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TRABALHO DE SUCEDSSÕES ALUNO: Raimundo Silva do Nascimento MATRICULA: 01136168 PERIODO: 7º TURMA: NB Das Modalidades de Legado Legado de Coisa Alheia A regra é de que ninguém pode dispor de mais direitos do que tem. O artigo 1.912 do cc reza: “é ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da sucessão”. Portanto, se a coisa pertencesse ao autor da herança no momento da morte, ainda que não integrasse o patrimônio do testador quando da elaboração do testamento permanecia válida a disposição. No entanto, se o testador estava na posse de coisa que não lhe pertencia e dela dispôs, tal disposição é nula, porque o objeto não é idôneo. Ocorre o mesmo se quando da morte, o testador já não era titular da coisa. O artigo 1.915 do cc ainda traz uma exceção ao princípio geral de disposição de coisa alheia, referindo-se a coisas determinadas pelo gênero: o legado será “cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador”. O princípio a nortear é o das coisas fungíveis, em que o gênero nunca perece. É o herdeiro quem escolhe a coisa legada, nos termos do artigo 244 do Diploma Civil: “Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar melhor”. O testador pode, também, determinar que alguma coisa que não lhe pertença seja adquirida e entregue ao legatário. Por exemplo: o testador dispõe que o herdeiro adquira um imóvel “x” com as forças da herança e sob a forma desse imóvel se entrega o legado. Trata-se de um encargo válido, uma vez que o testador pode até mesmo determinar a conversão dos bens da legítima. Sendo a coisa de difícil aquisição, busca- se a vontade do testador, já que nossa lei é silente: se pode ser adquirido um similar ou equivalente em dinheiro, ou se perde a eficácia a disposição. Perecendo a coisa somente em parte, só a parte existente valerá, reduzindo o legado à parte possível. A este respeito tratam os artigos 1.914, 1.916 e 1.917 do cc. Porém, se a coisa foi mudada do local indicado, vê-se um problema. Se o próprio testador a mudou, torna-se ineficaz a disposição. Se o testador não sabia da mudança, a disposição deve valer. Se o testador deixasse a coisa ao legatário, mas já em vida doasse ao próprio beneficiário, ou a mesma já a este último pertencia, não haveria eficácia possível na cláusula. Sem objeto a disposição é nula. A dificuldade reside no caso da coisa ter sido transferida em vida de forma onerosa. Devem-se, mais uma vez, privilegiar a vontade do testador, examinando o caso concreto. Legado de Usufruto A única disposição sobre o legado de usufruto que traz o cc encontra-se no artigo 1.921: “O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida”. É possível que o testador legue o usufruto a um legatário, permanecendo a nua- propriedade com o herdeiro ou com outrem. Da mesma forma ocorre com os direitos reais de uso e de habitação. Podem ser vários usufrutuários sobre o mesmo legado. Não se fala em usufruto, direito real de uso e de habitação sucessivos. Como acima mencionado, o legado de usufruto presume-se vitalício para o legatário, se não houve outra fixação de prazo, extinguindo-se com a morte do usufrutuário, não podendo este transmitir o direito. O legado de usufruto só pode recair sobre bens determinados (coisa singular) e sobre a universalidade (disposição sobre fração do acervo), sendo a conservação do bem de exclusiva responsabilidade do legatário. Legado de Imóvel Legado um imóvel, após o testamento, se houver acréscimo nessa propriedade, tal não se compreende no imóvel legado, como dispõe o artigo 1.922 do cc, “Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se compreendem no legado, salvo declaração em contrário do testador”. O parágrafo único do mesmo artigo trata das benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias: “Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio legado”. Com isso, o legislador quis transmitir a idéia de que o bem seja entregue tal como se ache quando da morte do testador. Se o testador deixa a alguém um terreno como legado e depois constrói sobre ele, desejou que esse acessório se inserisse no legado. O acessório segue o principal. Insta lembrar que construção, tecnicamente, não é benfeitoria. Trata-se de acessório do solo. Se, ao se referir na disposição a imóvel o testador mencionar a casa, presume-se que no legado incluem-se tudo o que nela estiver mobília, baixelas etc. Legado de Alimentos A única definição legal de alimentos encontra-se no capítulo do direito das sucessões, no artigo 1.920 do cc, ”O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor”. É um legado de prestações periódicas. A prevalência deve ser da vontade do testador que, interpretada, pode ensejar que o legado de alimentos seja mais amplo ou mais restrito do que o expresso no artigo supramencionado. Porém, não havendo tal distinção, o artigo determinou o alcance de um legado de alimentos. Além da vontade do testador, devem-se levar em conta as forças da herança para a fixação do valor do legado de alimentos, se o testador não dispôs sobre o quantum. A periodicidade, o termo e a condição dependerão da vontade do autor da herança. O legado de alimentos constituirá