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Paracetamol

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Farmanguinhos/Fiocruz Memento Terapêutico211
PARACETAMOL
INDICAÇÕES
• Analgésico • Antitérmico
Paracetamol é usado extensivamente no tratamento da dor leve e moderada
e da febre. É utilizado em situações diversas, como dor artrítica, cefaléia,
mialgia, dismenorréia, dor de dentes e febre.
É de especial utilidade em
pacientes para os quais a aspirina é
contra-indicada. Devido à ausência
de inibição plaquetária ou efeito
adverso gastrointestinal, a droga é
preferível à aspirina nos pacientes,
recebendo anticoagulantes orais,
que tenham distúrbios da coagu-
lação, como os hemofílicos, ou para
aqueles que tenham história de
úlcera péptica, e ainda, nos
pacientes que tem broncoespasmo
precipitado por aspirina.
Paracetamol é também preferido
à aspirina em crianças com infecção
viral, para se evitar o risco de sín-
drome de Reye.
CONTRA-INDICAÇÕES
• Doença hepática grave
• Alcoolismo
POSOLOGIA
• Adultos e crianças acima de 11 anos: 250 a 500 mg a cada 4 ou 6 horas,
se necessário.
— Dose máxima: 4 g ao dia.
— Dose única maior, por exemplo, 1 g pode ser útil para analgesia em alguns
pacientes.
• Crianças: 10 a 15 mg/kg até de 4/4 horas, conforme a necessidade, não
ultrapassando 5 doses em 24 horas. Solução oral pode ser mais adequada
nesta situação.
• Paracetamol não deve ser usado como automedicação para dor por período
de tempo maior que 10 dias em adultos, e 5 dias em crianças, pois uma dor
com tal duração pode indicar uma condição patológica que requeira
avaliação médica.
• Paracetamol não deve ser usado em adultos ou crianças como
automedicação para febre elevada (maior que 39°C), febre persistente
por mais de 3 dias, ou febre recorrente.
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Nome Genérico: paracetamol ou acetaminofeno
Classe Química: derivado p-aminofenol
Classe Terapêutica: analgésico não narcótico, antipirético
Forma Farmacêutica e Apresentação: Paracetamol 500 mg, em
envelope com 10 comprimidos
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• Para se evitar o risco de superdosagem, não mais de 5 doses de Paracetamol
devem ser administradas em crianças para dor ou febre num período de 24
horas, a não ser que indicado por um médico.
• Toxicidade hepática grave tem ocorrido em crianças recebendo múltiplas
doses excessivas de paracetamol, indicando-se não ultrapassar as doses
diárias recomendadas.
“Não use outro produto que contenha paracetamol”.
PRECAUÇÕES
• Tolerância e dependência física ao paracetamol não costumam se desenvolver,
mesmo com o uso prolongado. Entretanto, dependência psicológica pode
acontecer.
• Paracetamol deve ser usado com cuidado em pacientes com anemia, pois
a ocorrência de metahemoglobinemia por superdosagem pode mascarar a
cianose nestes pacientes.
• Pacientes em uso de anticoagulantes orais e paracetamol devem ter o
tempo de protrombina monitorado.
• Alcoólatras crônicos devem evitar o uso regular e excessivo de
paracetamol, pelo maior risco de hepatotoxicidade.
• Administração repetida de paracetamol é contra-indicada em pacientes
com anemia, doença cardíaca, pulmonar, renal ou hepática.
• A possibilidade de ocorrência de toxicidade hepática é um dado importante
em pacientes pediátricos que recebem doses múltiplas e excessivas de
paracetamol. A dose pediátrica deve sempre ser calculada segundo o peso
corporal, não se excedendo a dose máxima permitida.
• Os idosos são mais susceptíveis aos efeitos hepatotóxicos.
GRAVIDEZ E LACTAÇÃO: “categoria B” do FDA (vide pág. 10)
Tem sido usado durante a gravidez com segurança em doses terapêuticas.
Doses altas por tempo prolongado podem provocar anemia na mãe e doença
renal no recém-nascido. Atravessa a placenta e é excretado pelo leite em
concentrações baixas.
EFEITOS ADVERSOS / REAÇÕES COLATERAIS
Paracetamol é relativamente não tóxico, em doses terapêuticas. Reações
dermatológicas, incluindo exantema maculopapular pruriginoso e urticária
têm sido relatadas. Outras reações de sensibilidade, incluindo edema de
laringe, angioedema, reações anafilactóides, podem ocorrer raramente.
Trombocitopenia, leucopenia, pancitopenia têm sido associados com uso
de derivados p-aminofenol, especialmente com administração prolongada
de altas doses. Neutropenia e púrpura trombocitopênica têm ocorrido com
uso de paracetamol. Agranulocitose tem sido relatada raramente em
pacientes recebendo paracetamol.
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Raros ou muito raros
SNC: cefaléia de rebote
AD: hepatite, insuficiência hepática, pancreatite
AGU: cólica renal, insuficiência renal, piúria estéril
HEMAT: agranulocitose, trombocitopenia, anemia, hipoglicemia
DERM: dermatite alérgica, reações alérgicas
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
• 3–anticoagulante: aumento da resposta hipoprotrombinêmica e riscos
de sangramento.
• 3–anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína, carbamazepina):
aumento potencial de hepatotoxicidade na superdosagem.
• 3–colestiramina, colestipol: redução dos níveis de paracetamol e de
seus efeitos.
• 3–etanol: aumento da toxicidade hepática em pacientes com uso crônico
e excessivo de álcool.
• 3–fenotiazínicos: risco de hipotermia grave.
• 3–isoniazida: aumento dos níveis séricos de paracetamol e da
hepatotoxicidade.
