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X | MATEUS LÓSSIO S A N G R A ME N TO GE N I TO U R I N Á RI O FONTES: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK560693/; https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15097798/ ; https://www.aafp.org/afp/2000/0515/p3090.html; FEBRASGO (https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/FEMINAZ1Z-ZAtualizada.pdf; https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/11-SANGRAMENTO_UTERINO_ANORMAL.pdf), MEDCURSO2019 S A N G R A ME NT O ME NT RU A L N OR M A L O sangramento menstrual normal, ao final de um ciclo ovulatório, resulta da queda dos níveis de estrogênio e progesterona, secundária à regressão do corpo lúteo. Em geral, uma paciente apresenta os mesmos parâmetros de sangramento menstrual durante toda a menacme. Por esse motivo, a queixa de mudança de padrão menstrual é a informação mais importante na definição do Sangramento Uterino Anormal (SUA). S A N G R A ME N TO G E NI T O U RI N Á R I O FE MI N I NO O sangramento vaginal pode ter origem em qualquer local do trato genital, incluindo vulva, vagina, colo do útero e útero. Quando o sangramento vaginal se origina no útero, considera-se sangramento uterino anormal (SUA), distúrbio em que algum parâmetro do sangramento normal está alterado, como quantidade, duração ou frequência. E T I OL O G I A É múltipla. E pode ocorrer em qualquer fase do ciclo reprodutivo. Pode ser causado por uma grande variedade de doenças locais, sistêmicas ou medicamentos. Entretanto, muitos casos estão relacionados à gravidez, a afecções intrauterinas (leiomiomas, pólipos, adenomiose), à anovulação, a distúrbios da coagulação, ou neoplasia. MNEMÔNICO: PALM-COEIN Pólipo uterinos Adenomiose Leiomiose Malignidades e hiperplasia de endométrio Coagulopatia Ovulação anormal (Disfunção ovulatória Endométrio Iatrogenia Não classificadas Causa mais frequente de sangramento vaginal: Na menacme/perimenopausa: Anovulação Na Pós-menopausa: Atrofia do endométrio [FEBRASGO] e Terapia de reposição hormonal (TH) Na atrofia. Como o tecido se torna fino sem o estímulo dos hormônios, os vasos ficam mais expostos e propensos a sangrar. O estabelecimento de sua causa específica é o que orienta a conduta terapêutica. Em linhas gerais, a etiologia do SUA pode ser dividida em duas grandes categorias: ✓ Orgânicas(SUA): Inclui gravidez e situações correlatas, doenças sistêmicas, doenças pélvicas, traumas e uso de medicamentos ✓ Disfuncional (SUD): por definição, é o sangramento de origem uterina, na ausência de gravidez, doença pélvica ou sistêmica, atribuída às alterações nos mecanismos endocrinológicos que controlam a menstruação. SUD é um diagnóstico de exclusão. Dessa forma, esse diagnóstico só pode ser atribuído quando todas as causas orgânicas forem afastadas. Assim, todo SUD é um SUA, mas nem todo SUA é um SUD. A origem se deve, exclusivamente, a uma ação hormonal irregular sobre o endométrio. ADULTOS – IDADE REPRODUTIVA MENACME – PRINCIPAIS CAUSA - PONTUANDO Fontes são controversas. Berek & Novak’s Gynecology➔ SUD é a causa mais comum Rotinas em Ginecologia (2011) ➔ Gravidez não diagnosticada anovulia. Ginecologia Ambulatorial Baseada em Evidências Científicas (2016) ➔ Anormalidades da gestação Anormalidades da gestação – Abortamento, pranhez ectópica e gestação molar (Hemorragia excessiva ou prolongada) Ginecopatias - Pólipos, leiomiomas, adenomiose Afecções endócrinas ou sistêmicas – SOP, DM, tireoideopatias, hiperprolactectinemia, disfunções hipotalâmicas, doenças primárias da hipófise, disfunções renais podem desencadear anovulação e por conseguinte, SUA. ▪ Hipotireoidismo = Menorragia ▪ Hipertireoidismo = Oligomenorreia ou amenorreia, ou aumentar os níveis de estrogênio, que cuminam em SUA ▪ A causa mais comum de hiperfunção da tireoide na idade reprodutiva é a doença de graves Anormalidades hematológicas – Leucemia e trombocitopenia ( devido à púrpura trombocitopenia idiopática, ao hiperesplenismo, ou a doenças sistêmicas – insuficiência renal crônica) podem ter como primeira manifestação clínica o SUA. E também deficiência dos fatores de coagulação Medicamentosa/ Hormônios exógenos – ACO (Está relacionado a sangramento de escape (Spotting ou sangramento intermenstrual) em 30-40% das mulheres, durante os 3 primeiros meses de uso de pílulas combinadas. O tratamento deste sangramento intermenstrual é quase sempre expectante e