Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes PROBLEMA 07 – “DORES E MEDOS” – SAÚDE DA MULHER ENDOMETRIOSE 1. DEFINIÇÃO - Doença ginecológica definida pela presença de tecido que se assemelha à glândula e/ou estroma endometrial fora da cavidade uterina, em um meio caracterizado por dependência e inflamação, com predomínio na pelve feminina; - É uma doença benigna, crônica, estrogênio-dependente e de natureza multifatorial; - Prevalente em mulheres em idade reprodutiva, mas também podendo fazer-se presente em pacientes na pré-menarca e na pós-menopausa; - É um problema de saúde pública, devido ao seu impacto negativo na saúde física e psicológica da mulher, comprometendo diretamente sua qualidade de vida; - Causa dor pélvica crônica e infertilidade; - Dividi-se em peritoneal, ovariana e profunda; - Endometriose peritoneal – implantes superficiais no peritônio; - Endometriose ovariana – implantes superficiais ou cistos (endometriomas) no ovário; - Endometriose profunda – lesão que penetra no espaço retoperitoneal ou na parede dos órgãos pélvicos com profundidade de 5 mm ou mais; 2. EPIDEMIOLOGIA - Devido à variação dos critérios diagnósticos e a necessidade de métodos invasivos e/ou de alta complexidade para diagnóstico o levantamento epidemiológico da endometriose é dificultado; - Prevalência: 5 a 10% da população feminina em idade reprodutiva; 3. ETIOPATOGÊNESE - É controversa, discutindo-se se há uma origem única ou distinta para as 3 doenças; - Diversas teorias fazem-se presentes na patogênese da endometriose, porém nenhuma dessas teorias isoladamente consegue justificar as variadas localizações das lesões; **apresenta associação com a história familiar de endometriose em parentes de primeiro grau** a. TEORIA DA MENSTRUAÇÃO RETRÓGRADA - A teoria mais aceita, postulada por Sampson; - Durante o período menstrual ocorre certo grau de refluxo tubário, fazendo com que cerca de 76 a 90% das mulheres com tubas uterinas pérvias apresentem líquido livre na cavidade pélvica; - Com esse refluxo, células endometriais viáveis se disseminam na cavidade peritoneal pelas tubas uterinas e se implantam no peritônio e nos demais órgãos pélvicos; - O aumento do fluxo menstrual na cavidade peritoneal, que ocorre em cerca de 76 a 90% das mulheres, predispõe as mulheres à endometriose, mas ocasionam o quadro diagnóstico de endometriose em apenas 10% das pacientes, sendo estas as que apresentam diferenças genéticas, imunológicas e/ou bioquímicas fundamentais, que contribuem para que o tecido endometrial seja implantado e permaneça viável na cavidade peritoneal; - O implante das células endometriais em local impróprio ocorre pela influência de um ambiente hormonal favorável, que ao se conciliar com fatores imunológicos e genéticos, permitem sua preservação (não as eliminam) e viabilidade, gerando a endometriose; - Fatores que influenciam o aumento da exposição ao endométrio proveniente do refluxo tubário na pelve: idade precoce da menarca, nuliparidade, aumento do fluxo menstrual, atraso da primeira gravidez, duração da amamentação, infertilidade, uso de anticoncepcional para tratamento de dismenorreia e menopausa tardia – fatores que geram a maior exposição estrogênica, aumentando a probabilidade de desenvolver endometriose; b. TEORIA DA METAPLASIA CELÔMICA - Sugere que os tecidos normais podem originar diretamente as lesões da endometriose, a partir de um processo de diferenciação metaplásica em que ocorre a transformação do epitélio celômico ovariano e peritoneal parietal e visceral em tecido endometrial, devido a estímulos hormonais, ambientais ou infecciosos; - O peritônio e o endométrio são originados embriologicamente do epitélio celômico, assim os estímulos hormonais, ambientais e/ou infecciosos podem provocar a transformação do peritônio em tipos celulares endoteliais; c. TEORIA DA MENSTRUAÇÃO EM NEONATOS / TEORIA DAS CÉLULAS-TRONCO - Busca explicar o início precoce da doença; - Após o nascimento, a progesterona materna exerce efeito variável sobre o útero da criança, podendo ocasionar a decidualização e alterações menstruais em 5% desses neonatos; - A cérvix uterina dos neonatos é longa e recoberta por muco, comparando-se com o corpo uterino; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - O sangramento uterino neonatal reflui pelas tubas uterinas (como menstruação retrógrada), devido à obstrução da cérvix, levando fragmentos da camada basal do endométrio composta por células-tronco totipotentes progenitoras do epitélio endometrial; - As células-tronco totipotentes progenitoras do epitélio endometrial também podem se disseminar por via vascular ou linfática na cavidade endometrial; - As células progenitoras do tecido endometrial podem se aderir ao peritônio e permanecer quiescentes até as mudanças estrogênicas associadas à menarca, quando desenvolve lesões endometrióticas; d. TEORIA DOS RESTOS EMBRIÔNICOS - As células remanescentes da migração dos ductos de Muller durante o desenvolvimento embrionário, devido aos estímulos estrogênicos específicos, geram lesões de endometriose que possuem papel crucial na patogênese da endometriose; e. TEORIA DAS ALTERAÇÕES GENÉTICAS OU EPIGENÉTICAS - Independentemente da origem da célula inicial (resquícios embriológicos, células indiferenciadas ou menstruação neonatal), a predisposição genética ou as alterações epigenéticas, associadas a alterações no ambiente peritoneal (fatores inflamatórios, imunológicos, estresse oxidativo) iniciam a doença em suas formas ovariana, peritoneal, profunda ou fora da pelve; 4. FISIOPATOLOGIA - Processo que ocorre com o tecido endometrial na cavidade peritoneal para gerar a endometriose; - Processo de estabelecimento da endometriose: tecido endometrial sobrevive às defesas do organismo -> tecido endometrial se adere à superfície -> tecido endometrial invade e modifica o peritônio para estabelecer o foco endometriótico (esdométrio ectópico); - Características dos endométrios eutópicos e ectópicos de pacientes com endometriose: maior capacidade proliferativa, resistência à resposta imunológica celular, maior atividade da aromatase (aumenta as concentrações locais de estrogênio) e resistência à ação da progesterona; - Características da lesão endometriótica que contribuem para a patogênese da endometriose: expressão anormal da aromatase P450 (aumenta a ação do estradiol em nível local) e resistência à progesterona (fisiologicamente responsável pelo controle da espessura do tecido endometrial) -> propicia a angiogênese e a vasculogênese da endometriose; - A angiogênese e a vasculogênese da endometriose associadas à disfunção imune permite a implantação e manutenção da atividade do foco endometriótico implantado; 5. CLASSIFICAÇÃO/TIPOS a. CLASSIFICAÇÃO POR ESTÁGIOS - Pontos de análise para classificação: profundidade da invasão, bilateralidade, envolvimento ovariano, presença de aderências e comprometimento do fundo de saco de Douglas; - Endometriose Mínima/Leve – escores entre 1 e 15; - Endometriose Moderada – escores entre 16 e 40; - Endometriose Grave – escores acima de 40; - Esses não se correlacionam com a infertilidade, sintomas dolorosos ou resposta ao tratamento, sendo útil apenas para estudos e pesquisas, mas não para a prática clínica; b. