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RESUMO CIRURGIA DIGESTIVA PATOLOGIAS CIRÚRGICAS DO ESÔFAGO · Caso clínico - dor no peito, odinofagia, disfagia e perda de peso; Acalasia · Não relaxamento do esfíncter esofágico inferior. Há dilatação do corpo esofágico e hipertrofia – Megaesôfago. · Disfagia, dor torácica, regurgitação, tosse, pneumonias de repetição, emagrecimento, etc. · Diagnóstico: Manometria esofágica – alta pressão no esfíncter e peristalse do esôfago; Endoscopia Digestiva Alta - Esfíncter Esofágico Inferior (EEI) pode ter tônus normal, mas não há relaxamento; Exame radiológico; · Tratamento objetiva facilitar o esvaziamento; Cirurgia está indicada para todos os graus (I, II, III, IV) · Cirurgia está indicada para megaesôfago grau I e grau II. Antigamente era recomendado o tratamento clínico, mas literatura evidenciou que a evolução da doença é a mesma, então trata-se cirurgicamente. A evolução, no caso, leva a esofagectomia, porque o pouco de motilidade que os pacientes graus I e II apresentavam, eles perdiam com o tempo. · Grau I e grau II faz-se cardiomiotomia – cirurgia de Heller Pinotti. A área de miotomia deve ser 2cm no estômago e 6cm no esôfago, porque o esfíncter invade o fundo, a área cárdica do estômago. Junto faz-se fundoaplicatura, porque quando abre-se o esfíncter há perda do mecanismo de regulação do esfíncter, então alimento deglutido passa e pode levar ao refluxo. OBS: paciente que passa por essa cirurgia passa a ter dois riscos: acalasia e refluxo gastroesofágico. Miotomia de Heller - Dor também é conhecida. · Abre-se membrana frenoesofágica para ter acesso ao corpo do esôfago e ao hiato esofágico. Fundoaplicatura é parte posterior e parte anterior. Fundo gástrico é puxado por trás do esôfago, da esquerda para a direita do paciente, e então é fixado na face lateral direita do esôfago (ainda não é a miotomia). Parte abdominal do esôfago tem serosa, é feita incisão com cautério. Abre-se todas as camadas musculares, tanto a circular quanto a longitudinal, por dissecção romba, deixando exposta a submucosa do esôfago. É colocado fundo gástrico tapando a área. · Uma das principais complicações da cirurgia é a perfuração do esôfago. · Miotomia tem 10% de refluxo gastroesofágico não controlado. É uma taxa considerada alta. · No megaesôfago graus III e IV é feita cirurgia em certos casos. A cirurgia melhor indicada é a esofagectomia, pode ser com levantamento gástrico. Mesmo com a abertura do esfíncter esofágico, o alimento tem dificuldade para passar, uma vez que no grau IV não há peristalse, então só há movimento gravitacional. Cardiomiotomia não tem tanto resultado nesses casos, mas a cirurgia é feita da mesma maneira, porque pode melhorar um pouco os sintomas. Tem também ressecções parciais, longitudinais do esôfago, mas as técnicas tem maior índice de morbidade e mortalidade. Conclusão: · A acalasia é uma pré-disposição ou fator de risco para lesão maligna. Porque? Porque causa estase esofágica. Todo alimento que seria digerido no estômago acaba iniciando a digestão no esôfago, através das enzimas orais que levam a fermentação do alimento. Só que o esôfago não tem mucosa apropriada pra isso, causando lesão. Acalasia não causa lesão, causa estase, que é o que causa a lesão. Acalasia é fator de risco para lesão. · Câncer de esôfago é complicação tardia, mesmo nos pacientes operados com cardiomiotomia. Esses pacientes devem ser acompanhados, devem fazer endoscopia digestiva alta regularmente. Tempo médio de aparecimento de lesão é 15 a 25 anos. Aparecimento precoce ocorre em 10 anos de evolução da doença. · Epidemiologia também é importante nos casos de acalasia. Investigação de doença de Chagas, saber onde o paciente mora, se casa é de pau-a-pique, se a pessoa dorme fora de casa. · Chagas é a principal causa de acalasia, mas a grande maioria dos pacientes desenvolve a doença por causas idiopáticas. Até 5% dos pacientes com doença de Chagas desenvolve megaesôfago. Nem todos os pacientes com chagas desenvolve