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CURSO DE ENFERMAGEM PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE MENTAL Aula: Reforma Psiquiátrica e Políticas de saúde mental Atividade 2 1 Com base no material postado no Sigaa acerca da aula Reforma Psiquiátrica e a Política de saúde mental no Brasil, destaque as principais legislações e realize uma intelecção sobre as principais mudanças no contexto político e social (desde a Reforma até os dias atuais). LEGISLAÇÕES Lei Federal 10.216 redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios Lei no 10.708- de 31 de julho de 2003 - de volta para casa, institui o auxílio-reabilitação psicossocial para pacientes acometidos de transtornos mentais egressos de internações. Portaria 106, 2000 - Residências Terapêuticas Portaria 3088, 2011 - RAPS Portaria 336, 2002 - CAPS e cuidados Portaria 130, 2012 - CAPS AD III Portaria 3588, 2017 - RAPS e CAPS AD IV Resolução 32/2017 - Fortalecimento da RAPS Em 1989, o deputado Paulo Delgado apresentou o projeto de lei nº 3.657/89, que viria a ser conhecido como a Lei da Reforma Psiquiátrica. O projeto era simples, com três artigos estruturantes: o primeiro impedia a construção ou a contratação de novos hospitais psiquiátricos pelo poder público; o segundo previa o direcionamento dos recursos públicos para a criação de "recursos não- manicomiais de atendimento"; e o terceiro obrigava a comunicação das internações compulsórias à autoridade judiciária. Depois de aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto completou onze anos de substitutivos e postergações no Senado para de lá sair em 1999, numa articulação do parlamentar proponente, do Ministério da Saúde e do movimento antimanicomial. Voltou à Câmara já como projeto substitutivo para nova rodada de negociações, aprovação final e homologação pelo Presidente da República somente em abril de 2001. Grandes, polêmicos, apaixonados e frutíferos debates em todo o país em torno de uma lei, talvez tenha sido o maior subproduto nessa longa quarentena. Enquanto isso, uma avalanche de movimentos por mudança de legislação dos direitos dos enfermos mentais pipocou em muitos lugares em projetos de leis estaduais e municipais similares. Começou pelo Rio Grande do Sul e contagiou o país: mais seis estados e o Distrito Federal. Se, ao longo dos anos 1980, o Movimento da Reforma Psiquiátrica inicia uma estreita relação com os movimentos sociais, nos anos 90 solidifica essa união. E é o emergente Movimento da Luta Antimanicomial, a partir do seu I Encontro em Salvador, Bahia em 1993, que mais tem estado presente nos rumos da RPB nessas últimas décadas, apesar de todas as cisões e disputas internas. O Movimento da Reforma Psiquiátrica é mais amplo. Incorpora a militância do Movimento da Luta Antimanicomial e de suas dissidências, mas também setores contra hegemônicos de governos, sociedade civil, corporações da área, usuários, familiares, Universidades, aparelhos formadores e outros. Foi importante e decisivo para a consolidação de um projeto de saúde com pretensões de acessibilidade universal, reorientação da Saúde Mental no Brasil e a aprovação da sua Lei Federal 10.216/2001. Entretanto o início da tensão dos movimentos sociais com os executores públicos da Reforma no interior do Estado. Momento importante na constatação da tensão dos diferentes grupos envolvidos no processo da Reforma e negociação bem conduzida por um gestor público aconteceu na II Conferência Nacional de Saúde Mental "a democrática", realizada em Brasília em 1992. É um marco histórico da reforma psiquiátrica brasileira com intensa participação dos segmentos sociais envolvidos, onde já 20% dos delegados à conferência foram os usuários e familiares. O relatório final da conferência foi adotado como diretriz oficial para a reestruturação da atenção em saúde mental no Brasil nas gestões de Domingos Sávio Alves, que a quimicamente a conduziu, e nas que se seguiram (Eliane Seidl, Alfredo Schechtman, Ana Pitta, Pedro Gabriel Delgado). As recomendações gerais sobre o modelo de atenção enfatizavam o território e a corresponsabilidade no cuidado como forma de garantir "o direito dos usuários à assistência e à recusa ao tratamento, bem como a obrigação do serviço em não os abandonar à própria sorte. Nos anos 2000 pode-se dizer que o avanço mais consistente da reforma psiquiátrica brasileira acontece nessa década. Um arcabouço normativo importante trata da expansão da rede comunitária e do controle dos hospitais, onde as Portarias 336 e 189 expandem os CAPS e duas portarias, 106 e 1.220, ambas de 2000, instituem os "serviços residenciais terapêuticos (SRT)" a fim de viabilizar a reinserção social na comunidade dos moradores de hospitais cronicamente internados. Aliadas às portarias que deram existência institucional aos CAPS e NAPS (336/2001), se constituem em importantes instrumentos normativos da Reforma. Começa então a era mais vigorosa para a gestão da política de saúde mental no Brasil (2000 - 2011) onde uma equipe dedicada, sob a coordenação de Pedro Gabriel Delgado, liderança respeitada do movimento da luta antimanicomial, geriu de forma competente os interesses da Reforma Psiquiátrica, por uma década. Ainda em 2001, e sob o marco da nova Lei 10.216/2001, aconteceu a III Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília, com grande participação popular e democrática. Representação ampla de todos os setores envolvidos, e precedida por centenas de conferências municipais, regionais e estaduais, em todo Brasil. Ali já aparece a complexidade do campo da Reforma Psiquiátrica claramente delineado: enfrentamento do estigma; reorientação do modelo assistencial com garantia de equidade de acesso; direitos e cidadania com prioridade para a formulação de políticas que fomentem a autonomia dos sujeitos; expansão do financiamento e controle social. Foi uma festa de participação democrática e representação social com mais de dois mil participantes, convidados e testemunhas nacionais e internacionais, onde se pôde ratificar e criticar elementos contidos na Lei. Uma vez homologada a Lei 10.216 em abril de 2001 pelo Presidente da República, fica