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O TIPO DE LESÃO - É útil na prática clínica, auxiliando no planejamento do tratamento cirúrgico das pacientes; - Endometriose Superficial- endometriose peritoneal; - Endometrioma – cistos de endometriose no ovário; - Endometriose Profunda – foco de endometriose com invasão tecidual maior que 5 mm ou que atinge a camada muscular do tecido afetado – apresentam sintomas dolorosos mais intensos em relação aos demais tipos; **uma paciente pode ter mais de uma apresentação da doença** 6. QUADRO CLÍNICO - A endometriose se associa a 3 sinais/sintomasprincipais: infertilidade, dor pélvica e massa pélvica; - Os principais sintomas da endometriose se manifestam durante a vida reprodutiva da mulher; - A associação dos sintomas clínicos com o exame físico permite levantar a hipótese diagnóstica da endometriose em 70% dos casos, permitindo o diagnóstico precoce da doença; **apesar de muitas pacientes apresentarem dismenorreia de forte intensidade desde a adolescência, o diagnóstico dessa patologia está associado a um atraso diagnóstico de vários anos - a média de tempo atual entre o início dos sintomas e o diagnóstico definitivo é de aproximadamente 7 anos, sendo esse vivido com importante prejuízo à qualidade de vida** [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes a. PRINCIPAIS SINTOMAS - Alterações urinárias – sintomas durante o fluxo menstrual: disúria (desconforto ao urinar), hematúria, polaciúria e urgência miccional - a intensidade da queixa clínica é diretamente proporcional ao tamanho da lesão vesical; - Alterações intestinais – sintomas cíclicos em época menstrual: distensão abdominal, sangramentos nas fezes, constipação, disquezia (dificuldade em evacuas) e dor anal; **a disúria e a disquezia fazem-se presentes principalmente em pacientes com endometriose de apresentação profunda, porém a endometriose superficial também pode causá-los devido à irritação cíclica do trato digestivo** - Sintomas atípicos que podem estar presentes de forma cíclica em época menstrual: dor irradiada para membros inferiores, vulvodínia (dor na região vulvar), dor em região glútea, dor torácica, hemoptise, dor epigástrica – podem refletir lesões em localizações menos usuais; - As formas mais complexas da doença costumam a se relacionar com os quadros clínicos mais exuberantes e de maior dificuldade de tratamento clínico; - Os sintomas podem variar de intensidade entre pacientes com o mesmo grau da doença, devido ao polimorfismo dessa afecção e a variação da percepção da dor; Apresentações da Dor Pélvica - Dismenorreia – dor uterina prévia a menstruação – é o principal sintoma relacionado à endometriose em 62,2% dos casos; - Dor pélvica crônica ou acíclica – características: desconforto, dor pulsante e aguda, piora no decorrer do tempo - ocorre de forma imprevisível ou intermitente ao longo do ciclo menstrual; - Dispareunia de profundidade – dor ao ato sexual – mais frequente de profundidade – relaciona-se com lesões profundas na vagina e nos ligamentos uterrossacros; 7. DIAGNÓSTICO - A suspeita diagnóstica se inicia com a anamnese e com o exame físico, porém esses não são capazes de estabelecer o diagnóstico e a extensão das lesões de endometriose; - Anamnese – deve ser detalhada e focada nas características da dor pélvica – pode levantar a suspeita diagnóstica da endometriose; - Antígeno tumoral 125 (CA-125) – pode estar aumentado na endometrioma, adenomiose, miomatose e neoplasia ovariana, tornando-se pouco auxiliar no diagnóstico de endometriose; - Prolactina – sua dosagem pode auxiliar na triagem de pacientes com endometriose, conferindo melhor sensibilidade e especificidade com a associação dos exames; - A ultrassonografia, a ressonância magnética e a videolaparoscopia permitem o diagnóstico e o estadiamento da doença; - Tomografia computadorizada – não tem boa capacidade para distinguir entre os diversos tecidos moles, dificultando a diferenciação e delimitação dos órgãos pélvicos em relação às lesões; - Enema opaco e colonoscopia – avaliam apenas a superfície interna da alça intestinal, apresentando baixa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico da endometriose intestinal; a. EXAME FÍSICO - Pode apresentar alguns achados que sugerem a endometriose, principalmente na endometriose profunda; - Exame especular – evidencia nódulos ou rugosidades enegrecidas em fundo de saco posterior – sugerem o acometimento de septo retovaginal pela endometriose; - Toque – útero com pouca mobilidade sugerindo aderências pélvicas, nódulos dolorosos em fundo de saco posterior associando-se a lesões retrocervicais, dos ligamentos uterossacros, do fundo de saco vaginal posterior ou intestinal; pode identificar um útero retroverso fletido, que sugere comprometimento pélvico posterior com comprometimento uterossacral ou de fundo de saco de Douglas; - Pode evidenciar anexos fixos e dolorosos e massas anexiais relacionadas à endometriomas ovarianos; b. VIDEOLAPAROSCOPIA - Realiza investigação diagnóstica de forma invasiva, permitindo o estabelecimento do diagnóstico definitivo; - Perdurou por muito tempo como único método diagnóstico; - Indicações de utilização da laparoscopia para confirmação diagnóstica: pacientes com sintomatologia dolorosa pélvica, história familiar, abstenção escolar ou do trabalho, alteração do exame físico e massa anexial, mas com exames de imagem normais, ou falha no tratamento clínico; **permite o diagnóstico até da endometriose mínima ou leve** c. ULTRASSOM PÉLVICO E TRANSVAGINAL **realizado com preparo intestinal** - Permite diagnosticar e estadiar a endometriose profunda e os endometriomas ovarianos de forma menos invasiva; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Não auxilia de forma significativa a endometriose mínima ou leve (apresentam confirmação diagnóstica somente com laparoscopia), ou seja, lesões superficiais; - Regiões a serem avaliadas por serem os locais mais frequentes da endometriose: útero, região retro e paracervical, ligamentos redondos e uterossacros, fórnice vaginal posterior, septo retovaginal, retossigmoide, apêndice, cedo, íleo terminal, bexiga, ureteres, ovários, tubas e paredes pélvicas; **em caso de suseptia clínica avalia-se os rins e o diafragma direito** - US abdominal total – indicada em casos de endometrioma, para descartar hidronefrose secundária à lesão de endometriose profunda, que comprometa o compartimento posterior com estenose ureteral; d. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA - Permite diagnosticar e estadiar com alta acurácia a endometriose profunda e os endometriomas ovarianos de forma menos invasiva; - Indicado principalmente para mapeamento pré-cirúrgico; 8. TRATAMENTO CLÍNICO **o tratamento não é necessário em pacientes assintomáticos, uma vez que não se associa a diminuição das lesões ou cura da doença, mas sim ao controle do quadro clínico** - A endometriose é abordada como uma doença crônica que necessita de acompanhamento durante toda a vida reprodutiva da mulher; - É estabelecido de forma direcionada para as queixas da paciente e para a localização e extensão da doença; - É eficaz no controle da dor pélvica; - Tratamento de escolha na ausência de indicações absolutas para cirurgia; - Baseia-se na terapia medicamentosa hormonal e analgésica, associada quando necessário a atividade física, fisioterapia, acupuntura e psicologia; - Princípio geral do tratamento medicamentoso: reduzir a ação estrogênica endógena e/ou produzir diferenciação/bloqueio dos focos de endométrio; a. PROGESTAGÊNIO EM USO CONTÍNUO - Mecanismo de ação: bloqueia a ovulação e inibição do crescimento endometrial, com consequente atrofia endometrial e dos focos ectópicos de endometriose; e ação anti-inflamatória que inibe a produção de mastócitos, suprime as metaloproteinases e inibe a angiogênese; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - São efetivos no tratamento dos sintomas álgicos relacionados à endometriose, inclusive no alívio da dor pélvica decorrente dessa; - Efeitos colaterais: ganho de peso, alteração de humor, perda de massa óssea (associa-se principalmente ao acetato de medroxiprogesterona de depósito), amenorreia, sangramento uterino anormal e redução do libido; Progestagênios Orais - Acetato de Noretindrona – derivado da 19-nor-testosterona oral utilizado na dose de 2,5 a 10 mg/dia de forma contínua – mais utilizado no tratamento da endometriose, com melhora gradualdos sintomas, principalmente após 1 ano de uso; - Dienogeste – opção por via oral de 2 mg/dia; - Gestrinona – esteroide antiprogestogênico que produz seus efeitos em nível endometrial, inibindo a esteroidogênese ovariana - opção por via oral na dose de 2,5 a 10 mg/dia ou semanalmente – é pouco utilizada devido aos efeitos colaterais androgênicos; Progestagênios Injetáveis - São administrados por via subcutânea ou intramuscular; - Acetato de Medroxiprogesterona de depósito – aplica-se 150 mg por via intramuscular a cada 3 meses – melhora dos sintomas álgicos, mas piora da acne e do edema; Opções Progestogênicas de Longo Prazo - Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG) e implante intradérmico liberador de etonogestrel; - Associa-se com a redução da dor, da dismenorreia primária e do sangramento em pacientes com sangramento uterino anormal; - Apresenta eficácia similar aos análogos de GnRH; - É uma ótima opção de tratamento; b. CONTRACEPTIVO COMBINADO - Também é indicado como tratamento de primeira linha por diversas sociedades, para pacientes sem fatores de risco para eventos de tromboembolismo; - Mecanismo de ação: semelhante ao dos progestagênios, agindo na decidualização e atrofia do tecido endometrial ectópico; - As combinações não apresentam evidência de superioridade quando comparadas em relação ao tratamento clínico da endometriose; - Uso contínuo – apresentam maior eficácia na redução de sintomas álgicos nos casos de dismenorreia severa; - Podem ser utilizados por via oral, intramuscular, subcutânea (adesivo de absorção) e anel vaginal; **em pacientes que não toleram a forma oral indica-se a via intramuscular, subcutânea ou o anel vaginal** - Possíveis efeitos colaterais: aumento do risco de eventos tromboembólicos, sangramento uterino anormal (SUA) e náuseas; c. DANAZOL - Composição: derivado da 17 a-etiniltestosterona; - Mecanismo de ação: age inibindo a liberação do LH e a esteroidogênese, enquanto aumenta a testosterona livre, de modo a criar um ambiente hipoestrogênico que bloqueia o eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano e a ovulação; - É benéfico para o tratamento dos sintomas álgicos; - Modo de uso: via oral na dose de 100 a 200 mg/dia ou uso vaginal; - Efeitos colaterais: hirsutismo, acne e ganho de peso – faz com que seja pouco indicado; d. AGONISTAS DO GnRH (HORMÔNIO LIBERADOR DE GONADOTROFINA) - Mecanismo de ação: agem no hipotálamo, ocupando os receptores do GnRH e assim inibindo o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, responsável pela liberação de FSH e de LH pela hipófise, de modo a gerar um estado de hipoestrogenismo e de anovulação, como no climatério; - São tão eficazes quanto às outras drogas no tratamento dos sintomas álgicos -> faz com que sejam menos indicados; - Modo de uso: acetato de gosserrelina 3,6 ou 10,8mg subcutâneo a cada 28 ou 90 dias; acetato de leuprolida 3,75 ou 11,25mg intramuscular a cada 28 ou 90 dias; pamoato de triptorrelina 3,75mg intramuscular a cada 28 dias – incomum seu uso por tempo prolongado, sendo utilizado como adição hormonal em baixas doses para reduzir seus efeitos colaterais; - Efeitos colaterais devido ao estado de hipoestrogenismo semelhante ao climatério: fogachos, insônia, secura/aterofia vaginal, redução de libido, instabilidade de humor e perda de massa óssea; **pode ser conciliado com a terapia de reposição hormonal de forma concomitante, de modo a reduzir seus efeitos colaterais** e. INIBIDORES DE AROMATASE - Medicação de uso off-label no tratamento da endometriose; - Mecanismo de ação: inibe a aromatase, resultando na redução dos níveis de estradiol circulantes; - Indicação: casos refratários de dor severa e em pacientes que persistem com sintomas após a menopausa; - É aplicado em conjunto com outras medicações, como os progestagênios ou anticoncepcionais orais; - Demonstram-se eficazes no tratamento da dor e melhora da qualidade de vida; - Sua indicação é restrita devido aos efeitos colaterais; - Principal efeito colateral: formação de cistos ovarianos volumosos; - Modo de uso: letrozol 2,5 mg/dia ou anastrozol 1 mg/dia; f. ANTI-INFLAMATÓIOS NÃO HORMONAIS (AINHs) - São geralmente empregados na dismenorreia primária; - Não existe evidência científica para o uso nas pacientes com endometriose, mas auxiliam no alívio temporário da dor; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes g. TRATAMENTOS COMPLEMENTARES - Acupuntura – utilizado como tratamento complementar para dor pélvica; - Tratamento fisioterapeutico – pode ser indicado para a melhora postural e fortalecimento da musculatura pélvica, pois a dor pélvica crônica pode causar alterações posturais e contraturas musculares que gerem alterações musculoesqueléticas; - Acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico – pode ser indicado, pois pacientes com dor crônica são mais suscetíveis a desenvolver quadros depressivos e estresse psicológico; - Acompanhamento com especialista no manejo de dor – indicado em casos refratários, buscando otimizar a analgesia com uso de relaxantes musculares, medicações neurolépticas e bloqueios nervosos; 9. TRATAMENTO CIRÚRGICO - É a primeira linha de tratamento; - Indicação: pacientes em que o tratamento clínico for ineficaz ou contraindicado; - Para sua indicação avalia-se os escores da Escala Visual Analógica (EVA) de Dor; - Objetivo: remoção completa dos focos de endometriose, que afetem as funções de outros órgãos, restaurando a anatomia e preservando a função reprodutiva; - Formas de realização: laparoscopia (preferencial, pois permite uma melhor visualização das lesões endometrióticas, melhor acesso a pontos da pelve e melhor recuperação da paciente) ou laparotomia; - Endometriose superficial – a ablação ou a exérese das lesões apresentam igual benefício na melhora da dor, sendo mais eficazes que a laparoscopia apenas diagnóstica; - Endometriose profunda – seu tratamento combina medicamentos e a