megaesôfago. Outras doenças que envolvem o esôfago, mas que não requerem tratamento cirúrgico comumente: · Espasmo esofagiano difuso - Doença caracterizada por peristalse normal interrompida por contrações. Causa dor e desconforto para o paciente. Causas: idiopática; refluxo gastroesofágico; estresse (?); Principal sintoma é dor torácica; Alivia com isordil (nitrato); Um dado relevante é que o paciente geralmente tem espasmo e tem sintoma após ingestão de água gelada; É difícil diferenciar com cardiopatia; Doença do refluxo geralmente está associada; Manometria de esôfago é padrão-ouro para diagnóstico; Diagnóstico pode ser radiológico em algumas situações, mas geralmente não ajuda; PHmetria pode ajudar quando associado ao refluxo; · Esôfago em quebra-nozes – diagnóstico manométrico – aumento das contrações esofágicas; DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO · É uma desordem crônica, relacionada ao refluxo gastroesofágico, que dá amplo espectro de sintomas e pode ser acompanhada de alterações teciduais; · Refluxo fisiológico é diferente de refluxo patológico; E refluxo não é a mesma coisa que doença do refluxo; Todas as pessoas tem refluxo, que é considerado normal, começa-se a considerar a doença quando começam a aparecer sintomas de refluxo e estes sintomas tornam-se periódicos; · Pirose é a queixa principal – pode aparecer mensalmente, pode aparecer semanalmente, pode aparecer diariamente; Regurgitação também é frequente. · Os elementos de contenção da doença do refluxo gastroesofágico são: Esfíncter esofágico inferior, que é o principal; Hiato, que faz uma barreira mecânica com os pilares diafragmáticos; Esfíncter fisiológico, onde tem a transição da mucosa; Ângulo de hys, que é o angulo entre o esôfago e o fundo gástrico e faz parte da estrutura anatômica – quando estômago contrai pela chagada da comida, o ângulo com o fundo gástrico aumenta, protegendo contra o refluxo; Segmento do esôfago intra-abdominal, que é muito importante, uma vez que quanto maior o segmento intra-abdominal, menor a probabilidade anatômica desse paciente ter refluxo, porque a parte abdominal suporta melhor a pressão do que a parte torácica; · Fatores de proteção da mucosa do esôfago: Saliva, que é o principal protetor, porque faz o clearance/limpeza da mucosa esofágica; Muco do esôfago; Peristaltismo esofágico, junto com a saliva; Resistência da mucosa esofágica contra lesão; Clearance esofágico proporcionado pela saliva; · A diferenciação entre o fisiológico e o patológico depende: Da composição do refluxo, se é ácido ou não; Da frequência; Do volume, se regurgita ou não; Quadro clínico: · Manifestações típicas · Esofágicas: pirose, regurgitação, eructação, náusea; · Extra-esofágicas: rouquidão, pigarro crônico, laringite crônica, otalgia, tosse crônica, pneumonia de repetição, aftas, halitose; · Manifestações atípicas · Esofágicas: dor torácica não cardíaca, globus (sensação de bola na garganta); · Extra-esofágicas · Sintomas de alarme: disfagia, anemia, perda ponderal; Diagnóstico: · Clínico*** · Teste Terapêutico** - uso diário de IBP, pelo menos 2 meses; · EDA* é auxiliar – pode detectar esofagite erosiva, pode detectar Esôfago de Barret; Fazer quando tem sinal de alarme; · PHmetria prolongada* é um bom exame, porque a maioria (mais de 90%) dos pacientes tem refluxo ácido, então se há dúvida sobre o diagnóstico, esse exame pode ajudar; · Manometria do esôfago é útil quando se pensa em alguma disfunção motora associada ao refluxo; · Radiológico não ajuda muito, possibilita a visualização de hérnia; · Exames cintilográficos também não ajudam muito; · OBS: NERD – Doença Não Erosiva do Refluxo – classificação endoscópica – sem lesão; Até 54% dos pacientes com doença do refluxo são classificados nessa situação; Antes de lesar mucosa, há lesão na submucosa, com recrutamento de células inflamatórias; Quando solicitar EDA? · Sinais de alarme – disfagia, perda de peso, anemia, hemorragia, história famíliar, idade* (acima dos 45 anos); · Pacientes que não