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ESTOMATOLOGIA VARIAÇÕES DA NORMALIDADE 1 – Grânulos de Fordyce O que é? Os grânulos de Fordyce são glândulas sebáceas que ocorreram na mucosa oral. Lesões semelhantes também já foram relatadas na mucosa genital. As glândulas sebáceas são consideradas estruturas dérmicas anexas, por isso, quando encontradas na cavidade oral, são muitas vezes consideradas ectópicas (estrutura fora do seu sítio anatômico normal). Porém, por ser encontrado em mais de 80% da população, deve ser considerado uma variação anatômica normal. Características clínicas ❖ Apresentam-se como múltiplas pápulas amareladas ou branco-amareladas. ❖ Mais frequentemente encontradas na mucosa jugal, e na porção lateral do vermelhão do lábio superior. As vezes aparece também na região retromolar e no pilar amigdaliano anterior. ❖ São mais encontrados em adultos, devido aos fatores hormonais. ❖ É basicamente assintomático, embora os pacientes consigam sentir uma leve rugosidade na mucosa. ❖ Pode ocorrer variações clinicas consideráveis, quando certo paciente pode ter alguns desses grânulos e outras centenas desses grânulos. Características histopatológicas Exceto pela ausência de folículos pilosos, os grânulos de Fordyce são semelhantes as glândulas sebáceas normais encontradas na pele. Tratamento e prognóstico Como os grânulos de Fordyce são considerados uma variação anatômica normal e são assintomáticos, nenhum tratamento é indicado. Geralmente, o exame clínico já é o suficiente para identifica-los, não precisando, assim, da biópsia para o diagnóstico. Em alguns casos (raros) podem se desenvolver tumores desses grânulos. 2 – Leucoedema O que é? É uma condição comum da mucosa oral de etiologia desconhecida. Ocorre mais frequentemente em indivíduos negros do que em brancos. Tem sido relatado em 70% a 90% em adultos negros e 50% em crianças negras. Em indivíduos brancos a porcentagem é inferior, ou por se apresentarem mais sutis nesses indivíduos, é mais difícil a percepção. A diferença da predileção da doença por indivíduos negros pode ser explicada pela presença de uma pigmentação na mucosa dessas pessoas, fazendo com que fique mais visível a alteração edematosa. Embora o leucoedema pareça ser uma variação do desenvolvimento, alguns estudos mostram que o leucoedema é mais comum e acentuado em pacientes tabagistas e se torna menos pronunciado quando o paciente abandona o hábito. Características clínicas ❖ Aparência difusa, opalescente e branco-acinzentado. ❖ A superfície encontra-se frequentemente pregueada, resultando em estrias esbranquiçadas ou rugosidades. ❖ Geralmente, acomete a mucosa jugal bilateralmente e pode estender-se até a mucosa lingual. Em raras exceções pode envolver o soalho bucal e os tecidos palato-faringeanos. ❖ O leucoedema pode ser facilmente identificado, pois ao distender ou everter a mucosa, o aspecto esbranquiçado diminui muito. Características histopatológicas Há um aumento da espessura epitelial, com edema intracelular proeminente na camada espinhosa. A superfície epitelial é frequentemente paraceratinizada e as cristas epiteliais são amplas e alongadas. Tratamento e prognóstico O leucoedema é uma condição benigna e nenhum tratamento é necessário. O fato de ao estirar a mucosa, a lesão branco-acinzentada desaparecer/diminuir, a distingue de outras lesões parecidas, como a leucoplasia. 3 – Língua fissurada (língua escrotal) O que é? A língua fissurada é caracterizada por vários sulcos e fissuras na superfície dorsal da língua. Sua causa é incerta, mas a hereditariedade parece ter um papel significante. Fatores ambientais e idade também podem contribuir para o seu desenvolvimento. Características clínicas ❖ Os pacientes exibem fissuras e sulcos na superfície dorsal da língua, variando de 2mm a 6mm de profundidade. ❖ Em casos mais graves, fissuras numerosas cobrem completamente a superfície dorsal e dividem as papilas linguais em múltiplas “ilhas”. ❖ Geralmente é assintomática, porém alguns pacientes relatam ardência ou dor. ❖ A maioria dos estudos mostra que a língua fissurada varia de 2% a 5% da população. ❖ A gravidade e a prevalência é aumentada com a idade, sendo que a língua fissurada é encontra em aproximadamente 30% dos adultos mais velhos. ❖ Em algumas pesquisas, observou-se a predileção da língua fissurada pelo gênero masculino. ❖ Há uma forte relação da língua fissurada