ônus real se for expressamente vinculado a um imóvel, podendo o juiz, no silêncio do testador, apontar um imóvel para produzir os alimentos. Ressalta-se que os alimentos só podem sair da parte disponível do testador. Como ocorre no direito de família, os alimentos podem ser in natura. Por exemplo: o testador pode determinar a um herdeiro que forneça hospedagem e sustento ao legatário. Em cada caso haverá um estudo da forma de se atender a vontade do testador. Por ter caráter de subsistência, o legado de alimentos insere-se entre os bens impenhoráveis sendo, no entanto, penhoráveis se o testador fixa um rendimento ou um pagamento periódico ao legatário, rotulando-o de alimentos, mas o beneficiário tem plenas condições de subsistência. Conclui-se que não é concebível o pagamento de alimentos sem a necessidade destes. Os alimentos são irrenunciáveis e intransferíveis, conforme a natureza das prestações alimentícias em geral. Legado de Crédito É o legado que tem por objeto um título de crédito, transferido pelo testador ao legatário, assim como consta no art. 1.918, § 1º do cc, e que alcançará a quantia do crédito existente na abertura da sucessão, mais juros vencidos desde a morte do testador, a menos que haja declaração em contrário neste sentido. Deixando o testador um crédito para um determinado legatário, não há necessidade de o devedor concordar com a transferência da titularidade do credor porque, o que lhe compete, é adimplir a obrigação que assumiu com o ato jurídico. Outra forma de legado de crédito é a quitação de dívida. O testador se for credor do legatário, no testamento dá-lhe quitação. Opera-se como se o como se o testador tivesse recebido o pagamento, como em uma remissão de dívida. Se o legatário, quando da morte do testador, já pagara parte do débito, a quitação é somente do saldo remanescente. Sobre o assunto, dispõe o artigo 1.918, caput do cc, “O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até a importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador”. Portanto, a dívida consolida-se na data da morte. Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento, como reza o § 2. ° do artigo 1.918 do cc. Porém, o testador pode fazer menção expressa a futurasdívidas. O legado de crédito caduca se o legatário nada dever ao testador (no caso de quitação de dívida), ou se o terceiro nada dever ao testador (no caso de crédito legado ao legatário). Ocorre o mesmo se, quando da morte, o testador já houver recebido seu crédito, salvo vontade expressa em contrário. Não haverá compensação automática de dívidas quando há legado de crédito, como dispõe o artigo 1.919 do cc. Não havendo disposição expressa nesse sentido, o legatário continuará obrigado para com o espólio e este para com o legatário. Sobre a compensação pode haver transação entre as partes (espólio e legatário) já na contagem da partilha. Também, por esse mesmo dispositivo, subsistirá o legado de crédito se o testador contraiu dívida posterior ao testamento e a solveu antes de morrer. O testador pode confessar uma dívida inexistente, fazendo o legado de seu valor. Pode ter razões morais para isso, por exemplo, pode ser seu desejo que os herdeiros não especulem o motivo desse legado. Trata-se do chamado legado de dívida fictícia, não tratado expressamente pela lei. Equivale este legado a um legado puro e simples, devendo ser cumprido o pagamento pelo herdeiro. Havendo prova de que não existe a dívida e não havendo forças na herança, não só caduca o legado como também não tem o pseudocredor ação de cobrança contra o espólio. O testador pode deixar como legado um bem que não esteja totalmente pago, como, por exemplo, um imóvel cujo preço vem sendo amortizado em prestações. No silêncio da vontade, entende-se que cabe ao legatário prosseguir nos pagamentos. Por isso, é um legado com encargo, podendo o legatário optar se aceita ou não. A obrigação de pagar as prestações inicia-se com a morte do testador. Da mesma forma ocorre com o bem onerado com hipoteca ou penhor. Legado de Quitação de Dívida Nesse legado, o testador é credor do legatário, utilizando o testamento para quitar essa obrigação, ou seja, sua nomeação desobriga-o ao pagamento da divida. Nada recebe, mas nada deve. Aqui se subtende que o legado suporta as dividas até a data do testamento. Bem como já exposto no artigo 1918 e 1.919 do cc. Legado de Dinheiro Só vencerá juros quando a pessoa for obrigada a prestar contas do mesmo. Legado de Coisa Localizada Outra espécie de legado, no que concerne ao objeto, é o de coisa localizada, ocorrente quando, ao invés do legante indicar o bem, menciona, em sua cédula testamentária, o lugar no qual os bens se encontram. “O legado de coisa que deva encontrar-se em determinado lugar só terá eficácia se nele for achada, salvo se removida a título transitório”. Trata-se de objeto que deve se encontrar habitualmente e de forma permanente no local nomeado pelo legante, pois assim exige a natureza delas ou mesmo em razão do uso comum ou do testador, em específico. Vale anotar que os bens que, acidentalmente, foram encontrados no local designado pelo legante, não poderão ser incluídos no legado em comento. Se, porventura, os