respondem ao tratamento clínico (teste terapêutico); EDA· Doenças não-erosivas – normal · Doenças erosivas – esofagites – requer mais cuidado! Classificação de Los Angeles (graus A, B, C, D) · Hérnia hiatal tem relação com doença do refluxo, porque pacientes que apresentam hérnia tem aumento na frequência do refluxo; Mas não quer dizer que todos terão; 15% da população possui hérnia hiatal (normal); Esofagite associada a hérnia hiatal e doença do refluxo atinge até 94%; Complicações da DRGE: · Estenose - geralmente na área do esfíncter pode-se ver área inflamada na porção distal do esôfago; · Úlcera · Esôfago de Barret*, é a principal; · É lesão precursora de neoplasia (adenocarcinoma esofágico); · É uma substituição do epitélio esofágico (epitélio escamoso) por epitélio gástrico/intestinal (epitélio colunar) - Metaplasia; · Mucosa esofágica sofre agressão, por refluxo ácido, e é transformada em epitélio colunar, por mecanismo de proteção; · Pacientes que não respondem bem ao tratamento com IBP, devem fazer EDA; · A metaplasia intestinal é diagnóstico, tem que ter metaplasia para ter esôfago de Barret – diagnóstico essencialmente patológico; Aspecto endoscópico é sugestivo; · O avanço da mutação, leva ao adenocarcinoma; · Esôfago normal -> Esôfago de Barret -> Displasia, adenocarcinoma; Tratamento · Tem por objetivos: · Remissão dos sintomas · Cicatrização das lesões · Prevenção das recidivas · Evitar complicações · Tratamento clínico · Farmacológico – antiácidos (pró-cinéticos, inibidor de receptores); IBP, que é o melhor; Ranitidina; · Não farmacológico – medidas higieno-dietéticas, é instituído para todos os pacientes. · Tratamento endoscópico – gastroaplicatura luminal; Injeção de polímeros; · Tratamento cirúrgico** Faz-se fundoaplicatura gástrica Normalmente patologia não é cirúrgica, mas pode ser; Tratamento cirúrgico hoje está mais difundido por causa da laparoscopia e por ser mais seguro hoje em dia. Deve-se ter cautela ao se indicar cirurgia, porque tratamento clínico é efetivo na maioria dos casos; Quando é cirúrgica? · Pacientes que não respondem bem ao tratamento (pacientes que fazem tratamento correto e ainda assim permanece sintomático), incluindo os pacientes com manifestações atípicas (sempre certificar-se de que se trata mesmo de DRGE); · Pacientes com uso prolongado de manutenção com IBP, especialmente com menos 40 anos – pacientes jovens; · Custo do tratamento de manutenção; · Doença do refluxo complicado – esôfago de Barret ; · Hérnia paraesofágica em pacientes que tem DRGE; Avaliação pré-operatória: · História clínica do paciente · Rx de esôfago, estômago e duodeno · EDA · Manometria esofágica – avaliação da motilidade esofágica, quando e como o corpo esofágico contrai; é feita em todos os pacientes, principalmente os com idade acima dos 40 anos; Se tiver dismotilidade a cirurgia não é indicada, porque tem risco de acarretar disfagia. É preferível que o paciente fique com refluxo; Técnica: · Gastrofundoaplicatura é feita para criar válvula antirefluxo; · Técnicas mais usadas são Nissen (válvula 360º) e Lind (válvula 270º); Nissen - Fundo gástrico é passado posteriormente ao esôfago, após dissecado, e faz-se aplicatura da parede gástrica no esôfago; Toda faixa do esôfago é recoberta; Lind – Faixa de esôfago é deixada sem cobertura do estômago; O resto é igual; Resultados da cirurgia: · Regressão da esofagite em 90% dos casos; · Resultados da laparoscopia são iguais aos da laparotomia (cirurgia convencional); · PHmetria de 24h normal em 92% dos pacientes após tratamento cirúrgico – pacientes não tem mais refluxo; Complicações: · Disfagia com duração maior que 1 ano (todos os pacientes apresentam disfagia no pós-operatório); Deve melhorar progressivamente no pós-operatório; · Desconforto, distensão abdominal, flatulência, diarreia (comumente relacionada com lesão do nervo vago); TOP Indicações de cirurgia para DRGE Diagnóstico de DRGE Quais cirurgias são feitas, nomes Esôfago de Barret, o que é e como é tratado PATOLOGIAS