• 3–rifampicina, rifabutina: aumento potencial de hepatotoxicidade na
superdosagem.
• 3–zidovudina: possível redução dos efeitos da zidovudina.
SUPERDOSAGEM
• A toxicidade por paracetamol pode resultar de uma única dose tóxica, de
ingestão repetida de grandes doses (por exemplo 7,5 a 10 g/dia por 1 a 2
dias), e de ingestão crônica da droga.
• A necrose hepática é o efeito tóxico agudo mais grave associado com a
superdosagem e é potencialmente fatal. É dose-dependente e se manifesta
por náuseas, vômitos, dor abdominal, geralmente ocorrendo 2 a 3 horas
após a ingestão de doses tóxicas. Paracetamol geralmente não provoca
alterações do equilíbrio ácido-base. Metahemoglobinemia, com cianose da
pele, mucosa e extremidades é um sinal característico da intoxicação por
derivados p-aminofenol como paracetamol.
• As crianças tendem a formar metahemoglobina mais rapidamente que os
adultos. Em pacientes com intoxicação grave, o sangue adquire a coloração
de chocolate, devido à presença de altas concentrações de metahemoglobina.
• Nas intoxicações graves, alterações do SNC, como estimulação, excitação
e delírio, podem ocorrer inicialmente, seguindo-se de depressão, estupor,
hipotermia, prostração acentuada, respiração rápida, pulso rápido e
irregular, hipotensão e falência circulatória. Convulsão e coma geralmente
precedem a morte, que pode ocorrer subitamente ou após vários dias.
• Insuficiência hepática fulminante pode ocorrer em alcoólatras. Em adultos,
a necrose hepática geralmente não ocorre com ingestão de doses menores
que 10 g. A morte é rara em doses menores de 15 g.
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• Se uma superdosagem foi ingerida, o indivíduo deve ser hospitalizado por
vários dias, mesmo sem efeitos aparentes, pois o máximo dano hepático
não se torna aparente antes de 2 a 4 dias após a ingestão da droga.
• Azotemia transitória e necrose tubular renal têm sido relatadas, e a
insuficiência renal geralmente está associada à morte. Necrose miocárdica
e pericardite também têm sido descritas.
• Tratamento
— O tratamento principal são as medidas sintomáticas e de suporte,
incluindo as medidas de suporte fisiológico, como controle respiratório,
de líquidos e eletrólitos.
— Se a ingestão for recente, indução de vômitos com ipeca (15 ml para
crianças e 30 ml para adultos), aspiração e lavagem gástrica devem ser
procedimentos usuais.
— Carvão ativado e catárticos não são aconselhados.
— Independente da dose relatada, acetilcisteína deve ser administrada
imediatamente antes das primeiras 24 horas. Amelhor resposta ocorre
antes de 16 horas da ingestão e particularmente nas primeiras 8 horas,
com utilidade discutível após 36 horas.
— Em pacientes com insuficiência hepática fulminante, a acetilcisteína
pode ser administrada endovenosamente.
— A concentração plasmática de paracetamol deve ser determinada, mas
não antes de 4 horas da ingestão. Esta dosagem é usada para estimar o
potencial de hepatotoxicidade e determinar a necessidade de ajuste na
dose de acetilcisteína.
— Se não houver possibilidade da determinação da concentração plasmática
do paracetamol, deve-se assumir que a superdosagem é potencialmente
tóxica.
— Para tratamento da superdosagem por paracetamol, a acetilcisteína é
administrada por via oral, como solução a 5%. A preparação comercial a 20%
deve ser diluída na razão de 1:3, com líquidos. A solução diluída deve ser
administrada dentro de 1 hora.
— Se o paciente for incapaz de reter persistentemente o medicamento
administrado por via oral, deve ser dado por cateter enteral.
— Independente da dose de paracetamol ingerida, informada, ou estimada,
acetilcisteína deve ser administrada imediatamente, se a ingestão ocorreu
até 24 horas antes.
— Hemodiálise pode ser útil para aumentar a eliminação do paracetamol,
mas geralmente não é recomendada. Diálise peritoneal não é eficaz.
— Toxicidade crônica está geralmente associada com alta incidência de
anemia, dano renal, distúrbios gastrointestinais, incluindo úlcera péptica.
 
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FARMACOLOGIA CLÍNICA
Acetaminofeno, ou paracetamol, é um derivado sintético não-opiáceo do p-
aminofenol.
• Mecanismo de Ação:
Paracetamol produz analgesia e antipirese por mecanismo semelhante aos
salicilatos, inibindo a cicloxigenase no sistema nervoso central. Entretanto,
diferente dos salicilatos, o paracetamol não tem atividade uricosúrica. Há
alguma evidência de que o paracetamol tenha fraca atividade antiinflamatória
em algumas condições não-reumatóides, por exemplo, em pacientes submetidos
à cirurgia bucal. Em doses iguais, a analgesia e antipirese produzidas pelo
paracetamol são semelhantes à produzida pela aspirina.
Paracetamol age no hipotálamo; a dissipação do calor é aumentada como
resultado da vasodilatação e aumento do fluxo sangüíneo periférico. Doses
terapêuticas de paracetamol parecem ter pouco efeito no sistema
cardiovascular e respiratório.
• Farmacocinética:
Paracetamol é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal, mas sua
absorção é diminuída com alimentos. Início de ação em 10 a 30 minutos,
pico de 30 minutos a 2 horas; duração de ação de 3 a 4 horas; metabolizado
no fígado e excretado pelos rins.
Pacientes com insuficiência renal podem acumular metabólitos de
paracetamol.
Em quantidades tóxicas ou doença hepática, a meia-vida pode ser aumentada
duas vezes ou mais.
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