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Os lusíadas Luis de camoes Biografia do autor Luis vaz de camoes Nascimento:1524 Lisboa/Portugal Morte:10 de junho de 1580 (56 ano) em Lisboa/Portugal Ocupação: Poeta, soldado foi um poeta nacional de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre a sua infância tudo é conjetura mas, ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e modernas. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra. Frequentou a corte de D. João III, iniciou a sua carreira como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em amores com damas da nobreza e possivelmente plebeias, além de levar uma vida boémia e turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, autoexilou-se em África, alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando lá vários anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias vezes, combateu ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, a epopeia nacionalista Os Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os Lusíadas e recebeu uma pequena pensão do rei D. Sebastião pelos serviços prestados à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se manter. Camões faleceu dia 10 de junho de 1580 em Lisboa, provavelmente vítima de peste. No final da sua vida, passou por grandes problemas financeiros morrendo pobre e infeliz. O Dia de Portugal é celebrado em 10 de junho em comemoração à data de sua morte. Principais obras El-Rei Seleuco (1545), peça de teatro; Filodemo (1556), comédia de moralidade; Os Lusíadas (1572), grande poema épico; Anfitriões (1587), comédia escrita em forma de auto; Rimas (1595), coletânea de sua obra lírica; Os lusíadas canto IV/O velho de rasteiro Esse canto conta a historia de um ansiao que decide se manifestar contra a viagem dos navegantes portugueses no momento em que eles se despedem de seus familiares que estão no porto de belem, o velho assume um discurso no qual condena o0 povo portugues por sua ambição. Trechos marcantes Canto IV . Estrofe 32 Eis ali seus irmãos contra ele vão (Caso feio e cruel!); mas não se espanta, Que menos é querer matar o irmão, Quem contra o Rei e a Pátria se alevanta. Destes arrenegados muitos são No primeiro esquadrão, que se adianta Contra irmãos e parentes (caso estranho), Quais nas guerras civis de Júlio [e] Magno. Canto IV estrofe 41 Muitos também do vulgo vil, sem nome, Vão, e também dos nobres, ao Profundo, Onde o trifauce Cão perpétua fome Tem das almas que passam deste mundo. E por que mais aqui se amanse e dome A soberba do imigo furibundo, A sublime bandeira Castelhana Foi derribada òs pés da Lusitana. Canto IV estrofe 48 Não sofre o peito forte, usado à guerra, Não ter imigo já a quem faça dano; E assi, não tendo a quem vencer na terra, Vai cometer as ondas do Oceano. Este é o primeiro Rei que se desterra Da pátria, por fazer que o Africano Conheça, pelas armas, quanto excede A lei de Cristo à lei de Mafamede. Canto IV estrofe 50 Não consentiu a morte tantos anos Que de Herói tão ditoso se lograsse Portugal, mas os coros soberanos Do Céu supremo quis que povoasse. Mas, pera defensão dos Lusitanos, Deixou Quem o levou, quem governasse E aumentasse a terra mais que dantes: Ínclita geração, altos Infantes. Canto IV estrofe 54 Mas Afonso, do Reino único herdeiro, Nome em armas ditoso em nossa Hespéria, Que a soberba do Bárbaro fronteiro Tornou em baxa e humílima miséria, Fora por certo invicto cavaleiro, Se não quisera ir ver a terra Ibéria, Mas África dirá ser impossíbil Poder ninguém vencer o Rei terríbil. Canto IV estrofe 59 Porque o filho, sublime e soberano, Gentil, forte, animoso cavaleiro, Nos contrários fazendo imenso dano, Todo um dia ficou no campo inteiro. Destarte foi vencido Octaviano, E António vencedor, seu companheiro, Quando daqueles que César mataram Nos Filípicos campos se