CIRÚRGICAS DO PÂNCREAS · Pâncreas é órgão retroperitonial, localizado atrás do estômago, profundo, e em função disso as manifestações no exame físico são tardias. Anatomia desfavorece exame físico. · É dividido em cabeça (junto ao duodeno), corpo (parte intermediária) e cauda (junto ao baço). TUMORES PANCREÁTICOS · Tem duas origens: · Exócrinos – 95% dos tumores pancreáticos Originam-se dos ductos pancreáticos com células acinais, que são as produtoras das enzimas pancreáticas; Maioria é dos ductos pancreáticos; · Neuroendócrinos – 5% dos tumores pancreáticos São originados nas células endócrinas, como as células beta-pancreáticas. · Pela anatomia, também encontra-se o canal de Wirsung, que é o ducto pancreático principal que desemboca na ampola de Vater, na papila do duodeno. Colédoco passa primeiro retro-pancreático e depois intra-pancreático, desembocando também na papila do duodeno. Essa anatomia explica a presença de icterícia em casos de tumor de cabeça de pâncreas, por compressão do colédoco intra-pancreático. Tumor Exócrino · 85% são adenocarcinomas ductais, do ducto pancreático principal ou de ductos secundários; · 60 a 70% localizam-se na cabeça do pâncreas; 20% no corpo e 10% na cauda; · A ressecção cirúrgica é o único tratamento curativo, mas somente 15 a 20% dos pacientes são candidatos a pancreatectomia curativa; 90% dos tumores, quando diagnosticados são incuráveis; · Diagnóstico é tardio, porque os sintomas no início são inespecíficos. Inicialmente o paciente apresenta dor abdominal vaga, emagrecimento, anorexia; Quando tumor cresce próximo ao ducto colédoco, pode aparecer icterícia precocemente e o diagnóstico pode ser feito no início do tumor; · É passível de cura quando nódulo é menor do que 3cm, mas ideal é que seja menor do que 2cm. Ultrassom não detecta nódulos menores do que 3cm. TC não detecta nódulos menores que 2cm. E alguns nódulos de 1cm já causam metástase, então é difícil diagnosticar e tratar. · São tumores agressivos, que causam metástase precocemente. Geralmente no diagnóstico já há metástases. · Sobrevida em 5 anos da pós-pancreatectomia quando não tem metástases, é de 25 a 30%. Quando já tem metástase, é de 10%. Sobrevida global em 5 anos é de 5%. Fatores de Risco: · Idade avançada - indivíduos com astenia, emagrecimento e idade acima dos 60 anos, deve-se considerar tumor de pâncreas como hipótese; · Tabagismo – existe forte relação; · História familiar; · Pancreatite crônica – aumenta a chance de desenvolvimento de câncer de pâncreas; · Obesidade; · Diabetes melitus; · Alterações genéticas – pode ser fator predisponente; Quadro Clínico: · Clínica não faz diagnóstico, somente permite suspeitar; · Dor abdominal alta · Emagrecimento · Icterícia · Astenia, anorexia, etc · Pancreatite aguda pode ser o episódio inicial do câncer de pâncreas; Suspeitar em pacientes com mais de 60 anos, que nunca tiveram pancreatite e que não tem fator de risco para pancreatite. · Diabetes melitus atípico recente – paciente sem fatores de risco para diabetes, com apresentação súbita da doença, também deve ser suspeita para câncer de pâncreas; · Dorsalgia ou dor dorsal, em paciente com dor abdominal alta, astenia, emagrecimento, é sinal de mau prognóstico; Provável tumor de corpo de pâncreas ou de cauda de pâncreas, com invasão do plexo celíaco, por isso a dorsalgia; É sinal de doença avançada; · Tromboflebite superficial migratória ou Síndrome de Trousseau – pode ser primeira manifestação do tumor; É manifestação paraneoplásica; · Complicações tromboembólicas – principalmente em tumores de corpo e cauda; É manifestação paraneoplásica; Indivíduo idoso com trombose venosa profunda, por exemplo. · Alterações do exame físico – geralmente só em doença avançada; Quando consegue-se palpar o pâncreas, provavelmente a doença já está disseminada; Exames Laboratoriais · Não fazem diagnóstico, porque são inespecíficos; · Em indivíduos com icterícia, provas de função hepática podem estar alteradas. · Bilirrubinas – aumento da total e principalmente da