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APELAÇÃO CÍVEL - Gratuidade da justiça Pessoa jurídica sem fins lucrativos Deferimento tácito

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (ÍZA) DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL E EMPRESARIAL DA COMARCA DE ANANINDEUA/PA
Processo nº.: 0002965-44.2015.8.14.0006
Apelante: Instituto de Defesa dos Servidores Públicos e Militares do Estado do Pará – INDESPCMEPA
Apelados: TC Comércio de Copiadora Ltda. – EPP; e Brother Internacional Corporation do Brasil Ltda.
INSTITUTO DE DEFESA DOS SERVIDORES PÚBLICO E MILITARES DO ESTADO DO PARÁ - INDESPCMEPA, por sua representante legal, ambas devidamente qualificadas nos autos do processo epigrafado, por intermédio de seu advogado signatário desta, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor
APELAÇÃO CÍVEL
da Sentença proferida nos autos, de fls. 151-155 verso e da de documento nº 20200049264709, por não se conformar com os termos do sentenciante, com respaldo no art. 1.009 e seguintes do Código de Processo Civil – CPC, pelas razões apresentadas anexo.
1 TEMPESTIVIDADE
2 PREPARO (§ 1º, ART. 101, DO CPC)
O presente recurso busca reformar parte dispositiva da Sentença no tocante à condenação ao pagamento de custas processuais. Deste modo, em atenção à inteligência do § 1º, do art. 101, do CPC, o recorrente está dispensado do recolhimento de custas até a decisão do relator sobre o ponto.
Destarte, por estas razões, deixa de juntar relatório de conta de processo, boleto e comprovante de pagamento.
3 REQUERIMENTOS
Presentes os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade, requer seja o presente recurso recebido no efeito devolutivo e suspensivo, intimando-se a parte contrária para, querendo, contrarrazoar no prazo legal.
Não obstante, requer seja determinada a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Pará, para regular processamento e julgamento do recurso.
Nestes termos,
Cordialmente,
Pede deferimento.
Ananindeua/PA, 30 de março de 2020.
LUCIANO SILVA MONTEIRO
OAB/PA nº. 27.467
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ
Colenda Câmara,
Nobre Relator (a),
Processo nº.: 0002965-44.2015.8.14.0006
Apelante: Instituto de Defesa dos Servidores Públicos e Militares do Estado do Pará – INDESPCMEPA
Apelados: TC Comércio de Copiadora Ltda. – EPP; e Brother Internacional Corporation do Brasil Ltda.
INSTITUTO DE DEFESA DOS SERVIDORES PÚBLICO E MILITARES DO ESTADO DO PARÁ - INDESPCMEPA, por sua representante legal, ambas devidamente qualificadas nos autos do processo epigrafado, por intermédio de seu advogado signatário desta, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar 
RAZÕES RECURSAIS
da presente Apelação Cível, nos termos que seguem.
1 TEMPESTIVIDADE
2 PREPARO (§ 1º, ART. 101, DO CPC)
O presente recurso busca reformar parte dispositiva da Sentença no tocante à condenação ao pagamento de custas processuais. Deste modo, em atenção à inteligência do § 1º, do art. 101, do CPC, o recorrente está dispensado do recolhimento de custas até a decisão do relator sobre o ponto.
Destarte, por estas razões, deixa de juntar relatório de conta de processo, boleto e comprovante de pagamento.
3 SÍNTESE PROCESSUAL
Trata-se de AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS E RESTITUIÇÃO EM DOBRO E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, ajuizada em 19 de março de 2015, contra as requeridas BELPRINTER Tecnolodia Ltda. e TC Copiadoras.
Dos pedidos consta: Gratuidade da justiça; Tutela Antecipada para que as requeridas fornecessem impressora, no prazo de 48h (quarenta e oito horas); Inversão do ônus da prova; Citação das requeridas; Danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e a troca do aparelho defeituoso por um novo de mesma marca e modelo, não sendo possível a troca, a devolução do valor em dobro com acréscimo de juros e correção monetária.
Inicial às fls. 03-13; Procuração à fl. 14; Declaração Insuficiência à fl. 15; Documento Identificação à fl. 16; Nota Fiscal à fl. 17; Documentos às fls. 18-40.
