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aula 11 Recuperação extrajudicial

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Recuperação extrajudicial
Tem por objetivo incentivar a solução de mercado (art. 161): Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial. 
No começo foi pouco utilizado pelas empresas que com o tempo passaram a utilizá-lo com mais frequência. 
Requisitos legais
Deve preencher os mesmos requisitos da RJ – artigo 48.: 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Além desses acima, tem-se os requisitos do artigo 161, §3º: O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos. 
Neste caso, o devedor deverá apresentar o plano aos seus credores e posteriormente submetê-lo à homologação judicial.
OBS1: o devedor apenas precisa preencher os requisitos dos artigos acima se pretender a homologação judicial.
OBS2: Caso, apenas pretenda negociar com os seus credores, sem intermediação do judiciário, o preenchimento dos requisitos, é irrelevante.
Art. 167. O disposto neste Capítulo não implica impossibilidade de realização de outras modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores. 
Plano de recuperação extrajudicial
1) não poderá prever pagamento antecipado de dívidas;
2) não poderá promover tratamento desfavorável aos credores que a ele não se sujeitam.
Art. 161 § 2º O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. 
3) só poderá abranger créditos constituídos até a data do pedido.
Artigo 163 § 1º O plano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de créditos previstos no art. 83, incisos II, IV, V, VI e VIII do caput, desta Lei, ou grupo de credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento, e, uma vez homologado, obriga a todos os credores das espécies por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos constituídos até a data do pedido de homologação. 
4) alienação de bem objeto de garantia real ou substituição, supressão da garantia só serão admitidas mediante aprovação expressa do credor.
Artigo 163 § 4º Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante a aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia. 
5) créditos em moeda estrangeira a variação cambial só poderá ser afastada mediante a aprovação do respectivo titular do crédito. 
Art. 163, § 5º Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação extrajudicial. 
Credores submetidos ao plano
Além daqueles que também não se submetem a recuperação judicial (artigo 49, §§3º e 4º), não se submetem a extrajudicial: fiscais, trabalhistas e acidentários.
Artigo 161, § 1º Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de créditos de natureza tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho, assim como àqueles previstos nos arts. 49, § 3º , e 86, inciso II do caput, desta Lei.
Credores que podem ser abrangidos pela Recuperação extrajudicial: 
1) garantia real;
2) privilégio especial;
3) privilégio geral;
4) quirografários;
5) subordinados.
Artigo 161, § 4º O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. 
Isso indica que eles poderão requer a falência do devdor caso esteja presente algumas das hipóteses do artigo 94.
Pedido de homologação- art. 162
Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram. 
Requerimento: petição (comprovando o preenchimento dos requisitos apontados);
Importante: O pedido de recuperação nesta hipótese é uma mera faculdade, pois se ele conseguiu a a concordância dos credores que aderiram ao plano sua homologação judicial é apenas uma formalidade, não sendo condição imprescidivel para a sua execução.
Nesse caso, estaríamos diante de uma renegociação de dívidas!!!
Para que homologar? Para que os credores não possam mais desistir da adesão após a distribuição do pedido (só será possível se os demais credores que aderiram concordarem).
Art. 161, § 5º Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários. 
Pedido de homologação do art. 163.
Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos. 
Formalidades da petição inicial estão previstas o artigo 163, §6º além dos documentos do artigo 162.
Art. 163, § 6º Para a homologação do plano de que trata este artigo, além dos documentos previstos no caput do art. 162 desta Lei, o devedor deverá juntar: 
I – exposição da situação patrimonial do devedor; 
II – as demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as levantadas especialmente para instruir o pedido, na forma do inciso II do caput do art. 51 desta Lei; e 
III – os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar ou transigir, relação nominal completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente. 
Procedimento do pedido de homologação
Seja fundamentada no art. 162 ou 163, o procedimento é o mesmo.
Art. 164. Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial previsto nos arts. 162 e 163 desta Lei, o juiz ordenará a publicação de edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, convocando todos os credores do devedor para apresentação de suas impugnações ao plano de recuperação extrajudicial, observado o § 3º deste artigo. 
§ 1º No prazo do edital, deverá o devedor comprovar o envio de carta a todos os credores sujeitos ao plano, domiciliados ou sediados no país, informando a distribuição do pedido, as condições do plano e prazo para impugnação. 
§ 2º Os credores terão prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do edital, para impugnarem o plano, juntando a prova de seu crédito. 
§ 3º Para opor-se, em sua manifestação, à homologação do plano, os credores somente poderão alegar: 
I – não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do art. 163 desta Lei; 
II – prática de qualquer dos atos previstos no inciso III do art. 94 ou do art. 130 desta Lei, ou descumprimento de requisito previsto nesta Lei; 
III – descumprimento de qualquer outra exigência legal. 
Portanto, neste caso não cabe aos credores apenasoporem-se ao plano e nem alegarem em objeções questões estranhas as mencionadas no artigo 164.
Ou seja, eles precisarão apontar uma dessas situações (art. 164).
Prazo para impugnações- 30 dias contados da data da publicação do edital do art. 164. Portanto, para que os credores tomem ciência do pedido de homologação, o devedor deverá comprovar o envio de carta a todos os credores sujeitos ao plano.
Art. 164, § 1º No prazo do edital, deverá o devedor comprovar o envio de carta a todos os credores sujeitos ao plano, domiciliados ou sediados no país, informando a distribuição do pedido, as condições do plano e prazo para impugnação. 
O credor deverá comprovar o seu crédito , sob pena do não recebimento da impugnação .
Art. 164, § 2º Os credores terão prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do edital, para impugnarem o plano, juntando a prova de seu crédito. 
Impugnação- abre-se o prazo de 5 dias para que o devedor se manifeste.
Art. 164, § 4º Sendo apresentada impugnação, será aberto prazo de 5 (cinco) dias para que o devedor sobre ela se manifeste. 
Após esse prazo, com manifestação ou não, o autos serão conclusos para apreciação de eventuais impugnações. O juiz decidirá em 5 dias.
Art. 164, § 5º Decorrido o prazo do § 4º deste artigo, os autos serão conclusos imediatamente ao juiz para apreciação de eventuais impugnações e decidirá, no prazo de 5 (cinco) dias, acerca do plano de recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença se entender que não implica prática de atos previstos no art. 130 desta Lei e que não há outras irregularidades que recomendem sua rejeição
Para aprovar o plano, o juiz deverá analisar se ele representa uma forma de de fraudar os credores,nos termos do art. 130 da LF.
Art. 164, § 6º Havendo prova de simulação de créditos ou vício de representação dos credores que subscreverem o plano, a sua homologação será indeferida. 
Indeferimento do pedido- não há decretação da falência, abrem-se duas alternativas para o devedor:
A) apelação: 
Art. 164, § 7º Da sentença cabe apelação sem efeito suspensivo. 
B) apresentar novo pedido de homologação , desde que o indeferimento tenha decorrido em razão do descumprimento de formalidades e que as mesmas, tenham sido cumpridas.
Art. 164, § 8º Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas as formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial. 
Contra a sentença que defere a homologação também cabe recurso de apelação que também será recebido no efeito suspensivo.
Sentença: art. 161, § 6º A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III do caput, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
Efeitos da homologação
Art. 165. O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua homologação judicial. 
Os efeitos são a partir da homologação, não produz efeitos retroativos.
Exceção: § 1º É lícito, contudo, que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação, desde que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma de pagamento dos credores signatários. 
Caso isso ocorra, § 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, caso o plano seja posteriormente rejeitado pelo juiz, devolve-se aos credores signatários o direito de exigir seus créditos nas condições originais, deduzidos os valores efetivamente pagos.
Art. 166. Se o plano de recuperação extrajudicial homologado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado, no que couber, o disposto no art. 142 desta Lei. 
questões
Relativamente à disciplina e às disposições da Lei n. 11.101/05, considere as seguintes afirmações:
I. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. 
II. Segundo o disposto no art. 48 da Lei que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária (Lei n. 11.101/05), poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos. 
III. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, desde que vencidos.
Esta integralmente correto o que se afirma em:
a) Apenas as assertivas I e III. 
b) Nenhuma das assertivas. 
c) Apenas as assertivas I e II. 
d) As assertivas I, II e III. 
No tocante à recuperação de empresas, pode-se afirmar:
I. É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
II. São exigíveis do devedor, na recuperação de empresas, as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência.
III. O deferimento do processamento da recuperação judicial não suspende o curso da prescrição, nem tampouco o curso das ações e execuções em face do devedor. 
IV. As pessoas jurídicas poderão ser nomeadas para o exercício da atividade de administrador judicial. 
A Somente as proposições I e IV estão corretas.
B Somente as proposições II, III e IV estão corretas.
C Somente as proposições II e III estão corretas.
D Somente as proposições I, II e III estão corretas. 
E Todas as proposições estão corretas.
Em relação à recuperação judicial e extrajudicial, dispõe a Lei n° 11.101/2005:
a) A petição inicial de recuperação judicial será instruída com as demonstrações contábeis relativas aos 5 (cinco) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de relatório gerencial relativo ao balanço patrimonial anual. 
b) Estando em termos a documentação exigida que deve instruir a petição inicial, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato, determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de extinção do processo sem julgamento do mérito. 
c) O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções contra o devedor, bem como a impossibilidadedo pedido de decretação de falência pelos credores, mesmo que não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. 
d) Na recuperação extrajudicial, transcorrido um ano da decisão que não homologou o plano, o devedor poderá, cumpridas as formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial. 
e) Na recuperação extrajudicial, nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação extrajudicial. 
 
