2001.

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