consiste na ênfase da tomada regular da pílula, já que sua frequência diminui a cada mês subsequente de uso do ACO. DIU de cobre (Corpo estranho) – causa uma resposta inflamatória na cavidade uterina, que pode desencadear uma hipertrofia do endométrio no sítio de inflamação e resultar em sangramento intermenstrual (de escape). O tratamento do sangramento irregular, com estas modalidades de contracepção hormonal, varia da tranquilização da paciente e conduta expectante no início, até recomendações de substituição do método ou esquema de administração do hormônio. O acréscimo de estrogênio oral melhora o sangramento que ocorre com o uso de DMPA e com o Levonorgestrel subdérmico. O uso de Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINE) diminui o sangramento intermenstrual. Infecção - Sangramento irregular ou pós-coito pode estar associado à cervicite por clamídia. ▪ Deve-se considerar o exame cervical para pesquisa de clamídia em adolescentes, mulheres entre 20 e 30 anos, e mulheres que não mantenham relação monogâmica. Neoplasia - O sangramento anormal é o sintoma mais frequente em mulheres com câncer cervical invasivo. ▪ O estrogênio sem oposição da progesterona foi associado a várias anormalidades do endométrio, desde hiperplasia cística até hiperplasia adenomatosa, hiperplasia com atipia celular, e carcinoma invasivo. D I A G N Ó ST I C O SU A De onde vem o sangramento (útero, vagina, vulva)? Qual é a idade da paciente? Ela é sexualmente ativa? Ela pode estar grávida? Como é o padrão do seu ciclo menstrual? Existem sintomas de anovulação? Como é a natureza do SUA (frequência, duração, volume, relação com o coito)? Em que período ele ocorre (menstrual, intermenstrual)? Existem alguns sintomas associados? Ela possui alguma doença sistêmica ou está em uso de alguma medicação? Houve alguma mudança no peso corporal, possivelmente relacionada com uma desordem alimentar, exercício físico excessivo, doença ou estresse? Existe uma história pessoal ou familiar de uma desordem menstrual? Exames ▪ Suspeita de doenças relacionadas (TSH, T4 livre, coagulograma, contagem de plaquetas, provas de função hepática, prolactina). Além de teste de gravidez, hemograma e ferritina e hormônios sexuais Quando o fluxo menstrual é superior a 80 ml p/ cico, a concentração de ferro sérico diminui rapidamente e se alteração todos os outros padrões hematimétricos (Com isso, Anemia e SUA estão correlacionados) Hemograma deve ser realizado em todas as pacientes com SUA, mas ferritina, apenas em pacientes com fluxo superior a 80 ml. Exames de imagem: ▪ USG (Transvaginal) [USGTV]– 1ª escolha (avaliação da espessura endometrial, bem como do miométrio, da forma e do volume do útero e dos anexos.) Se a paciente ainda não tiver iniciado sua vida sexual ou não tolerar o uso da sonda transvaginal, a USG pélvica transabdominal deve ser solicitada. Ponto de corte normal da espessura endometrial: 4-5mm ▪ Histerossonografia (HSS): método de boa acurácia para identificação de anormalidades estruturais uterinas. ▪ RM: Pode ser utilizada quando a USGTV for inconclusiva. Não deve ser 1ª escolha X | MATEUS LÓSSIO ▪ Biópsia de endométrio: O estudo histopatológico é padrão ouro para o diagnóstico de afecções endometriais. Deve ser realizada para Indicações: Sangramento menstrual intermenstrual persistente, SUA em maiores de 45 anos e falha no tratamento Em geral, a biópsia é realizada às cegas, por aspiração com cânula de Pipelleou cureta de Novak. CONVÉM LEMBRAR QUE O MÉTODO IDEAL É BIÓPSIA ENDOMETRIAL DIRIGIDA POR HISTEROSCOPIA. ▪ HISTEROSCOPIA (HSC): método padrão-ouro para investigação endometrial, pois além da visualização direta da cavidade uterina, permite a coleta de material para estudo histopatológico através da biópsia dirigida, em áreas específicas do endométrio, com maior probabilidade de diagnosticar uma lesão. Em determinadas situações, ela é também terapêutica, pois permite a excisão de pólipos, leiomiomas submucosos, sinéquias e a realização de ablação endometrial. Mas ela deve ser usada como método diagnóstico do SUA apenas quando a USGTV for inconclusiva (ex.: espessamento endometrial ou suspeita de câncer endometrial) para determinar a exata localização e natureza da lesão. Exame físico: Procurar por pólipos e leiomiomas ou outros sinais de SUA T R A T A ME NT O O objetivo do tratamento é a redução do fluxo menstrual, reduzindo morbidade e melhorando a