excisão cirúrgica das lesões, sendo que suas cirurgias apresentam alto grau de complexidade e potencial de sequelas maiores; - Pode ser antecedido pelo tratamento medicamento – vantagens: redução da inflamação e vascularização dos implantes, permitindo procedimentos cirúrgicos menos traumáticos e mais efetivos – desvantagens: pequenas lesões endometrióticas podem regredir e passar despercebidas durante o procedimento; a. ENDOMETRIOSE PERITONEAL - Implantes peritoneais ao longo da membrana peritoneal; - Formas de apresentação: lesões negras, vermelhas, brancas, hipervascularizações e falhas peritoneaistipicamente superficiais; - Método de escolha para excisão desses focos: eletrocirurgia; - Resultados: gera melhora a dismenorreia e a dispareunia em 60 a 70% dos pacientes submetidos a ablação de implantes endometrióticos peritoniais; b. ENDOMETRIOSE RETROCERVICAL - Locais que a endometriose retrocervical pode envolver: ligamentos uterossacros, torus uterino, cúpula/fórnice vaginal e septo retovaginal; - As lesões podem acometer a parede anterior do retossigmoide; - Excisão completa dos focos – indicada nesses casos, com liberação do reto quando aderido na região retrocervical, a partir do uso de pontos de referência e dissecção de espaços avasculares da pelve, assim desfazendo a obliteração do fundo de saco e individualizando os órgãos da pelve; c. ENDOMETRIOSE INTESTINAL - O tratamento cirúrgico com ressecção da área acometida é a forma terapêutica mais efetiva nesses casos, com alívio dos sintomas ginecológicos, digestivos e controle da dor; - Seu tratamento cirúrgico é realizado por uma abordagem minimamente invasiva a partir da laparoscopia, podendo aplicar diversas técnicas; - Técnicas possíveis: shaving, ressecção em disco e ressecção segmentar – determinada pelas características da lesão; Shaving - Técnica menos agressiva empregada em diferentes tipos de nódulos (diâmetros, tamanhos e profundidades distintos);- Associada abaixas taxas de complicações maiores, como perfuração intestinal, lesão uretral, sangramento maior que 300 ml e retenção urinária; - Apresenta altas taxas de gestação - 84%; - 43,8% dos pacientes que realizam a técnica de Shaving apresentavam endometriose remanescente nas paredes intestinais adjacentes; - Apresenta baixa taxa de recidiva - 8%; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes Ressecção Discoide - Ressecção do nódulo de endometriose, incluindo todas as camadas da parede anterior do reto; - Utiliza tesoura e sutura em planos ou grampeador circular ou linear; - Indicação: nódulos de até 3 cm; - Pontos positivos: não é necessária a mobilização completa de todo o retossigmoide, com manutenção do suprimento sanguíneo da parede retal; - Limitações para sua realização: tamanho da lesão e distância da borda anal (o grampeador circular não alcança nódulos mais altos que a junção retossigmoide); Ressecção Segmentar - Procedimento: ressecção segmentar do retossigmoide com subsequente anastomose terminoterminal; - Indicação: lesões maiores que 3 cm ou presença de 2 ou + lesões intestinais; - Apresenta segurança e eficácia; - Melhora a qualidade de vida das pacientes, com baixas taxas de complicações e morbidade; d. ENDOMETRIOMA OVARIANO - Pode ser abordado com diversas técnicas cirúrgicas de complexidade variável; - O melhor tratamento é a excisão da cápsula do endometrioma, sendo mais eficaz que a drenagem e cauterização da cápsula do cisto endometrioide; - Método ineficaz -> drenagem do conteúdo líquido deste tipo de cisto – apresenta altos índices de recidiva; - Retirada da cápsula do cisto – preconizado pela maioria dos autores como melhor tratamento, pois diminui as taxas de recidiva, melhora a chance de gestação e da dor pélvica associada ao endometrioma ovariano – possíveis efeitos adversos: lesão do parênquima ovariano e diminuição da reserva ovariana, com comprometimento da função reprodutiva; - O tratamento dos endometriomas ovarianos melhora os escores da escala visual analógica de dor e assim a qualidade de vida das pacientes; - Devido à sua alta taxa de recidiva, após a cirurgia indica-se imediatamente o tratamento supressivo; - Ambas as técnicas devem ser realizadas cuidadosamente, para minimizar o risco de diminuição da reserva folicular; Guideline para o Tratamento do Endometrioma Ovariano – Sociedade Europeia de Endoscopia Ginecológica (ESGE) - Inspeção dos demais órgãos pélvicos; - Lavado peritoneal – indicado na presença de ascite volumosa, lesões peritoneais suspeitas ou cistos de aparência anormal; - Utilizar 3 trocateres de trabalho e um para óptica; - Separar o ovário com endometrioma da parede abdominal em que está aderido, com drenagem do endometrioma e remoção de lesões endométricas da parede pélvica e ligamento largo; **o ureter deve ser identificado para evitar dano** - Conduta diante da ruptura do cisto – aproveita-se o local de abertura pra aumentá-lo um pouco mais e conseguir ter acesso ao interior do cisto, evitando múltiplas incisões e aberturas muito extensas, para não danificar a reserva ovariana; - Quando o ovário não estiver aderido, sua abertura deverá ser realizada na porção com parede mais fina; - Quando houver suspeita de malignidade deve-se seguir os guidelines oncológicos; - Para garantir a adequada hemostasia deve-se irrigar e aspirar, podendo ser acrescida da sutura para guiar a cicatrização do ovário; - Ooforectomia – discutida com a paciente em casos de recorrência, endometriomas unilaterais muito grandes ou suspeita de malignidade; e. ENDOMETRIOSE DO TRATO URINÁRIO - Acomete cerca de 1% de todas as pacientes com endometriose, sendo que em cerca de 68,5% dos casos a bexiga é afetada, enquanto em 31,5% dos casos o ureter é afetado; - O tratamento depende do estágio da doença no momento do diagnóstico e da presença ou não de lesões associadas; - Pode causar uropatia obstrutiva; - Tratamento cirúrgico da lesão do ureter não infiltrativa – realiza-se a ureterólise, que é uma cirurgia conservadora para alívio dos sintomas obstrutivos; - Tratamento cirúrgico da lesão do ureter infiltrativa para a luz uretral – resseca-se a área afetada com anastomose terminoterminal ou reimplante ureteral; - Tratamento cirúrgico quando a bexiga é afetada – resseca-se as lesões em caso de envolvimento da bexiga; - Estudos mostram que o tamanho do nódulo na endometriose retrocervical apresenta relação significativa com o comprometimente ureteral, de modo que em pacientes com endometriose retrocervical com nódulos maiores ou iguais a 30 mm ocorre o envolvimento ureteral em 17,9% das pacientes, enquanto em pacientes com lesões menores que 30 mm ocorre envolvimento ureteral em apenas 1,6% das pacientes; f. COMPLICAÇÕES - Complicações Menores: febre, dor e hematoma – ocorre em 1,1% das pacientes; - Complicações Maiores: sangramento, obstrução intestinal, hemoperitônio, fístula e deiscência de anastomose – ocorre em 3,9% das pacientes; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes Complicações Comuns a Todos os Procedimentos Abdominais Laparoscópicos - Pneumoperitônio – pode ocasionar: pneumoperitônio, hipercapnia, embolia gasosa, enfisema de subcutâneo, pneumotórax, arritmias cardíacas e diminuição do retorno venoso – ocorre em 0,3 a 2,3% dos casos; - Complicações Relativas às Punções de Agulha de Veress e Trocateres – pode ocorrer perfuração das vísceras sólidas e ocas, lesão de vasos sanguíneos, infecção e hérnias dos portes dos trocateres – ocorrem em 0,1 a 1,5% dos casos; Complicações do Tratamento Cirúrgico da Endometriose Intestinal - Os índices de complicações da cirurgia colorretal são semelhantes entre a cirurgia convencional e a videolaparoscópica; - Complicações Intraoperatórias Relacionadas com as Ressecções Intestinais – lesão da parede intestinal por tração ou diatermia, sangramentos por lesões vasculares, lesões uretrais e vesicais e lesões ginecológicas em vagina, útero e anexos – ocorrem em 0,6 a 16,7% dos casos; - Complicações Pós-Operatórias Relacionadas com as Ressecções Intestinais – deiscência da anastomose com fístula, peritonite e/ou abscesso (em até 11,7% dos casos), estenose das anastomoses (em até 3,7%), fístula retovaginal (em até 8,4%) e retenção urinária (entre 1,9 e 17,5% dos casos); - As pacientes submetidas a ressecção intestinal apresentam chances 2,3 vezes maior de terem complicações maiores do que as pacientes que não foram submetidas a ressecção intestinal; 10. INFERTILIDADE E ENDOMETRIOSE a. DEFINIÇÃO - Incapacidade de conseguir uma gravidez bem-sucedida após 12 meses ou mais de adequada exposição ao coito, em um casal sexualmente ativo e sem uso de métodos anticoncepcionais; - Indicação da avaliação do casal com infertilidade: mulheres com mais de 35 anos após 6 meses sem conseguir engravidar (principais fatores prognósticos da infertilidade, pois a partir dessa ocorre queda na qualidade oocitária e na reserva ovariana, acarretando menor fecundidade e maior taxa de aborto), casal que já apresente uma suspeita ou um problema de saúde relacionado à fertilidade e mulheres com mais de 40 anos (investigação iniciada no primeiro atendimento); **é um problema de saúde pública, pois pode gerar decréscimo na taxa de natalidade e diminuir a qualidade de vida devido aos problemas sociais, psíquicos e mentais** b. EPIDEMIOLOGIA - Em 12 meses 80 a 85% dos casais que estão tentando engravidar conseguem; - 15 a 20% dos casais não conseguem engravidar em um ano, necessitando da avaliação médica e orientação; - Estima-se que no mundo existam 40 a 80 milhões de casais com infertilidade -> 0,6 a 32,65 da população de um local; Incidência e Prevalência da Infertilidade Associada à Endometriose - 25 a 50% das mulheres inférteis são portadoras de endometriose, enquanto apenas 5 a 10% das mulheres férteis são portadoras deendometriose; - As mulheres inférteis possuem 6 a 8 vezes maior probabilidade de possuir endometriose; - 30 a 50% das mulheres com endometriose são inférteis; - A taxa de concepção em 3 anos de mulheres com endometriose é menor do que em casos controles sem endometriose; - Ocorre uma menor taxa de gestação em pacientes com endometriose submetidas a técnicas de reprodução assistida; - As taxas de gestação em pacientes com endometriose é metade das esperadas para as pacientes com infertilidade tubária submetidas à fertilização in vitro; c. FATORES DE RISCO - Mulheres: idade, tabagismo, quimioterapia, radioterapia, doença inflamatória pélvica, doenças sexualmente transmissíveis, cirurgias pélvicas, obesidade, estresse, consumo excessivo de álcool, consumo excessivo de cafeína e prática de exercícios físicos extenuantes; - Homens: idade, tabagismo, quimioterapia, radioterapia, infecções urológicas, doenças sexualmente transmissíveis, cirurgias urológicas, obesidade, estresse, consumo excessivo de álcool, consumo excessivo de cafeína, consumo excessivo de drogas ilícitas, uso de esteroides anabolizantes, história de caxumba, exposição excessiva ao calor e exposição a agentes tóxicos ou toxinas; d. ETIOLOGIA Fatores Anatômicos Femininos - Fatores orgânicos, infecciosos ou funcionais que alteram ou provocam alteração no aparelho reprodutivo feminino, impedindo a concepção; - Obstrução, alteração ou aderências tubárias – causas: doença inflamatória pélvica (salpingite), endometriose, cicatrizes e aderências pós-cirúrgicas; - Deformidades uterinas, endometriais e cervicais – causas: miomas, endometriose, adenomiose e pólipos; Fatores Hormonais Femininos - Fatores que alteram a homeostase hormonal feminina, levando à oligovulação ou à anovulação; - Oligoanovulação – causas: síndrome do ovário policístico (SOP), hiperprolactinemia, hipotireoidismo, hipertireoidismo e hiperplasia suprarrenal de aparecimento tardio; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes Fatores Masculinos - Os fatores masculinos causam alterações evidenciadas no espermograma; - Oligoespermia (redução na concentração de espermatozoides), Azoespermia (ausência total de espermatozóides), Astenospermia (espermatozóide presente mas com motilidade reduzida) e Teratospemia (grande quantidade de espermatozóides com defeitos morfológicos) – causas: obstrutivas, disfunções hormonais (prolactina, TSH e FSH), trauma, agentes tóxicos externos e uso de anabolizantes); e. FISIOPATOLOGIA DA INFERTILIDADE NA ENDOMETRIOSE - Existem diversos mecanismos que podem correlacionar a infertilidade com a endometriose, porém faltam evidências que comprovem a associação, assim a etiologia da infertilidade associada à endometriose não é totalmente estabelecida; - A endometriose em estágios mais avançados gera aderências e distorções anatômicas pélvicas que dificultam a liberação oocitária pelo ovário, a captação desse oócito pela tuba uterina e o transporte oocitário até o útero; - Pacientes sem alterações maiores da anatomia pélvica também possuem diminuição do desenvolvimento oocitário, da embriogênese e da implantação embrionária, pois os pacientes com endometriose também apresentam alterações da função peritoneal, imunológicas, hormonais e ovulatórias; - A endometriose ocasiona alterações no fluido peritoneal, aumentando a concentração de mediadores da resposta inflamatória-imunológica no ambiente peritoneal, como prostaglandinas, proteases, citocinas inflamatórias e macrófagos ativados, podendo comprometer a fertilidade; - A endometriose também se relaciona com o aumento de mediadores imunológicos, como linfócitos, IgG e IgA (autoanticorpos) no endométrio, de modo a alterar a receptividade endometrial e assim comprometer a fertilidade; - Consequências adicionais das alterações presentes na endometriose, que se relacionam com a infertilidade: diminuição da função espermática, diminuição da reserva ovariana, redução da recuperação oocitária, menor quantidade de oócitos recuperados, diminuição da qualidade embrionária e diminuição da implantação embrionária com diminuição da receptividade embrionária; - A endometriose também se relaciona com fatores que alteram a ovulação, como a insuficiência de fase lútea, a alteração na secreção de prolactina e a alteração de fase folicular; - Hormônio Antimulleriano (AMH) e reserva ovariana – a diminuição da reserva ovariana em pacientes com endometriose mínima e leve pode ser avaliada pelos níveis de AMH, que também podem ser correlacionados com a avaliação da coorte folicular por ultrassonografia transvaginal; f. INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA INICIAL DO CASAL COM INFERTILIDADE - A anamnese e o exame físico permitem o estabelecimento da hipótese diagnóstica em infertilidade; Anamnese - Existem pontos que podem ser identificados na história, auxiliando na investigação; - Idade – mulheres > 35 anos: a partir dessa ocorre queda na qualidade oocitária e na reserva ovariana, acarretando menor fecundidade e maior taxa de aborto; - Duração da infertilidade e história prévia de fertilidade; - História menstrual – menarca, tensão pré-menstrual, padrão menstrual, dismenorreia e dispareunia; - História obstétrica e de doenças dos filhos; - Frequência de relações sexuais; - História patológica prévia: história prévia de cirurgia abdominal ou pélvica, história prévia de DSTs, história de endocrinopatias (doenças da tireóide, galactorreia, hiperandrogenismo e diabetes), exame citopatológico prévio, uso de medicamentos (atenção aos hormônios) e alergias; - História familiar: problemas genéticos ao nascimento, atraso de desenvolvimento, menopausa precoce e problemas reprodutivos; - Uso de tabaco, álcool, drogas ilícitas e exposição a substâncias tóxicas ou a fatores ambientais; Exame Físico - Existem pontos que devem ser avaliados, auxiliando na investigação; - Peso, altura, IMC, pressão arterial e frequência cardíaca; - Avaliação da tireóide; - Exame das mamas; - Sinais de hiperandrogenismo; - Exame especular e toque vaginal – avalia as secreções, o colo uterino, o útero (mobilidade, posição, tamanho e formato), a presença de dor pélvica, os anexos e o fundo de saco de Douglas; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes Avaliação Subsequente - É conduzida de maneira sistemática, rápida e efetiva; - Triagem sorológica para doenças infecciosas – anti-HIV I/II, anti-HTLV I/II, anti-HBsAG, anti-HBc, anti-HCV, VDRL e clamídia IgG; - Avaliação feminina - hormonal (ciclos ovulatórios e reserva ovariana) e anatômica (fatores cervicais, anormalidades uterinas, permeabilidade tubária e fatores perineais); - Avaliação masculina – espermograma, exame físico, avaliação endocrinológica, investigação de espermatozóides na urina, ultrassonografia de bolsa escrotal, exames seminais e espermáticos g. AVALIAÇÃO FEMININA Hormonal Ciclos Ovulatórios - Causas mais comuns de disfunções ovulatórias: síndrome dos ovários policísticos (SOP), ovários androgênicos, obesidade, ganho ou perda de peso excessivo, exercícios extenuantes, hiperprolactinemia e disfunções da tireóide; - A caracterização dos ciclos ovulatórios pode ser realizada com a história menstrual – indicados pelos ciclos menstruais regulares, com duração entre 21 e 35 dias e com fluxo menstrual normal; - Exames complementares indicados conforme a suspeita clínica, se na anmese o relato dos ciclos menstruais caracterizar oligovulação ou anovulação: TSH e T4 livre (avalia a função tireóidea), prolactina (afasta casos de hiperprolactinemia), FSH e estradiol (esclarece casos de falência ovariana ou amenorreia hipotalâmica) e 17-hidroxiprogesterona (afasta quadros de hiperplasia suprarrenal congênita de aparecimento tardio); o Métodos Diagnósticos para Confirmação da Ovulação - Indicação: quando os ciclos ovulatórios não poderem ser caracterizados apenas coma história menstrual; - Dosagem de Progesterona Sérica – coletada 1 semana antes da data provável da próxima menstruação, sendo que valores acima de 3 ng/mL indicam que houve ovulação naquele mês; - Ultrassonografia Seriada – determina o tamanho e o número de folículos que estão se desenvolvendo; identifica o folículo dominante, permitindo que esse seja acompanhado desde o seu crescimento até após a ovulação, quando diminui de tamanho e se identifica líquido livre no fundo de saco; e identifica a formação do corpo lúteo e a formação de fluxo vascular em seu entorno; Reserva Ovariana - Descreve o potencial reprodutivo em função do número e da qualidade oocitária; - Sua avaliação informa sobre o risco de uma diminuição da reserva ovariana, porém não deve ser realizado rotineiramente; - Possíveis indicações: mulheres com mais de 35 anos, história familiar de menopausa precoce, apenas 1 ovário, história de cirurgia ovariana, quimioterapia ou radioterapia pélvica, infertilidade sem causa aparente, pacientes que serão submetidas à estimulação ovariana com gonadotrofinas, pobre resposta a estímulo ovariano prévio, planejamento de reprodução assistida e doadoras no programa de compartilhamento de oócitos; o Métodos Diagnósticos - Dosagem do Hormônio Antimulleriano (AMH) – produzido pelas células da granulosa dos folículos pré-antrais – sua dosagem pode ser obtida a partir da análise do soro sanguíneo em qualquer fase do ciclo menstrual (seus valores não sofrem influência dos hormônios do ciclo menstrual), de modo que o valor da sua dosagem reflete diretamente a quantidade de folículos existentes nos ovários – fatores que alteram a dosagem de AMH: uso de hormônios exógenos (pílulas anticoncepcionais), obesidade, hipogonadismo hipogonadotrófico; - Contagem de Folículos Antrais por Ultrassom Transvaginal –soma o número de folículos entre 2 e 10 mm de diâmetro médio de ambos os ovários na fase folicular inicial do ciclo mentrual (até o 5° dia do ciclo); - Resultado abaixo do esperado: AMH com dosagem inferior a 0,7 ng/mL ou baixa contagem de folículos antrais - prediz a pior resposta à estimulação ovariana com gonadotrofinas, as menores chances de sucesso em tratamentos de reprodução assistida, à pior qualidade embrionária e às menores taxas de gravidez em ciclos de fertilização in vitro – não indica impossibilidade de conseguir gestação e nem estabelece o diagnóstico sobre a diminuição da reserva ovariana; Anatômica Fatores Cervicais - Avaliados a partir do exame pélvico do canal cervical, com o exame especular do colo uterino e do muco cervical; - Cervicite – inflamação do canal cervical, que pode ser evidenciada pelo exame – deve ser adequadamente tratada; Anormalidades Uterinas - Ultrassom Transvaginal – exame inicial para investigação de anormalidades uterinas, podendo identificar miomas, malformações mullerianas, patologias endometriais (ex: pólipos) e ovarianas; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Outros métodos diagnósticos para diagnóstico mais preciso de anormalidades uterinas: histerossonogragia, ultrassonografia transvaginal em 3D, ressonância magnética (RM), histerossalpigografia (HSG) e histeroscopia (HSC); - Histeroscopia (HSC) – padrão-ouro para diagnóstico e tratamento das patologias intrauterinas; Permeabilidade Tubária - As anormalidades tubárias são sequelas de processos infecciosos, como infecção por clamídia, DSTs que levam à DIP e seqüelas de doenças inflamatórias (ex: endometriose); - O diagnóstico e o tratamento efetivo para a obstrução tubária pode requerer um ou mais exames; - Imunofluorescência para Clamídia / Clamídia IgG – a detecção de anticorpos para Chlamydia trachomatis associa-se a patologia tubária, indicando a necessidade de realização da videolaparoscopia para avaliação tubária, como método diagnóstico subsequente; - Hisreossalpingografia – método tradicional de avaliação da permeabilidade tubária – avalia a arquitetura tubária detalhadamente, diagnostica a obstrução distal ou proximal (quando indicada, deve passar por uma segunda avaliação, pois pode ser causada por artefatos resultantes de contração miometrial/tubária ou mau posicionamento do cateter) e a salpingite ístmica nodosa e pode sugerir a presença de fimose fimbrial (retardo na passagem do contraste) ou aderências peritubárias (contraste fica retesado próximo ao óstio peritoneal ta tuba); - Histerossonografia – ultrassom transvaginal + injeção de solução salina intrauterina – permite observar a formação de depósito de líquido no fundo de saco posterior, mas não diferencia se a permeabilidade tubária é uni ou bilateral; **nos pacientes em que se identificar com o exame de ultrassom a hidrossapingite, deve-se discutir a salpingectomia prévia ao tratamento, com técnicas de reprodução assistida** - Videolaparoscopia – é padrão-ouro para avaliação tubária, permitindo a confirmação da permeabilidade das tubas, a visualização e o diagnóstico de anormalidades tubárias (áreas de constrição e dilatação, hidrossalpingite, fimose, enovelamento fimbrial, aderências peritubárias, hiperemia e hipervascularização local) – exame que permite ao mesmo tempo a correção de algumas anormalidades, como a liberação de aderências, a correção de fimose fimbrial e o tratamento de focos de endometriose peritoneal - desvantagens: é um exame invasivo que requer internação e anestesia geral para sua realização; Fatores Peritoneais - Possíveis alterações peritoneais: endometriose, aderências pélvicas e aderências anexiais – a anmnese e o exame físico podem conduzir a suspeita diagnóstica, mas não são suficientes para o diagnóstico definitivo; - Ultrassom Transvaginal – ajuda a identificar endometriomas; - Videolaparoscopia – permite a visualização direta da pelve, sendo o único método disponível para o diagnóstico específico de fatores peritoneais – indicação: história clínica com fatores de risco, como dor pélvica cíclica ou não, suspeita de endometriose moderada a grave, história de infecção, história de cirurgia pélvica e ultrassonografia ou HSG anormais; h. AVALIAÇÃO MASCULINA - Cerca de 40% dos casais com dificuldade para engravidar, deve-se a infertilidade de origem masculina; - Infertilidade masculina – anormalidade nos parâmetros seminais, podendo estar presente em alguns casos com espermograma normal – classifica-se em primária ou secundária (novo fator adquirido); **a história prévia de fertilidade não exclui a possibilidade de novo fator adquirido (infertilidade secundária)** - Os problemas que levam à diminuição dos parâmetros seminais podem ser identificados e corrigidos, melhorando a fertilidade e aumentando a chance de concepção do casal; - Fatores genéticos relacionados à infertilidade masculina – sua detecção permite a realização de aconselhamento genético do casal sobre as condições genéticas hereditárias que podem afetar a saúde do futuro filho do casal e as chances de sucesso no tratamento, ajudando nas opções terapêuticas para o tratamento da infertilidade; Espermograma - Os valores normais de referência não refletem a concentração do esperma normal na população geral; - Parâmetros seminais avaliados: volume seminal, concentração espermática, motilidade e morfologia dos espermatozóides; - Pré-requisitos para realização e resultados verídicos: período de abstinência sexual entre 2 e 7 dias e coleta realizada no laboratório de análise ou em casa, mas mantida em temperatura ambiente e encaminhada ao laboratório em até 60 min após a coleta; - O espermograma pode apresentar variáveis fora dos intervalos de referência mesmo em homens férteis, assim como pode apresentar variáveis dentro dos intervalos de referência em homens inférteis; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Indicação: casais com infertilidade sem causa aparente e em casos em que os tratamentos com técnicas de reproduçãoassistida não obtiverem o resultado esperado; - Conduta espermograma anormal: realiza-se avaliação mais detalhada e acompanhamento com urologista especialista em andrologia; Exame Físico - Alterações que podem ser identificadas: mudanças nas características sexuais secundárias, diminuição do volume testicular, presença de varicocele e alteração da anatomia dos órgãos genitais masculinos (espermatocele, agenesia de ducto deferente, massas e tumores testiculares); Avaliação Endocrinológica - Indicação: avaliação seminal por espermograma alterada, concentração espermática abaixo de 10 milhões/mL, alteração da função sexual masculina ou quando existe suspeita clínica de endocrinopatia; - Avaliação Inicial: dosagem de TSH, FSH e testosterona total (TT); - Avaliação Mais Completa: dosagem de testosterona livre, LH, prolactina e nova dosaghem de testosterona total - indicação: testosterona total em níveis inferiores a 300 mg/mL na avaliação inicial; Investigação de Espermatozóides na Urina - Ausência ou baixo volume seminal (<1ml) – sugere ejaculação retrógrada – requer investigação de espermatozóides na urina após masturbação ou ejaculação, a partir da avaliação microscópica após a centrifugação da urina, sendo que a presença de espermatozóides na urina confirma o diagnóstico de ejaculação retrógrada; Ultrassonografia da Bolsa Escrotal - Detecta com boa acurácia as anormalidades do trato genital masculino que alteram a fertilidade; - Indicação: varicocele oculta não palpável (essas lesões não aparentam ter importância clínica evidente na fertilidade masculina) e exame físico não conclusivo (anormalidade como tumores ou massas, testículos ectópicos ou alterações anatômicas que dificultem o exame); **o exame físico cuidadoso consegue identificar a maioria das patologias anatômicas da bolsa escrotal** Exames Seminais e Espermáticos Quantificação de Leucócitos no Sêmen - Realizada de forma cuidadosa devido à similaridade na microscopia entre as células redondas, ou seja, entre os leucócitos e as células germinativas imaturas, - Número aumentado de leucócitos no sêmen – relaciona-se com a diminuição da mobilidade e da função espermática; - Pioespermia – número de leucócitos/mL maior que 1 milhão – realiza-se avaliação específica para afastar a possibilidade de infecção ou inflamação do trato genital, podendo empregar a espermocultura; Teste de Viabilidade Espermática - Identifica entre os espermatozóides sem mobilidade os que apresentam membrana intacta e assim maior potencial de fertilização; - Seleciona gametas para o tratamento de injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI); Teste de Fragmentação do DNA Espermático - Associa-se à infertilidade e aos abortos de repetição, visto que a integridade do DNA é fundamental para o desenvolvimento embrionário normal; - Fatores que danificam o DNA do espermatozoide: intrínsecos (deficiência de protamina e mutações do DNA) e extrínsecos (calor, radiação e substâncias gonadotóxicas); - Fatores que melhoram a qualidade seminal e a integridade do DNA, quando alterados: tratamento cirúrgico da varicocele,uso de antioxidantes, obtenção dos espermatozoides direto dos epidídimos ou dos testículos (espermatozóides com melhor qualidade de DNA); - Não é indicado rotineiramente, visto que na maioria dos casos o diagnóstico não afeta o prognóstico do casal e nem a indicação do