vingaram. Canto IV estrofe 65 Viram gentes incógnitas e estranhas Da Índia, da Carmânia e Gedrosia, Vendo vários costumes, várias manhas, Que cada região produze e cria. Mas de vias tão ásperas, tamanhas, Tornar-se facilmente não podia. Lá morreram, enfim, e lá ficaram, Que à desejada pátria não tornaram. Canto IV estrofe 66 Parece que guardava o claro Céu A Manuel e seus merecimentos Esta empresa tão árdua, que o moveu A subidos e ilustres movimentos; Manuel, que a Joane sucedeu No Reino e nos altivos pensamentos, Logo como tomou do Reino cargo, Tomou mais a conquista do mar largo. Canto IV estrofe 71 Das águas se lhe antolha que saíam, Par' ele os largos passos inclinando, Dous homens, que mui velhos pareciam, De aspeito, inda que agreste, venerando. Das pontas dos cabelos lhe saíam Gotas, que o corpo todo vão banhando; A cor da pele, baça e denegrida; A barba hirsuta, intonsa, mas comprida Canto IV estrofes 95 a 104 95 – «Ó glória de mandar, ó vã cobiça Desta vaidade a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça Cũa aura popular, que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça Fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, Que crueldades neles experimentas! 96 «Dura inquietação d'alma e da vida Fonte de desemparos e adultérios, Sagaz consumidora conhecida De fazendas, de reinos e de impérios! Chamam-te ilustre, chamam-te subida, Sendo dina de infames vitupérios; Chamam-te Fama e Glória soberana, Nomes com quem se o povo néscio engana! 97 «A que novos desastres determinas De levar estes Reinos e esta gente? Que perigos, que mortes lhe destinas, Debaixo dalgum nome preminente? Que promessas de reinos e de minas D' ouro, que lhe farás tão facilmente? Que famas lhe prometerás? Que histórias? Que triunfos? Que palmas? Que vitórias? 98 «Mas, ó tu, geração daquele insano Cujo pecado e desobediência Não somente do Reino soberano Te pôs neste desterro e triste ausência, Mas inda doutro estado mais que humano, Da quieta e da simpres inocência, Idade d' ouro, tanto te privou, Que na de ferro e d' armas te deitou: 99 «Já que nesta gostosa vaïdade Tanto enlevas a leve fantasia, Já que à bruta crueza e feridade Puseste nome, esforço e valentia, Já que prezas em tanta quantidade O desprezo da vida, que devia De ser sempre estimada, pois que já Temeu tanto perdê-la Quem a dá: 100 «Não tens junto contigo o Ismaelita, Com quem sempre terás guerras sobejas? Não segue ele do Arábio a lei maldita, Se tu pola de Cristo só pelejas? Não tem cidades mil, terra infinita, Se terras e riqueza mais desejas? Não é ele por armas esforçado, Se queres por vitórias ser louvado? 101 «Deixas criar às portas o inimigo, Por ires buscar outro de tão longe, Por quem se despovoe o Reino antigo, Se enfraqueça e se vá deitando a longe; Buscas o incerto e incógnito perigo Por que a Fama te exalte e te lisonje Chamando-te senhor, com larga cópia, Da Índia, Pérsia, Arábia e de Etiópia. 102 «Oh, maldito o primeiro que, no mundo, Nas ondas vela pôs em seco lenho! Dino da eterna pena do Profundo, Se é justa a justa Lei que sigo e tenho! Nunca juízo algum, alto e profundo, Nem cítara sonora ou vivo engenho Te dê por isso fama nem memória, Mas contigo se acabe o nome e glória! 103 «Trouxe o filho de Jápeto do Céu O fogo que ajuntou ao peito humano, Fogo que o mundo em armas acendeu, Em mortes, em desonras (grande engano!). Quanto milhor nos fora, Prometeu, E quanto pera o mundo menos dano, Que a tua estátua ilustre não tivera Fogo de altos desejos, que a movera! 104 «Não cometera o moço miserando O carro alto do pai, nem o ar vazio O grande arquitector co filho, dando Um, nome ao mar, e o outro, fama ao rio. Nenhum cometimento alto e nefando Por fogo, ferro, água, calma e frio, Deixa intentado a humana geração. Mísera sorte! Estranha condição!»
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