qualidade de vida. O tratamento por meio de terapêutica farmacológica ou medicamentosa é considerado a primeira linha a ser seguida, sempre que possível. A, adenomiose; BE, biópsia endometrial; C, coagulopatia; DM, diabetes melito; E, endometrial; HSC, histeroscopia; I, iatrogênica; L, leiomioma; M, malignidade; O, disfunções ovulatórias; P, pólipo; RM, ressonância magnética; SIS, histerossonografia (do inglês saline infusion sonohysterography); SUA, sangramento uterino anormal; TH, terapia hormonal; US, ultrassonografia. D E FI N IÇ Ã O SU D – S A N GR A M EN T O UT ER IN O DI S FU NC I O N AL Disfuncional (SUD): por definição, é o sangramento de origem uterina, na ausência de gravidez, doença pélvica ou sistêmica, atribuída às alterações nos mecanismos endocrinológicos que controlam a menstruação. Refere-se, especificamente, a um SUA, cuja origem se deve, exclusivamente, a uma ação hormonal irregular sobre o endométrio. Na maioria das vezes, o SUD acomete mulheres nos extremos da vida reprodutiva, em bora possa ocorrer em qualquer época da menacme. Aproximadamente 20% das pacientes são adolescentes, enquanto 50% situam- se na faixa dos 40 a 50 anos. DI AGNÓSTICO O diagnóstico de SUD é essencialmente clínico, pois ele só é corrigido com hormonioterapia. Se não for corrigido, certamente não é disfuncional e é, consequentemente, de causa orgânica. Anamnese Os pontos principais a serem investigados: ➢ - História menstrual (intervalo, volume e duração); ➢ - Uso de medicações (hormônios, sulpirida, metoclopramida, tranquilizantes, entre outros); ➢ - Coagulopatias (doença de von Willebrand, púrpura trombocitopênica idiopática, deficiência de protrombina, distúrbios que levam a deficiência ou disfunção plaquetária, como leucemias e hiperesplenismo); ➢ - Doenças associadas. Exame físico ➢ - Há sangramento oriundo da vulva, ânus, colo, uretra? ➢ - O que o toque vaginal bimanual revela quanto ao volume, superfície, mobilidade e dor uterinas? ➢ - Há obesidade, sinais de hiperandrogenismo, acantose nigricans? ➢ - Há aumento da tireoide? ➢ - Há presença de equimoses? ➢ - Há presença de galactorreia? Exames complementares: A solicitação será direcionada aos achados da anamnese e do exame físico: ➢ - Hemograma completo (hematócrito / plaquetas); Beta-hCG - TSH / Prolactina; - Coagulograma (PTT / TAP / fator VIII) - Provas de função renal / hepática – Colpocitologia - Ultrassonografia transvaginal - Histerossonografia; - Histeroscopia com biópsia dirigida (pacientes com fatores de risco para Ca de endométrio) H I P E R P L AS I A E N DO ME T RI AL - HE A hiperplasia endometrial significa crescimento excessivo do revestimento interno do útero. Sendo caracterizada por um aumento da relação glândula- estroma endometrial quando comparada ao endométrio proliferativo normal. Pode ser dividida em: Simples: cujas glândulas dilatadas ou císticas possuem formato redondo ou ligeiramente angular, sem aumento da razão glândula- estroma Complexa: Quando há aglomeração de glândulas, com menos estroma interposto, mas sem atipia. A hiperplasia endometrial é um distúrbio comum que ocorre devido à exposição a estrogênio exógeno ou endógeno junto com uma deficiência relativa de progesterona. Essa condição, resultado da estimulação estrogênica sem oposição do tecido endometrial com uma deficiência relativa dos efeitos de contrapeso da progesterona, leva a uma proliferação desordenada das glândulas endometriais. RELEVÂNCIA: A HE é um precursor do câncer ginecológico mais comum diagnosticado em mulheres: o Câncer Endometrial. Ou seja, a relevância do conhecimento dessa doença reside na associação do risco de progressão para o CE, além da hiperplasia atípica ser considerada uma lesão precursora do CE do tipo endometrioide. Dessa maneira, a hiperplasia endometrial, se não tratada, tem a propensão de evoluir para câncer endometrial Q U AD R O C L Í N IC O O quadro clínico é caracterizado por episódios de SUA [Apresentação mais comum] na peri ou na pós-menopausa, mas uma pequena parcela das pacientes cursa assintomática. Pré-menopausa e Perimenopausa – sangramento intermenstrual ou menstruação prolongada e frequentemente tem antecedente de menstruarão irregular, disfuncional, que sugere anovulação Pós-menopausa – sangramento pós menopausa (> 12M + s/terapia hormonal) EXAME FÍSICO - da paciente raramente mostra evidências sugestivas, mas, em casos avançados, pode haver