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Doença de Parkinson Parkisonismo ou síndrome parkisoniana é uma síndrome clinica caracterizada pela tétrade: tremor de repouso do tipo “contar dinheiro” ou do tipo pronação-supinação, bradicinesia, rigidez em “roda denteada”, instabilidade postural. São necessários 2 destes sintomas para o diagnóstico, que pode ter origem no uso de drogas – haloperidol, antieméticos e bloqueadores dos canais de Ca2+ –, AVC, toxinas, doença de Parkinson (DP), atrofia múltipla de sistemas, paralisia supranuclear progressiva. A DP é uma doença crônica e progressiva, neurodegenerativa e resultante da degeneração progressiva da substância negra mesencefálica. A substância negra participa do sistema extrapiramidal, composto também pelos núcleos da base e pelo córtex pré-motor frontal. Este sistema é responsável pelo automatismo e modulação dos movimentos. Os neurônios da substância negra são dopaminérgicos e inibem os neurônios colinérgicos do corpo estriado, através do feixe nigro-estriatal. Na doença de Parkinson, o corpo estriado (putâmen e núcleo caudado) e o globo pálido interno encontram-se ativados. Este último ativa núcleos talâmicos que, por sua vez, mandam fibras inibitórias para o córtex pré-motor. A demência dos corpos de Lewy é um quadro demencial marcado pela presença de parkisonismo espontâneo, alucinações visuais recorrentes e flutuação das funções cognitivas (delirium). O tremor aqui é mais incomum, aparecendo mais a rigidez e a bradicinesia; no entanto devemos diferenciar a DCV da DP + demência: Sintomas motores + déficit cognitivo < 12 meses→ DCL Sintomas motores + déficit cognitivo > 12 meses→ DP + demência QUADRO CLÍNICO Há diagnostico quando há 2 dos sintomas abaixo sendo 1 deles obrigatoriamente o tremor ou bradicinesia: ▪ Rigidez ▪ Tremor de repouso em “contar moedas” ▪ Bradicinesia ou hipocinesia ▪ Instabilidade postural ▪ Postura flexionada ▪ Perda de reflexos posturas ▪ Fenômeno de congelamento (freezing) A bradicinesia refere-se a lentidão dos movimentos e hipocinesia á redução da amplitude dos movimentos, especialmente os repetidos. Há também uma incapacidade de sustentar atos motores repetitivos com uma fatigabilidade anormal e dificuldade em realizar atos motores simultâneos. Sinal de Myerson: não esgotamento do reflexo de piscar após sucessivos toques na glabela. A força muscular e os reflexos tendinosos e cutâneo- plantar estão normais. Marcha em bloco, realizada a pequenos passos, com perda do balanço dos braços, na postura há uma rigidez cérea, tremor de mãos, flexão de cotovelos e joelhos, postura encurvada. Na fáceis parkinsoniana observamos que cabeça inclina-se um pouco para frente e permanece imóvel nesta posição. O olhar fixo, os supercílios elevados e a fronte enrugada conferem ao paciente uma expressão de espanto. A rigidez pode ser visualizada pelo fenômeno da roda denteada, que se caracteriza por período de liberação rítmicos e intermitentes durante a movimentação passiva do membro. O tremor apresenta-se no repouso, diminuindo quando se inicia o movimento. Sua frequência é de 4-6 Hz, acometendo os membros, mas podendo atingir o segmento cefálico (bater os dentes). Na sua forma mais comum temos o “contar dinheiro” ou “rolar pílulas”. O freezing é a incapacidade transitória de realizar movimentos ativos, afetando mais as pernas e passando a sensação dos pes estarem presos ao chão. Então temos uma hesitação de iniciar caminhada, dificuldade de abrir ou olhos (apraxia) e de desviar de barreiras no caminho. ESCALA DE HOEHN & YAHR Sem sintomas visíveis de DP 0 Sem sintomas em apenas 1 lado do corpo 1 Sintomas bilaterais e sem dificuldade caminha 2 Sintomas bilaterais + dificuldade caminhar 3 Sintomas bilaterais + dificuldade grave de caminhar 4 Sintomas bilaterais + Incapaz de deambular 5 O diagnóstico definitivo só é possível com um estudo anatomopatológico que demonstraria a degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra mesencefalica. São critérios de exclusão de DP: ▪ AVE ou TCE de repetição ▪ Uso de neurolépticos ▪ Mais de 1 familiar afetado ▪ Sinal de Babinski + ▪ Sinais cerebelares ▪ Resposta negativa ao levodopa ▪ Crises oculogiras ▪ Paralisia supranuclear TRATAMENTO A selegilina (ou L-deprenil) é um inibidor da MAO-B que atua inibindo a degradação da dopamina na fenda sináptica. É a única droga que tem efeito neuroprotetor na doença de Parkinson, porém é um fraco antiparkinsoniano. Seu uso deve ser limitado a pacientes com doença de Parkinson inicial. Um novo inibidor da MAO-B, a rasagilina, tem demonstrado benefício no tratamento da doença de Parkinson, inclusive em monoterapia. Os anticolinérgicos (biperideno, triexifenidil) devem ser reservados para pacientes jovens nos quais o tremor seja o sintoma predominante. Não deve ser utilizado em pacientes > 65 anos, pois levam a confusão mental, retenção urinária, borramento visual e constipação intestinal. A amantadina bloqueia a recaptação de serotonina na fenda sináptica. É um fraco antiparkinsoniano com baixa toxicidade. Muito útil no paciente com sintomas iniciais ou em estágios avançados da doença, quando a discinesia se torna um problema incapacitante. Os agonistas dopaminérgicos (pramipexol) são um grupo de drogas que podem ser usadas como monoterapia desde cedo ou em combinação com outros antiparkinsonianos em fases mais avançadas da doença. Elas retardam o início do uso de levodopa e consequentemente a discinesia induzida por ela. A pergolida e a cabergolina (outros agonistas dopaminérgicos) não devem ser utilizadas na doença de Parkinson pelo risco de doença valvular cardíaca. O L-Dopa é a droga antiparkinsoniana mais eficaz utilizada como precursor da dopamina, repondo os estoques da substância negra. Para fazer efeito, o L-Dopa deve penetrar no SNC e ser metabolizado em dopamina nos neurônios. Contudo, uma parte do fármaco sofre a ação da descarboxilase presente na mucosa intestinal e no plasma, convertendo-o em dopamina na periferia e acarretando dois problemas: ▪ Menos L-Dopa passa para o SNC – redução do efeito; ▪ Aumento da dopamina plasmática – efeitos adversos do tipo náuseas, intolerância gástrica, taquicardia, hipotensão arterial. Para evitar este problema, a formulação do L-Dopa é preparada associada a um inibidor da descarboxilase periférica (carbidopa ou benzerasida), na proporção 4:1 (ex.: 250 mg de L-Dopa e 50 mg de carbidopa – Sinemet® ou de benzerazida – Prolopa®). O efeito do L-Dopa é maior na bradicinesia, rigidez e instabilidade postural, sendo menos eficaz no tremor. O seu efeito torna-se cada vez menor após os primeiros três anos de tratamento, quando há necessidade de doses mais altas. Nesse momento surgem diversos efeitos colaterais (alucinações, agitação, discinesias e o fenômeno liga/desliga – melhora do estado motor na primeira hora após a tomada do comprimido – “liga” – e piora importante no período restante – “desliga” –, até a próxima dose). Para evitar este problema, deve-se associar ao L-Dopa a amantadina e/ou anticolinérgicos (se idade < 65 anos). Os inibidores da COMT (tolcapone e entacapone) são úteis para prolongar os efeitos da levodopa. Eles são ineficazes quando em monoterapia. Estes medicamentos são principalmente usados para tratar pacientes com flutuações motoras como o fenômeno liga-desliga. Nos casos de parkinsonismo refratário, indica-se o tratamento cirúrgico estereotáxico (palidotomia ou talamotomia). PRESCRIÇÃO DOS MEDICAMENTOS Levodopa + Benserazida (100+25 ou 200+50 mg/cp) iniciar com 100/25 mg VO de 6/6 horas, progredir conforme resposta (dose máxima de 1,5-2 g/dia) Carbidopa +Levodopa (50+200 mg/cp) iniciar com 100/25 mg VO 6/6 horas, progredir conforme a resposta Carbidopa + Levodopa+ Entacapona (25+100+200 mg/cp) 1 cp VO 12/12 ou 6/6 horas Pramipexol (0,125 – 0,25 – 0,5 – 1 – 1,5 mg/cp) dose inicial de 0,125 mg VO TRID. Dose alvo de 1,5 mg/dia 8/8 horas. Dose em tratamento adjuvante de 0,375 – 1,5 mg/dia Selegilina (5 mg/cp) VO MID Entacapona (200 mg/cp) VO 6/6 horas Associar com levodopa Tolcapona (100 mg/cp) 1-2 cp VO BID ou TRID Associar com levodopa Amantadina (100 mg/cp) VO BID