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Raiva, meningites virais e enteroviroses RAIVA INTRODUÇÃO • Encefalomielite viral aguda; • Zoonose (transmitido por animais), que ataca o sistema nervoso e leva à morte em praticamente 100% dos casos; • Os animais são o reservatório e a fonte de infecção; • Transmissão acidental ao ser humano; • Existem mais de 10 sorotipos do vírus da raiva capazes de causar doenças em humanos. AGENTE ETIOLÓGICO → Família: Rhabdoviridae; → Vírus em forma de projétil; → Envelopado; → Genoma de RNA de sentido negativo (tem que transformar em sentido positivo antes de transcrever) e fita simples, que codifica cinco proteínas; → Replicação no citoplasma; → Adsorção: Proteína G (receptor nicotínico de acetilcolina (AChR) e molécula de adesão de célula neural (NCAM). TRANSMISSÃO Introdução do agente causal contido na saliva do animal infectante, através de: • Mordeduras com perfuração da pele; • Lambeduras que contaminem feridas abertas ou membranas mucosas (mesmo intactas); • Arranhões; • Via respiratória (aerossóis em cavernas), transplante de órgãos, acidentes de laboratório, via digestiva e ingestão de carne ou leite crus. COMO O VÍRUS ATUA NO ORGANISMO o O vírus de multiplica localmente no local da mordida. o Replica-se silenciosamente no local de inserção por dias a meses, antes de se deslocar por transporte axônico ao SNC. o Dissemina-se no SNC, pelos neurônios aferentes, para locais altamente inervados, como a pele da cabeça e do pescoço, glândulas salivares (espuma), retina e córnea. o Após o vírus invadir o cérebro e a medula espinhal, desenvolve-se encefalite e os neurônios degeneram-se. o Pouca alteração histopatológica pode ser observada no tecido afetado, a não ser a presença dos corpúsculos de Negri. PROGRESSÃO DA DOENÇA DIAGNÓSTICO • Amostra de saliva, líquido cefalorraquidiano, material de biópsia de pele da nuca, material cerebral de biópsia ou autópsia e esfregaços de impressão de células epiteliais da córnea; • Imunofluorescência direta; • Reação em cadeia da polimerase após transcriptase reversa (RT- PCR); • As células infectadas terão inclusões intraplasmáticas que consistem em agregados de nucleocapsídeos virais (corpúsculo de Negri) em neurônios afetados. DEFINIÇÃO DOS CASOS SUSPEITO → Todo paciente com quadro clínico sugestivo de encefalite, com antecedentes ou não de exposição à infecção pelo vírus rábico. CONFIRMADO → Critério laboratorial: Caso suspeito com sintomatologia compatível, para a qual a IFD ou PCR, foi positiva para raiva. CRITÉRIO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO → Paciente com quadro neurológico agudo (encefalite), que apresente formas de hiperatividade, seguido de síndrome paralítica com progressão para coma, sem possibilidade de diagnóstico laboratorial, mas com antecedente de exposição a uma provável fonte de infecção. TRATAMENTO • Não existe tratamento para esta doença e a probabilidade de morte para as pessoas infectadas é extremamente alta; • Os poucos que sobrevivem ficam com graves sequelas; • É por isso que a profilaxia pré-exposição (vacina) é tão importante. PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO • A primeira providência a ser tomada é SEMPRE lavar muito bem a área afetada com bastante água corrente e sabão (vírus envelopado). • Observar o aparecimento de infecção secundária na ferida. • Vacina Inativada: deverá ser feito em 4 doses; via de administração intramuscular profunda utilizando dose completa. É importante pois o vírus demora para se multiplicar no organismo, portanto, poderá fazer efeito. • Soro Antirrábico (SAR) ou Imunoglobulina Humana Antirrábica (IGHAR): é feito de imunoglobulinas específicas contra o vírus da raiva e confere imunidade passiva transitória. RESPOSTA IMUNE → A raiva é fatal desde que a doença clínica seja aparente. → As proteínas virais inibem a apoptose e a ação do interferon. → A imunidade celular parece desempenhar pouco ou nenhum papel