O devedor poderá requerer a homologação do plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais de 
A 3/4 (três quartos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos.
B 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos. 
C metade de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos.
D 2/3 (dois terços) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos.
De acordo com a Lei nº 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, marque V para verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. 
( ) A dilação do prazo ou revisão das condições de pagamentos e o usufruto da empresa são meios derecuperação judicial. 
( ) A emissão de valores mobiliários e a administração isolada são meios de recuperação da atividade econômica. 
( ) Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz convocará o comitê para deliberar sobre o plano de recuperação. 
( ) O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação da Assembleia Geral de Credores, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades: I) leilão, por lances orais; II) propostas fechadas; e III) pregão. 
A V/ F/ F/ F 
B V/ V/ V/ F 
C V/ F/ F/ V 
D F/ F/ V/ V
E F/ V/ V/ F 
Luiz é sócio da sociedade Papéis Fechados Ltda. que se encontra altamente endividada. Por essa razão, a referida sociedade terá dificuldades para negociar com os credores e os seus funcionários. 
Com relação à recuperação extrajudicial, considere os créditos a seguir:
I - Quirografário;
II - Com garantia real;
III - Subordinado; 
IV - Trabalhista; 
V - Tributário. 
Os créditos que NÃO podem ser objeto da recuperação extrajudicial da Papéis Fechados Ltda. são somente: 
A I e II; 
B III;
C II e III;
D III e IV;
E IV e V. 
De acordo com a Lei nº 11.101/2005, não pode ser incluído no plano de recuperação extrajudicial o crédito 
A trabalhista. 
B quirografário.
C com garantia real. 
D subordinado. 
gabarito
1. c
2. E
3. A
4. A
5. E
6. A

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