Foi proferido Despacho Inaugural à fl. 41, por meio do qual absteve-se, Este Juízo, da análise do pedido de tutela antecipada, postergando-a para depois de formado o contraditório; determinou a citação das requeridas para apresentação de contestação, bem como a intimação para comparecimento em audiência prévia, designada para data de 20 de agosto de 2015 às 09h30min. Não houve análise do pedido de gratuidade da justiça.
Mandados de citações devidamente cumpridos às fls. 42-47.
À fl. 48 consta informação de redesignação de audiência prévia, para data de 27 de janeiro de 2016, às 11h00min.
O embargante pediu desistência da ação contra a requerida BELPRINTER Tecnologia, requerendo, na oportunidade, a inclusão da requerida BROTHER (fl. 49).
Contestação da Embargada TC Comércio de Copiadoras Ltda. EPP às fls. 51-62. Procuração à fl. 63. Juntou Documentos às fls. 64-83.
Realizada audiência designada para data de 21 de janeiro de 2016. Restou deliberado o deferimento do pedido de desistência e do pedido de inclusão da requerida BROTHER no polo passivo. Restou designada nova audiência para data de 31 de maio de 2016, às 09h00min (fl. 84). Não houve análise do pedido de gratuidade da justiça.
Devidamente cumprido o mandado de citação. A requerida Brother Internacional Corporation do Brasil Ltda. apresentou contestação às fls. 88-97. Procuração à fl. 98. Juntou documentos às fls. 99-101.
Em audiência realizada na data de 31 de maio de 2016, verificou-se infrutífera a possibilidade de transação entre as partes; as partes manifestaram ausência de interesse na produção de provas, bem como requereram o julgamento antecipado da lide. Restou deliberada a permanência da conclusão dos autos (fl. 103). Não houve análise do pedido de gratuidade da justiça.
Sobreveio despacho por meio do qual fora determinada a remessa dos autos para UNAJ, para realizar cálculo de custas finais (fl. 110). Não houve análise do pedido de gratuidade da justiça.
Custas finais calculadas. Processo remetido concluso para sentença.
Sobreveio sentença de extinção do feito com resolução do mérito, por meio da qual julgou improcedente os pedidos da parte autora, condenando-a ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios afirmando o indeferimento da gratuidade (fls. 151-155 verso). Não houve análise do pedido de gratuidade da justiça.
Pela omissão verificada, a apelante opôs embargos de declaração contra a sentença omissa. Requerendo, portanto, análise do pedido de gratuidade de justiça e o reconhecimento do deferimento tácito.
Em sentença de doc. nº. 20200079700593, o sentenciante conheceu do recurso oposto, julgando-o parcialmente procedente, somente para sanar a omissão aventada. Indeferiu o pedido de gratuidade apresentado pela embargante.
Por restar irresignado com os termos do sentenciante, o apelante busca a reforma do decisum no ponto.
4 RAZÕES RECURSAIS
A Sentença apresentada nos autos possui a seguinte parte dispositiva, transcreve-se:
Por todo o exposto, conheço do recurso de Embargos de Declaração e dou provimento para reconhecer a omissão alegada quanto a não apreciação do pedido de gratuidade formulado pelos réus. 
Indefiro o pedido de gratuidade apresentado pela embargante, pois não comprovada a necessidade, em clara oposição à previsão legal.
O requerimento de gratuidade da justiça ocorreu quando da petição de ingresso. Distribuída a ação, não houve o indeferimento da gratuidade, tampouco observação do procedimento a ser adotado antes de possível decisão de indeferimento (§2º, do art. 99, do CPC).
Registra-se que em nenhum momento antecessor a primeira sentença proferida nos autos, houve a devida análise do requerimento de gratuidade. Somente com a oposição de embargos de declaração, é que o MM. Juízo a quo passou a apreciação do pleito. 
A possibilidade do deferimento da gratuidade para pessoa jurídica está prevista no art. 98 do Código de Processo Civil contemporâneo, transcreve-se:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade dajustiça, na forma da lei.
Diante, o mesmo diploma legal cuida de anotar a possibilidade do requerimento ser formulado a qualquer tempo, seja na petição inicial, contestação, ingresso de terceiro ou quando da interposição de recurso (art. 98, CPC).