ascite, metástases hepáticas ou omentais palpáveis ao exame abdominal. D I A G N Ó ST I C O DE H E E CE USG transvaginal com medida da espessura da linha endometrial – 1ª Escolha ✓ Caso espessamento seja ≥ 4mm na pós menopausa deve ser investigado com biópsia ✓ Se < 4 mm e ausência de qualquer irregularidade no endométrio, a biópsia de endométrio será necessária se houver recorrência do sangramento. ✓ Nas pacientes na pós-menopausa em uso de TH, assintomáticas, o limite superior da linha endometrial é 8 mm. Se apresentarem sangramento vaginal, a biópsia é necessária se > 5 mm. Histeroscopia – Método de escolha ✓ A biópsia endometrial com Pipelle é realizada ambulatorialmente, e a histeroscopia cirúrgica é indicada caso não seja possível realizar o procedimento ambulatorial ou para aquelas com alto risco de câncer. A biópsia dirigida por histeroscopia é o método de escolha, visto que permite uma avaliação pré-operatória segura da invasão cervical pelo tumor. Obs.: Uso de tamoxifeno – Estrógeno oral indicado para tto de CA de mama. As mulheres em uso de tamoxifeno menopausadas devem ser informadas sobre o risco aumentado de HE, CE e sarcoma endometrial. Qualquer sangramento vaginal na usuária de tamoxifeno menopausada deve ser investigado com biópsia. T R A T A ME NT O Manejo: ✓ Hiperplasia benigna – Observação com biópsia de endométrio (Para avaliar sua regressão) o Porém o tto inicial com prostagenos tem taxa de regressão. A melhor alternativa consiste em SIU (sistema intrauterino liberador de levonorgestrel) [Primeira linha], tendo como outra opção o uso de progestágenos contínuos. o Risco < 5% em 20 anos e a maioria regride espontaneamente ✓ Histerectomia – Recomendações: o Mulheres que não desejam preservar a fertilidade o Mulheres que tiveram progressão para hiperplasia maligna o Quando não houve remissão histológica após 12 meses de tratamento ou em caso de recidiva ✓ Hiperplasia atípica – Indicação: o Histerectomia total c/ ou s/ salpingo-ooforectomia bilateral, preferencialmente por via laparoscópica. o Caso a paciente queira manter a fertilidade – SIU + histerectomia, assim que a prole estiver completa X | MATEUS LÓSSIO C A D E E N DO MET R I O - CE I N T R O O câncer de endométrio é a sexta neoplasia maligna mais frequente do sexo feminino, tendo como tipo histológico mais comum o adenocarcinoma endometrioide e idade média de apresentação 60 anos. Fatores de risco– Estão associados aos efeitos proliferativos da exposição prolongada ao estrógeno: ✓ Antecedentes familiares de câncer de endométrio, síndrome de Lynch tipo II, menarca precoce, menopausa tardia, terapia de reposição hormonal estrogênica isolada, passado de anovulação crônica, nuliparidade, uso de tamoxifeno, tumores ovarianos produtores de estrógenos, obesidade, diabetes mellitus, antecedentes pessoais de irradiação da pelve, doenças da vesícula biliar, história de câncer de mama, presença de BRCA. ✓ FR mais importante – OBSIDADE, estando associada ao hiperestrogenismo endógeno. Fatores protetores – Destacam-se: ✓ Prática regular de exercício, hábitos alimentares saudáveis, manutenção do peso corporal adequado, tabagismo, multiparidade, uso de anticoncepcionais orais combinados por mais de 12 meses, uso de sistema intrauterino liberador de levonorgestrel. OBS.: a síndrome de Lynch tipo II é uma doença autossômica dominante que aumenta a predisposição à câncer colorretal e a tumores ginecológicos. Para essas pacientes, recomenda-se rastreio com exame ginecológico, USG transvaginal e biópsia endometrial a partir dos 35 anos, com repetição anual, até a realização de histerectomia total profilática, que deve ser oferecida a partir dos 40 anos. TIPO De acordo com o tipo patogênico, o câncer endometrial pode ser dividido em: ✓ Tipo I: mais frequente, acomete mulheres na perimenopausa, com história de exposição estrogênica sem a oposição de progesterona. O tumor tem origem a partir de um endométrio hiperplásico, podendo ser bem ou moderadamente diferenciado, com melhor prognostico. ✓ Tipo II: não possui associação com hiperestrogenismo e hiperplasia endometrial, com origem a partir do endométrio atrófico. Tende a acometer mulheres mais velhas, magras e na pós-menopausa, sendo menos diferenciado e menos sensível aos progestágenos, com pior prognóstico. Como exemplo, destaca-se o carcinoma de células claras. D I A G N Ó ST I C O DE H E E CE USG transvaginal com medida da espessura