prescrita a elaboração de "política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida" para o paciente "há longo tempo institucionalizado" e para as situações de "grave dependência institucional". Menciona os chamados "serviços residenciais terapêuticos" e todos os dispositivos assistenciais para cuidar em liberdade. A lei foi o ponto culminante de um processo de normatização da assistência que vinha sendo implementada com o desenho da Reforma através das portarias ministeriais e da indução financeira para tal fim. A substituição progressiva dos manicômios e a implementação da rede de atenção psicossocial que o tornará prescindível, está descrita na lei. De modo não linear e simétrico, e com muitas resistências, essa rede vem sendo construída no território nacional. Depois da então Reforma Psiquiátrica a saúde mental ganhou outros meios com a criação por exemplo do Caps a partir de então os pacientes tiveram várias redes de apoio psiquiátrica de suma importância para receber e acolher esses doentes. Apesar dessas mudanças hoje observamos a carência de profissionais capacitados para tratar desses doentes de maneira holística e satisfatória. A Reforma Psiquiátrica é algo novo e muita coisa precisa melhorar cabendo ao profissional de saúde assim como Nise lutar pelos direitos dos pacientes e trata- lós da melhor forma e proporcionando um cuidado humanizado. 2. Com base no documentário postado: o Holocausto Brasileiro – Manicômio de Barbacena e no filme Nise – o coração da loucura (disponívelno youtube), descreva quais os principais cuidados em saúde mental, os equipamentos de saúde (RAPS) e o papel do Enfermeiro na saúde mental (descrevendo e comparando com os dias atuais). • Ouvir as queixas apresentadas sem menosprezá-las, compreendendo que os sintomas estão presentes no usuário; • Se mostrar disponível para conversar com o usuário sobre sua vida naquele momento, exercitando a empatia e demonstrando interesse sobre o assunto; • Proporcionar ao usuário um momento de reflexão sobre suas queixas e no que está implicando em sua vida e tentar através de intervenções melhorar o a situação do paciente; • Discutir com o usuário/familiares sobre os recursos que poderiam ser acionados para o enfrentamento de suas queixas apresentadas, lembrando-o(s) de sua corresponsabilidade no processo de saúde; • Buscar alternativas para inserir o paciente em saúde mental no meio social das outras pessoas para ele não se sentir excluído da sociedade e sim a população se adaptar e abraçar a causa; A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estabelece os pontos de atenção para o atendimento de pessoas com problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos do uso de crack, álcool e outras drogas. A Rede integra o Sistema Único de Saúde (SUS). A Rede é composta por serviços e equipamentos variados, tais como: os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); os Centros de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs), e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS: serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar. • CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes. • CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. • CAPS I: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. • CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. As residências terapêuticas constituem-se como alternativas de moradia para um grande contingente de pessoas que estão internadas há anos em hospitais psiquiátricos por não contarem com suporte adequado na comunidade. Além disso, essas residências podem servir de apoio a usuários de outros serviços de saúde mental, que não contem com suporte familiar e social suficientes para garantir espaço adequado de moradia Os Centros de Convivência e Cultura Entre os anos de 2003 e 2006, o Ministério da Saúde promoveu a avaliação da inclusão dos Centros de Convivência e Cultura nas redes de atenção à saúde mental das grandes cidades. Dispositivo altamente potente e efetivo na inclusão social das pessoas com transtornos mentais em tratamento, a implantação dos Centros de Convivência e Cultura nos municípios necessita, como requisito prévio, de resposta pública efetiva e consolidada para os transtornos mentais severos e persistentes. O processo de discussão dos Centros possibilitou ao Ministério da Saúde a recomendação, especialmente a partir de 2005. A implementação destes dispositivos em municípios com uma boa rede CAPS e com população superior a 200.000 habitantes. A política de financiamento para estes serviços ainda está em construção, e, a partir de 2006, passa a ser articulada junto ao Ministério da Cultura uma estratégia de inclusão destes serviços no programa de Pontos de Cultura do MINC. Existem hoje aproximadamente 60 Centros de Convivência e Cultura em funcionamento no país, em sua maioria concentrados nos municípios de Belo Horizonte, Campinas e São Paulo. As Unidade de Acolhimento (UA) são serviços residenciais de caráter transitório (com um tempo de permanência determinado) que, articulados aos outros pontos de atendimento da RAPS, tem como objetivo oferecer acolhimento e cuidados contínuos de saúde. As UA funcionam 24 horas, 7 dias por semana e são voltadas para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, de ambos os sexos, que apresentem acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar e precisam de acompanhamento terapêutico e proteção temporária. O tempo de permanência na Unidade de Acolhimento é de até seis meses. As Unidades de Acolhimento são divididas em: I- Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) - destinada às pessoas maiores de 18 (dezoito) anos, de ambos os sexos; e II- Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil (Uai) - destinada às crianças e aos adolescentes, entre 10 (dez) e 18 (dezoito) anos incompletos, de ambos os sexos. As UA contam com equipe qualificada e funcionam exatamente como uma casa, onde o usuário será acolhido e abrigado, enquanto seu tratamento e projeto de vida acontecem nos diversos pontos da RAPS”. REFERÊNCIAS Material disponível no SIGAA.
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