tratamento; Testes Genéticos - Alterações genéticas podem alterar a produção ou o transporte espermático, gerando azoospermia ou oligoespermia grave (< 5 milhões/mL); - Alterações genéticas mais comuns: alterações numéricas e estruturais que prejudicam o funcionamento adequado do testículo; - Diagnóstico: cariótipo normal (com banda G) e microdeleção do cromossomo Y, associada com defeitos isolados na espermatogênese; o Fibrose Cística - Os homens com fibrose cística em sua maioria apresentam agenesia de epidídimos, com obstrução bilateral congênita dos epidídimos ou agenesia de ducto deferente unilateral, gerando azoospermia; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Esses homens devem passar por avaliação e aconselhamento genético para determinar o risco de conceber uma criança afetada com fibrose cística; - É importante testar a parceira de um homem com fibrose cística, pois mesmo que essa não apresente alterações genéticas, o casal permanece em risco; o Microdeleção do Cromossomo Y - Prevalência: as microdeleções em regiões clinicamente relevantes do cromossomo Y encontram-se em 7% dos homens inférteis com espermatogênese gravemente alterada; enquanto em homens com azoospermia ou oligoespermia grave a porcentagem de microdeleções do cromossomo Y aumenta para 16%; - Identificação das microdeleções – técnicas de reação em cadeia da polimerase para analisar locais com as sequências que foram mapeadas ao longo do comprimento do cromossomo Y; - O local específico da exclusão ao longo do cromossomo Y influencia seu efeito sobre a espermatogênese; - Os filhos de indivíduos com microdeleções do cromossomo Y herdam essa microdeleção, sendo inférteis -> os homens com azoospermia não obstrutiva ou oligozoospermia grave antes do tratamento de injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI) com seu espermatozóide, devem ser analisados, afim de identificar as microdeleções do cromossomo Y; i. TRATAMENTO DA INFERTILIDADE NA MULHER ASSOCIADA À ENDOMETRIOSE - A conduta ainda é controversa, uma vez que em sua maioria não foram avaliadas em ensaios clínicos randomizados; - Fatores a serem considerados na definição da abordagem: quadro clínico, idade, sintomas, tempo de infertilidade e presença de outros fatores de infertilidade; - Até o momento não existem evidências de que o tratamento medicamentoso aumente a fecundidade nas pessoas com endometriose mínima ou leve; - Tratamento que não deve ser prescrito -> medicamentos hormonais para supressão ovariana – não melhora a fertilidade; - Medicação benéfica para a melhora das taxas de gestação -> análogos de GnRH – devem ser utilizados por até 3 meses, antes da fertilização in vitro; Tratamento Cirúrgico - Alternativa para melhora da fertilidade, mas com taxa de benefício entre 10 e 25%; - Estudos mostram que em pacientes com a doença no estágio inicial (estágios I e II – mínima ou leve) a exérese dos focos de endometriose aumentou a taxa de gestação, quando comparadas às que realizaram apenas a laparoscopia diagnóstica, com número necessário para tratar (NNT) de 12; **em pacientes com endometriose mais avançada, não existem ensaios clínicos randomizados que determinam se a primeira linha de tratamento é a cirurgia ou a fertilização in vitro, porém os resultados cirúrgicos são menos encorajadores** **estudos de coorte retrospectiva mostram uma taxa de gestação de 41% nas pacientes que realizaram laparoscopia** - Conduta recomendada para pacientes que já realizaram cirurgia e apresentaram recidiva da endometriose – realização da fertilização in vitro, com taxa de gestação após nove meses de 70%, enquanto a taxa de gestação quando se realiza uma segunda cirurgia é apenas de 24%; - Tratamento de pacientes com endometrioma ovariano – indica-se: excisão do pseudocisto, abertura do endometrioma com cauterização da parede e punção com lavagem – a excisão do endometrioma pode aumentar a taxa de gestação em 50% após a cirurgia - como a exérese da cápsula do cisto pode se associar ao maior dano ao parênquima ovariano, com redução da reserva ovariana e assim não aumentando as taxas de gestação, assim o procedimento cirúrgico só é indicado nos endometriomas grandes para comprovação histológica, controle da dor ou facilitar o acesso aos folículos no momento da captação oocitária, sendo essa preferencial quando indicada ao invés da drenagem e eletrocoagulação da parede do cisto; **manejo do endometrioma em pacientesque serão submetidos à reprodução assistida – deve ser particularizado, levando em conta a presença de sintomatologia dolorosa, a bilateralidade dos endometriomas, a idade das pacientes, as características benignas ou malignas, o tamanho (endometrioma maior ou igual a 4 cm, exige a abordagem cirúrgica antes da fertilização in vitro) e a localização (se atrapalha ou impede a captação de oócitos para a fertilização in vitro); [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes Reprodução Assistida - Os dados sugerem que a endometriose se correlaciona ao pior prognóstico nos tratamentos de reprodução assistida, principalmente nos casos de endometriose severa; - Estudos de coorte retrospectiva mostram uma taxa de gestação de 24% nas pacientes que realizaram fertilização in vitro; - Pode ser precedida pelo uso de análogos de GnRH durante 3 meses, uma vez que esses se associam as melhores taxas de gestação; **estudos mostram que a endometriose isolada não piora as taxas de nascido vivo, porém quando associada a outro fator (ex: fator masculino) pode haver essa taxa maior** 11. ENDOMETRIOSE E CÂNCER - O câncer de ovário é uma doença pouco prevalente, com difícil atuação de medidas preventivas, rastreamento, diagnóstico precoce e de mudanças nas taxas de morbimortalidade; - Pacientes com endometriose apresentam cerca de 1,34 a 1,8 aumento do risco de desenvolvimento de câncer de ovário, sendo esse moderado, mas consistente; - Mais de 90% dos carcinomas de ovário são derivados da superfície epitelial, sendo que dos subtipos histológicos mais comuns a endomtrioide se relaciona a 9 a 11% dos casos; **subtipos histológicos mais comuns do câncer de ovário: seroso (68 a 71%), células claras (12 a 13%), endometrioide (9 a 11%), mucinoso (3%), transicional (1%) e misto (6%)** - O aumento de risco de câncer de ovário em pacientes com endometriose acontecem nos de tipo I; **tipos de carcinoma epitelial de ovário: tipo I (carcinomas de baixo grau serosos, de células claras, endometrioides e mucinosos, pela evolução de tumores serosos de bordeline ou de endometriose – doença cursa de forma indolor) ou tipo II (carcinomas mais comuns presentes em doença mais avançada e indiferenciada)** - Até o momento os dados que relacionam a transformação maligna da endometriose ovariana são inconsistentes, não havendo medidas de prevenção ou rastreamento específicas nas pacientes com endometriose em relação ao câncer de ovário; REFERÊNCIAS - FREITAS. Rotinas em Ginecologia. 7 ed. 2017. Capítulo 15 (pg 378 – 389) e Capítulo 34 (pg 922 - 936); - FEBRASGO. Tratado de Ginecologia. 2019. Cap 32 (pg 1029 - 1056); - FEBRASGO. Protocolo nº 32: Endometriose. 2018. Pg 5 – 15; - MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres. 2016. Quadro 9 (pg 52).
Compartilhar