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Mecanismos de Metástase 1 Mecanismos de Metástase Metástase é o selo da malignidade das neoplasias. Trata-se de uma neoplasia maligna se disseminar pela corrente, até se instaurar em uma outra região, gerando um novo tumor. Embora nem todo câncer tenha metástase (como carcinoma basocelular da pele e gliomas do sistema nervoso, que são localmente invasivos mas não geram metástase), a maioria deles atua desse modo. Algumas células de carcinomas invasores podem, por meio da corrente, se disseminarem para regiões diversas do corpo e lá ficarem quescientes por longos anos. Já, geralmente, nos pulmões e no fígado isso ocorre de maneira muito rápida. Vale lembrar que: • Algumas metástases são mais maléficas em seus órgãos à distância que no tumor primário. • Para detectar o local primário do surgimento da metástase, o patologista precisa usar de várias técnicas, mas, algumas vezes, esse local inicial do tumor não é encontrado. As metástases, nesse sentido, podem originar-se de: tumor primitivo que involuiu; tumor primário muito pequeno para ser detectado; células que migraram precocemente de lesões pré-cancerosas que completaram o processo de malignização no nicho em que se alojaram, enquanto a lesão pré-cancerosa sofreu involução. Geralmente, os passos da Metástase são: destacamento das células da massa tumoral original deslocamento dessas células através da matriz extracelular MEC; invasão de vasos linfáticos ou sanguíneos; sobrevivência das células na circulação; adesão ao endotélio vascular no órgão em que as células irão se instalar; saída dos vasos nesse órgão (diapedese); proliferação no órgão invadido; indução de vasos para o suprimento sanguíneo da nova colônia. Mecanismos de Metástase 2 Os cientistas, no século XIX, pensavam que as metástases deslocavam-se aleatoriamente para os órgãos secundários que seriam afetados. No entanto, em decorrência de alguns órgão serem mais atingidos que outros, após visualização de necrópsia, eles renunciaram essa ideia e criaram a teoria da Semente e do Solo, na qual, o órgão que receberia a metástase teria seu "solo" pré-organizado para receber a célula metastática. As teorias afirmam que as metástases podem sofrer alterações genéticas e epigenéticas: em seu local de origem, ou seja, no tumor primário (isso significa que antes da metástase iniciar, a multiplicação e a progressão da malignização já se iniciaria nesse órgão primário), ou; nos órgãos em locais distantes (ou seja, após a invasão à distância a célula iria então começar a se multiplicar e a progredir sua malignização).Entretanto, nas duas teorias, esse processo de transformação de um tumor primário para um tumor com metástases, não é linear, mas sim alterações constitucionais, que formariam colônias malignas secundárias, e assim por diante. OS PASSOS DA METÁSTASE 1 DESTACAMENTO DE CÉLULAS TUMORAIS DO TUMOR PRIMITIVO Células normais encontram-se “aderidas” umas às outras e ao interstício por meio de estruturas e moléculas de adesão, principalmente caderinas, estas associadas à β-catenina Mecanismos de Metástase 3 O citoesqueleto fica ligado a integrinas e caderinas, às quais estão associadas a algumas cinases e proteínas ativadoras de proteínas G. O estímulo vindo de integrinas (p. ex., desligamento de ancoragem ou falta de ancoragem à matriz) ativa as FAK (focal adhesion kinases) e as ILK (integrin linked protein kinases), que modulam o citoesqueleto, ativam as MAPK e induzem a síntese de metaloproteases. A β-catenina fica normalmente presa ao citoesqueleto e a caderinas, além de formar complexo com a axina e a GSK. A β-catenina solta-se por perda de adesão à caderina, por ativação do receptor do fator de crescimento WNT ou por defeitos na proteína APC. Esse destacamento pode ocorrer por: perda de algumas caderinas (caderina E; expressão de caderinas N e R, e; inibição de integrinas que mantêm as junções entre as células, e expressão daquelas que aumentam a ancoragem das células à matriz extracelular, favorecendo a emissão de pseudópodes para deslocamento. Mecanismos de Metástase 4 DESLOCAMENTO DE CÉLULAS ISOLADAS Esse destacamento chama-se de TEM transição epitelio mesenquimal. Nele, células epiteliais perdem a característica de epitélio (mudança em caderinas e integrinas, inibição da expressão de ceratinas) e adquirem propriedades de células mesenquimais móveis (expressam moléculas de células mesenquimais, como vimentina, SMAα e proteínas G monoméricas da família RHO, indispensáveis para o deslocamento). A TEM também atua: inibindo a anoiquia (que é a apoptose que ocorre em células que perderam a adesão celular); podendo permitir a reversibilidade do epitélio que se transformou em célula mesenquimal, a epitélio novamente. O deslocamento de células isoladas que sofreram TEM faz-se por movimento ameboide, com lançamento de pseudópodes orientados por agentes quimiotáticos que têm várias origens: DESLOCAMENTO DE CÉLULAS EM BLOCO SEM TRANSIÇÃO EPITELIOMESENQUIMAL Diferentemente do mecanismo das células isoladas que utilizam-se do TEM, os blocos de células ficam aderidos entre si e depende da criação de vias pelas fibras da Matriz Extracelular (por ação de metaloproteases, chamadas de MMP). Enzimas hidrolíticas do grupo de metaloproteases MMP, desestruturam a rede de macromoléculas presentes no caminho, e podem ser produzidas por: fibroblastos ou macrófagos, pela ordem dessas células; pelas próprias células tumorais.As metaloproteases são moduladas por ativadores e inibidores. O TIMP (tissue inhibitor of metalloproteases) é seu inibidor mais conhecido, e estudos correlacionam que quanto mais quantidade de TIMP, menor será a capacidade invasiva de células tumorais. 