fraçãodireta; · Fosfatase alcalina e gama-gt aumentadas; · Transaminases (TGO, TGP) podem estar aumentadas também; · Quando é tumor de corpo e cauda geralmente não tem alteração de LAC; Pode até ter hipoalbuminemia pelo emagrecimento, mas nada específico; · Marcador tumoral para câncer de pâncreas – CA 19-9. Baixa sensibilidade e baixa especificidade. Não serve para rastreamento. Como sensibilidade é baixa, geralmente positiva quando o tumor é grande, se for pequeno não altera. E especificidade é baixa, então pode elevar por diversas outras patologias, como colangite. É utilizado para estadiamento e para prognóstico; Quando muito elevado (acima de 1000) em pacientes não ictéricos, está relacionado com tumor de pâncreas; Pode ser útil no diagnóstico diferencial com doenças inflamatórias; Acompanhamento pós-ressecção e tratamento quimioterápico em doenças avançadas; Cirurgia curativa (Rzero) – não tem mais tumor, faz rastreamento pós-operatório, então se começar a elevar o marcador pode ser sinal de recidiva. Também usado para acompanhamento de pacientes em quimioterapia; Exames de Imagem: · De acordo com os achados dos exames de imagem dá-se a conduta; · Em pacientes ictéricos, com suspeita de câncer de pâncreas, o primeiro exame a ser feito é a ultrassonografia (detecção de massa maior que 3cm), mostra stop na via biliar e tem via biliar dilatada; · Tomografia helicoidal – TC deve ser feita em todos os pacientes com suspeita de câncer de pâncreas, inclusive nos pacientes ictéricos que já realizaram o US; Faz diagnóstico da maioria dos nódulos pancreáticos; Sensibilidade diminui bastante em nódulos menores do que 2cm; · Geralmente é possível definir o diagnóstico com US e TC. Mas e quando não consegue com esses exames? ColangioPancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE) – Ex: obstrução da via biliar, consegue descartar se é coledocolitíase, tumor de papila; Não deve ser feita antes da TC, porque o exame pode gerar processo inflamatório local e atrapalhar a interpretação da TC; Não deve ser colocada prótese na via biliar (drenagem, por exemplo) antes de fazer a TC, porque também vai atrapalhar resultado; · ColangioPancreatografia por RM (CPRM) – quando há dúvida sobre CPRE, ou quando há impedimento para realização da CPRE (obstrução do duodeno que impeça passagem ou cirurgia prévia do estômago com desvios, por exemplo); · Ultrassonografia Endoscópica – com endoscópio, é colocado, no canal de trabalho, um transdutor ultrassônico, o qual coleta imagem próxima à lesão; Permite diagnóstico de lesões pequenas, como as menores que 2cm; Também permite a punção da lesão para coleta de material para biópsia; É o melhor exame para punção diagnóstica! Serve para estadiamento, permite ver tamanho da lesão, estruturas adjacentes, linfonodos metastáticos; É muito bom no diagnóstico e no estadiamento de pequenos nódulos pancreáticos; · Punção aspirativa percutânea – pode puncionar nódulos de difícil visualização. É indicada somente para tumores irressecáveis ou na suspeita de pancreatite crônica ou pancreatite auto-imune; Ex: Verificou por outro exame que o paciente tem tumor de pâncreas e já tem metástases, não tem mais cura; Mas precisa de diagnóstico definitivo, confirmação, para que o paciente possa fazer quimioterapia paliativa, então faz a punção para que se faça a biópsia; · Laparoscopia – usada para diagnóstico e estadiamento; Precisa de anestesia geral para que se possa acessar cavidade abdominal e para que seja possível fazer a biópsia; Pode ser feita quando há dúvida; É feita principalmente em tumores de corpo e cauda de pâncreas ou tumor de cabeça de pâncreas maior que 3cm ou quando há suspeita de envolvimento vascular e metástases; Quando feita a laparoscopia, mais de 1/3 das lesões que pareciam ressecáveis pelo exame de imagem, não são ressecáveis, principalmente quando for lesão de corpo e cauda – identifica lesões metastáticas pequenas que a TC não consegue identificar; Em tumores de corpo e cauda, é prudente que se faça