da linha endometrial – 1ª Escolha ✓ Caso espessamento seja ≥ 4mm na pós menopausa deve ser investigado com biópsia ✓ Se < 4 mm e ausência de qualquer irregularidade no endométrio, a biópsia de endométrio será necessária se houver recorrência do sangramento. ✓ Nas pacientes na pós-menopausa em uso de TH, assintomáticas, o limite superior da linha endometrial é 8 mm. Se apresentarem sangramento vaginal, a biópsia é necessária se > 5 mm. Histeroscopia – Método de escolha ✓ A biópsia endometrial com Pipelle é realizada ambulatorialmente, e a histeroscopia cirúrgica é INDICADA caso não seja possível realizar o procedimento ambulatorial ou PARA AQUELAS COM ALTO RISCO DE CÂNCER. A biópsia dirigida por histeroscopia é o método de escolha, visto que permite uma avaliação pré- operatória segura da invasão cervical pelo tumor. Obs.: Uso de tamoxifeno – Estrógeno oral indicado para tto de CA de mama. As mulheres em uso de tamoxifeno menopausadas devem ser informadas sobre o risco aumentado de HE, CE e sarcoma endometrial. Qualquer sangramento vaginal na usuária de tamoxifeno menopausada deve ser investigado com biópsia. COMPLEMENTANDO Avaliação pré-operatória é composta por USG, RM pélvica, TC de tórax, abdome e pelve, cistoscopia e colonoscopia, a fim de avaliar a profundidade da invasão e a disseminação tumoral, sendo indicada para pacientes com indícios de doença extrauterina ou alto risco de metástases. Porém, o estadiamento é cirúrgico, segundo a FIGO, sendo o protocolo composto por lavado peritoneal, exploração cuidadosa do conteúdo intra-abdominal e histerectomia total extrafascial com salpingo-ooforectomia bilateral, sendo a linfadenectomia reservada para casos com características de alto risco ou na suspeita de invasão. A presença de citologia peritoneal positiva indica que a doença é extensa, sendo recomendado linfadenectomia. A manutenção dos anexos pode ser considerada em pacientes jovens e sem risco de neoplasia ovariana, com neoplasia de baixo grau e estádio precoce, sem doença extrauterina. OBS.: os principais sítios de metástase à distância são pulmão e fígado. T R A T A ME NT O Estágio I [Tumor limitado ao corpo uterino c/ ou s/ invasão miometrial]- Têm como tratamento cirúrgico padrão a histerectomia total extrafascial com salpingo-ooforectomia bilateral, com linfadenectomia de acordo com as características do caso o Se a paciente possuir carcinoma de células clara ou carcinoma seroso, recomenda-se omentectomia. Estágio II [Tumor invade estroma cervical, más não se estende além do útero]- Tendo como outra alternativa a histerectomia simples associada à radioterapia. o Nesse estágio, as pacientes devem ser submetidas à linfadenectomia pélvica e para-aórtica. Estágio III e IV: São manejados com ressecção cirúrgica de toda doença visível e linfadenectomia sistemática, podendo ser indicada radioterapia externa adjuvante. o III – Tumor c/ extensão local e/ou regional o IV – Metástases intra ou extra-abdominal Quimioterapia neoadjuvante - deve ser considerada para pacientes com tumor avançado e que não são candidatas à cirurgia, por meio do esquema de carboplatina e paclitaxel. Tratamento Hormonal (acetato de medroxiprogesterona ou acetato de megestrol)- Também pode ser recomendado para tumores avançados ou recorrentes, sendo a positividade para receptor de estrógeno e/ou progesterona um fator preditivo de resposta. o A quimioterapia adjuvante é considerada para pacientes com carcinoma não endometrioide. o INDICADO PARA PACIENTES QUE DESEJAM MANTER A FERTILIDADE, (acetato de medroxiprogesterona ou megestrol), tendo como outra alternativa o SIU (Sistema intrauterino Liberado de Levonegestrel) • As biópsias endometriais devem ser feitas a cada 3-6 meses no primeiro ano, seguindo com frequência bianual, preferencialmente por histeroscopia cirúrgica. • Após ausência de neoplasia por 6 meses, a paciente é encorajada a engravidar, sendo a histerectomia indicada assim que a prole estiver completa. EXTRA: A histerectomia total pode ser considerada em caso de sangramento pós- menopausa recorrente já investigado, com biópsia negativa. X | MATEUS LÓSSIO A T R OF I A D E E N D OME T RI O / E N D OM ET R I TE AT R OF I C A A atrofia endometrial é um fenómeno fisiológico na pós-menopausa e pode dar origem a metrorragias [Intervalos irregulares, c/ duração +- prolongada e fluxo normal] (30%). Resumidamente - Como o tecido se torna fino sem o