bens legados tenham sido removidos pelo testador, compreende-se que a deixa se tornou ineficaz, em razão da vontade do de cujus. A regra constante do artigo 1.917 do cc, que versa acerca da modalidade em comento, alberga uma exceção, quando os bens não forem removidos em aspecto definitivo, apenas transitoriamente, nesta situação, a deixa surtirá seus efeitos. É fato que, em verificado que a deixa foi removida do lugar indicado por terceiros, o legado produzirá seus efeitos, sendo eficaz, podendo o legatário, na condição de novo proprietário reivindicá- lo daquele que injustamente o possua. Legado de Coisa Comum Se a coisa objeto do legado pertencer apenas em parte ao legante, ou ao herdeiro ou legatário onerado, o legado só valerá para esta parte, de sorte que a parte que não pertencer ao disponente será o instituto em tela considerado nulo, porquanto incidirá sobre direito de outrem, excetuando a presença de encargo atinente à aquisição. “O mesmo ocorrerá se o testador for condômino da coisa legada, restringindo-se a validade da deixa testamentária somente à parte que realmente pertença ao testador”. Denota-se que vigora o princípio de conservação dos negócios jurídicos, logo, ainda que parcialmente, os efeitos almejados pelo legante serão produzidos. Figura como flâmula a ser observada, a redação do artigo 1.914, com clareza solar, dispõe que “cita, somente em parte a coisa legada pertencer ao testador, ou, no caso do artigo antecedente, ao herdeiro ou ao legatário, só quanto a essa parte valerá o legado”. No que concerne às disposições feitas pelo cônjuge consorciado pelo regime da comunhão universal de bens, pode-se assinalar duas situações peculiares. A primeira atina ao fato de em sendo a coisa legada atribuída na partilha atribuída ao consorte sobrevivente, a pedido dele, o legado terá incidido sobre bem alheio, acarretando, em razão disso, a nulidade. Entrementes, se o cônjuge supérstite não apresentar qualquer reclamação, que seja imputada na sua meação, será reputada como válida a disposição testamentária, devendo, destarte, ser cumprida. Legado Alternativo Trata-se de hipótese em que se deixa para o legatário a escolha de um entre alguns bens determinados. Uma vez escolhida, a coisa se torna certa, não havendo direito de arrependimento; Se no momento da morte, das coisas postas a opção, somente uma existir, o legado será de coisa certa. Legado de Coisa Própria É o mais comum, afinal ninguém pode dispor de mais direitos do que tem no art. 1.912 do cc. Se a coisa legada foi vendida pelo testador antes de morrer, essa disposição perde o objeto do art. 1.916 do cc. Legado de Bem Singularizado É quando o testador perfeitamente identifica o objeto -deixado. É o legado puro, sendo ele o próprio conceito do que é legado, onde ao ler o testamento identifica-se bem, de forma clara à vontade do testador. Conforme dispõe seu artigo 1.916 do cc. O testador, por sua vez, em seu testamento deixa ao legatário um o objeto que não lhe pertence, todavia a esse terceiro também o contempla em seu testamento, não cumprindo esse último à entrega, entende-se que ele renunciou. Esse legado refere-se à cota ideal pertencente ao testador, mesmo que ele não se refira a ela. Isso ocorre quando o autor da herança deixa parte da propriedade que ele tem. Legado Pelo Gênero Esse legado contraria o seu próprio conceito, uma vez que não existe uma individualização do objeto, mas sim uma individualização genérica. Esse legado sempre será cumprido e no silêncio do testamento a escolha do objeto tocará ao herdeiro legítimo, escolhendo o meio termo dos objetos daquele gênero. O testamento poderá indicar um terceiro, que deverá agir na mesmo regra. O testador poderá determinar que o próprio legatário escolha, ficando ele liberado da escolha pelo meio termo. Esse legado sacrifica demais os herdeiros legítimos, pois sempre será cumprido. Se o testador não tiver o bem deixado em legado, os herdeiros terão que comprar o bem devido. É possível o terceiro poder ser eleito para escolher o meio termo. Não é obrigado a escolher. Se negar, o juiz de direito tem que fazer a escolha. O legatário também pode fazer, mas não este preso ao meio termo. Legado de Dinheiro Malgrado o legatário tenha de pedir o legado ao herdeiro no inventário, pertencem-lhe os frutos desde a morte do testador, exceto se dependente de condição suspensiva, ou de termo inicial, como contas no art. 1.923, § 2º do cc, excluídos os colhidos anteriormente. Por sua vez, o herdeiro entrega-lhe a coisa tal como se ache no momento da abertura da sucessão, com os acréscimos sobrevindos. Há, no entanto, algumas exceções: O legado em dinheiro só vencerá juros desde o dia em que se constituir em mora a pessoa obrigada a prestá-lo (art. 1.925). O legatário terá de interpelar o herdeiro ou testamenteiro,pois somente a partir de tal ato vencem-se os juros, no legado condicional ou a termo, o legatário só terá direito aos frutos após o implemento da condição ou do advento da data estipulada, excluem-se os frutos desde a morte do testador no legado de coisa incerta ou não encontrada entre os bens por ele deixados.
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