na proteção contra a infecção pelo vírus da raiva - É minimamente citolítica e raramente causa lesões inflamatórias. → Os anticorpos podem bloquear a disseminação do vírus para o SNC e o cérebro, se administrados ou gerados pela vacinação durante o período de incubação. → Período de incubação longo – permite a geração de resposta terapêutica por anticorpos protetores após a imunização ativa com a vacina de vírus rábico inativado. ENTEROVÍRUS INTRODUÇÃO • Vírus onipresentes encontrados em todo o mundo e são transmitidos de pessoa para pessoa, principalmente por meio de contato fecal-oral. • Os poliovírus, enterovírus prototípicos, são a causa da poliomielite, erradicada em diversos países. • Os enterovírus que não são da poliomielite (coxsackievírus A e B, echo vírus e enterovírus). AGENTE ETIOLÓGICO → Família: Picornaviridae; → Gênero: Enterovírus; → Espécie: Poliovírus, Coxsackievírus A e B, Vírus Echo e Enterovírus. → Pequenos (pico) vírus de RNA positivo com capsídeo (alta resistência ao meio ambiente) e não envelopado. TROPISMO Poliovírus, alguns coxsackievírus e rinovírus: se ligam à molécula de adesão intercelular-1 (ICAM-1): • Epiteliais; • Fibroblastos; • Células endoteliais.4 POLIOMIELITE → Família: Picornaviridae. → Gênero: Enterovírus. → Espécie: Enterovírus C. → Infecção viral da infância, caracterizada por paralisia flácida aguda; → Sequelas: paralisia dos membros superiores e inferiores ou dos músculos do pulmão. → Ocorre ao longo do ano, com climas temperados (alta taxa de infecções no verão e outono). → Lactentes: taxa de infecção mais elevada. → Mais comum em homens. → Pode ser assintomática ou pode progredir para doença menor ou maior. → Foi erradicada no Brasil. PREVENÇÃO • Vacina Oral (Sabin); • Vacina inativada intramuscular (Salk). ENTEROVÍRUS NÃO POLIO • Mais de 90% das infecções causadas pelos enterovírus que não são da poliomielite são assintomáticas ou resultam apenas em uma doença febril indiferenciada. • Quando ocorre uma doenças mais grave, o aspecto clínico e a gravidade da doença variam com a idade e status imunológico do hospedeiro. • Algumas síndromes clínicas (meningite viral e alguns exantemas) são causadas por vários sorotipos de enterovírus. • Outras parecem limitadas a subtipos específicos de enterovírus (doença mão, pé e boca e miocardite). EXANTEMAS • Síndrome mão, pé e boca: doença aguda comum que afeta, principalmente, crianças. • Caracterizada por: febre, vesículas orais na mucosa bucal e na língua e lesões cutâneas pequenas e delicadas distribuídas na periferia das mãos, pés, nádegas e genitais. • Causada pelo enterovírus A71, raramente causa complicações. MENINGITES VIRAIS INTRODUÇÃO • Enterovírus (75 a 90%): Echo, coxsackie e pólio. • Herpes vírus (HSV 1, VZV, CMV, EBV). • Outros (HIV, sarampo, caxumba e rubéola). • Meningite viral (asséptica): mais comumente observada em lactentes. Os enterovírus causam mais de 90% dos casos. • Encefalite: causam aproximadamente 5% de todos os casos de encefalite aguda. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Febre, vômitos, irritabilidade, cefaleia, sinais de irritação meníngea e exantema. → Convulsões frequentes e alterações do nível de consciência e coma são menos frequentes. DIAGNÓSTICO • Diagnóstico clínico; • PCR; • Coleta de líquor cefalorraquidiano (LCR). MENINGITES HERPÉTICAS • A meningoencefalite pode ser resultante de infecção primária ou reativação dos herpes vírus: HS1 e 2, VZV, CMV, EBV • Principal causa de encefalite: HS1 e 2 • Início agudo, com febre, convulsões, sinais focais, coma, com comprometimento do lobo temporal. • Morbidade e letalidade elevadas. • O prognóstico depende da introdução precoce da terapia antiviral: Aciclovir - EV de 8/8 h por 14 a 21 dias. O Aciclovir só age em células infectadas, nãoagindo, portanto, em vírus latentes. • Diagnóstico: neuroimagem (RNM), eletroencefalograma e PCR. • Tratamento: não existe.
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