estímulo dos hormônios, os vasos ficam mais expostos e propensos a sangrar. Devido ao declínio dos níveis de estrogênio, as mulheres que estão na meia-idade ou mais frequentemente apresentam sintomas de vaginite atrófica. Com isso há a diminuição da espessura da camada epitelial colocando os capilares mais próximos da superfície endometrial. Estas alterações, associadas à diminuição glandular e aumento da fragilidade do estroma endometrial, explicam o aparecimento de pequenas metrorragias na ausência de qualquer outra causa orgânica A condição que pode ser atribuída à deficiência de estrogênio, ela pode ocorrer em mulheres na pré-menopausa que tomam medicamentos antiestrogênicos ou que apresentam condições médicas ou cirúrgicas que resultam em níveis reduzidos de estrogênio e mulheres pós-menopausa. S I N T O M A S Os primeiros sintomas são diminuição da lubrificação vaginal, seguidos por outros sintomas vaginais e urinários que podem ser exacerbados por infecção superposta. - Sintomas genitais incluem: Secura, queimação, dispareunia, perda de secreções vaginais, leucorréia, prurido vulvar, sensação de pressão, coceira e secreção amarela e fétida - Sintomas vaginais incluem: Desconforto uretral, frequência, hematúria, infecção do trato urinário, disúria e incontinência de esforço Todos os sintomas de vaginite atrófica podem ser exacerbados por uma infecçãosimultânea de candidíase, tricomoníase ou vaginose bacteriana. Além disso, com o tempo, a falta de lubrificação vaginal frequentemente resulta em disfunção sexual e sofrimento emocional associado. Uma vez que outras causas de sintomas tenham sido eliminadas, o tratamento geralmente depende da reposição de estrogênio. D I A G N Ó ST I C O É importante não presumir um diagnóstico de vaginite atrófica (ou apenas um diagnóstico de vaginite atrófica) na paciente pós-menopausa que se apresenta com queixas urogenitais. A história do paciente deve incluir atenção aos agentes exógenos que podem causar ou agravar ainda mais os sintomas. Perfumes, pós, sabonetes, desodorantes, cuecas, espermicidas e lubrificantes geralmente contêm compostos irritantes. Além disso, roupas justas e o uso prolongado de absorventes perineais ou materiais sintéticos podem piorar os sintomas atróficos. EXAME FÍSI CO Vários sinais de atrofia vaginal serão evidentes. O epitélio atrófico parece pálido, liso e brilhante. Frequentemente, pode haver inflamação com eritema irregular, petéquias e aumento da friabilidade. A genitália externa deve ser examinada quanto à elasticidade diminuída, turgor da pele, esparsidade dos pelos pubianos, secura dos lábios, dermatoses vulvares, lesões vulvares e fusão dos pequenos lábios A estenose introdutória para uma largura menor que dois dedos e a profundidade vaginal diminuída serão aparentes; se essas condições não forem diagnosticadas antes da inserção do espéculo, o exame pélvico causará dor considerável. O epitélio vaginal friável e pouco rugoso é mais sujeito a danos traumáticos. Equimoses e lacerações menores na região periintroital e fourchette posterior também podem ocorrer após o coito ou durante um exame com espéculo. O exame vaginal ou a atividade sexual podem resultar em sangramento ou manchas vaginais. Os sinais de irritação vulvar causados pela incontinência urinária também podem ser identificados no exame pélvico. Cistocele, pólipos uretrais, carúnculo uretral, eversão da mucosa uretral, prolapso de órgão pélvico e retocele frequentemente acompanham a vaginite atrófica. EXAME S LABORATORI AIS Níveis séricos de hormônios e esfregaço de Papanicolau, podem confirmar a presença de atrofia urogenital T R A T A ME NT O A terapia de reposição de estrogênio pode ser fornecida sistemicamente ou localmente, mas a dosagem e o método de administração devem ser individualizados. Hidratantes e lubrificantes vaginais e a participação no coito também podem ser benéficos no tratamento de mulheres com vaginite atrófica. CI: As contraindicações à terapia com estrogênio incluem tumores sensíveis ao estrogênio, insuficiência hepática em estágio terminal e uma história pregressa de tromboembolização relacionada ao estrogênio TTO SI STEMICO A administração sistêmica de estrogênio demonstrou ter um efeito terapêutico nos sintomas da vaginite atrófica. Vantagens adicionais da administração sistêmica incluem uma diminuição na perda óssea pós-menopausa e alívio da disfunção vasomotora (afrontamentos). Pode