com a língua geográfica, pois foi encontrado em vários pacientes ambas as condições. A base hereditária da língua fissurada foi sugerida também para a língua geográfica e os mesmos genes podem estar relacionados com as duas condições. Inclusive, foi sugerido que a língua geográfica pode causar a língua fissurada. A língua fissurada também pode ser componente da síndrome de Melkersson Rosenthal. Características histopatológicas Releva perda hiperplasia das projeções epiteliais e perda dos “pelos” de ceratina na região das papilas filiformes. As papilas são observadas em tamanhos diversos e estão separadas por fendas profundas. Os leucócitos PMN podem ser observados migrando para o epitélio, formando muitas vezes microabcessos nas camadas epiteliais superiores. Um infiltrado inflamatório está presente na lâmina própria. Tratamento e prognóstico A língua fissurada é uma alteração benigna e nenhum tratamento especifico deve ser indicado. O paciente deve, apenas, ser incentivado a escovar melhor a língua para evitar restos residuais que podem levar a irritações. 4 – Língua geográfica 5 – Língua pilosa O que é? A língua pilosa caracteriza-se por acúmulo acentuado de ceratina nas papilas filiformes do dorso da língua, resultando em uma aparência semelhante a pelos. Aparentemente, essa condição ocorre por um aumento na produção de ceratina ou por um decréscimo na descamação da ceratina normal. É observada em aproximadamente 0.5% dos adultos. Embora sua causa seja incerta, muitos pacientes afetados são tabagistas crônicos. Outros fatores também associados são: debilitação geral, higiene oral deficiente e um histórico de radioterapia na região de cabeça e pescoço. Características clínicas ❖ A língua pilosa é mais comum na linha média anterior às papilas circunvaladas, espalhando-se para as margens lateral e anterior. ❖ As papilas alongadas são acastanhadas, amareladas ou enegrecidas, como o resultado do crescimento de bactéria cromogênicas, pigmentos de tabaco e alimentos. ❖ Algumas vezes, a maior parte do dorso da língua pode estar envolvida, resultando em uma aparência espessada. ❖ A condição é geralmente assintomática, porém, às vezes, alguns pacientes reclamam de uma sensação de náusea ou um gosto desagradável na boca. ❖ Com o aspecto clinico já é possível dar o diagnostico na maioria dos casos. Características histopatológicas Caracteriza-se por alongamento pronunciado e hiperparaceratose das papilas filiformes. Frequentemente, observa-se o crescimento de várias bactérias na superfície epitelial. Tratamento e prognóstico É uma condição benigna que não traz sequelas relevantes. Muitas vezes, a preocupação é com a aparência da língua e a halitose. Quaisquer fatores predisponentes como tabaco, antibióticos ou antisséptico devem ser eliminados e uma excelente higiene oral deve ser efetuada. A limpeza deve ser feita com raspagem periódica ou limpeza com escova de dentes ou raspador de língua. 6 – Língua saburrosa O que é? A língua saburrosa é quando células epiteliais descamadas e numerosas bactérias acumulam-se no dorso da língua, porém sem projeções filiformes semelhantes a pelos como a língua pilosa. Características clínicas ❖ Apresenta dorso da língua com aparência branca e espessada devido ao acúmulo de ceratina e bactérias na superfície. Características histopatológicas Sem necessidade de exame histopatológico. Tratamento e prognóstico É uma condição benigna quenão traz sequelas relevantes. Muitas vezes, a preocupação é com a aparência da língua e a halitose. Quaisquer fatores predisponentes como tabaco, antibióticos ou antisséptico devem ser eliminados e uma excelente higiene oral deve ser efetuada. A limpeza deve ser feita com raspagem periódica ou limpeza com escova de dentes ou raspador de língua. 