Cabe apontar que a intenção do legislador foi no sentido de se proceder com o esgotamento das possibilidades para verificação de deferimento, para, sendo o caso, proceder-se com o indeferimento.
É o que preceitua a inteligência do parágrafo segundo, do artigo 99, do CPC, in litteris:
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
Desta forma, antes de se proceder diretamente com o indeferimento, cabe ao magistrado determinar a intimação do requerente, a fim de oportunizar a juntada de documentação comprobatória da alegada insuficiência.
Somente após oportunizar a comprovação, é que, sendo o caso, o magistrado procederá com o indeferimento do requerimento de gratuidade.
No caso em tela, registra-se que em nenhum momento houve a intimação do embargante para juntada de documentação comprobatória acerca da insuficiência alegada. Tampouco houve análise, a partir de decisão fundamentada, do pedido de gratuidade da justiça até que fossem opostos os embargos declaratórios.
Prosseguindo, cabe apontar, ainda, que a gratuidade da justiça pode ser deferida para pessoa jurídica sem fins lucrativos, a partir da comprovação da necessidade do benefício. É o entendimento sumulado pelo STJ, destaca-se:
Súmula nº 481 Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.
A partir do entendimento sumulado, a jurisprudência contemporânea se apresenta da seguinte forma, in verbis:
CIVIL. PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. I) DA PRELIMINAR DE INOVAÇÃO RECURSAL. VEDAÇÃO LEGAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. PRELIMINAR ACOLHIDA. II) DO MÉRITO. DEVOLUÇÃO DE PROCURAÇÕES. ASSOCIAÇÃO DE PROPRIETÁRIOS DE UNIDADES RESIDENCIAIS. REPRESENTAÇÃO EM ASSEMBLEIAS DO CONDOMÍNIO. PROCURAÇÕES ENTREGUES DIRETAMENTE AOS PROPRIETÁRIOS. QUEBRA DE VÍNCULO JURÍDICO NÃO VERIFICADA. MERA IRREGULARIDADE. MANIFESTAÇÃO DE VONTADE POR MEIO DE OUTROS DOCUMENTOS. DEVOLUÇÃO DAS PROCURAÇÕES PELOS PROPRIETÁRIOS OU NOVA OUTORGA DE PODERES. O DESLIGAMENTO DEVE SER REQUERIDO EXPRESSAMENTE. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. PRESUNÇÃO. INOCORRÊNCIA. CONCESSÃO. POSSIBILIDADE. COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA. SÚMULA 481/STJ. EFEITO EX NUNC DA DECISÃO QUE DEFERE A JUSTIÇA GRATUITA. PEDIDO FORMULADO EM SEDE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA FIXADOS EM SENTENÇA. HONORÁRIOS RECURSAIS.CABIMENTO. NOVA SISTEMÁTICA DO CPC/2015. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.
[...]
3 - Com o advento da Lei nº 13.105/2015 (Código de Processo Civil - CPC), que derrogou a Lei nº 1.060/50, o instituto da gratuidade de justiça teve suas normas gerais insertas nos arts. 98 a 102 desse Codex processual, ficando assente, no caput do seu art. 98, que "a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei".
3.1 - O entendimento anteriormente difundido era de que o art. 4º da Lei nº 1.060/50 deveria ser analisado conjuntamente com o art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, atribuindo à declaração de hipossuficiência presunção juris tantum, porquanto necessária a análise da correlação das condições de profissão e consumo demonstrados com o estado de pobreza afirmado, a fim de contemplar aqueles que, de fato, não têm condições de arcar com as custas processuais, sem prejuízo de sua subsistência nem de sua família.
3.2 - Tal entendimento quedou-se refletido no novel CPC, que dispôs em seu art. 99, §3º, que "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural". Repise-se que a presunção de veracidade mencionada aplica-se apenas às pessoas naturais. Logo, as pessoas jurídicas devem comprovar a alegação de hipossuficiência.
3.3 - Nessa senda, o c. Superior Tribunal de Justiça sedimentou entendimento no sentido de que "faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais" (Súmula 481).
3.4 -In casu, sendo a autora entidade sem fins lucrativos e restando comprovada a sua hipossuficiência (fls. 181/184), merece acolhimento o pedido de deferimento da justiça gratuita.