laparoscopia, mesmo que o tumor seja localizado e ressecável pela TC; Estadiamento · Necessário para que se possa dar a conduta; · TNM · T – Tumor - avaliação do tamanho/profundidade; Restrito ao pâncreas ou está além do pâncreas? Já ultrapassou mucosa, submucosa, muscular? Já ultrapassou o pâncreas? · N – linfonodos – quando acometidos, sinal de metástases à distância; · M – Metástases · Exames de imagem · TC; Ecoendoscopia (chega próximo à lesão); RM? (geralmente TC é suficiente); PET-CT (tomografia por radioisótopos); Laparoscopia; Diagnóstico definitivo é pelo histopatológico! Tratamento · Cirurgia deve ser feita em qualquer paciente com massa sugestiva de neoplasia de pâncreas que seja ressecável; Se irressecável, não faz cirurgia. 1. Cirúrgico – ressecção é a única possibilidade de cura do paciente, ainda que essa possibilidade seja pequena; Para isso, doença deve estar no estágio inicial, menor que 3cm; Em uma hipótese, fez-se TC que identificou nódulo de 2,5cm, aparentemente não envolvendo estruturas adjacentes como vasos mesentéricos, ou seja, doença localizada, não tem metástase em linfonodos regionais, nem à distância. Conclusão: é lesão ressecável! Dependendo do local da lesão há mudança na conduta; · Tumor de cabeça de pâncreas Ressecável - Geralmente paciente ictérico, conduta é cirúrgica; Não precisa de confirmação histopatológica, não precisa de punção antes da cirurgia; Por que? Porque cirurgia vai ser necessária de qualquer forma, para cura ou para desvio se for tumor irressecável, já que apresenta obstrução biliar; Porque grande maioria das lesões é maligna; E porque há risco na punção (disseminação de células neoplásicas pela punção, falsos negativos), que não é justificado por serem poucos os casos de lesões não malignas; Durante a cirurgia (laparotomia), confirmado o tumor maligno e a sua ressecabilidade, faz a duodenopancreatectomia (retira-se cabeça do pâncreas, com duodeno, com pedaço do estômago, com via biliar); Se, durante a cirurgia, constata-se que o tumor é irressecável, deve ser feita biópsia da lesão e também um desvio da via biliar (bypass), entre a via biliar obstruída e uma alça jejunal, para que o paciente não tenha icterícia. Também faz-se desvio do duodeno, porque na evolução da doença o tumor vai continuar crescendo e provavelmente vai obstruir esta via – deve ser feita anastomose do estômago com uma alça jejunal. É cirurgia paliativa! Se TC evidencia tumor de cabeça de pâncreas irressecável, não se deve fazer cirurgia no paciente; Irressecável - Não deve ser feita cirurgia; Faz-se CPRE e coloca-se stent por via endoscópica para fazer permeabilização da via biliar; Também por CPRE ou punção percutânea é coletado material para biópsia, para que seja feito o diagnóstico histopatológico e possibilite a quimioterapia paliativa. Borderline – quando não se tem certeza se é ou não ressecável -TC; Em tumor de cabeça de pâncreas - Pode ser feita CPRE para permeabilização da via biliar com stent e para coleta de material para biópsia; Pode ser feita punção percutânea para coleta de material. Após coleta do material, biópsia e confirmação de tumor, inicia-se quimioterapia ou radioterapia neoadjuvante com objetivo de regredir o tumor e torná-lo ressecável, para que assim possa ser feita a cirurgia em segundo tempo. · Tumor de corpo ou cauda do pâncreas Detectado por TC. Geralmente não apresenta icterícia. Maioria desses tumores tem diagnóstico tardio, probabilidade de metástase à distância é grande; Se a TC informar que lesão é ressecável, aparentemente não há lesão à distância, então a conduta é cirúrgica –> Laparoscopia (verifica se não há lesão à distância mesmo). Feita a laparoscopia, não tem lesão à distância, pode fazer a ressecção do tumor (pancreatectomia corpo-caudal); Se a TC mostrar lesão ressecável, mas com metástase à distância, não faz-se cirurgia. É feita punção para coleta de material para diagnóstico histopatológico que permita quimioterapia paliativa. Se TC mostra lesão ressecável e na laparoscopia evidencia-seque