7 – Varicosidades (varizes) O que é? As varicosidades, ou varizes, consistem em veias anormalmente dilatadas e tortuosas. A idade parece ser um fator etiológico importante, uma vez que varizes é mais comum em adultos e raras em crianças. Tal fator é associado a idade, pois ao longo dos anos, pode ocorrer a perda do tônus do tecido conjuntivo que suporta os vasos. Características clínicas ❖ O tipo mais comum de varicosidade oral é variz sublingual, a qual ocorre em dois terços das pessoas com mais de 60 anos de idade. As varicosidades sublinguais apresentam-se como vesículas papulares ou elevadas múltiplas, azul-purpúreas, na margem lateral e no ventre da língua. ❖ As lesões geralmente são assintomáticas, exceto em casos raros que ocorre trombose secundária. ❖ Com menos frequência, varizes solitárias ocorrem em outras regiões da boca, especialmente no lábio e na mucosa jugal. São notadas apenas após sofrerem trombose. Clinicamente, uma variz trombosada apresenta-se com um aumento do volume de azul-purpúreo, firme e indolor. Características histopatológicas Exibe uma veia dilatada, cuja a parede exibe pouco músculo liso e tecido elástico pouco desenvolvido. Se a variz tiver com trombose secundária, pode-se observar a luz do vaso com camadas concêntricas de plaquetas e hemácias. Trombos mais antigos podem apresentar calcificação distrófica, resultando na formação de flebólitos (phlebo = vaeia e litho = pedra). Tratamento e prognóstico As varicosidades sublinguais são tipicamente assintomáticas, e não há indicação de tratamento. Nas varicosidades solitárias pode haver necessidade de remoção cirúrgica para confirmação do diagnóstico, por causa da formação do trombo solitário ou por razões estéticas. 8 – Artéria de calibre persistente O que é? É uma alteração vascular comum, no qual um ramo arterial principal se estende para a superfície do tecido mucoso sem redução no seu diâmetro. São observadas com maior frequência em idosos. Isto sugere que pode ser um fenômeno degenerativo relacionado com a idade, no qual ocorre perda do tônus do tecido conjuntivo circunjacente e de suporte. Características clínicas ❖ Ocorre quase que exclusivamente na mucosa labial. Tanto no lábio superior, como no inferior, e alguns casos bilaterais. ❖ A média de idade dos pacientes é de 58 anos de idade. ❖ A lesão apresenta-se como uma elevação linear, papular ou arqueada, de coloração pálida, normal ou azulada. ❖ Em geral, quando se estica o lábio a artéria se torna imperceptível. ❖ O achado característico é a pulsação. Geralmente, quando se usa luvas não é possível sentir a pulsação de uma artéria de calibre persistente por meio da pulsação. ❖ A lesão geralmente é assintomática e descoberta em um exame clinico de rotina. ❖ Alguns poucos casos estão sendo associados a ulceração da mucosa de revestimento. Características histopatológicas O exame microscópico revela uma artéria com parede espessa localizada logo abaixo da superfície mucosa. Tratamento e prognóstico Nenhum tratamento é necessário. 9 – Exostose O que é? São protuberâncias ósseas localizadas que surgem da cortical óssea. Estes crescimentos benignos afetam frequentemente a máxima e mandíbula. As exostoses orais mais conhecidas são tôrus palatino e tôrus mandibular. Características clínicas e radiográficas ❖ São identificadas preferencialmente em adultos. ❖ As exostoses vestibulares ocorrem como aumentos de volume ósseo bilaterais ao longo da face vestibular dos rebordos alveolares da maxila/mandíbula. Geralmente são assintomáticas, a não ser que a fina mucosa se torne ulcerada por trauma. Um estudo mostra que foram encontradas em 1 a cada 1000 adultos (0,09%), porém alguns estudos mostram uma porcentagem maior de 19%. Essa variação pode ser pelas distintas populações estudadas ou pelos critérios clínicos utilizados para o diagnóstico. ❖ As exostoses palatinas (tubérculos palatinos) são protuberâncias ósseas palatinas que se desenvolvem no lado lingual das tuberosidades palatinas. Essas lesões são geralmente bilaterais, mas podem acometer apenas um lado. São mais comuns em homem e relatos variam de 8% a 69% em várias populações. ❖ As exostoses solitárias têm em menos frequência, possivelmente em resposta à irritação local. Essas lesões podem se desenvolver no osso alveolar por baixo de enxertos gengivais livres ou enxertos cutâneos. Provavelmente, a colocação de enxerto serve de estimulo para o periósteo formar novo osso. ❖ Uma variante rara é a exostose subpôntica reacional (hiperplasia óssea subpôntica). Pode se desenvolver da crista alveolar, abaixo do pôntico (dentes artificiais das próteses fixas) de uma prótese fixa na região posterior. ❖ Em casos raros, as exostoses podem se apresentar tão grandes que podem ser confundidas com tumores como o osteoma. Características histopatológicas O exame histopatológico revela uma massa densa de osso cortical lamelar com uma pequena quantidade de medula óssea fibroadiposa. Em alguns casos, uma zona mais interna de osso trabecular também está