3.5 - Não obstante o disposto, apesar de o pedido de deferimento da justiça gratuita poder ser formulado a qualquer tempo, a decisão que defere tal benefício tem efeito ex nunc, ou seja, não retroage para alcançar situações pretéritas.
3.5.1 - Na espécie, considerando que a autora apenas postulou a gratuidade de justiça em sede de apelação, obviamente quando já prolatada sentença, não há que se falar em exclusão da condenação ao pagamento de honorários de sucumbência fixados naquele decisum.
[...]
(Acórdão 997990, 20150111051394APC, Relator: ALFEU MACHADO, 1ª TURMA CÍVEL, data de julgamento: 22/2/2017, publicado no DJE: 20/3/2017. Pág.: 387-421)
Não obstante ao apresentado, a doutrina atualizada acerca da gratuidade da justiça para pessoa jurídica sem fins lucrativos se manifesta da forma seguinte.
O caput do art. 98 revela que o pressuposto principal para a concessão do benefício da gratuidade é a insuficiência de recursos da parte para arcar com as despesas processuais.
Quando se tratar de pessoa natural, presume-se verdadeira a simples alegação de insuficiência de recursos (§ 3º do art. 99). A contrario sensu, em se tratando de requerimento de gratuidade formulado por pessoa jurídica, pode o juiz exigir comprovação da alegada insuficiência, não sendo suficiente a mera afirmação de hipossuficiência.
(…)
O § 2º do art. 99 revela que o indeferimento do benefício deve ser a última opção. Caso existam elementos, nos autos, que revelem a falta dos pressupostos para a concessão da gratuidade, deve o juiz, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos pressupostos (inclusive por força dos arts. 9º e 10). Somente após o contraditório substancial é que deve o pedido ser eventualmente indeferido.
(REDONDO, Bruno Garcia. Gratuidade da justiça. In Wambier, Luiz Rodrigues e Wambier, Teresa Arruda Alvim (coordenadores) Temas Essenciais do Novo CPC: análise das principais alterações do sistema processual civil brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. P. 118).
Deste modo, resta devidamente comprovada a possibilidade do deferimento da gratuidade da justiça para pessoa jurídica sem fins lucrativos, a partir da comprovação da insuficiência financeira.
A requerente comprovou devidamente a insuficiência financeira a partir dos documentos juntados às fls. 22-40. Os documentos apresentados, alinhados com as alegações formuladas na inicial e neste recurso, demonstram-se hábeis ao deferimento da gratuidade da justiça ao embargante.
As razões apresentadas pelo sentenciante destoam da realidade fática e não condizem quando da subsunção à norma aplicável ao caso. Vejamos. Destaca-se trechos da sentença:
De fato não houve apreciação por este juízo quanto o pedido de gratuidade formulado pela parte autora 
Esta apreciação deveria ter ocorrido desde a manifestação inicial exarada no processo, mas que, por falha, deixou de ocorrer. 
E, mesmo a requerente estando ciente da ausência de análise, quedou-se inerte durante toda a tramitação do feito, que ocorreu sem que tenha recolhido qualquer valor, a beneficiar-se, portanto, da omissão do juízo. 
Mesmo tendo o feito sido encaminhado à UNAJ para cálculo de custas, em atenção ao despachode fl. 109, e apurado o valor indicado à fl. 111, a parte autora deixou de diligenciar no processo com a finalidade de suprir a ausência, mesmo tendo requerido o prosseguimento do feito de forma reiterada. 
Em que pese assistir razão aos embargantes quanto a ausência de manifestação, entendo que o pedido de gratuidade deve ser indeferido (grifamos).
Da leitura do que foi apresentado pelo magistrado a quo, verifica-se a tentativa de transposição de culpa para o apelante, quando da ausência de análise do requerimento de gratuidade.
Em diversas passagens do texto destaca a inércia do apelante quanto à ausência de análise do pedido de gratuidade, numa tentativa falha de transpor culpa.
Sem razão o sentenciante. A Lei nº 8.328/15, que dispões sobre o regimento de custas e outras despesas processuais no âmbito do Poder Judiciário do Estado do Pará, deixa claro ser dever do Diretor de Secretaria quanto do Magistrado (a) a observância do pagamento das custas processuais.
É o texto da Lei nº. 8.328/15, vejamos:
Art. 23. [...]