2 INVASÃO VASCULAR E SOBREVIVÊNCIA NA CIRCULAÇÃO Células tumorais deslocam-se em direção aos vasos sanguíneos e linfáticos, atraídas por quimiocinas produzidas por células endoteliais que atuam em receptores CCR 7 expressos nas células tumorais.Macrófagos podem produzir MMP e fatores de crescimento para células tumorais; estas produzem CSF, que atua em receptores Mecanismos de Metástase 5 de macrófagos do tumor, ativando-os a produzir e secretarmais MMP.Ocorre a emissão de lamelipódios que afastam as células endoteliais e permitem a entrada das células malignas na luz do vaso sanguíneo ou linfático. A maioria dessas células são destruídas na circulação. No entanto, a coagulação sanguínea, que ativa plaquetas a formarem capas de fibrina sobre as células tumorais pode auxiliar sua permanência e proteção nesses locais. Experimentalmente, o uso de anticoagulantes reduz a formação de metástases. 3 SAÍDA DAS CÉLULAS TUMORAIS PARA OS ÓRGÃOS E FORMAÇÃO DE NOVAS COLÔNIAS A célula tumoral precisa de moléculas de adesão para sair do endotélio, em direção ao órgão no qual irá "extravasar". Os órgãos que produziam quimiocinas, "chamando" as células do tumor primário, começam a receber as colônias. No carcinoma colorretal, por exemplo, as células deixam o tumor primitivo expressando o receptor MET e a selectina E; esta permite adesão ao endotélio de sinusoides hepáticos, enquanto o receptor MET é ativado pelo HGF produzido por hepatócitos e induz migração das células tumorais para o lóbulo hepático. Em alguns tipos de tumores, o número de células-tronco do câncer CTC circulantes emerge como marcador de prognóstico ou de resposta à terapia. Nem todos os pacientes com câncer não metastático têm CTC detectadas; quando presentes, o surgimento de metástases clinicamente evidentes e óbito pela doença são mais frequentes. 4 INSTALAÇÃO, SOBREVIVÊNCIA E PROLIFERAÇÃO DE CÉLULAS TUMORAIS EM DIFERENTES ÓRGÃOS A maioria das células tumorais que vão para a circulação são destruídas. Apenas uma pequena parte ingressa no MEC. Essa célula extravasada necessita encontrar um nicho adequado em que possa se proliferar e gerar a angiogênese. O sucesso da teoria da semente e do solo é concretizadanesse aspecto. Muitas vezes, a própria célula tumoral secreta fatores que estimulam células do órgão a produzir fatores de crescimento, quimiocinas e citocinas que favorecem o desenvolvimento da nova Mecanismos de Metástase 6 colônia. Pode ocorrer também o fenômeno no qual células da medula óssea migram para o nicho pré-metastático. Essas células chegam nessas regiões antes mesmo das células tumorais. 5 NICHO PRÉMETASTÁTICO Foi demonstrado que um tumor inoculado no subcutâneo, induz a formação de um nicho no qual a metástase irá se localizar (denominado, portanto, nicho pré-metastático), que pode anteceder o lançamento de células malignas na circulação. Embora um tumor seja monoclonal na origem, seus subclones são distintos, e muitos desses entram em apoptose, outros estacionam em G0; apenas a grande minoria apresenta capacidade de invadir e/ou metastatizar. AS VIAS DE DISSEMINAÇÃO DE CÉLULAS CANCEROSAS Via Linfática: É a principal via de disseminação inicial de carcinomas. Em geral, o linfonodo de drenagem do tumor (linfonodo sentinela) é o primeiro sítio das metástases, e pode ser identificado com facilidade. Sua retirada/análise são muito importantes em vários tipos de câncer, especialmente no da mama. Sendo assim, as primeiras metástases linfonodais de um câncer do pulmão aparecem nos linfonodos do hilo pulmonar, enquanto as do câncer do quadrante superior externo da mama surgem primeiro nos linfonodos axilares.Existem casos em que a metástase pode surgir em linfonodos não relacionados com a sede do tumor. Em geral, os linfonodos/massas próximas podem ser palpados se estiverem localizados superficialmente. Em caso de estiverem mais profundos, podem ser detectados por exames de imagem. Via Sanguínea: A corrente sanguínea pode levar as metástases para qualquer parte do corpo. Tumores de órgãos tributários do sistema porta, no entanto, podem dar metástase inicialmente no fígado. Já, tumores de órgãos tributários da cava, podem originar nos pulmões. Mas a presença de células malignas na corrente não significa metástase, visto que a imensa maioria (> 99% das células cancerosas na circulação é destruída pelas forças de cisalhamento da corrente sanguínea, pelo sistema do complemento, pela resposta imunitária do hospedeiro, por apoptose, pela defesa não imunitária Mecanismos de Metástase 7 (macrófagos, células NK e pelo choque mecânico que sofrem com a parede vascular. Outras vias: Esse transporte das células neoplásicas pode também ser feito por canais, ductos ou cavidades naturais. Quando atingem a pleura ou o peritônio, por exemplo, células neoplásicas podem originar metástases na serosa e nos órgãos subjacentes. Quando as metástases de carcinomas são difusas no peritônio, fala-se em carcinomatose peritoneal. MORFOLOGIA MACROSCÓPICA • Nódulos únicos ou múltiplos; • Tamanhos variados; • Focos de necrose e hemorragia; • Na intimidade de órgãos ou de suas superfícies. MORFOLOGIA MICROSCÓPICA • Tende a manter o aspecto microscópico geral do tumor primário; • Geralmente, maior anaplasia e menor diferenciação; • Metástases indiferenciadas: imunohistoquímica.
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