presente. Tratamento e prognóstico Na maioria dos casos, o exame clínico já é suficiente para diagnostico. Em caso de dúvida, a biopsia deve ser feita para excluir a possibilidade de outras lesões ósseas. Quando são expostas a traumatismos constantes ou quando existe ulceração e dor, é recomendável a remoção. A remoção cirúrgica também é recomendável para adaptação de prótese ou para permitir adaptação apropriada de um retalho durante uma cirurgia periodontal. Pode ser indiciada a remoção da exostose subpôntica reacional quando interferir na higiene bucal ou quando estiver associada a doença periodontal adjacente. A-) Tôrus palatino O que é? É uma exostose comum que ocorre na linha média do palato duro. Sua patogênese tem sido discutida, indo entre fatores genéticos ou ambientais, como o estresse mastigatório. Algumas autoridades sugerem que o tôrus palatino é um traço de herança autossômica dominante. Entretanto, outros acreditam que seu desenvolvimento seja multifatorial, com influencias genéticas, tanto como ambientais. Características clínicas ❖ Apresenta-se como uma massa dura de osso que surge na linha média do palato duro. ❖ Às vezes, são classificados de acordo com sua aparência morfológica. ❖ O tôrus plano tem uma base ampla e uma superfície lisa, ligeiramente convexa. Ele se estende simetricamente para os dois lados da rafe palatina. ❖ O tôrus alongado apresenta-se como uma crista na linha média ao longo da rafe palatina. Algumas vezes um sulco central está presente. ❖ O tôrus nodular apresenta-se como protuberâncias múltiplas, cada uma com sua base. ❖ O tôrus lobular também é uma massa lobulada, porém origina-se de uma base única. Ele pode ser séssil ou pedunculado. ❖ A maioria dos tôrus são pequenos, medindo menos de 2cm, porém pode aumentar ao longo da vida. ❖ A maioria é assintomático, porém a borda fina de alguns pode ulcerar, causando dor. ❖ A prevalência do tôrus palatino varia entre 9% a 60%. ❖ Estudos relatam que há prevalência em povos asiáticos e esquimós. Características histopatológicas O exame histopatológico revela uma massa densa de osso cortical lamelar. Às vezes, uma zona mais interna de osso trabecular é observada. Tratamento e prognóstico Na maioria dos casos, o exame clínico já é suficiente para diagnostico. Em caso de dúvida, a biopsia deve ser feita para excluir a possibilidade de outras lesões ósseas. Quando são expostas a traumatismos constantes ou quando existe ulceraçãoe dor, é recomendável a remoção. A remoção cirúrgica também é recomendável para adaptação de prótese ou para permitir adaptação apropriada de um retalho durante uma cirurgia periodontal. Pode ser indiciada a remoção também quando interferir na higiene bucal. B-) Tôrus mandibular O que é? É uma exostose comum que se desenvolve ao longo da superfície lingual da mandíbula. Assim como o tôrus palatino, o mandibular também é de múltiplas causas, incluindo influencias ambientais e genéticas. Características clínicas e radiográficas ❖ Apresenta-se como uma protuberância óssea ao longo da superfície lingual da mandíbula acima da linha milo-hioidea, na região de pré-molares. ❖ O envolvimento bilateral ocorre em 90% dos casos. ❖ Geralmente, os pacientes não percebem que têm o tôrus mandibular, a não ser que se torne ulcerado por traumas e provoque incomodo. ❖ Em raros casos, se encontram tão grandes que quase vão para a linha média. ❖ Os tôrus mandibulares são facilmente encontrados em radiografias oclusais. ❖ Não são tão comuns quanto os palatinos, variando de 5% a 40%. ❖ Parecem também serem mais comuns em asiáticos e esquimós. ❖ Uma pequena predileção pelo gênero masculino tem sido notada. Características histopatológicas O exame histopatológico revela uma massa densa de osso cortical lamelar. Às vezes, uma zona mais interna de osso trabecular é observada. Tratamento e prognóstico Na maioria dos casos, o exame clínico já é suficiente para diagnostico. Em caso de dúvida, a biopsia deve ser feita para excluir a possibilidade de outras lesões ósseas. Quando são expostas a traumatismos constantes ou quando existe ulceração e dor, é recomendável a remoção. A remoção cirúrgica também é recomendável para adaptação de prótese ou para permitir adaptação apropriada de um retalho durante uma cirurgia periodontal. Pode ser indiciada a remoção também quando interferir na higiene bucal. ❖
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