ser necessário até 24 meses de terapia para erradicar totalmente a secura; no entanto, alguns pacientes não respondem totalmente, mesmo a este regime de tratamento. ADM TRANSVAGI NAL Outras opções de tratamento incluem a administração transvaginal de estrogênio na forma de cremes, pessários ou anel de liberação de hormônio (Estring). O tratamento com uma dose baixa de estrogênio transvaginal provou ser eficaz no alívio dos sintomas sem causar proliferação significativa do epitélio vaginal. Desvantagens - aversão do paciente a manipulação vaginal, menor prevenção da perda óssea e disfunção vasomotora. Vantagem - do tratamento transvaginal pode ser uma diminuição do risco de carcinoma endometrial porque uma quantidade menor de hormônio é necessária para eliminar os sintomas urogenitais. SOBRE A ATIVI DADE SEXUAL A atividade sexual é uma receita saudável para mulheres na pós-menopausa que têm um epitélio vaginal substancialmente estrogenizado. Foi demonstrado que estimula a elasticidade e flexibilidade vaginais e a resposta lubrificante à estimulação sexual. Mulheres que participam da atividade sexual relatam menos sintomas de vaginite atrófica e, no exame vaginal, têm menos evidências de estenose e encolhimento em comparação com mulheres sexualmente inativas. Existe uma relação negativa entre a atividade coital, incluindo a masturbação, e os sintomas de atrofia vaginal X | MATEUS LÓSSIO S A N G R A ME N TO G E NI T O U RI N Á R I O M AS C ULI N O No homem, o sangramento geniturinário se apresenta como hematúria, que pode ser micro ou macro, tendo como principais hipóteses: ➢ Lesão por trauma, ➢ Infecção urinária, ➢ Nefrolitíase, ➢ Tumor de bexiga, ➢ Tuberculose renal, ➢ Necrose de papila, ➢ Coagulopatias, ➢ Trombose de veia renal, ➢ Tumor renal, ➢ Tumor de próstata. C A D E B EX I G A E P I DE M I OL O G I A Fator de risco ✓ Idade entre 60-70 anos ✓ Sexo masculino ✓ Tabagismo ✓ Abuso de analgésicos derivados de fenacetina ✓ Cistite crônica ✓ Calculo vesical ✓ Irritação pélvica ✓ Uso de ciclofosfamida ✓ Exposição a arilaminas e tintas artificiais ✓ Dieta rica em carne e gordura ✓ Infecção por Schistosoma haematobium P A T O L O GI A Características do tumor ✓ O principal tipo é o papilar. Descrito como exofítica na parede vesical. Podendo ser de alto ou baixo grau o A neoplasia de baixo grau É mais frequente em homens. Recorrência de 20-40% Progride c/ invasão de 0-8% É multifocal o Tumor de alto grau É incomum, c/ alta taxa de recidiva e maior risco de invasão Ex: Carcinomas in situ Os tumores de crescimento plano são carcinomas in situ, considerados lesões de alto grau, com metástase em metade dos casos invasivos. Os carcinomas de células transicionais se disseminam por contiguidade, pela via linfática e pela via hematogênica, tendo como principais sítios de metástase à distância o fígado, o pulmão e os ossos. M A N I FE S T AÇ Õ E S CL ÍN I C A S A maioria dos casos cursa com hematúria macroscópica indolor, que pode conter coágulos de sangue, sendo acompanhada algumas vezes por sintomas vesicais irritativos, como disúria, polaciúria, urgência miccional. D I A G N Ó ST I C O Todo paciente > 40 anos que apresenta hematúria microscópica persistente deve ser investigado. ✓ Método de escolha: TC de vias urinárias s/ constraste ✓ Também se pode solicitar USG de vias urinárias ou pielografia intravenosa. Cistoscopia é mandatória - visto que é capaz de detectar tumores superficiais pequenos e permite biópsia, sendo realizada sob anestesia. A citologia urinária deve ser feita de rotina, cuja positividade na ausência de massa visível indica tumor de pelve renal ou ureter. RESULTADO DA BIÓPSI A – ESTADIAMENTO TNM É feito de acordo com o resultado da biópsia, sendo a presença de invasão o dado mais importante Para isso, solicita-se TC ou RM de abdome e de pelve e radiografia de tórax. A cintilografia óssea é indicada quando há sintomas ósseos. T R A T A ME NT O O câncer de bexiga possui alta chance de cura, cuja terapia varia conforme o estadiamento do tumor: Tumor superficial (Ta, Tis, T1): ressecção transuretral via cistoscopia, complementada com terapia intravesical quando houver elevado risco de recidiva ou invasão. Essa terapia consiste na injeção local de quimioterápicos, como mitomicina C, tiotepa ou doxorrubicina, ou de agentes imunomoduladores, sendo recomendada para tumores Ta solitários e de baixo grau. Em caso de Ta múltiplos