Parágrafo único. É vedado ao diretor de secretaria e ao secretário de Câmara praticar ato processual sem a comprovação do recolhimento prévio das respectivas custas, sob pena de responsabilidade, ressalvados os casos previstos no §3º do art. 12 desta Lei, determinação judicial expressa, isenção legal, beneficiário da assistência judiciária ou ato de ofício destinado a intimar a parte para recolher as custas processuais.
Art. 26. O Diretor de Secretaria, antes da conclusão dos autos para sentença, ou o Secretário de Câmara, antes da publicação da pauta de julgamento, sob pena de responsabilidade, ressalvadas as hipóteses de assistência judiciária e isenções legais, deverá tramitar o processo à unidade de arrecadação competente para que esta elabore a conta de custas finais ou certifique a regularidade do recolhimento das custas processuais relativas aos atos até então praticados.
[...]
§ 3º. Na hipótese de pendência de pagamento das custas processuais, após a realização da conta de custas finais, o Diretor de Secretaria ou o Secretário de Câmara do TJPA providenciará a intimação do autor para pagamento do respectivo boleto.
Art. 27. No momento da prolação da sentença ou do acórdão as custas processuais devem estar devidamente quitadas, sob pena de responsabilidade do(s) magistrado(s), salvo os casos de assistência judiciária gratuita ou isenções legais.
Dos dispositivos elencados, verifica-se vedação expressa ao Diretor de Secretaria a prática de ato processual sem a comprovação de recolhimento prévio das custas correspondentes.
Dos dispositivos elencados, verifica-se a responsabilização do Diretor de Secretaria quanto ao ato de intimação do responsável para pagamento das custas finais.
E, não obstante, dos dispositivos elencados, verifica-se a responsabilidade do magistrado em proferir a sentença somente após a quitação das custas processuais.
Necessário deixar claro que, caberia ao autor o recolhimento, imediato, das custas processuais (iniciais, intermediárias e finais) se não tivesse efetuado o requerimento de gratuidade da justiça nos autos.
Não incorre em inércia negativa o apelante que deixa de diligência para manifestação expressa acerca do requerimento de gratuidade, quando esta resta tacitamente deferida.
Isso porque, quando do despacho inaugural, o MM. Juízo a quo, determinou as providências necessárias ao processamento e julgamento do feito, sem que tivesse determinado o recolhimento de custas processuais.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que, no caso de não ocorrer o indeferimento expresso da gratuidade, entender-se-á pela sua concessão tácita. Jurisprudência in verbis:
DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. PLEITO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. APELAÇÃO. DESERÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Ação ajuizada em 18/01/2012. Recurso especial atribuído ao gabinete em 26/08/2016. Julgamento: CPC/73.
2. Ação de cobrança, por meio da qual se objetiva o pagamento de indenização securitária relativa ao seguro DPVAT.
3. O propósito recursal - a fim de que se possa concluir pela deserção ou não do recurso de apelação - é definir se houve a renúncia tácita ao pedido de concessão da assistência judiciária gratuita pelo fato de o recorrente ter procedido ao recolhimento das custas iniciais.
4. Presume-se o deferimento do pedido de assistência judiciária gratuita não expressamente indeferido por decisão fundamentada, inclusive na instância especial. Precedentes.
5. A ausência de indeferimento expresso e fundamentado acerca do pleito de concessão da benesse implica no reconhecimento de seu deferimento tácito, desde que, obviamente, a parte não tenha praticado qualquer ato incompatível com o seu pleito de concessão dos benefícios da justiça gratuita.
6. Na espécie, o recorrente, ao invés de juntar a documentação exigida pelo julgador, preferiu proceder ao recolhimento das custas iniciais, de forma que, em um primeiro momento, pensa-se na efetiva prática de ato incompatível com o pleito de deferimento dos benefícios da justiça gratuita. Ocorre que os atos que sucederam ao recolhimento das custas por parte do recorrente revelam inegável particularidade a ser considerada no presente processo.
7. É que a despeito da anterior prática de ato incompatível do recorrente com o seu pleito de concessão da gratuidade de justiça, houve posterior menção, por parte do julgador, de que o autor da ação estaria gozando dos benefícios da justiça gratuita, de forma que o recorrente, ao interpor o seu recurso de apelação, agiu sob legítima expectativa de deferimento da benesse.