lesão não é ressecável, tem metástase – a conduta é coletar material para diagnóstico histopatológico, e quimioterapia; 2. Quimioterapia Adjuvante Indicada sempre após a cirurgia; 3. Quimioterapia Neoadjuvante É feita antes da cirurgia; Em tumores borderline; 4. Quimioterapia na doença avançada Feita quimioterapia paliativa, quando não tem outras opções de tratamento; É questionável se prolonga a vida e melhora os sintomas; TOP Como suspeitar de tumor de cabeça de pâncreas; Fatores de risco; Meios diagnósticos; Tumor Neuroendócrino · É pouco frequente, 5% dos tumores de pâncreas; · São tumores de células que produzem algum hormônio; · Exemplos: Insulinoma, Glucagonoma; Gastrinoma; Somatostatinoma; Vipoma, etc; · Apresentam-se de duas maneiras: · Funcionantes: Maioria dos tumores neuroendócrinos; Tem produção hormonal acentuada, então tem manifestações clínicas mais precoces; Cada tipo produz um quadro clínico relacionado ao hormônio que prduz; Diagnóstico é relativamente precoce; · Não-Funcionantes: Minoria dos tumores neuroendócrinos; Produzem hormônio, mas em pequena quantidade, então não há expressão clínica e por consequência o diagnóstico não é feito precocemente; Diagnóstico vai depender do crescimento do tumor para que haja manifestação clínica, como dor, emagrecimento, etc; · Maioria deles contém receptores que permitem diagnóstico cintilográfico com octreotide radiomarcado, que confirma o diagnóstico por imunohistoquímica; · Podem ser: · Benignos · Malignos Maior que 5cm tem maior chance de ser maligno; · Insulinoma: · Tumor produtor de insulina (células beta-pancreáticas); · Sintomas são decorrentes da principal manifestação, que é hipoglicemia; Pode ter sintomas neuropsiquiátricos – perda de consciência, síncope, convulsão, confusão mental, tontura, etc. Pode ter sintomas adrenérgicos – taquicardia, sudorese, tremor, fome, náuseas, palpitações, etc. · Tríade de Whipple é bastante sugestiva de insulinoma · Sintomas hipoglicêmicos; · Glicemia < 50 mg/dL · Alívio dos sintomas após administração de glicose, ou após comer; · Vipoma: · Produção de polipeptídeos vasoativos; · Quadro clínico de diarreia muito frequente, associada à hipocalemia e hipocloridria; · Glucagonoma: · Quadro clínico marcado por: · Eritema migratório necrolítico – lesões eritematosas, principalmente em membros; · Intolerância à glicose · Anemia · Presença de 4 alterações (4Ds): · Dermatite · Diabetes · Depressão · Deep venous .. (TVP) · Somatostatinoma: · Apresentação de: · Esteatorreia · Diabetes · Colelitíase · Gastrinoma: · Tumor produtor de gastrina, a qual estimula a produção de ácido no estômago; Pela alta produção de ácido, apresenta Síndrome de Zollinger-Ellison – úlceras pépticas múltiplas e recorrentes (estômago, duodeno); Localização preferencial é em área triangular entre a cabeça do pâncreas e o duodeno; Tumores Funcionantes Diagnóstico: · Clínico - Pelas manifestações específicas produzidas por cada tumor; · Laboratorial – Dosagem hormonal (insulina, glucagon, somatostatina etc); · Imagem – US, TC, RM Sensibilidade depende do tamanho do tumor; Quanto maior o tumor, mais fácil o diagnóstico; Quando há dúvidas, em tumores pequenos por exemplo, pode-se usar outros exames, como a ecoendoscopia, a cintilografia, etc; · Exemplo: paciente com insulinoma.. – apresenta clínica de insulinoma (hipoglicemia); TC não mostra nada; RM não mostra nada; Ecoendoscopia não encontra; Nesse caso, faz-se cirurgia e usa-se US transoperatória (transdutor em cima do pâncreas); · Histologia não faz diagnóstico de tumores neuroendócrinos! O diagnóstico é feito pelas evidências de malignidade – metástase de linfonodos ou metástase hepática; OBS: · Tumor mais frequente é o insulinoma; o segundo mais frequente é o gastrinoma; · Insulinoma é pequeno, geralmente menor que 2cm; Conduta: · Retirada do tumor, se possível – por ressecção ou por enucleação; · Faz-se metastasectomia hepática quando tiver comprometimento do fígado; Procedimento é feito porque tumor neuroendócrino responde