ou recorrentes, tumores Tq ou Tis, prefere-se injeção de BCG. Como a recorrência é comum, deve-se seguir com controle de cura, por meio da repetição da cistoscopia a cada 3 meses no primeiro ano. Se houver múltiplas recidivas, opta-se por cistectomia. Tumor localmente invasivo (T2,T3): recomenda-se quimioterapia neoadjuvante e cistectomia radical, que, no homem, consiste na retirada da bexiga, da próstata, das vesículas seminais, dos vasos deferentes e da uretra proximal, sendo a impotência sexual uma complicação frequente. Nas mulheres, deve-se retirar a bexiga, a uretra, o útero, as trompas, os ovários e a parede vaginal anterior. Além disso, retira-se linfonodos pélvicos suspeitos. Tumor metastático (T4, N1-3, M1): emprega-se quimioterapia sistêmica isolada com gencitabina e cisplatina. C A R E N AL Essa neoplasia é mais comum na área urbana, entre homens, tendo como idade média 50- 70 anos. O tabagismo é o principal fator de risco, assim como obesidade, doença cística renal adquirida, exposição ocupacional a cádmio, a derivados de petróleo e a asbesto. QU ADRO O quadro inicial é composto por hematúria e dor em flanco, evoluindo com perda de peso, anemia e massa abdominal palpável. Em estágios avançados, a tríade clássica consiste em: ▪ Hematúria, ▪ Dor no flanco ▪ Massa abdominal palpável. Os tumores do polo inferior são mais facilmente palpáveis, sendo descrito como massa firme, indolor, que se move com a respiração. Uma pequena parcela apresenta varicocele escrotal súbita, decorrente da obstrução da veia gonadal por um trombo tumoral, sendo mais comum do lado esquerdo. A invasão da veia cava inferior pode levar ao edema de membros inferiores, enquanto a oclusão das veias supra-hepáticas determina a síndrome de Budd-Chiarri, em que há hepatomegalia dolorosa, hipertensão portal e ascite. Cerca de 20% abre o quadro com síndrome neoplásica, como anemia de doença crônica, policitemia, hipertensão arterial, febre, síndrome de Stauffer, hipercalcemia, síndromes endócrinas, amiloidose secundária. Por ser extremamente vascularizado, pode originar fístulas arteriovenosas, o que justifica a insuficiência cardíaca de alto débito. DIAGN ÓS TICO A avaliação dos pacientes suspeitos deve ser padronizada, incluindo TC de abdome e pelve, radiografia de tórax, sumário de urina e citologia urinária. Diante de uma massa sólida ou de um cisto complexo, recomenda-se TC com contraste, que é o exame radiológico de escolha para o diagnóstico presuntivo, tendo como principal critério a captação intensa de contraste. C A D E P R OS T AT A O adenocarcinoma de próstata é o tipo mais comum de câncer em homens, representando cerca de 30% de todas as neoplasias malignas que atingem o sexo masculino, além de ser a segunda causa de morte oncológica em homens. Fatores de risco - Idade > 65 anos, etnia negra, história familiar positiva, mutações BRCA 1 e 2, mutações HPC-1, IGF-1, dieta rica em gorduras, obesidade. Rastreio: Por conta do rastreio, a maioria dos pacientes recebe o diagnóstico numa fase assintomática. M ANIFES TAÇ Õ ES Os sintomas de obstrução urinária, como hesitação, jato fraco, jato intermitente, acompanham a doença localmente avançada. Diferentemente da hiperplasia prostática benigna, espera-se hematúria e hematoespermia. Os indícios de disseminação linfática locorregional incluem edema de membros inferiores e sensação de desconforto pélvico ou perineal constante. A disseminação local compromete estruturas periprostáticas, a linfática acomete os linfonodos obturadores e os para-aórticos e a hematogênica tem como principal foco o esqueleto axial, com lesões osteoblásticas. As metástases esqueléticas, com o passar do tempo, cursam com dor óssea. O envolvimento da coluna pode ocasionar uma síndrome de compressão epidural da medula espinhal. ▪ PSA > 10 ng/ml são mais específicos para câncer, e os > 100 ng/ml predizem com grande acurácia a existência de doença metastática. • Em pacientes com PSA acima de 10 ng/ml, sem suspeita de prostatite aguda, a biópsia deve ser sempre realizada • Naqueles com PSA abaixo de 2,5 ng/ml, esta tem indicação em situações especiais, como toque retal suspeito e/ou velocidade do PSA elevada (> 0,5 ng/ml/ano). A biópsia transretal guiada por USG é o método de escolha para a confirmação histopatológica, podendo ser feita ambulatorialmente, sem necessidade de sedação.
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