8. Agrega-se a isso o fato de que, em nenhum momento nos autos, houve o indeferimento expresso e fundamentado do pleito do recorrente, de forma que não há como se exigir do mesmo o recolhimento de preparo da apelação posteriormente interposta. A deserção de seu recurso deve ser, portanto, afastada.
9. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 1721249/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/03/2019, DJe 15/03/2019)
Cumpre anotar que o entendimento supra firmado é observado pelos demais Tribunais, destaca-se:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA - LEI 1.060/50 - RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO - OMISSÃO DE ANÁLISE DE PEDIDO - DISPENSA DE ANTECIPAÇÃO DE CUSTAS - CONCESSÃO TÁCITA DO BENEFÍCIO - PRESUNÇÃO DE MISERABILIDADE - SUBSISTÊNCIA - PRESUNÇÃO RELATIVA - AVERIGUAÇÃO DA CAPACIDADE ECONÔMICA PELO JUIZ - DEVER - CONSTATAÇÃO - INDEFERIMENTO DO BENEFÍCIO APENAS NESTA HIPÓTESE. A lei 1.060/50 foi recepcionada pela Constituição da República, de modo que subsiste a presunção de miserabilidade legal à pessoa natural que requeira assistência judiciária. A omissão de análise de pedido de assistência judiciária seguida da dispensa pelo juiz da antecipação de despesa relativa a ato processual a ser praticado pela parte configura inequívoca concessão tácita do benefício. A presunção de miserabilidade conferida por lei ao requerente de assistência judiciária é relativa, devendo o juiz averiguar a existência de elementos objetivos nos autos que possam apontar a capacidade econômica do pleiteante de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de sua subsistência e somente indeferir o benefício nesta hipótese. (TJ-MG - AI: 10702030841176001 MG, Relator: Pedro Bernardes, Data de Julgamento: 12/03/2019, Data de Publicação: 02/04/2019) (Grifo nosso).
Portanto, não há que se transpor culpa à inércia da autora, que nem deveria ter sido considerada como fato determinante na decisão de indeferimento.
Em verdade, quando da primeira sentença proferida nos autos, fls. 151-155 verso, a requerente ficou surpresa pela ausência de determinação de suspensão da exigibilidade, ante a concessão tácita.
Inclusive, registra-se que os embargos de declaração foram opostos neste sentido, para que o sentenciante determinasse a suspensão da exigibilidade, nos termos do § 3º, do art. 98, do Código de Processo Civil, em razão do deferimento tácito da gratuidade da justiça, nos termosda jurisprudência apresentada.
Entretanto, por razões destoantes, apresentou decisão contrária ao pleito do apelante, tendo, sem razão, tentado responsabilizar o recorrente pela inobservância cometida pelo MM. Juízo.
Deste modo, pelas justificativas apresentadas, merece reforma a sentença proferida nos autos, nos termos requeridos abaixo.
3 REQUERIMENTO
Diante das razões apresentadas, o apelante requer:
i) Seja recebido o presente recurso, por estarem verificados os requisitos intrínsecos e extrínsecos à admissibilidade, sendo permitido na espécie, sendo-lhe atribuído efeito devolutivo e suspensivo;
ii) Seja julgado totalmente procedente, reconhecendo o deferimento tácito dos benefícios da gratuidade da justiça, determinando-se, por conseguinte, a reforma da sentença recorrida, anotando-se a suspensão da exigibilidade das custas e despesas processuais, nos termos do § 3º, do art. 98, do CPC;
iii) Em não sendo acolhido o requerimento suso, seja julgado procedente a apelação, deferindo, então, a gratuidade da justiça ao apelante, com efeitos retroativos à petição inicial, determinando-se a reforma da sentença recorrida, para que passe a constar suspensão da exigibilidade das custas e despesas processuais, nos termos do § 3º, do art. 98, do CPC.
Nestes termos,
Cordialmente,
Pede deferimento.
LUCIANO SILVA MONTEIRO
OAB/PA nº. 27.467
Fone: (91) 3205-9700
E-mail: civel.juizadoadvocacia@gmail.com
www.complexobaglioli.com | bagliolicj@gmail.com
Av. Senador Lemos, 695. Umarizal, Belém-PA. CEP: 66050-000
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