bem à retirada de metástase; · Quando não é possível retirar todo o tumor, a redução da massa tumoral (cirurgia citorredutora) ajuda na realização de quimioterapia; Tumores não-funcionantes · Geralmente são malignos, maiores de 5cm e de evolução lenta (diagnóstico tardio); · Sintomas ocorrem por efeito de massa; · Todo tumor de pâncreas maior que 5cm em paciente com bom estado geral, deve-se pensar em tumor neuroendócrino e não carcinoma, porque carcinoma de 5cm geralmente já tem muita metástase e comprometimento do estado do paciente; · Conduta é ressecção, dependendo do local; Resumindo: · Insulinoma: é o mais frequente; geralmente pequeno, menor que 2cm; benigno; solitário; · Gastrinoma: é o segundo mais frequente; maioria maligno (60%); · Glucagonoma: maioria é maligno (75%); · Vipoma: maligno em 50%; único em 80%; · Somatostatinoma: maioria é maligno (90%) Neoplasias Císticas do Pâncreas · Cisto de pâncreas pode ser neoplásico ou não neoplásico; · Diferença é feita por exame de imagem, que geralmente permite fazer o diagnóstico diferencial; · O cisto não neoplásico só é tratado se for sintomático; · O cisto neoplásico pode ser: 1.Benigno ou 2.Maligno · Tipos de neoplasias císticas de pâncreas (são 5): · Tumor cístico seroso · Neoplasia cística mucinosa · Cistoadenocarcinoma · Neoplasia papilar mucinosa intraductal · Neoplasia pseudopapilar sólido-cística Resumindo: · Geralmente é achado ocasional em exame de imagem · Quando sintomáticos tem apresentação de sintomas inespecíficos; Tratamento: · Neoplasia – · Toda lesão mucinosa deve ser retirada, porque é lesão pré-maligna e pode levar a cistoadenocarcinoma; · Quando for lesão serosa o tratamento é conservador, porque geralmente é benigno; Só opera se for sintomático ou duvidoso; Pancreatite Aguda · Maioria das vezes o tratamento é clínico; · Quando é cirúrgico? Quando há complicação da pancreatite; A principal complicação é pancreatite aguda grave necrosante; · São situações que causam necrose: · Síndrome compartimental abdominal Pancreatite aguda grave leva ao extravasamento de líquido na cavidade abdominal e à distensão de alças, com isso aumenta o conteúdo dentro da cavidade e causa distensão abdominal. A distensão tem um limite, quando atinge o limite há aumento da pressão intrabdominal, gerando hipertensão intrabdominal; Quando acentuada gera repercussões: dificulta retorno venoso por pressão na veia cava inferior; diminui ventilação porque empurra diafragma; Tratamento: descompressão por laparotomia – deixa a cavidade aberta; É colocada a bolsa de Bogotá; · Necrose pancreática infectada Deve ser feita a necrosectomia, retirada da necrose e drenagem da cavidade; · Pseudocisto de pâncreas Cisto de retenção; Pode precisar de tratamento cirúrgico (drenagem) após um tempo de segmento; Se aumentar muito ou complicar; · Abcesso pancreático Tratamento é drenagem Pancreatite Aguda Biliar · Depois de tratada a pancreatite pode ser feita a retirada da vesícula, que é a causa da doença; Pancreatite Crônica · Pode necessitar cirurgia · Principal problema da pancreatite crônica é a dor – dor refratária, depois de esgotados os recursos clínicos para tratamento, pode ser tratada com cirurgia. Dor é causada por obstrução do ducto pancreático principal com aumento da pressão no seu interior, então pode ser feita a desobstrução do ducto; Transplante de Pâncreas · É feito em 3 situações: · Transplante conjugado Rim-Pâncreas · Pacientes com diabetes tipo 1 e com insuficiência renal crônica (IRC) associada – maioria; · Transplante de pâncreas Pós-Rim · Pacientes que já transplantaram rim, continuam com diabetes e estão piorando; · Transplante de Pâncreas Isolado Contraindicações para transplante: · Histórico de neoplasia maligna que não tem critério para cura; · HIV+; · Doença cardiopulmonar não compensada ou sem tratamento viável; · Doença vascular periférica grave intratável; · Doença psiquiátrica limitante ou incapacitante para manter tratamento;
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